The Haunted

Capítulo 14


“A única forma de chegar ao impossível é acreditando.”

— Alice no país das maravilhas

Harry Stormblood

Fico olhando para o lago, sério. Alice parecia estar pensando a mesma coisa que eu. O lugar estava com um pouco de névoa e tinha rosas no lago e em todo lugar. Vermelhas e brancas. O lugar estava vazio. Eu podia sentir o metálico cheiro de sangue.

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-Vamos ficar aqui? -falo- Eu estou cansado já...

-Nossa que coisa bizarra. - Alice murmura, esfregando os olhos com as costas da mão. -Vamos.

Sean senta no chão, colocando a mochila de lado. Alice senta encostada em uma pedra. Fico parado, olhando cada detalhe do lugar. Sento perto da loira e ela me olha.

-Já era pra existir esse lugar ou aconteceu alguma coisa?

-Não sei... Não lembro de ter visto isso antes. -engulo seco- Eu acho que estou assustado.

-Eu tenho certeza que eu estou assustada - ela pega uma rosa vermelha como sangue, olhando a mesma - Muito assustada.

Fico olhando para ela e para a rosa, sorrindo de canto. A menina coloca a rosa de canto, encostando a cabeça na pedra e fechando os olhos.

-Eu estou com fome...

-Eu também estou. -suspiro- Você está muito cansada?

-Um pouco. Minha cabeça está explodindo e eu não me aguento em pé. - ela me olha -Eu vou ficar pior quando a gente for chegando mais perto, né? É assim que vamos saber que estamos perto. -Concordo com a cabeça, mexendo em uma rosa e ela respira fundo - Bom saber...

-Daqui a pouco passa o.k? -sorrio de canto- Prometo.

-O.k... -ela ri baixinho - Então estamos perto... Não demorou tanto quanto eu pensei.

-Eu te trouxe aqui porque sei que muita gente encontra pedras numa caverna aqui perto. -rio também- Então achei que seria o jeito mais rápido

-Então... Obrigada. -ela suspira. Melody e Sean estavam um pouco longe de nós, conversando. -Por que ela não acredita em mim, Jonathan?

-Como assim ela não acredita em você? -olho para ela.

-Quando eu falei que existe alguém pior que Oliver e eu vi -ela me olha.

-Ela acredita... Mesmo não querendo. -olho para frente, suspirando- É uma longa historia.

-O.k... Sempre é. Boa noite, Harry

-Você vai dormir? -mordo o lábio- Tudo bem... Boa noite.

-Desculpa... Estou cansada.

Concordo com a cabeça, dando um beijo no topo da cabeça dela.

Fiquei olhando o lago e tudo ali. Depois de um tempo acabei dormindo, ou tirando uma soneca. Quando acordo um pouco depois, encontrei Alice sentada perto do lago, olhando o nada. Sorrio, indo até ela. Ela me olha e sorri de canto, voltando a olhar o nada. Sento do lado dela, abraçando as pernas.

-Isso é tão macabro... -ela empurrando ma rosa no lago - Só faltava a pessoa do outro lado.

-Foi por isso que você acordou? -rio baixinho

-Mais o menos -ela ri baixinho também -Por que você acordou?

-Não sei... -dou de ombros- Simplesmente acordei e vi você aqui.

-Acho que eu te entendo -ela sorri de canto -Achei uma rosa azul agora pouco.

-Azul? -rio- Sério?

-Sério -ela sorri -Coloquei do seu lado. Mais você não viu.

-Não mesmo, desculpa. -rio um pouco mais alto, colocando a mão sobre a boca- Não está mais com sono?

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-Um pouco. -ela ri - Sabe quando você esta com muito sono mas não consegue dormir? Tive outro pesadelo noite passada. Pouco antes de eu te acordar.

-O que tinha no pesadelo? A mesma coisa daquele dia ou não?

-Bonecas. -ela ri meio irônica - Me matando. Só que desta vez sem o rosto das pessoas que eu conheço. Um pouco melhor.

-Talvez comece a melhorar até um dia que você não vai mais ter pesadelos. -sorrio.

-Tomara -ela suspira -Qual foi seu pesadelo durante a transformação?

