Together

Capítulo 27


Fizemos amor de uma maneira que eu pensei que não existisse. Não foi como a nossa primeira vez. Tivemos calma, paciência, carinho e muito desejo. O lugar era só nosso e o único som que havia eram das nossas súplicas de amor. Só nos demos conta de quanto tempo havia passado quando os pássaros começaram a cantar e o raios de sol iluminavam as frestas de janela.
— Eu não quero ir embora.
Mateus riu e beijou o topo na minha cabeça.
— Passaria o resto da minha vida aqui.
— Aqui pelo menos não temos a Natália.
— Liv...
— Não, Mateus. - falei erguendo meu olhar até o dele — Você tem até o final do dia pra contar tudo pra ela.
— O que é isso? Está me dando um xeque-mate?
— Eu cansei de adiar isso. Nós nos amamos, não é? Então não temos que esconder o que sentimos. - coloquei minha testa na dele e fechei os olhos — Eu não quero passar mais um dia afastada de você.
— Ei. - Mateus disse alisando o meu rosto — Está tudo bem. Eu vou falar com ela hoje.
— Obrigado.
Beijei a sua boca levemente e ficamos mais alguns minutos assim, fingindo que o mundo lá fora não existe.

*****
Quando voltei para o quarto as meninas ainda estavam dormindo. Troquei de roupa rapidamente e deitei na cama. Pensamentos e mais pensamentos não me deixaram fechar os olhos. Finalmente eu estava completa. Quando meu coração se acalmou e meus olhos começaram e fechar alguém bateu na porta.
— Droga! - sussurrei.
Levantei e abri a porta.
— Bom dia dorminhoca. - Julia disse me dando um abraço e entrando.
— Você sabe que horas são? - perguntei
Ela riu e sentou na minha cama.
— Hora de ir para a cachoeira.
— Você só pode estar brincando.
Fechei a porta e voltei para a cama. Cobri a minha cabeça e ouvi a Julia acordando as meninas.
— Já está todo mundo lá fora, vocês não querem perder os meninos de sunga.
— Fala sério, Ju! - Sabrine murmurou — Nós temos o resto da vida para ver eles de sunga.
— E temos também o resto da vida para dormir. Vamos, por favor.
— O Mateus está lá? - Natália perguntou
Descobri a minha cabeça e sentei na cama. Finalmente uma conversa que me interessava.
— É claro que sim. O gato está com uma sunga azul que combina perfeitamente com os olhos dele.
Natália saiu da cama rapidamente e vestiu a primeira roupa que viu na frente. Eu levantei atrás, procurando o meu biquíni.
— Se eu soubesse que era só falar o nome dele pra vocês levantarem, tinha feito isso antes.
Sabrine riu e levantou também.
— O que você quer com o Mateus? - Natália me perguntou.
Parei e mexer na minha mala e levantei.
— Acredito que a mesma coisa que você.
Os olhos dela se estreitaram e ela abriu um sorriso.
— Eu duvido.
— Veremos!
— Calma, calma meninas. - Sabrine disse me abraçando — Tem Mateus pra todo mundo.
— Não! - Natália e eu falamos juntas.
Ficamos nos olhando por alguns segundos sem dizer nada. Se um olhar matasse com certeza eu estaria morta. Outra batida.
— Vocês não vão? - Trey gritou do lado de fora.
— Um minuto. - Sabrine gritou de volta.
Voltei a procurar meu biquíni e achei o que justamente a Natália tinha escolhido pra mim dias atrás.
— Gostei desse. - ela disse sorrindo.
— Eu também.
Vesti o biquíni rapidamente e coloquei por cima uma camisa que o Mateus havia me emprestado nas férias. Era branca e batia um pouco a baixo da minha cintura.
— Prontas? - Julia perguntou.
— Com certeza!

