Um Erro Inocente

Capítulo 16


Ainda era muito cedo para beber, mas Taylor engoliu o generoso gole de conhaque. Havia lidado muito mal com a esposa.
Um sorriso iluminou seu rosto. Sempre lidava mal com ela. Para um homem com a reputação de ser um mestre no trato com o sexo frágil, era muito incompetente ao tratar a própria esposa. Mas naquela manhã estivera especialmente mal-humorado.
No momento em que soubera da chegada do Sr. Carter, perdera completamente a razão. Fora invadido por uma fúria tão incompreensível quanto incontrolável.
Como o idiota se atrevia a mostrar seu rosto em sua casa?
Já não bastava manter um lugar no coração de Stella? Atrever-se a abrir caminho de volta à vida dela ia além do admissível. Queria correr até o salão e atirar o sujeito para fora de sua casa aos pontapés. Ou, melhor ainda, surrá-lo com um chicote pela ousadia de ter se aproximado de sua propriedade.
Só estava na biblioteca, em vez de dirigir-se ao salão, por saber que Stella jamais o perdoaria, caso tratasse seu precioso Frankie com tanta crueldade.
Maldição.
Então ela não compreendia que esse cavalheiro era indigno de sua lealdade? Não fizera nada para salvá-la por ocasião do terrível escândalo. Não oferecera ajuda nem demonstrara pesar pela impossibilidade de realizar os planos de casamento. Em vez disso, fugira como um pateta apavorado e egoísta. Taylor se deixou corroer pelo ciúme enquanto andava de um lado para o outro na biblioteca, até que um pensamento surpreendente o deteve e varreu de sua mente as incômodas reflexões.
— Bom dia, meu lorde — o reverendo o cumprimentou da porta, interrompendo seus pensamentos sombrios.
Taylor virou-se impaciente.
— Ah, Hammerback...
— Sente-se melhor?
— Sim, eu estava muito melhor.
— Estava? — Como sempre, o religioso mantinha aquele ar plácido. — Aconteceu alguma coisa.
— Estamos recebendo a visita do Sr. Carter.
— Sr. Carter...? Vejamos, sei que já ouvi esse nome, mas...
— Trata-se do cavalheiro com quem Stella planejava se casar.
— Ah... Oh, sim, é isso!
— Ela, é claro, insistiu em recebê-lo.
— E não queria que ela o recebesse, meu lorde?
— Não.
— Por quê?
O homem podia ser exasperador!
— Creio ser óbvio, Sr. Hammerback. Stella acredita amar esse homem.
O religioso franziu a testa como se desaprovasse o comentário.
—Stella não vai esquecer que agora é uma mulher casada, meu lorde.
— Não receio que ela seja infiel.
— Então, qual é seu temor?
— Tenho medo de que ela se lembre do que a fez desejar desposá-lo.
Houve um silêncio tenso depois da traiçoeira revelação de seus mais íntimos sentimentos. Não era fácil traduzir suas emoções em palavras tão claras. Afinal, tinha seu orgulho, e não era nada agradável aceitar que sua própria esposa tinha uma preferência tão óbvia por outro homem. Ou que esse conhecimento o devorava de um jeito que preferia não examinar, tal o desconforto por ele causado.
Felizmente, Sid não comentou sobre como ele se havia deixado derrubar, nem desprezou suas preocupações com uma resposta superficial. Em vez disso, ele pensou por alguns momentos antes de dizer:
— Bem, decerto não sou nenhum perito com as mulheres, mas creio que é muito provável que Stella comece a perceber que o casamento com o Sr. Carter teria sido um grave erro.
Taylor franziu a testa, negando-se a acreditar nas palavras tentadoras.
— Mas ela acredita amá-lo.
— Oh, ela certamente se convenceu de seu amor por ele, mas, durante nossas discussões, notei que ela fala mais do esforço que fazia para salvá-lo de uma mãe autoritária e egoísta do que de sua ligação emocional com ele. Stella sempre foi uma criatura generosa que correu em socorro de seus semelhantes.
