Os tributos serão sorteados dentro dos vencedores de cada distrito – Ele faz uma pausa – Feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre ao seu favor.

Eu não penso. Eu corro pra fora de casa e bato a porta com força. Eu não sei pra onde vou.

Eu vou voltar para a arena.

Pior que isso. Entre eu, Peeta ou Haymitch, só um pode sobreviver. Se Peeta for escolhido eu não sei o que eu vou fazer. Eu sabia. Eu sabia que estava tudo bom demais pra ser verdade.

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Eu sinto que minhas pernas não conseguem mais me sustentar e desabo no chão. Minha visão do lugar é confusa e embaralhada, ofuscada pelo meu choro. Meu soluço é alto. Estou confusa. Não sei onde estou. Por mim, eu morreria aqui mesmo. Não posso. Não antes de pelo menos saber quem vai na arena comigo. Se é Peeta, o único homem que eu já me apaixonei, ou se é Haymitch, meu mentor que eu aprendi a gostar e acabei criando laços. Eu estou em pedaços. Tudo fica turvo e eu desmaio.

*

Quando eu acordo eu estou na minha cama deitada. Não sei quanto tempo fiquei inconsciente. A luz que sai pela janela é clara, mas não muito. Como se o sol estivesse se pondo. Me pergunto quem me carregou e me trouxe pra cá. Quem me achou em primeiro lugar. Eu estou tonta. Tento me lembrar o motivo pelo qual eu desmaiei.

O massacre. Foi por isso que eu desmaiei. Eu vou voltar pra arena. E agora com pessoas mais experientes. Vitoriosos.

Só o pensamento de perder Peeta me devasta. Ele não é muito forte. Ele não tem uma perna. Agora que finalmente consigo entender meus sentimentos por ele, isso acontece? Que desastre.

Como será que ele está passando por isso?

Antes que eu até tente me levantar, ouço um barulho vindo da porta. É o Peeta. Percebo que seus olhos estão vermelhos como os de quem chora faz horas, porém não tem nenhuma lágrima em seu rosto.

– Você está melhor? – Ele pergunta vindo em minha direção com um sorriso. Mas eu conheço os sorrisos dele. Esse não era real. Sua face indicava que ele estava triste.

– Sim – Minto – Como você está?

– Não importa...

– Pra mim importa, Peeta.

– Você quer saber como eu estou? Eu estou quebrado, sofrendo. O pensamento de te perder me destrói por completo – Ele começa gritando mais depois seu tom diminui por causa dos soluços entre suas lágrimas – Eu só... não posso viver sem você. Minha vida perderia o sentido completamente, Katniss.

Era bom e ao mesmo tempo horrível ouvir isso. Eu vou morrer. Mas eu quero pelo menos o Peeta vivo. Eu o abraço e nós ficamos assim, juntos, por um tempinho.

– Você não precisa ir. Por favor não vá – Eu peço me afastando e olhando nos olhos dele.

– Desculpa, Katniss, mas se o Haymitch for sorteado, eu não vou deixar ele ir pra morte dele para me salvar. Ele é velho e acabado. É injusto. Não vamos falar sobre isso agora. Falta tempo ainda pro massacre. Não muito, mas falta. É melhor a gente não ocupar nosso tempo vivos brigando.

Ele tem razão. Assento com a cabeça positivamente e o beijo suavemente.

Parece errado simplesmente esquecer tudo isso, que é horrível, e se beijar, mas é tão bom que eu completamente esqueço das noções do certo e do errado.

– Por quanto tempo eu fiquei pagada? – Perguntei, infelizmente nos separando.

– Um dia e pouco – Ele responde ajeitando meus fios de cabelo que estavam bagunçados no meu rosto.

– Como o Haymitch está? Quer dizer, ele também tem cinquenta por cento de chance de ir pra arena...

– Como você acha que o Haymitch resolve os problemas dele? Ele está na casa dele bebendo. Eu tentei bater na porta, mas ele não atende.

– Será que ele está bem? – Pergunto, pela primeira vez realmente me preocupando com ele.

– Acho que sim – Ele diz naturalmente.

– Quem me achou?

– Bom, como você saiu correndo como uma louca, eu te segui. Apesar de não conseguir muito bem acompanhar sua corrida maluca, eu te achei deitada no chão. Eu fiquei preocupado, mas achei melhor te trazer pra cá.

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– Você me carregou? – Disse rindo.

– Ei! Eu não sou tão fraco! – Ele falou no que eu acho que foi uma tentativa falhada de ser sério. Ele ria como eu.

– Ok, ok – Digo finalizando.

Eu o abracei. É incrível o efeito que ele tinha em mim. Percebo que um dia atrás eu estava em um pânico, desmaiando, e agora estou rindo de novo. O seu jeito, seu sorriso, me fazem esquecer dos meus problemas, até os maiores, até da realidade desse mundo. Panem. Snow. O massacre. Tudo. Até poderia ser um pensamento um tanto quanto egoísta e falso. Mas era tão bom que eu só queria ficar daquele jeito para sempre e deixar meus problemas irem pra longe.

– Vem, Katniss tenho que contar pra sua mãe e pra sua irmã que você está bem – Ele fala e eu grunhi em insatisfação.

– Temos que ir mesmo? – Pergunto manhosa.

– Temos. Elas ficaram preocupadas com você assim como eu fiquei.

– Você é tão politicamente correto – Digo e ele ri.

– Certo. Agora vamos.

Eu me esforço para levantar e enfim consigo. Me arrasto até a porta com a ajuda do Peeta, depois já consigo descer a escada normalmente.

Encontro minha mãe e minha irmã com um olhar surpreso fixo em mim, de pé na sala.

– Olha quem acordou – Grita Prim correndo pra me abraçar.

Eu a abraço e dou um beijo em sua testa.

Nós comemos algo que o Peeta preparou e estamos em um clima feliz. Na medida do possível, obvio. Já que eles acabaram de descobrir que eu vou morrer. Eu estou acabando de comer quando ouço a campainha. Vou atender para não interromper o jantar dos outros.

Abro a porta e acaba sendo a ultima pessoa na terra que eu queria ver agora e ao mesmo tempo alguém que no fundo do meu subconsciente eu sentia saudades. Gale.