– Fitz, eu sei que você está preocupado e bravo. Nós também estamos! Mas descontar sua raiva no laboratório não vai trazer Simmons de volta. Por Deus, olhe suas mãos! Voc...

– Coulson, dá um tempo pra ele. Aliás, ele não está nem te escutando. – Skye interrompeu colocando a mão nos ombros do líder.

Skye estava certa. Fitz estava com os cotovelos apoiados em uma das bancadas. Ward já não o segurava mais (O especialista teve dificuldade de controlar o engenheiro e impedi-lo de destruir o que sobrara dos equipamentos). Sua cabeça estava baixa e o cientista não esboçava uma mínima reação ao que Coulson falava. E realmente nem o faria. Ele não se importava com os tubos de ensaios, com os kits de testes, com os equipamentos, muito menos com os microscópios destruídos no piso. Ele não se importava com o sangue escorrendo pela sua mão por causa dos cacos de vidro. Ele mal ouvia os gritos e sermões de Coulson, ou as tentativas de Skye acalmar Coulson. Ou ainda, as tentativas de Ward de ser útil no meio da conversa. Tudo que ele conseguia ouvir eram os gritos de Jemma. Tudo que ele conseguia ver era o sangue escorrendo pelo rosto da amiga, a faca contra a coxa da bioquímica e a dor estampada em cada centímetro daquele rosto que ele adorava tanto. Nada mais importava além de Jemma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Fitz, só queremos que se acalme e use sua cabeça. Nós vamos trazê-la de volta. Nunca duvidamos disso. Nós...

Fitz levantou o rosto abruptamente e encarou Phill. O rosto de Fitz estava molhado pelas lágrimas.

– Senhor, não quero ser grosseiro, mas eu não preciso me acalmar. Não preciso ser racional. Eu só quero ficar sozinho. No laboratório. Eu não vou mais quebrar coisas, eu prometo. Sobre isso – Ele apontou para os equipamentos no chão - ou pelo menos o que sobrara deles – Eu não me importo. Se precisar, eu doarei todo meu salário da S.H.I.E.L.D. pelo resto da vida pra pagar os equipamentos. Posso limpar a casa do cachorro do Diretor Fury, se for preciso também. Mas por favor, me deixe só.

Coulson suspirou. Ao mesmo tempo em que seu lado agente e chefe diziam que Fitz não poderia ficar sozinho, que ele precisava de cuidados e supervisão, ele sabia que o melhor era deixá-lo sossegado. Ele sabia bem que, principalmente depoia de situações estressantes como essa, precisamos de um momento de isolamento, precisamos digerir as coisas. E apesar de Coulson não concordar com a destruição do equipamento, ele sabia que extravasar aquele raiva era necessária, de alguma forma. Como ele sabia isso? Ele passara pela mesmo situação nove anos atrás, com Melinda.

–Ok, Fitz. Só dessa vez. Mas deixe-me cuidar das suas mãos. E isso é uma ordem.

Fitz concordou. Ele sabia que não conseguiria paz se retrucasse Coulson mais do que já fizera. Leo sabia que não estava sendo uma pessoa fácil de lidar - Simmons provavelmente já teria discutido com ele – mas ela estava agradecido que a equipe se preocupava com ele.

Coulson pegou o kit médico que Simmons guardava no laboratório e cuidou das mãos ensanguentadas e machucadas de Fitz.

– Eu quero esse laboratório limpo, Fitz. E se quebrar algo mais, te coloca numa camisa de força. – Coulson falou, antes de dar meia volta e sair do laboratório.

Ward e Skye o seguiram. A hacker ainda com o rosto molhado das lágrimas de momentos atrás, deu uma última olhada para Fitz, tentando dizer o quanto ela entendi ao sofrimento dele e que ela estaria lá para ele. Fitz retribuiu o olhar, em agradecimento.

Assim que saíram da visto de Fitz, o engenheiro sentou – se no chão, escorando as costas na bancada.

– Simmons, desculpe. – As lágrimas recomeçaram a cair.

–---------*---------*----------*---------*---------*---------

20 minutos depois...

Fitz ouviu passos descendo a escada. o engenheiro não sabia quem e nem ao menos tinha vontade de levantar a cabeça para descobrir. Ele conhecia os passos de Jemma e aqueles não eram os passos de sua parceira. A porta do laboratório se abriu. Ele imaginou se seria Skye ou Ward tentando animá-lo novamente.

– Simmons não vai gostar de ver o laboratório desse jeito quando voltar. – Alguém falou.

Para a surpresa de Fitz, não era Skye ou Ward. Nem mesmo Coulson. Ele levantou a cabeça e deu de cara com um par de olhos asiáticos encarando-o. Mas diferente dos olhos frios e indiferentes a que ele estava acostumado, May sustentava um olhar triste e acolhedor.

– Veio me dar sermão? Me dizer que fui um idiota? – Fitz não falava com raiva e sim com tristeza.

May sentou – se no chão, ao lado de Fitz.