Embora o discurso do reverendo refletisse sua própria crença sobre o afeto de Stella pelo imprestável Sr. Carter, a confirmação não servia de consolo.
— Concordo que o casamento de Stella com aquele pateta chorão teria sido um desastre, mas é impossível convencer minha esposa da verdade. E eu já tentei.
— Nesse caso, talvez seja melhor deixá-la descobrir a verdade por conta própria.
Hammerback balançou a cabeça.
Sim, seria muito melhor se Stella descobrisse sozinha que seus sentimentos por Carter eram apenas de proteção e ternura, emoções de uma mulher forte por um homem fraco. Mas encorajá-la a passar mais tempo com o cavalheiro era uma possibilidade que o enchia de ira.
— Deve estar certo, Sr. Hammerback, mas prefiro ter a satisfação de dar um soco no olho desse sujeito.
Sid o encarou com firmeza.
— Acredite em sua esposa, meu lorde. Não vai ficar decepcionado.
Gostaria de poder acreditar nas generosas palavras do Reverendo, mas até Stella aceitá-lo como marido, confiança era um luxo a que não tinha acesso. Como poderia confiar nela, se sabia que ela não acreditava ter motivos para permanecer leal ao marido? Oh, não no sentido físico, certamente, porque sabia que sua honra não a deixaria entregar-se a outro homem, mas, como confessara ao reverendo, temia que a chegada de Carter a levasse a aumentar ainda mais as barreiras entre eles.
— Espero que esteja certo, Hammerback.
Antes que o reverendo pudesse falar, a porta da biblioteca se abriu e Stella parou hesitante, sem saber se devia ou não entrar.
Taylor quase não resistiu ao impulso de estudar seu rosto delicado, como se assim pudesse encontrar sinais de inquietação ou pesar por ter estado frente a frente com o homem que professava amar. Mas não havia nada ali senão uma certa palidez. E ela parecia incerta, também, o que era incomum.
— Entre, minha querida — ele disse com tom doce, como se quisesse acalmá-la.
Ela se adiantou e olhou para o silencioso reverendo.
— Bom dia, Sr. Hammerback.
— Bom dia, Stella. Estava mesmo de saída para ir fazer meu desjejum. Vejo você mais tarde?
— Oh, sim, é claro — ela concordou prontamente.
— Ótimo. — Com um olhar significativo para Taylor, o cavalheiro retirou-se discretamente da biblioteca, deixando marido e mulher a sós.
Taylor respirou fundo antes de falar:
— O Sr. Carter já se retirou? Tão depressa?
Ela torcia as mãos num gesto de nervosismo.
— Não. Ele ainda está no salão.
— Algum problema?
— Na verdade... — As palavras a abandonaram, e ela inspirou profundamente como se desejasse reunir coragem. — Ele pediu licença para permanecer em nossa casa por alguns dias.
Taylor não conseguiu disfarçar a incredulidade.
— Aqui?
— Sim.
Incapaz de aceitar tamanha ousadia, mesmo de um idiota como Carter, Taylor virou-se para a janela de onde podia ver o jardim.
— Entendo.
— Sei que não gosta muito de Frankie— ela começou com tom controlado, cauteloso —, mas ele realmente não tem para onde ir.
Taylor poderia fazer várias sugestões com relação ao paradeiro do infeliz, mas a lembrança do olhar severo do reverendo o fez morder a língua.
— E acha que devo aceitar sob meu teto o cavalheiro que afirma amar? — ele indagou com tom frio.
Houve um silêncio desconfortável antes de Stella pigarrear.
— Tenho plena consciência de que Frankie jamais poderá ser mais do que um amigo.
Ele riu.
— Não é tão fácil controlar os sentimentos, minha querida.
— Está mesmo disposto a tornar essa situação ainda mais difícil, não é?
Ele estava tornando a situação difícil?
