Não Me Deixe Sozinho

O Amor É Sempre O Amor


Antes de dormir fiquei pensando bastante sobre o que havia acontecido entre a Gi e o William. Nunca pude imaginar que ele fosse capaz de magoá-la tanto.

Eu fiquei parado na minha cama, ouvindo música clássica.

Minha mãe entrou no meu quarto e sentou na beira da minha cama.

— Leo, por que a Giovana estava chorando?

— Não posso te dizer, mãe — eu não sei, ou melhor, tenho certeza de que não devo contar o que aconteceu.

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— Hum... filho, você sabe as coisas sobre namoro, não, é? — por que essa pergunta agora?

— Um pouco, mãe. Por quê?

— Bem, Leo, você já tem dezessete anos... Já tem mais que idade pra namorar.

— Hum...

— Você está interessado em alguma menina da sua escola?

— Não.

— E na Giovana?

— Também não.

— Hum... Certo, Leo... Você já se apaixonou ou namorou alguma garota?

— Não, mãe...

Qual o motivo de todas essas perguntas? Será que alguém contou pra ela sobre Gabriel e mim?

— Certo, Leo. Já vou dormir, meu filho.

— Boa noite, mamãe.

Ela me beijou na bochecha e eu também a beijei.

Ela se levantou da minha cama.

— Mãe?

— Oi.

— Tem uma... pessoa... alguém que eu gosto...

Mamãe se sentou em minha cama novamente.

— Eu posso saber quem é?

— Hum... melhor não... não posso contar...

— Ah, tudo bem. E como ela é?

— Ah, é uma pessoa bem legal, sempre me alegra e me entende e está sempre comigo.

— Parece a Giovana — comentou mamãe.

— Mas não é dela que eu tô falando.

— Tudo bem — silêncio por uns cinco minutos. — Leo, onde vocês se encontram?

— Ah, mãe, na escola, na rua...

— Leo... posso te fazer uma pergunta, meu bem?

— Ham... pode...

— Leo, você... você é virgem?

Ai que vergonha! Minhas bochechas ficaram quentes! Nossa o que minha mãe quer?

— Ham... oi? Claro, né, mãe!

— Hum... Ah, Leo, que bom... Mas... você já pensa nessas coisas?

— Mãe, eu prefiro não conversar sobre isso.

— Leo, isso é importante... olha filho, eu acho que você já tem idade pra fazer algumas coisas, como namorar, mas também acho que você deve tomar muito cuidado com as pessoas. E também tem que cuidar de você... se você for... ai, como é difícil falar sobre isso...

— Imagina pra mim, né, mãe?

— Olha filho, só quero dizer que... que se for... fazer sexo... com alguém, que você se previna... me entendeu?

— Sim, mãe! Eu entendi!

— Olha filho, esse negócio de DSTs é muito sério.

— Ai, mãe! Eu sei!

— Então, Leo, me prometa que vai se prevenir.

— Mãe, eu vou me prevenir.

— Ah, ok. Vou confiar em você.

Finalmente ela vai confiar em mim – mas não estou realmente feliz em ter conversado isso com a minha mãe... ela é minha mãe! Isso é constrangedor! – então ela me beijou na testa e saiu do quarto.

Ouvi a voz do Gabriel me chamando. Fui em direção a voz dele.

— Gabriel? — chamei.

— Aqui! — ele respondeu. Fui naquela direção, mas não encontrei nada.

— Gabriel? — chamei de novo. Eu comecei a ficar com medo.

— Leo, eu tenho que te dizer umas coisas... — a voz dele veio de detrás de mim. Me virei.

— Me abraça, Biel! Estou com frio! — agora eu estava prestes a chorar.

— Não posso. Não posso continuar com isso.

— Como... como assim, Gabriel?

— Eu não te amo de verdade, Leo. Eu não quero mais ficar com você.

Meu coração começou a doer...

— Não, Gabriel...

— Leo, eu não posso continuar com você sendo que não quero. Eu vou voltar para a minha cidade.

— Não Gabriel! Não me deixe sozinho! Gabriel, por favor... — eu comecei a chorar... por que ele está fazendo isso comigo?

— Adeus, Leo.

E depois eu me joguei no chão. Fiquei lá berrando e soluçando.