-O mesmo que eu tenho normalmente... -rio baixinho- Ver a minha família e os meus amigos morrendo.

-Desculpa ter perguntado - ela faz careta.

-Tudo bem... Quer conversar sobre o que? Tem mais perguntas como tinha no hospital? -falo, tentando não rir.

-Nem tantas -ela faz uma cara de pensativa -Por que você ficou daquele jeito quando eu falei sobre o efeito ter passado?

-Eu... Preciso mesmo responder? -rio e ela concorda com a cabeça- Porque eu sou idiota.

-Eu sei, mas chega dessa desculpa.

-Eu... Posso te responder isso depois? Eu preciso pensar numa resposta que faça sentido. -sorrio de canto

-O.k, pode -ela suspira. Fico em silencio, olhando para o lago - Vou voltar a dormir... -a voz dela sai num sussurro.

-Sério? O.k... -sorrio de canto.

-Serio... Minha voz não sai mais alto que isso. -ela finge chorar e deita ali mesmo.

-Boa noite. -rio baixinho.

-Boa madrugada, Jonathan. -ela sorri.

Deito do lado dela e fico olhando pro céu, olhando para onde eu estava antes. Repousada logo ao lado de onde minha cabeça estava, tinha uma rosa pequena e azul. sorrio de canto.

Alice murmura alguma coisa e se encolhe, fazendo-me rir baixinho. Faço cafuné nela e ela se arrepia. Tento não rir, mordendo o lábio.

-Eu ainda estou consciente... -ela murmura, parecendo bêbada.

-Sério? -rio o mais baixo que consigo, quase me engasgando - Tem certeza?

-Não...

Será que se eu roubar um beijo dela agora, ela vai se lembrar ou achar que isso é parte de um sonho? Por que eu penso nessas coisas? Você é um idiota, Stormblood. Alice é esperta, sabe o que é sonho e o que é realidade. Beijar ela não vai adiantar nada.

-Talvez eu esteja acordada... -ela murmura novamente.

-E você está? -sorrio - Então por que não abre os olhos?

-Muito esforço. Eu estou com preguiça. -ela sorri. -Abri um sorriso. Vale?

-Eu... -engulo em seco - O que você acha disso? -dou um beijo na bochecha dela, perto de mais da boca. Ela fica meio vermelha, franzindo a testa.

-Eu... não sei... só... Não sei.

-Responde direito... -sussurro e sinto meu rosto esquentar. Eu precisava dessa resposta. Precisava saber se ela ainda me queria do jeito de antes, durante o efeito... Ou mesmo se ainda me queria. Toda vez que eu olhava seus lábios era uma tortura por não poder beijá-los. Toda vez que olhava seus olhos, tão perto dos meus, eu sentia como se precisasse dela... Mas toda vez que nos aproximávamos, uma coisa me afastava, como se fosse o bem e o mal tentando chegar perto um do outro. - Por favor.

-Eu vou pensar numa resposta que não seja tão idiota e depois falo... HÁ! -ela cobre o rosto e eu beijo a bochecha dela de novo, fazendo-a abrir os olhos, ainda mais vermelha. -Stormblood!

Deito novamente, olhando para o céu.

-Agora é sério... Boa noite. -ela deita de costas para mim.

Rio baixinho, mordendo o lábio.

Continuei sem sono, olhando pelo lugar. Sento na beira do lado e fico olhando o nada. Sono sem conseguir dormir. Insônia com um sorriso lindo, cabelo loiro e olhos verdes. Que maravilha.

Escuto um barulho e um tempinho depois Melody senta ao meu lado, com as pernas cruzadas. A olho.

-O que faz acordada?

-Não sei... -ela ri baixinho - Acordei agora e não consegui dormir de novo.

-Entendi. -sorrio de canto - Pelo menos você conseguiu dormir mais que eu. -ela concorda com a cabeça, suspirando em seguida. -Você parece ainda mais cansada.

-Eu sei. -ela ri - O que houve? Por que você não dormiu direito?

-Eu não consegui. -faço careta - Mesmo morrendo de sono.

-Quer que eu cante uma musiquinha para você dormir? -ela segura a risada. - Desculpa, eu precisava falar isso.

