A brisa gélida fazia os cabelos castanho de Hermione dançarem suavemente enquanto ela inclinava o rosto apreciando a carícia que a brisa fazia em seu rosto.
Passara a amar sentar-se em uma grande rocha de frente para o Lago Negro nos fins das tardes, lhe ajudava a ficar calma e a não pensar besteiras, assim como também ficar sozinha lhe fazia bem, gostava de reviver as memórias enquanto sentia a brisa gélida.
Levantou-se e caminhou até a beira do Lago, ficando apenas à alguns centímetros de distância da água que parecia pacífica, mas que escondia grandes monstros e segredos. Levou as mãos até os lábios e baforou para aquecê-las, já que por um esquecimento estava sem suas luvas de lã quentinhas. Sem que percebesse, havia se encolhido por causa da rápida queda de temperatura no lugar.
Tudo estava silencioso e calmo até que sentiu um leve empurrão repentino para então se desequilibrar. Fechou os olhos e levou os braços até o rosto esperando a sua queda na água, mas percebera que estava segura enquanto sentia dois braços rodearem sua cintura, lhe segurando. Procurou acalmar o coração que estava acelerado pelo susto e se virou deparando-se com uma cabeleira loira desalinhada e um sorriso debochado. Era Draco.
— Você tem que parar de cair por mim Granger. - ele disse debochado e as bochechas da garota coraram.- E tem que parar de corar também, está parecendo uma garotinha de 11 anos que acabou de ver seu jogador de Quadribol favorito.
Ao ouvir o que ele disse, Hermione fechou a cara e procurou sair do aperto dele, que ria da sua irritação.
— Malfoy seu ogro! - ela brandiu irritada - Você ia mesmo me derrubar dentro dessa água gelada? - ela socou o braço dele - Ainda fica com essas insinuações sem fundamento!
— Não tenho culpa se é verdade Granger. - ele riu e ela bufou - Sim, eu cogitei seriamente em lhe jogar nesse lago para servir de comida para os sereianos. - a ironia transbordou da sua fala.
— Seu irritante! - ela passou as mãos no cabelo suspirando - Será que não pode me deixar em paz uma vez sequer? Merlin!
— Não, não posso, vai que você tem uma crise depressiva de novo e resolva se lançar um Avada Kedrava ou sei lá o quê - ele gesticulou para dar ênfase a sua fala - E foi apenas uma brincadeira, sossegue garota.
Ele parecia levemente irritado, mas Hermione achou que era só sua imaginação, compreendeu que sua fala tinha um quê de preocupação e não pôde deixar de sorrir, era estranho ver Malfoy daquele jeito, mas era um estranho bom.
— Doninha, eu não vou me lançar um Avada Kedrava, até por quê isso não parece possível, mas deixa pra lá, você me assustou também! Quer o quê? - ela disse levemente exaltada, fazendo sua voz soar meio aguda.
—Não sei se é possível, mas seu estado emocional é muito instável, poderia dar um jeito nisso se quisesse - ele desviou o olhar do rosto dela e encarou a grama ao seu lado com as mãos nos bolsos - Você se assusta fácil demais, é por isso que é divertido fazer isso.
A castanha revirou os olhos em reprovação a sua resposta. Um trovão rasgou o céu e uma fina garoa começou a cair.
—Melhor nós irmos - Hermione disse ao sentir os pingos em seu rosto.
—Não me diga! - ele fingiu surpresa e depois sorriu sarcástico.
— Não força Malfoy - ela ameaçou - Posso ser calma, mas eu posso lhe lançar uma azaração que lhe daria uma longa estadia na enfermaria.
— Nossa, que medo de você Granger! - ele gargalhou irônico e ela bufou, mas deixou escapar uma risada.
A chuva engrossou e eles tiveram que correr. À medida que corriam a chuva se fortalecia e deixava a visão de ambos embaraçada. Malfoy tropeçou numa raiz grossa que estava fincada no chão e caiu com tudo levando Hermione junto com ele. Ambos caíram sobre um solo enlameado e ficaram sujos. Hermione sugou o ar com esforço, pois havia caído de costelas no chão e ainda havia sido sobre uma pedra levemente pontiaguda. Draco ao seu lado já havia se recomposto, enquanto ela lutava para respirar e não conseguia, seus olhos se arregalaram quando a falta de ar começou a sufocá-la e ela agarrou a barra da jaqueta de Draco que parecia ter passado pelo mesmo problema. Contanto, o loiro parecia não ter sentido a mão dela em sua jaqueta, então sua mão puxou-a freneticamente, fazendo o loiro olhar pra ela que sentia a visão turvar levemente. Seus olhos começaram a pesar e ela relutou para deixá-los abertos. Sentiu o ar adentrar pela sua boca, mas ele estava abafado e com um leve sabor de menta, aos poucos reconheceu o contato da boca de Draco contra a sua, lhe fornecendo ar, então sentiu a respiração voltar ao normal, mas mesmo assim os seus olhos se fecharam irreversivelmente e ela desmaiou.
— Droga Granger! - Draco praguejou pegando a garota desfalecida nos braços.
O corpo da garota estava totalmente mole, o que dificultou para ele carregá-la, então a cabeça da garota pendeu sobre seu ombro e ele ajeitou seu corpo para então levá-la à enfermaria.
Madame Pomfrey não ficou nada feliz ao ver os dois enlameados e molhados na enfermaria, mas mesmo assim acolheu a garota rapidamente e em poucos minutos ela já analisava a castanha que estava sobre uma maca.