Taylor encarou-a com ar irritado. Como ela se sentiria, se pedisse sua permissão para abrigar sob seu teto uma ex-amante?
Talvez o reverendo estivesse certo sobre ela ter de descobrir sozinha a verdade sobre seus sentimentos por Carter, mas não deixaria de apontar alguns detalhes pertinentes que ela parecia não ter notado.
—Stella, por acaso já pensou que é estranho que o Sr. Carter tenha decidido aparecer por aqui justamente nesse preciso momento?
Ela balançou a cabeça.
— O que quer dizer?
Taylor sorriu de sua inocência.
— Primeiro um desconhecido tenta invadir nossa casa. Depois ele a ameaça e tenta me matar com um tiro. Quando fica evidente que ele não conseguiu nos amedrontar a ponto de entregarmos essas misteriosas jóias, o Sr. Carter chega sem aviso prévio e pede para hospedar-se aqui por alguns dias.
Como era esperado, ela reagiu indignada à acusação direta ao seu querido Frankie.
— Está insinuando que Frankie tem algum envolvimento com o mascarado?
— Talvez ele seja o mascarado. O desenho que fez tem uma certa semelhança com ele.
Esperando uma explosão furiosa, ele se surpreendeu ao ver certa hesitação em sua reação.
— Absurdo.
Taylor aproximou-se, mais ressentido do que gostaria de admitir com a pronta defesa de Frankie.
— Não é absurdo. Pense bem, Stella. Faz sentido. Como não conseguiu as jóias pela força, ele decidiu entrar em nossa casa usando o disfarce de amigo.
— Não. O homem que me ameaçou na carruagem não era Frankie.
— Como pode ter tanta certeza? Você mesma disse que ele manteve o rosto coberto por um lenço preto.
Teimosa como sempre, ela se recusava a admitir que Carter poderia ser capaz de um plano tão nefasto.
— Eu teria reconhecido Frankie, mesmo com o lenço, a capa e o chapéu.
Sabia que seria inútil argumentar e tentar fazê-la entender que, naquele momento, apavorada como estava, não teria reconhecido nem a própria mãe. Por isso ele encolheu os ombros.
— Talvez ele tenha um cúmplice.
— Agora está sendo ridículo. — Nervosa, Stella virou-se para caminhar pelo aposento. — Em primeiro lugar, não há nenhuma jóia a ser encontrada aqui, e em segundo lugar, Frankie jamais se envolveria em um ato criminoso.
Contendo o impulso de amaldiçoar Frankie com todo seu ódio, Taylor olhou para a esposa com uma suspeita crescente. A defesa que ela tentava praticar era quase exagerada.
— Tem certeza de que ele nunca lhe deu nenhuma jóia? Um anel de noivado, talvez?
— Nunca.
— Ele nunca lhe ofereceu presentes? Nada?
— Apenas uma estatueta barata.
Taylor franziu a testa, recusando-se a acreditar que poderia estar errado, afinal. Talvez desejasse pensar o pior sobre o irritante cavalheiro, mas ainda havia o fato irrevogável de ele ter se apresentado em sua casa no mesmo momento em que os problemas começaram na Taylor House. Isso era algo que não podia ser ignorado.
Ou melhor, era algo que ele não desejava ignorar.
— Deve haver alguma coisa — disse. — Tudo isso não pode ser uma mera coincidência.
— Não pode ser Frankie. Não pode ser. Não vou acreditar nisso.
Certo de que Stella escondia alguma coisa dele, Taylor aproximou-se para pousar as mãos sobre seus ombros e contê-la com firmeza.
— Olhe para mim — exigiu com firmeza, apesar da doçura contida em sua voz.
Houve um momento de pausa, como se ela considerasse a hipótese de ignorar suas palavras. Então, com óbvia relutância, ela se virou e fitou-o com aqueles grandes e expressivos olhos verdes.
— O que é?
— Está deixando de me dizer alguma coisa.
