— L-Lys... - sob meu rosto, a jovem rapariga do primeiro ano, Eduarda, sorria constrangida.

— Você não precisa fazer isso se não quiser. - acariciei sua face, enfatizando com uma falsa personificação de gentileza.

Uma lua redonda e sangrenta planava no céu negro da noite, amostrando-se timidamente pela lucerna.

— Me desculpe... – murmurou ela, torcendo o olhar.

Eduarda, inquestionavelmente, já se encontrava vulnerável às teias da tarântula. Minha fome por luxúria e morte parecia mais aguda do que nunca, não me importava se a rapariga fazia parte da casta de assassinos.

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Mas o ato era só uma forma de distração, afinal, minha real fonte de prazer, era mutilar, delicadamente, cada fração de seu corpo frágil.

— Você é uma garota tão dócil... - sorri. - ...Como dizia Romeu: “Nunca tinha eu, visto a verdadeira beleza antes dessa noite.”.

Desviando suas íris, Eduarda exibiu um riso leve - estava prestes a ceder. Arrastei os lábios por seu pescoço, e pareio-os frente à orelha, onde sussurrei:

— Não te atiça a curiosidade pensar que consegues desencadear meu lado mais retraído?

***

Terminado de abotoar o último botão da camiseta bege, ajeitei o colarinho enquanto subia um lance de escadas; logo, ultrapassando o batente que levava ao telhado. Parei ao lado de Castiel, que debruçado sobre o parapeito, tragava um cigarro.

Comentei com ironia:

— Fumando escondido de novo? Você é o pior...

— Não tem ninguém por perto, já pode parar com o teatrinho. – indiferente, ele expirou o vapor por uma pequena abertura da boca.

Ri com seu comentário, dando um passo para frente e descansando as mãos pela barra de ferro frio. Fitei a lua carmesim, sendo lentamente recoberta pelo rastro de obscuridade das nuvens.

— E aí, conseguiu o que queria? – questionou, lançando o cigarro para longe.

— “A curiosidade matou o gato”, não? – sorri.

Castiel deu um pequeno impulso para frente com a cabeça, rindo travessamente.

— Há um conto do século XIX conhecido como “The Bottle Imp”, - prossegui. -onde há uma cena em que o protagonista e seu amigo, curiosos em saber a forma do gênio engarrafado que realiza desejos, pedem para que o demônio mostre sua face. E, quando o fazem, tornam-se insanos.

— Literatura nessa hora não, Lysandre. – resmungou. - Só espero que tenha limpado tudo, não to afim de dormir com cheiro de carne podre.

— Os capangas de Shermansky já retiraram o corpo para o Relatório Diário.

— São um pouco rápidos, hein? A velha deve passar o dia inteiro enfornada numa sala com TV’s, só observando a gente.

Paramos por um momento. Suspirei:

— Acho tolice sua tentar me ajudar nesta brincadeira, mesmo sem estar incluso.

— Só estou dando suporte ao meu melhor amigo. - disse ele, sarcasticamente. - Quando ganharmos, nadaremos em cascatas de dinheiro.

— E... quem será minha próxima vítima? - ri.

— Não há dúvidas que Armin seja um killer, lembra-se quando acabou com o rapaz no meio da apresentação do irmão?

— No entanto, ele vive trancafiado em sua suíte.

— Ou seja, para atraí-lo até as teias...

Abri um sorriso largo, completando:

— ...Precisaríamos de uma isca.