Finalmente conseguira um diagnóstico depois de analisar bastante e sob o olhar questionador do loiro, disse: - Ela está bem, algo a feriu na região da costela e deve ter ocasionado a falta de ar, vou deixá-la descansar por enquanto, quando acordar farei apenas um leve curativo. Acho que seria conveniente que o senhor fosse trocar de roupa senhor Malfoy.
— Eu ficarei aqui com ela. - seu tom soou firme e ele estranhou.
A mulher estranhou o garoto.
—Sim, mas antes vá trocar de roupa, está sujando a enfermaria, enquanto isso eu trocarei a roupa dessa senhorita, ficar molhada lhe causará alguma complicação, então devo evitar isso.
— Tudo bem - ele se afastou lançando um olhar a garota inconsciente.
" Ela sentiu que estava em um balanço de madeira, ao olhar para cima viu que uma grande árvore sustentava o balanço, o sol estava fresco como em uma manhã de primavera e a grama verde se acentuava com os tons coloridos das flores que ornamentavam aquele lugar. Sorriu e sentiu-se em paz pela primeira vez em muito tempo.
Sentiu o balanço se mover e o vento ficar violento, a princípio se assustara, mas ao olhar para trás reparou que o loiro irritante segurava as duas cordas do balanço bem próximo à suas mãos.
—Draco, seu irritante! - ela protestou manhosa.
—Você se assusta muito fácil, Hermione - ele sorriu e girou o balanço, enrolando a corda e fazendo-a ficar de frente pra ele.
— Mas é claro! Você aparece do nada, é lógico que irei me assustar, não sabia quem era, vai que era algum maluco - Ela argumentara corada.
— Não se preocupe, eu pretendo e serei o único a assustar-lhe dessa forma - ele sorriu provocante - Ninguém mais fará isso, por quê só eu o farei.
— Mesmo assim, acho que vou aprender a me defender então - ela sorriu irônica.
— Não precisa, eu te protegerei - ele falou suavemente e acariciou a bochecha dela - Te protegerei de todo mal e mesmo quando o mal estiver em mim, ainda sim te protegerei.
Ela lançou um olhar terno pra ele e os seus rostos se aproximaram lentamente, para então trocarem um beijo calmo. Se separaram, mas manteram suas testas coladas.
— Hermione... - ele sussurrou de olhos fechados.
— Draco... - ela suspirou e lhe deu um selinho. "

Hermione acordou sentindo duas mãos em seus ombros, mas seus olhos se recusaram a abrir.
—Cuidado para não machucá-la! - uma voz feminina alertou.
— Eu jamais faria isso com ela - a voz teve uma nota de sentimento que fez Hermione abrir os olhos lentamente.
Ela se moveu minimamente, o suficiente para que Draco percebesse que havia despertado.
— Granger! - ele exclamou.
—Onde estamos? - ela sussurrou com a mão na testa.
A penumbra invadia o lugar que era iluminado por umas poucas lanternas. As macas a fizeram perceber que se tratava da enfermaria.
— Enfermaria - Draco respondeu e se afastou dela, fazendo os ombros de Hermione sentirem falta do calor de suas mãos.
— Como? - ela perguntou sentando-se e gemendo.
—Cuidado- ele alertou - Você machucou a costela e acabou desmaiando e sobrou para mim trazê-la aqui. - a displicência se fez presente.
Hermione levou a mão até a costela por debaixo do tecido do pijama hospitalar branco e sentiu um curativo no local que estava meio dolorido, suspirou e se ajeitou na cama.
—Por que estava me segurando Malfoy? - ela questionou com o cenho franzido.
—Você me chamou e estava se mexendo muito, então retardei seus movimentos já que você não pode fazer força - ele respondeu mexendo no cabelo loiro.
—Entendo- Hermione disse vagamente.
Draco observou quando seu olhar ficou desfocado e ela encarava o nada com os lábios pálidos entreabertos. Hermione levou a mão até a cabeça ao tentar se lembrar do sonho que tivera, não conseguiu lembrar, porém os pequenos flashes que teve ocasionaram pontadas na cabeça. Só lembrava de um beijo.
— Você está bem Granger? - perguntou Draco ao ver a expressão atordoada da castanha.
—Vou ficar- disse e se recostou no colchão.
Ela encarou o mar tempestuoso de Draco que parecia não conter nenhuma emoção e ao mesmo tempo conter uma confusão. Inconscientemente sua mão procurou a dele que estava repousada ao lado de sua cabeça, já que agora ele estava de pé e a encarava. Quando a encontrou, entrelaçou sua mão na dele e sentiu o choque térmico entre suas mãos quentes e as frias dele.
—Suas mãos estão frias- ela disse num tom extremamente doce que Draco estranhou.
—Eu sou frio, Granger- ele respondeu ríspido.
Tentou soltar a mão, mas a castanha não deixou.
—As pessoas podem mudar. Acredita nisso Draco? - ela sussurrou como se contasse um segredo.
—Não muito.- ele respondeu incomodado com aquele clima que havia se instalado.
—Eu acredito, sabia? - ela sorriu para ele.
—Ah, isso é óbvio Granger- ele revirou os olhos- você é boazinha.
Ela riu.
—Eu não acredito em mudança por isso, na verdade nem acreditava até um tempo atrás - ela disse suspirando.
—E por quê você acredita nisso agora? - ele ficou curioso.
Ela abriu um sorriso singelo sem mostrar os dentes.
—Por quê você mudou.

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