-Muito engraçado. -finjo rir.

Ela ri baixinho, olhando para o lago e eu começo a jogar pedrinhas na água. Ficamos em silencio por um tempinho.

-Odeio silencio. -suspiro, jogando uma pedrinha do outro lado do lago com força.

-Eu sei, mas não sei puxar assunto. Pensou no que eu falei sobre o efeito da Alice ter...

-Eu... Acho que acertei alguém. -mudo de assunto rapidamente, olhando para a sombra do outro lado. Melody levanta, olhando na direção da sombra, que desaparece.

-Sabe, quando eu venho pegar sangue para os novatos... Geralmente é o sangue acumulado nas rosas. Não venho aqui pegar meu próprio sangue ao ser atingido por uma pedra jogada por um cara com tédio. -uma voz nas sombras fala.

-Anthony Owlnight? É você? -Melody fala, sorrindo.

-Até onde eu sei, sim. -ele aparece. -O que fazem aqui?

Anthony Owlnight é um cara não tão alto, talvez cinco centímetros mais baixo que eu. Moreno, com a pele parda, barba por fazer, olhos cor de mel. Ele é de uma das linhagens que foram escolhidas para serem guardiões dos colares e mago. Ele geralmente usava um monte de colares com pedras, capuz e roupas que facilitassem para sele se esconder nas sombras. No momento, tinha algumas rosas em mãos e o capuz fazia sobras estranhas em seu rosto. Ele devia ser da mesma idade de Oliver, então sempre nos demos bem.

-Minha irmã... -Melody começa - Alguém transformou ela. E uma pessoa destruiu o colar do Sean. Estamos procurando as pedras e iríamos atrás de você em seguida.

-Ah ta. -ele ri - Bem, a caverna mais antiga está cheia de pedras, vocês sabem.

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-Está perto? -me manifesto - Demora quanto tempo para chegar lá?

-Mais meio dia. Por que tanto desespero? Sabe que eles vão quase morrer, mas vão continuar vivos.

Anthony... Se você falar de um jeito menos confuso, talvez eu entenda. Obrigado.

-Queremos ir embora... Temos um "acompanhante". -Melody faz as aspas - Oliver Graywolf está nos seguindo.

-Eu sei... deviam agradecer por não ser o... -Anthony para de repente, com a mão sobre uma das cicatrizes que apareciam no peito descoberto, ficando com um dos olhos inteiramente negro e o outro branco por alguns segundos. Quando volta ao normal, ele estava engasgado. -Não posso falar mais que isso. Ele tem um poder além do nosso. Se eu falar mais alguma coisa, todos nós morremos. Não sei quem é, nem o que ele é, mas talvez seja um... Dos primeiros.

-Então é verdade o que Oliver falou? Tem outra pessoa? -olho para Melody, levantando em seguida. -Ele não estava mentindo.

-Não... Eu queria ajudar, mas se eu falar mais alguma coisa, essa pessoa esmaga meu coração no sentido literal. -ele respira fundo.

-Você vai com a gente para a caverna ou não? -o olho - Você podia nos ajudar a achar...

-Sabem que eu não posso, Harry... Tenho regras a seguir.

-Tá... Mas você vai ficar aqui?

-Não. Vou para casa. Só vim pegar sangue. -ele mostra as rosas e eu concordo com a cabeça. -Queria poder ajudar... -ele suspira e faz nove rosas sumirem, ficando apenas com uma. Ele pega uma garrafa e abre a mesma, esmagando a rosa em cima da garrafa. Sangue começa a escorrer e a rosa fica branca. Ele nos olha em seguida, fazendo um movimento com a mão de modo que a rosa branca é pousada delicadamente sobre uma pedra e a garrafa some. -Então é isso... Vejo vocês em alguns dias.

-Tchau, Anthony. -Melody sorri - Boa noite.

-Valeu, para vocês também. -ele sorri e desaparece nas sombras de novo.

Melody me olha, mordendo o canto do lábio. Tenho certeza que ela estava pensando no modo em que ela tratou Oliver quando ele disse que havia outra pessoa e que ele tinha salvado a vida dela.

