Trânsito

One Shot


- O bebê está nascendo!

Bastaram essas 4 palavras para meu coração disparar. Eu meto bruscamete o telefone no gancho de meu cubículo minúsculo do trabalho e me jogo da cadeira. Saio em disparada com a mão tremendo enquanto tento pegar as chaves do carro no bolso, desesperado. A dono da frase era minha cunhada, Larissa. Ela havia passado em casa noutro dia para visitar minha mulher, que estava grávida de 8 meses e acabou por ficar lá por um tempo para fazer companhia a Paulina, minha amada. Havia se passado 3 semanas quando recebi a ligação, e com essas simples palavras eu entendi o que estava acontecendo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Voei na sala de meu chefe, e o gritei que minha mulher estava parindo. Ele, cumprindo o estereótipo de chefe cabeça dura, me fez para, me acalmar e explicar o que estava acontecendo exatamente. As pessoas não entendem como funciona o sistema do desespero e pressa?!

Enquanto eu tentava falar com pausas que minha mulher estava prestes a ter uma criança, Gregório olhava para mim com desprezo. Chegou uma hora que não aguentei.

- Me demito!- grito enquanto chuto a cadeira a minha frente. Eu saio em disparada pela porta e chego ao elevador. Clico no botão e espero, suando feito um louco. Meu coração bate com tanta força que sinto que vou explodir. Finalmente, as portas de metal se abrem e eu entro, num salto torto. Escuto um barulho de metal batendo e olho para baixo. Minhas chaves estão prestes a cair no poço. Meus olhos se arregalam e eu me abaixo violentamente, mas é tarde demais. Dou um gemido doloroso e vejo as portas se fecharem a minha frente. Aguardo. Aguardo. Não posso mais aguardar. Abram essa porta- Até que enfim- suspiro aliviado enquanto corro para fora da cela de metal, e saio do prédio de minha empresa. Quer dizer, antiga empresa. Faço o sinal de táxi e um para em minha frente. Abro a porta e pulo no banco. Dito o endereço do hospital apressado e suspiro, esfregando as mãos suadas na calça preta social. De repente uma mensagem.

"Onde diabos você está?????????"

Vejo o contato. "Lari".

Eu suo frio, e percebo que estou tremendo. De repente ficou tão quente, e eu olhei para a direção do carro. Havia uma fileira de milhares de carros na nossa frente. Estávamos parados. Enquanto meu filho nascia. Era completamente desesperador. O calor e angústia rapidamente me dominaram, e me senti sufocado naquele lugar.

Nós não andamos. Já se passaram 10 minutos e cotinuamos no mesmo lugar. Tenho 12 ligações perdidas de "Lari", simplesmente porque atender me deixaria mais nervoso do que estou, o que eu considero quase impossível.

Meu celular toca de novo, e não consigo evitar. Aperto o botão atender e coloco o celular na minha orelha, devagar. Escuto gritos. Paulina está parindo, e eu estou há quilômetros no hospital. Desligo antes de ouvir minha cunhada, e olho ao redor, inquieto. Tem que haver alguma maneira de sair daqui e chegar lá; tem que ter! Mas não tem. Meu olhos se enchem de água e eu começo a gritar e bater na janela, insano. Bato mais forte e mais forte, e o motorista me manda parar, irritado.

Eu dou um berro e ele me expulsa dali, exclamando:

- Sai daqui, seu maluco!

Cambaleio para fora do automóvel, tonto pela gravidade da situação. O telefone parou de tocar, e a imagem de Larissa segurando a mão de minha mulher enquanto a mesma faz força e grita vem a minha cabeça, e começo a chorar pra valer, de pé na calçada. Minha veia do pescoço saltava loucamente, e eu queria gritar. Mas não sai nenhum voz, então eu abro a porta de outro táxi aleatório, sem se preocupar se já estava ocupado. Não estava. Eu dito o endereço com dificuldade por causa do meu lábio tremulante e ele parte. Estou indo. Estou andando. A sensação é maravilhosa e...

Iééééé!

O carro freia, assim como meu sentimento de calma momentâneo. Nós paramos no trânsito novamente, e vários xingamentos surgem em minha cabeça fervendo. Lágrimas saem de meus olhos enquanto eu aperto o peito, tentando reprimir a dor angustiada que sentia no momento. Não há saída. Não há saída. Simplesmente não há.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O telefone apitou. Mensagem nova.

"Não precisa mais vir"

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.