Troblemaker.
Capítulo 13.
Um sorriso tímido. Era aquilo que Alec provocava nela. Jace pegou outro pedaço de maçã da embalagem e continuou a observar a conversa curiosa do outro lado do corredor.
Era o intervalo e a menina se encaminhava para a detenção. Coisa, aliás, que ela fazia com muita frequência. Tinha um quê de rebeldia e petulância que era mascarado por uma aura de menina maneira. Perguntava a si mesmo se Alec teria percebido isso também. Provavelmente não. Ele não era bom lendo pessoas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Alec entregou um pedaço de papel dobrado para ela, que ergueu uma sobrancelha e guardou no bolso do casaco. O que era aquilo? Um pedido de namoro? Era bem a cara de Alec fazer esse tipo de coisa. Essas coisas melosas de adolescentezinho apaixonado no colegial. Argh. Precisava descobrir o que era aquilo.
Ele se esticou para dar um beijo em Clary, mas ela desviou para a bochecha e balançou a cabeça como se achasse graça. Seria bonitinho se não fosse trágico. Aquele filho de uma-
— Hey, Jace! - Jordan praticamente gritou, chegando de encontro ao mesmo. - Por que você está escondido aí?
— Silêncio, Jordan, ou eu serei descoberto.
— Mas o quê...? - E desviou o olhar para onde o loiro estava olhando. - Ah, a careta, huh? Você e o Alec estão se envolvendo pra valer, hein.
— Calado.
— Particularmente, eu não sei o que vocês enxergam nessa mina. Okay, ela é bonitinha e tal, mas ela está obviamente brincando com vocês dois.
— Calado. - Respondeu o loiro, vendo a menina se deslocar pelo corredor.
— Você tá sendo babaca...
— Escuta, Jordan, e me diz. - Começou Jace, sem desviar o olhar. - Alguma vez, quando você era mais novo, você teve esse brinquedo de estimação, que você ganhou muito novo e não conseguiu se desapegar, certo? - O moreno assentiu. - E esse brinquedo era bom, remetia à infância e à felicidade, às memórias antigas, etc.
— Não estou entendendo o seu ponto.
— Ainda não cheguei nele. - Respondeu. - Mas então, seus pais chegaram em você com com um playstation. Um novinho em folha. Cheio de CDs de Fifa, PES, GTA, Mário, Max Payne, enfim. Tudo o que a garotada curtia pouco tempo atrás.
— Pensei que estávamos falando de garotas, não de jogos.
— Em certo nível, não tem tanta diferença. Meu ponto é... Ela pode sentir como se Alec fosse o brinquedo de estimação dela, mas eu serei o playstation, entendeu? Ela vai querer jogar esse jogo, vai querer virar a madrugada inteira jogando.
Jordan fez um ronco estranho com a garganta, um som de incredulidade. - Boa sorte com essa daí. Você vai precisar.
— Não preciso de sorte. - E saiu pelo corredor em direção a ela. Cuidou para esbarrar nela como se fosse um acidente - sorte a dele que ela era tapada andando por aí - e puxou o bilhete de seu bolso ao segurá-la para não cair. - Ei, olhe por onde anda, míope.
O rosto dela ficou vermelho de raiva quando compreendeu em quem tinha esbarrado. - O que você está fazendo aqui, aliás? Não deveria ir comprar água oxigenada pra retocar esse teu cabelo de farmácia?
— Acho que de onde você vem não existe isso, mas esse tom de loiro é natural. Uma pena, realmente, porque o farmacêutico que te vende a água de salsicha pra tacar nesse pedaço de troço que você chama de cabelo tá precisando mesmo descolar uma grana.
— Se enxerga, garoto. - Ela bufou e empurrou ele para seguir seu caminho, dando-lhe as costas.
— Hey, Clary.
— Que é- mas ela foi cortada pelos lábios dele, que se juntaram aos dela num toque apressado. Do mesmo jeito que veio, ele foi, e ela se viu sozinha no meio do corredor após ser beijada. - Filho da...
* * * * * * * * * *
Mais tarde, já dentro de sala, Jace ousou espiar o bilhete. Era uma caligrafia garranchada masculina - a letra típica de Alec, que não se importava com a legibilidade da própria grafia - e curta.
Rosas são vermelhas
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me encontre no almoço
atrás do auditório.
Prendeu o ar para não gritar ao bom Deus em raiva. Poesia? Sério? Alec estava querendo apelar, era a única explicação. Ela era americana, não estava acostumada com a cortesia de um garoto inglês de boa criação. Jace já podia prever as borboletas que subiriam ao estômago dela quando lesse aquilo.
Mas então ele lembrou de uma questão importante: não havia como a garota ler um bilhete que fora roubado. Merda. Merda. Merda. Ele teria que devolver. Em sua cabeça, um plano começou a ser formado.
No próximo intervalo, correria para Izzy e pediria para a mesma enfiar o bilhete debaixo da mesa de Clary. Sim, um bom plano. Mas não deixaria aquele bilhete do jeito que estava. Pegou a lapiseira e apagou todos os versos ali escritos com a parte da borracha, para então reescrever.
— Hum... Jordan... - Ele sussurrou para o garoto sentado ao seu lado.
— Que foi?
— Finge que eu sou uma garota e me chama pra te encontrar no auditório.
— Mas que porra...?
— Apenas faça!
— Huh, okay... Jace-Cah... - Jordan olhou fundo nos olhos dele, algo que deveria seduzir as garotas - ele presumiu. - Auditório. Não é opcional. Não me deixe esperando.