*****
Todo mundo estava na cachoeira.
— Ual, isso está uma loucura. - Sabrine disse levantando o óculos escuro.
— Eu vou procurar o Mateus. - Natália disse.
Sabrine me pegou pelo braço e sussurrou:
— Deixa, Liv. Eles tem que conversar, lembra?
Concordei com a cabeça.
— Tudo bem. Vamos nos divertir.
Tirei a camisa e sentei sob uma pedra. Logo o Trey chegou com o protetor solar e ajudou a gente a passar.
— Vocês estão lindas. - ele disse sorrindo — Isso merece uma foto.
— Sim, sim. - Julia disse animada — Tira do meu celular.
Nós três nos aproximamos e ele tirou a foto.
— Será que eu posso tirar uma foto com a de biquíni preto?
Olhei para trás e encontrei o Pedro. Como sempre tinha um sorriso sacana nos lábios. Sorriso que um dia me fez derreter e hoje... bom, hoje é apenas um sorriso.
— Sem problemas.
Ele se aproximou de mim e segurou firme a minha cintura.
— Você está ótima. - ele sussurrou
— Olha pra frente, Pedro.
— Impossível olhar pra frente quando se tem uma gata ao seu lado.
— Sempre com uma piada na ponta da língua.
— Tenho outra coisa na ponta de língua também.
Dei um tapa em seu braço e ele riu.
— Tudo bem, vamos tirar foto.
Ele me puxou para mais perto e beijou a minha bochecha.
— Pronto. - Julia disse me entregando o celular.
— Viu, nós formamos um lindo casal. - Pedro disse olhando para a foto.
Eu era obrigada a concordar, nós realmente formávamos um casal bonito mas nada comparava comigo e o Mateus. Nada.
— Vamos entrar na água. - Sabrine disse.
— Sério? Deve estar gelada.
— Não me diga que a gatinha tem medo de água.
É claro que essa piadinha vinha do Pedro. Revirei os olhos e coloquei a camisa do Mateus em um canto. A água estava mais gelada do que eu havia imaginado. Dois minutos dentro eu já estava tremendo de frio.
— Nenhum sinal do Mateus? - perguntei olhando ao redor
— Nada. - Sabrine disse dando os ombros — Olha Liv, eu disse que todo esse papo de melhor amigo apaixonado é lindo mas devo confessar que o Pedro também é uma graça. E está doidinho por você.
Olhei para as pedras e encontrei o Pedro conversando com alguns amigos. Ele estava sem camisa e de óculos escuro.
— Eu sei, eu sei. - falei me virando na direção dela — Mas o Pedro já me magoou muito.
— O Mateus também. - ela disse
— Droga! Você sempre tem uma resposta pra tudo.
Ela riu e passou os braços no meu ombro.
— Eu sei que faz pouco tempo que a gente se conhece mas eu senti uma afinidade inexplicável por você. Só quero te ver bem, feliz.
— Eu digo o mesmo. Promete que vai me visitar quando o acampamento acabar?
— Sem dúvida nenhuma.

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*****
Nuvens no céu anunciaram uma tremenda chuva. Todo mundo começou a organizar a suas coisas e voltar para o acampamento.
— Eu nem acredito que a gente vai embora hoje. - Julia disse — Aqui é tão maravilhoso e tem tantos gatos.
Sabrine riu.
— Você está muito sem-vergonha para a sua idade, irmãzinha.
— Esses dias foram realmente incríveis. Mesmo com os insetos valeu a pena.
— Ih, começou a chover.
O que antes era apenas uma garoa fina virou uma tempestade. Folhas voavam para todos os lados e algumas pessoas começaram a gritar.
— Minha chapinha. - Julia disse colocando a mão na cabeça — Mudei de opinião, ainda bem que vamos embora hoje. Vocês não gostariam de ver meu cabelo natural.
Todo mundo riu e começamos a caminhar mais rápido. Assim que avistamos o acampamento me lembrei que havia esquecido da camisa do Mateus.
— Eu preciso voltar.
— Ela está ensopada. Ou o vento deve ter levado. - Sabrine disse
— Eu vou voltar!
Dei um rápido aceno e fui em direção da cachoeira. Raios iluminavam o céu e eu senti que a qualquer momento um me acertaria. Andei mais rápido, ignorando as folhas grudadas pelo meu corpo e o cabelo emaranhado no rosto. A camisa do Mateus estava exatamente onde eu havia deixado. Apertei ela contra o meu corpo e voltei, em direção ao acampamento.
— O que você está fazendo aqui?
Olhei para trás e encontrei o Mateus debaixo de uma árvore. Ele estava completamente molhado e com uns fios de cabelo grudado na testa. Lindo de morrer.
— Eu vim pegar a sua camisa. - falei levantando e mostrando pra ele
— Droga Liv, não precisava. Você vai ficar doente, vem pra cá.
Corri em sua direção e encostei as costas na árvore.
— Eu gosto dela. - falei
Ele riu e acariciou o meu rosto.
— Eu te daria outra.
— Mas eu gosto dessa.
— Tudo bem, eu entendi.
Ele também encostou as costas na árvore, fazendo nossos braços se colarem.
— Eu não te vi aqui na cachoeira.
— Eu fiquei um pouco aqui, acho que fui embora antes de você chegar.
— Porque? - perguntei
— Você não queria que eu conversasse com a Natália na sua frente, ou queria?
Dei os ombros e virei de costas pra ele.
— E o que aconteceu?
— O que eu imaginava. Ela gritou e disse que eu sempre trai ela.
Mateus se aproximou de mim e me abraçou por trás.
— Eu sei que tudo isso é novo pra gente mas eu não me arrependo. - ele beijou levemente a minha orelha — Eu não me arrependo ter me apaixonado por você. Não me arrependo ter me envolvido com você. - ele beijou o meu pescoço — E também não me arrependo ter traído a Natália.
Um riso envergonhado saiu da minha garganta.
— E agora? O que vai acontecer?
— Agora nós vamos ficar juntos. Como sempre deveria ter sido.