Tetra

Capítulo 1 - Júlia


Sabe aquele sentimento de solidão? Não é necessariamente quando não temos ninguém, pelo menos esse não é o meu caso. Tenho meus amigos, minha família... Mesmo assim me sinto solitária às vezes. Sinto que me falta alguém com que eu possa falar sobre tudo, desde os meus mais loucos devaneios até as mais realistas imaginações, não que eu realmente precise, me acostumei a ser 'sozinha', mas é chato não ter alguém que te entenda.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Bom, mas antes que você comece a ficar entediado, vou começar a contar minha história, espero que possa levar algo dela com você.

Era domingo e estava chovendo, (não sei porquê, mas isso são duas coisas que combinam.) Eu como sempre estava revezando minhas ações entre ler um livro e olhar os pingos baterem na janela do meu quarto. Me lembro muito bem. Estava lendo Frankenstein da Mary Shelley, e estava peculiarmente depressiva.

De repente minha mãe entrou no quarto.

–O que acha de ir comigo ao mercado, Júlia? (Minha mãe nunca me chamava de 'filha'.)

–É, por que não? Não tenho nada melhor pra fazer mesmo! - Respondi, em tom de deboche.

–Olha o jeito menina!

Começamos a rir. Aqui em casa, quase tudo é motivo pra rir.

No caminho para o mercado, fui observando todos que passava por mim, aliás, essa era outra mania minha. Pra mim, observar é um passatempo, vejo o rosto das pessoas e tento enxergar o que elas passam, se estão tristes, cansadas, alegres, distraídas, e assim vai.

Acabei me deparando com um rosto conhecido, era minha amiga Carol. Minha mãe foi na frente para me deixar falar com ela. Carol ignorou todo o ritual de saudação e disparou:

–Júlia, você ficou sabendo? Você não vai acreditar!