– Não Fitz. Isso é coisa do Coulson. Eu quero conversar.

– Olhe May, se foi pelo que aconteceu antes eu...

– Me desculpe.

– Perdão?!

– O que eu disse antes, como eu disse, foi estúpido. Eu me importo com a Simmons. Muito. Se eu estou fazendo isso do jeito de estou, é porque sei que vai ser melhor para a segurança dela. Anthony...

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Anthony... Esse cara que está com a Jemma, o que aconteceu entre vocês, May? Por que tanto ódio?! E por que a Jemma!? – Fitz a interrompeu.

May suspirou. O que fazer numa hora dessas? Falar sobre Anthony implicaria em falar sobre Bahrein e sobre Monica. E ela nunca falava sobre Monica com ninguém, a não ser Phil. Nunca. Ela encarou Fitz, que devolvia o olhar.

– Escute Fitz, há nove anos, eu e Anthony nos conhecemos. Bom, não foi algo amigável, mas nesse pequeno período, e fiz algo ao irmão dele. Algo que foi preciso. Agora ele quer vingança. E esta usando a Simmons para me atingir, porque ele sabe que ela é como uma irmã mais nova pra mim, assim como Monica foi... - May falou essa última mais para si do que para Fitz.

O engenheiro sabia que não deveria perguntar mais nada. A expressão de May ao falar era clara: "Ainda doi falar sobre isso". Ele entendia. Provavelmente seria essa sua expressão ao falar sobre o que estavam para o resto de sua vida. Ele baixou a cabeça novamente. Era difícil saber qual dos dois estava mais absorto em seus pensamento e pesadelos. Ficaram assim por alguns minutos. Ele não sabia se 1 ou 10. Era estranho ouvir May falar sobre Simmons daquele jeito, como uma irmã. Ok, era estranho ouvir May daquele jeito sobre qualquer um, mas naquele momento, Fitz agradeceu mentalmente por ter uma pessoa como May cuidando de sua parceira, já que ele por si só não conseguia protegê-la.

–Era pra eu estar lá também, sabia? - Fitz quebrou o silêncio.

May não disse nada.

– Se eu não tivesse desistido de ir com a Jemma, nesse momento eu estaria com ela. Pelo menos, eu estaria dando forças a ela. Pelo menos eu poderia ter apanhado no lugar dela. Talvez... Talvez eles tivessem me pego no lugar dela e deixado ela ir.

– Fitz, se você estivesse lá, só estaria preocupando ainda mais a Simmons. Nada mudaria. Jemma sabe que você está dando forças pra ela. Ela tem certeza de que você faria e fará de tudo pra salvar a vida dela, como pul...

– ...Pular de um avião. é, eu sei... - Ele completou a frase, sorrindo tristemente. - Mas... E se não conseguirmos dar um jeito nisso? Eu digo... E se no fim, uma de vocês acabar... – Ele não conseguiu completar a frase, pois seu cérebro não queria assimilar o que poderia acontecer a uma delas. - E-Eu estou com medo.

–Eu também, Fitz. - May disse, olhando para a frente. Olhando para o nada.

– S-sério? - Ele perguntou. May olhou para o engenheiro incrédula.

– O que faz vocês acharem que eu não sinto medo de nada?

– B-bom, Jemma e eu fizemos uma lista de coisas que acreditamos torná-la tão calma e corajosa em situação com alto nível de estresse. Organizamos ela em ordem alfabética e histórica. Então, bom..

May balançou a cabeça, sorrindo. Apesar se tudo que passaram e passam, FitzSimmons ainda eram duas crianças.

– Escute Fitz - Ela encarou o rapaz. - Eu tenho medo também. Mas ao invés de esperar e deixar que esse medo me domine, eu o supero. Eu estou com medo pela Simmons, mas apesar disso, minha vontade de protegê-la é maior que meu medo. Então eu cataliso esse medo, e transformo em raiva, para que, quando eu encontrar Anthony, eu possa fazer três vezes pior o que ele fez a Simmons. E você deveria fazer o mesmo.

– É... Acho que tem razão.

–É obvio que eu tenho razão. – Ela levantou – se, sorrindo levemente. Fitz supreendeu- se com o tom de brincadeira. - Mas agora é uma boa hora pra limpar essa bagunça. Até porque, conhecendo o Coulson como eu conheço, ele já mandou você limpar isso, não?!

– Sim...

– Pois então, eu vou pegar as vassouras. – May disse, já saindo do laboratório.

– V-você vai limpar também?

– Porque não? “Faxineira” está logo embaixo de “Piloto” no meu currículo. – May deu de ombros, levantando as sobrancelhas.

Pela meia hora seguinte os dois ocuparam-se em limpar o laboratório. Eles não conversavam, mas o silêncio era um calmante para alma, então nenhum dos dois reclamou. Mal haviam terminado quando ouviram passos na escada. Skye apareceu ao pé da escada.

– Pessoal, - Skye olhou séria para os dois, e eles entenderam do que se tratava. – Na tela em 2 minutos.

CONTINUA...