-Calma. Ele vai entender. -sorrio de canto.

-Eu não quero que ele entenda.

-Então... Por que está assim?

-Porque... Eu estou pensando em quem pode ser a outra pessoa.

-O protetor dele. Só... Não sei quem é.

-Ele me contou uma vez... Pelo menos algumas coisas, mas eu não lembro.

-Uma hora descobrimos. -suspiro e ela concorda com a cabeça, pegando a rosa branca que Anthony tinha deixado para trás. Peguei algumas vermelhas e coloquei na mochila, por precaução. Sangue é sempre bom.

-Eu estou com fome... -ouço Alice murmurar, sentando ao meu lado.

-Alguém bebeu sangue aqui? -Sean nos olha.

-Não... -suspiro - Eu posso te dar meu sangue, Sean. E a Melody para Alice, se quiserem.

-Não, valeu cara... Não estou afim de chupar você.

-Tem certeza que não tem sangue? -Alice esmaga uma rosa pequena e vermelha, fazendo sangue pingar.

-O.k... Tem isso. Mas ninguém bebeu o sangue.

Ela sorri e joga uma rosa para Sean. Nos levantamos e pegamos as coisas. Ali e Sean estavam pálidos de mais.

-A caverna está muito longe? –a loira baixinha murmura depois de um tempo, quase caindo.

-Não. Calma... daqui a pouco chegamos. -falo -Melody, segura ela direito ou ela vai cair.

-Ela está me segurando direito.

Voltamos a andar em silencio, até os dois loiros parecerem que iam desmaiar a qualquer segundo. Ele se solta de mim, encostando-se a uma árvore. Parecia estar morrendo.

-Muito perto... Podemos parar?

Concordo com a cabeça e a menina deita do lado dele, respirando com dificuldade. Sua boca estava seca e ela estava ainda mais pálida.

-O.k... Vocês descansam um pouco, eu e Melody vamos procurar alguma coisa para fazer fogo e ver se achamos alguma pedra ou caverna. - Eles concordam e começamos a andar. Ela ficou quieta o caminho todo. -Acho que é a caverna ali na frente, não? -apondo um borrão cinza ao longe. Ela da de ombros. A olho, sério - Dá para parar com isso e falar alguma coisa? Parece que não se preocupa com eles.

-Me preocupo e você sabe disso. -ela me olha fixamente. -Mas eu estou com sono e com dor então não reclame.

-Volte lá então. Descanse.

-Não consigo. -ela bufa, arrumando o cabelo.

-Tenta. Melody você vai desmaiar antes deles!

-Não vou. Eu deito e sinto minha cabeça explodir. Tá até parecendo que estou atrás das pedras junto com eles.

-Qual foi a ultima vez que bebeu sangue?

-No dia em que a gente começou a viagem. Antes de ir para a sua casa. -ela suspira -Não é isso. Eu aguento mais de uma semana sem sangue.

-Espera... -paro de andar. -Oliver te salvou de alguém. Será que esse alguém não fez alguma coisa? Anthony disse que o cara é foda.

-Não. Se tivesse feito eu já teria morrido, Jonathan. -ela fica um pouco nervosa.

-Ou não, Katherine. –a chamo pelo segundo nome também - Oliver pode ter chego antes de você morrer. Por isso está com uma cicatriz enorme ai.

-Isso? Enorme? -ela ri, mostrando uma cicatriz na mão - Até sua unha é maior.

-Você não consegue ver a que está no seu pescoço.

-De qualquer forma, essa pessoa não fez nada. Se tivesse feito, eu sentiria.

-Melody, essa pessoa tem poderes acima dos de Anthony. Pode fazer coisas que você não percebe o quanto ele ou ela quiser.

-Chega, Harry. -ela senta no chão, suspirando e cruzando os braços. -Você está me deixando mais cansada.

-Desculpa. Vamos voltar.

-Por quê? -ela me olha - Você não vai ver se aquilo é uma caverna ou não?

-Aquilo é a caverna.

Ela revira os olhos, levantando. Voltamos para onde eles estavam. Era final de tarde agora. E se Alice não dormisse... Eu queria falar com ela. Urgentemente. Não sei por quê. Apenas precisava.