Missing

Can we go back, go back to the start?


ALÍCIA

Naquele terceiro dia, quanto Alícia acordou, estava dormindo abraçada com Neville. Na noite anterior, o frio fora tanto que eles acabaram dormindo desse jeito mesmo. Bem... Eles eram amigos, não teria motivo algum para Alícia sentir suas bochechas queimando... Teria?

Ela se sentou e coçou os olhos, passando os dedos gelados pelo rosto em seguida. A garota olhou em volta e encarou o rosto de todos ali. Marianne, a irlandesa que tinha uma faca e uma pistola. Kyle, o francês com a espada. Laila, a britânica com o machado. Calliope, a filha do primeiro ministro, com uma faca borboleta e uma pistola. Neville, ao seu lado, com aquelas adagas. E então, ela mesma com um arco e flecha. Desde quando aquilo era uma manhã comum? Desde quando aquilo era normal? Desde quando alguém se achava no direito de joga-los lá com aquelas armas – que pareciam rir na cara deles – ali? Isso é só para dizer que tiveram uma chance! Mas, na verdade, eles não tinham. Nenhuma chance. Como sairiam dali?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Alícia novamente se sentia como uma boneca sendo controlada, mas naquele momento ela preferia ter que aguentar Antoniette e suas mil e uma aulas para torna-la uma perfeita dama. Mil vezes Antoniette.

Ela se levantou de vez, colocou a mochila nas costas segurou o arco com força. O arco era uma coisa normal para ela, das tantas vezes que fugia de casa para praticar no bosque atrás de sua casa e seu irmão a acobertava. Seu irmão... O bosque... Pensar nessas coisas fez com que Alícia sentisse o coração apertado em seu peito. Inconscientemente, Alícia prendeu a respiração e olhou para cima. O céu estava limpo, quase... Bonito. Ela pensou que se aquilo fosse em sua cidade, certamente tiraria uma foto, mas depois balançou a cabeça. Não era hora para pensar nisso, mas antigos hábitos tendem a sempre aparecer.

– Alícia? – uma voz sonolenta perguntou, a qual a garota reconheceu com facilidade.

– Sim, Neville?

– Por que você está olhando para o céu?

– Nada de mais – ela suspirou. Neville se sentou com as pernas cruzadas e coçou os olhos.

– Todos já acordaram? – uma das britânicas, Laila, perguntou.

– Acho que sim. – Kyle, o outro francês, respondeu dando de ombros. Alícia viu Laila revirar os olhos para ele, que falara com uma grande indiferença. Desde o dia em que se separaram em grupos, Laila vinha irritando Kyle por qualquer motivo. O garoto ficava calmo, mas de todo jeito, era quase engraçado.

– Já acordaram sim – Marianne respondeu, tirando seu cabelo da frente do rosto e revelando um sorriso estranho – Não sei vocês, mas eu não estou a fim de morrer nesse lugar.

– Eu concordo – Calliope falou, andando até ficar ao lado de Marianne – Deveríamos pensar em alguma coisa.

– Sim, nós devíamos – Laila falou. Kyle apenas concordou com a cabeça, assim como Neville e a própria Alícia. Todos se aproximaram e se sentaram em um círculo, e foi ali, naquele momento, que Alícia decidiu que tentaria ao máximo achar um meio de sair. Ela não desistiria, ela estava determinada e sair dali. Ela voltaria para casa e para sua família.