*Luize

Hoje, eu comecei a ler um livro que realmente me encantou. O nome é Depois dos Quinze, da Bruna Vieira, uma vlogueira e blogueira da Capricho, que considero como a minha segunda melhor amiga, o que é estranho, já que ela nunca ouviu minha voz, nem me viu, mas mesmo assim, me sinto íntima dela. Ela vem na minha casa, através de livros, posts e vídeos, e eu vou na casa dela, através de uma das maravilhas do mundo conhecidas como Internet.

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Ontem, deveria ter sido um dia normal: fui ao shopping com a minha melhor amiga, vi uma menina que fez Confissões de Adolescente, mas morri de vergonha de pedir uma foto, e vi A Culpa é das Estrelas. Mas foi nesse filme, naquela poltrona, olhando para a telona que percebi que gostaria de me apaixonar. É claro que seria melhor se ele não morresse, ou tivesse câncer, mas me apaixonar. Queria ter o meu próprio Augustus Waters. Queria me encantar com o sorriso de alguém, perder um tempão em frente ao espelho me arrumando sabendo que alguém iria reparar. Eu estava decidida. EU QUERO O MEU GUS!

Mas, conseguir um menino desses na minha escola seria, com toda certeza, impossível. Naquela escola, se você não tem um corpo bonito, não sabe dançar funk, ou não tem uma fofoca nova para contar, você não é nada. E foi não sendo nada, com um livro na mão, durante a aula chata de ciências, que conheci a minha melhor amiga. Desde então, somos inseparáveis. Ela reclamando da aula de matemática, e eu agradecendo aos céus por ela existir. Eu lendo, e ela tentando me impedir, para puxar papo de algum episódio de Glee ou Vampire Diaries. Fomos sempre assim, diferentes. Mas tínhamos um mesmo objetivo: o amor. E sabíamos, que o cara perfeito não estava em nenhuma daquelas panelinhas da nossa escola, e sim em algum lugar, ouvindo música ou TV, estudando em uma outra escola, e conversando com pessoas que provavelmente nunca ouvimos falar.

Minha mãe sempre foi muito rigorosa com a escola que eu deveria estudar, e sem contar com a que eu estudava no momento, minha outra opção, seria entrar em uma tal de IGF, um internato, o que significava, dar adeus a minha vida, a minha amiga, e meu tão amado quarto, mas por outro lado, ter a chance de conhecer o meu Gus. Não ache que resolvi tudo isso de uma hora para a outra. A uma semana já estava tudo pronto, mas aquele era o dia da decisão, o dia de dizer para mim mesma, se ia ou não para aquele novo lugar.

E é por isso, que eu tinha posto as malas no quarto, que na hora estava vazio, e fui até a sala de aula, sendo motivo de olhares estranhos, por ser a menina que chegou um mês atrasada para as aulas.

–Você é de que quarto? –perguntou uma menina de olhos azuis e loira.

–204.

–É impossível. –argumentou uma ao seu lado.

–Esqueceu, Cat? A Barbie foi embora ontem a noite.

–Mas é muito rápido para botarem uma menina em seu lugar, Annie. Bom, de qualquer forma, seja bem vinda!

Eu realmente me senti um peixe fora da água.

*Catarina

Já fazia um mês, desde o inicio das aulas. Desde que conheci a Annie, a Clarisse, a Jennifer, a Serena... E ontem, a gente recebeu uma notícia que realmente abalou o quarto todo. Um acidente. Um acidente, que infelizmente incendiou o set de filmagem que seria usado no filme dos pais da Mari. Por isso, eles voltaram para a casa mais cedo, e resolveram que enquanto o set era refeito eles queriam passar mais tempo com sua filha, por tanto, a Barbie teve de voltar para casa, e pelo visto, a vaga já tinha sido ocupada. Eu, a Serena, a Annie, a Cla, o Léo e o Fred levamos ela para conhecer o lugar. Para falar a verdade, aquele dia foi meio confuso, já que no dia seguinte, teríamos a tão espera peça do Peter Pan. Logo depois de ensaiarmos, Luize foi para o quarto arrumar as suas coisas enquanto eu e o resto do internato, foi aproveitar a sessão semanal de cinema no salão. A Lu disse que já tinha visto, então eu e a galera fomos assistir A Culpa é das Estrelas.

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A fileira ficou mais ou menos assim: Natália, Ricardo, Jenn, Fred, Annie, eu, Léo, Lucas, Cla e Serena.

Assim que chegamos, e o filme começou, senti uma pressão no ar. A doença não é fácil, realmente. Com o tempo, a tensão aumentava e diminuía. Eu já tinha lido o livro, e já sabia o que ia acontecer, por isso, uma hora, minha atenção escapou. Fiquei pensando em quantas meninas presentes naquele salão, quando receberam o convite por suas supervisoras de vir para o cinema ficaram treinando discursos no espelho, e torcendo cheias de esperança para que algum menino chegasse e perguntasse se ela não gostaria se sentar ao seu lado, ocupar uma daquelas poltronas vermelhas, e só pelo convite você já se sente especial. De estar lá, isolada do grupo, com um garoto que escolheu você, e só você para passar mais ou menos duas horas vendo um romance trágico entre dois adolescentes com câncer. Mas aí, o clima aumenta. Ele oferece a pipoca e você aceita. E então, as duas mão se encostam. Os dois desistem de pegar pipoca, e exatamente na mesma hora põe a mão de volta, e se encostam de novo. Aí, a pipoca acaba, e só depois quando você vai tomar o seu primeiro gole da coca gelada, percebe que ele botou dois canudos, e aí você bebe ao mesmo tempo que ele, e alguns minutos depois bate aquele soninho, ele boceja, e põe o braço no seu pescoço. No final do filme, quando você percebe, está no meio de um dos melhores beijos da sua vida.

Eu já fui assim, e ainda sou, só que comigo, as coisas aconteceram mais rápido, e meu final foi diferente. Com aquele filme, eu acabei alagando a blusa do Léo, e ele a minha. Sabe... Eu adoro saber que meu namorado tem sentimentos, e não tem vergonha de demonstrar. Eu o amava muito, e estava tudo perfeito. Quem diria que uma peça mudaria tudo?