Meu pai me sacudiu para me acordar. Eu ainda tava chorando muito. Demorou pra eu entender que fora só um sonho... ainda bem que foi só um sonho...

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— Filho, o que aconteceu? — perguntou papai.

— Está tudo bem, Leo? — perguntou mamãe, muito preocupada.

— Eu... eu... ti-tive um pesadelo...

Voltei a soluçar freneticamente, me recordando do desespero que senti no sonho.

— Calma, filho, calma. Já passou — papai tenta me tranquilizar.

— Meu bebê, vai ficar tudo bem — diz mamãe.

Consegui me acalmar. Deitei-me. Meus pais foram embora.

Mas não consegui dormir. Eu me levantei quando o despertador do celular tocou e fui me arrumar pra escola. Hoje é sexta-feira e amanhã vai ter a festa na casa da Karina.

No pátio da escola nos juntamos Gabriel, Giovana e eu.

— Oi, Leo! — cumprimentou Gi.

— Oi, Gi — respondi.

— Oi, Leo — diz Gabriel.

— Oi, Gabriel — digo eu.

Houve um minuto de silêncio.

— Leo, tá tudo bem com você? — Gi quebra o silêncio.

— Aham... tudo bem sim...

A campa de entrada toca e Giovana me dá a mão e me guia através dos corredores em direção à nossa sala.

— Oi, Leonarda! — diz Fábio assim que eu entro na sala.

— Cala a boca, moleque! — responde Gi.

— Ai, tá irritadinha, Gi? Vai tomar um chazinho!

— Não mexe com ela — essa era a voz do William.

— Ui, tá estressadinha também? — provocou Fábio.

— Ah, Fábio, tá tão chato assim porque deve tá querendo dar o c... — William é interrompido por uma irritada professora que entra gritando:

— Posso saber o que é isso, senhores?

Todos ficam calados. Eu estou completamente perdido... por que as coisas ruins acontecem todas de uma vez?

— Então? — pressiona a professora, querendo uma explicação.

— Foi o Fábio que chegou provocando o Leo, professora — acho que essa é a voz da Karina.

— É verdade, profe — apoia Gi.

Silêncio.

— Mas porque o William estava falando aquelas coisas feias? — perguntou a professora.

— Ele só quis me defender do Fábio, que tava me chateando também.

Silêncio.

— William e Fábio, os dois pra diretoria. Já — disse por fim a professora.

Os dois reclamaram, mas foram.

Depois a aula começou.

— Ok, Leo, o que tá havendo com você? — perguntou Gi no intervalo.

— Ham? Como assim? Eu tô normal.

— Não, não tá, não — disse Gabriel.

Eu fiquei em silêncio. Baixei a cabeça.

— Tive um pesadelo.

Daí eu desabafei. Contei tudo.

— Leo, não se preocupa. Eu nunca vou deixar você — Gabriel me tranquilizou. Depois disse em um tom mais baixo: — Leo, eu te amo muito.

Então ele me deu um selinho rápido... e isso me acalmou.

Eu passei a tarde sozinho em casa. Mas isso não importa, porque eu fiquei ouvindo músicas clássicas e fazendo meus deveres e mantive a cabeça ocupada .

Dormi initerruptamente até as nove da manhã, até que a minha mãe me acorda avisando que vai ao mercado.

— Quer ir com a gente, Leo? — pergunta ela.

— Tá. Vamos.

Depois do mercado eu sentei no sofá com o meu pai que estava assistindo à TV.

— Pai, eu posso te fazer uma pergunta? — indago de súbito.

— Claro, filhão.

— Existe algum tipo de amor que seja... errado?

— Claro que não, Leo. O amor é sempre o amor, não importa como ele seja. Não importa se ele não é como a sociedade espera. O amor é a melhor coisa do mundo. Ele nunca vai ser errado.

— Hum...

— Você ama seus amigos, Leo?

— Sim...

— Se atiraria na frente de um carro para salvá-los?

— Claro, pai.

— Então, Leo, você é uma pessoa incrível. Você é capaz de amar, e quem é capaz de amar é muito bom.

— Pai, eu te amo!

— Eu também te amo, Leo!

Ele me abraça forte e eu retribuo.