Os Três Winchester's

Volta às Aulas


Segunda-feira.

Katherine se levanta cedo, como fizera em todos os outros dias no fim de semana.

– Oi, Kath! - cumprimenta Mary.

– Oi - a garota esfrega um olho, cansada. Demorara para dormir no dia anterior, e tinha quase certeza de que sonhara com algo de que não se lembrava. - Cadê a Sara?

– Está fazendo o lanche de vocês. Hoje vocês têm escola, lembra?

– Ah, é. - a garota já contara para Mary onde estudava - que era, coincidentemente, a mesma escola onde Sara estudara antes, e onde agora fazia faculdade.

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– Aliás, você também devia se arrumar.

Kath concorda com um resmungo.

– Eu tenho mesmo que ir, né? - pergunta.

– Ah, vai fazer bem para você.

Kath se deu por vencida e voltou até o quarto, onde se trocou rapidamente pela mesma roupa que estava usando no dia em que chegara à lanchonete, e que Mary lavara no sábado, e agora a esperava limpa e cheirosa como uma roupa nova.

Ela se vestiu rapidamente e voltou à cozinha.

– Bom dia, Sara - cumprimentou a mais velha.

– Bom dia, Kath - esta responde, e estende uma sacola de papel pardo, como um pacote de padaria, com a boca enrolada e fechada com um durex. - Aqui está seu lanche!

– Valeu! - ela pega o pacote. Curiosa, ergue uma sombracelha para a outra, como se perguntando-lhe algo.

– É um sanduíche simples - Sara responde. - Carne e queijo. Fica ótimo frio.

A descrição dá água na boca de Kath, e ela se lembra imediatamente de Dean. Se fosse o irmão mais velho, ela já teria comido um sanduíche assim, só no café da manhã. Provavelmente com uma cerveja ou outra bebida alcóolica.

– Obrigada mesmo, Sah - ela agradece.

– Não há de quê.

– Bom, vamos indo? - chama Mary da sala. - Sara pode te dar carona.

– Seria ótimo, obrigada. - Kath agradece novamente.

A essa altura, já havia se resignado com o fato de que teria que voltar àquele Inferno.

As duas garotas - um cotraste incrível de tamanho, já que Sara era quase três cabeças mais alta; talvez mais - acenam da porta e entram no carro preto, acinzentado de sujeira.

.

Sam abre o armário da escola e tira de lá o material para a próxima aula (química).

Então, o armário ao seu lado se fecha, num baque.

– Oi, Sam - cumprimenta Dan. - Por que você anda me evitando?

– O quê? - surpreende-se Sam. - Eu não estou te evitando!

Ele não era tão bom mentiroso quanto Katherine, mas a garota havia lhe dado algumas aulas, então se saiu relativamente bem.

– Está, sim - protesta Dan, com um tom inocente, longe de ser acusador.
– Não estou - insiste Sam. - Só estive meio ocupado. Tive um problema em casa.

– É Kath, né?

Sam o encara, novamente surpreso.

– Eu já te disse que aquela garota é problemática. - Dan diz, abrindo novamente o próprio armário para pegar os materiais.

Sam pensa rapidamente. Ele havia mesmo dito isso? Talvez. Sam não tinha certeza.

– Celeste, uma amiga minha, é amiga do seu irmão - ele diz. - Ela disse que Dean acha isso, também, e também concorda.

O garoto tentou disfarçar, mas Sam percebeu um ligeiro tom vitorioso nas entrelinhas.

– O que você acha? - ele pergunta.

O pensamento de Sam corre a mil.

Do tom vitorioso, o que podia deduzir? Bom, o objetivo dos Olhos Azuis aparentemente envolvia afastá-los.

Devia fingir que estava caindo? Ou não? Talvez, se fingisse, o - o que quer que fosse ele - talvez baixasse a guarda.

E se não fingisse? Talvez ele se empenhasse mais em... manipular; era essa a palavra... Sam, o que poderia ser problemático.

– Sinceramente, concordo com ele. - Sam afirma, no tom mais convicto que consegue simular. - Ela é meio patética, sabe? Vive reclamando daqui, da escola. E reclama que não tem amigos aqui. - ele pensa. O que mais? Kath nunca fizera nada disso, e ele não sabia mais o que dizer que pudesse soar plausível ao garoto. - Ela é mesmo bem burra, se nunca parou para pensar que, se todo mundo odeia ela, deve ter algum motivo.

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– Concordo plenamente - apoia Dan. - Esse tipo de pessoa com síndrome de perseguição é um saco.

– Fato.

Então, o sinal toca, e, sem conseguir uma desculpa para se afastar, Sam vai junto a Dan pelo corredor, até a sala de aula.

.

Perto dali, numa curva próxima do corredor, Kath se espreme contra a parede. Todos os alunos se atropelam em direção às salas, menos ela.

Seus olhos ficam úmidos e ela deixa escapar um soluço fraco.

Então, aperta seu livro contra o peito e corre em direção à sala de geografia.

No caminho, ela acaba esbarrando em um dos professores. A camiseta sob o avental-uniforme lhe parece ligeiramente familiar, mas ela não se dá ao trabalho de erguer a cabeça. Murmura um pedido apressado e mal-articulado de desculpas e desaparece na curva seguinte.