— Que lixo... Perfeito! - E então fez um rabisco apressado, tentando imitar a letra de Alec. Fitou a obra prima - rude, mal-feita... Podeira ser considerada uma sabotagem? Com toda a certeza. Ele se sentia mal com isso? Nem um pouco.
Agora, o segundo problema: como ele poderia superar Alec? Se ele estava começando a usar a artilharia pesada, Jace teria que retribuir na mesma moeda. Teria que pensar em alguma coisa... Uma melodia então surgiu em sua mente, algo como uma obra divina.
— Nã Nã-Ná... Nã-Nã-Nã-Ná... - Reproduziu, batucando na mesa baixinho. Pegou então o lápis e escreveu num canto da folha do caderno.
That fire you ignited
Good, bad and undecided
burns when I stand beside it
Your light is ultraviolet
Visions so insane
They travel unraveling through my brain
cold when i am denied it
your light is ultraviolet
Olhou com expectativa para os rabiscos. Era um refrão. Ele tinha composto um refrão. Sorriu para se mesmo e então focou em escrever a música o resto dos dois tempos de aula.
* * * * * * * * * *
O sinal tocou, mas Jace continuou escrevendo a sua obra prima. Achando estranho, Jordan puxou o papel de cima da carteira do loiro.
— O que temos aqui? Está escrevendo uma carta de amor? - Brincou.
— Me devolva, Jordan, é uma coisa séria.
— Hey, Sebastian, ouça só isso aqui... - Chamou a atenção do Mongestern. - She is a wave and she's breaking, she's a problem to solve. And in the circle she's making i will always revolve.
— Cale a boca, porra. - Jace puxou o papel da mão de Jordan. - É pessoal.
— Teu cú. - Sebastian soltou, cavalheiro como sempre. - Todo mundo sabe que os assuntos do seu coração são propriedade da banda. E outra, isso está ficando ótimo. Tem mais?
— Não.
— Tem a folha inteira. Parece que você está mesmo inspirado. - Jordan riu. - Cante a próxima parte.
Jace bufou, mas não recusou. - And on her sight... These eyes depend... Invisible and indivisible... That fire you ignited... Good, bad and undecided... Burns when i stand beside it... Your light is ultraviolet... Visions so insane... They travel unraveling through my brain... cold when i am denied it... Your light is ultraviolet... Ultraviolet...
— Droga. - Jordan soltou. - Parece que essa menina está sendo útil para a banda.
— Que menina? - Sebastian questionou.
— Sua irmã. - Respondeu. Jace lançou seu melhor olhar granada em Jordan.
— E o que minha irmã tem a ver? Ela que compôs?
— Não... Ela foi a inspiração.
— Meu DEUS, Jordan, pare de ENTREGAR a merda do ESQUEMA, seu ANIMAL! - Jace berrou.
— QUE HISTÓRIA É ESSA DE VOCÊ METIDO COM A MINHA IRMÃ, LIGHTWOOD? - Sebastian atravessou meia sala para chegar em Jace, mas esse já passava pela porta.
— Tenho que ir, vejo vocês depois! - E saiu correndo em direção ao prédio feminino.
— ESPERE AÍ! - Ouviu Sebastian gritar, mas já estava longe.
Já no corredor do prédio feminino, trombou com Izzy. - Isabelle, me salve! Enfie isso debaixo da mesa da Clary antes do almoço, por favor. - E pôs o papel na mão dela.
— Tá, mas pra quê a pressa?
— Se Sebastian me achar, ele me mata. Acredite em mim.
— JONATHAN CHRISTOPHER, ACHO MELHOR VOCÊ CORRER MESMO! - Pode ouvir a voz de Sebastian no final do corredor.
— Tenho que ir, Izzy. Até. - E disparou para o outro lado. Depois de dez minutos brincando de pique-esconde, Sebastian parecia ter desistido, então Jace permitiu-se relaxar no almoxarifado onde estava escondido e pegou o celular. Ele terminaria a música até domingo e usaria aquilo como fator impressionante. Respirou fundo e digitou a mensagem.
* * * * * * * * * *
Clary adentrou a sala de aula após procurar pelo bilhete de Alec como uma condenada pelo corredor. Tentou de tudo - desde revirar a mochila, até seguir seus passos no corredor para ver se havia caído - mas não obtivera resultado. Só lhe restava, então, mandar uma mensagem para Alec perguntando o conteúdo do bilhete.
Sentou-se em sua cadeira, pronta para pegar o celular, quando viu o papel dobrando debaixo de sua carteira. Suspirou de alívio, deveria ter posto ali e nem se lembrara. Pegou o pedaço de papel e o desdobrou. Tinha ali uma caligrafia feia, mas bonitinha. Como se a pessoa tivesse se esforçado para ter uma letra mais garranchada, porém perfeitamente legível. Talvez Alec não quisesse que ela pensasse que sua letra era feminina. O que ela nunca pensaria. No centro do bilhete estava escrito:
Eu e você, gatinha.
Auditório. Almoço. Não é opcional - então não me deixe esperando.
— Cruzes. Esse tipo de cantada estilo Johnny Bravo é tão brega... - Ela murmurou, mas riu. Alec estava tentando fazer graça. Seu celular apitou no bolso.
Ela o pegou e viu que chegara uma mensagem de Jonathan-Jace.
Tenha misericórdia desse pobre senhor
E vá ao show no domingo.
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Respirou fundo. Ela sabia que não poderia continuar com aqueles dois por muito mais tempo. Em breve, ela sabia, teria que fazer a escolha.
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