Ela umedeceu os lábios, um sinal de nervosismo que ele já havia aprendido a identificar.
— Não é nada...
— Stella?
— É que... Bem, Frankie mencionou alguma coisa sobre as jóias da mãe dele terem desaparecido.
— Por Deus! — ele exclamou surpreso.
Ansiosa para impedi-lo de dar mais importância do que era devido à simples confissão, ela segurou as mãos do marido. Apesar da raiva, Taylor experimentou uma onda de prazer proporcionada pelo contato das mãos suaves sobre as dele.
—Taylor, isso é simplesmente impossível. Frankie é um homem fraco em muitos sentidos, eu reconheço, mas nunca foi desonesto. Não que eu tenha tomado conhecimento. De fato, ele não é capaz de mentir, mesmo que seja uma mentira tola e sem importância, sem gaguejar e ficar vermelho como um tomate.
— Talvez não o conheça tão bem quanto julga conhecê-lo.
Uma expressão magoada escureceu seus olhos, e Taylor lamentou imediatamente o impulso de agredi-la verbalmente por sua determinação em proteger o ex-noivo. Maldição! Nunca perdera sequer um segundo de seu tempo pensando se uma mulher se dedicava a outros homens além dele. As amantes que haviam se esforçado para provocar seu ciúme acabaram conquistando apenas seu desprezo por conta de um truque tão infantil. Sempre havia presumido estar acima de emoção tão tediosa. Afinal, havia muitas mulheres esperando por suas atenções.
Agora percebia relutante que podia ser tão suscetível ao ciúme quanto qualquer outro homem, uma descoberta que não colaborou em nada para melhorar sua disposição volátil.
Afastando-se dele, Stella cruzou os braços sobre o peito.
— Quer ouvir minha opinião? — perguntou. — Acho que só está tentando acreditar no pior por não gostar de Frankie.
— Tem razão, não gosto dele. E se quer ouvir toda a verdade, estou com ciúme dele.
Ela emitiu um som sufocado, expressão inocente da surpresa provocada por sua honestidade.
— Ciúme? — repetiu com os olhos arregalados.
Um sorriso distendeu os lábios do lorde. Ela parecia não acreditar em sua confissão. E quem poderia culpá-la, se nem ele mesmo conseguia acreditar no que estava sentindo?
— Esse homem conseguiu conquistar sua afeição com facilidade espantosa, considerando sua falta de aptidão em todos os sentidos, enquanto eu tenho me esforçado em vão há meses. — A mão buscou o desenho generoso da boca que o atormentava sem trégua. — É como se ele conhecesse o caminho para o seu coração.
Stella estremeceu sob a carícia sensual, mas não tentou fugir dela.
— Não creio que tenha tentado conquistar minha afeição — disse, a voz soando incerta e fraca. — Está sempre me provocando.
— Teria sido comovida por palavras suaves? — ele a desafiou erguendo as sobrancelhas. — Tem se mostrado disposta a odiar-me desde que nos casamos.
Ela reagiu como se a acusação a chocasse, reação essa que, por sua vez, causou grande surpresa em Taylor.
— O que diz não é verdade — ela protestou. — Não o odeio.
— Não?
— É claro que não!
Taylor experimentou um ridículo calor envolvendo seu coração. Talvez ainda houvesse esperança para eles, afinal.
— Então, o que sente por mim, Stella? — indagou.
— Eu... — Ela engoliu em seco, baixando os olhos como se quisesse esconder a confusão que dominava sua alma. — Não creio que esse seja o melhor momento para tal discussão.
Taylor sorriu. A mulher era esquiva como um sapo, próxima o bastante para que pudesse vê-la e senti-la, mas sempre pronta para fugir à menor tentativa de contato ou confinamento. Incapaz de conter-se, ele se aproximou e a enlaçou pela cintura, puxando-a contra a rigidez de seu corpo.
— E quando será o momento propício para essa interessante discussão? — perguntou num murmúrio rouco e provocante.
Ela o encarou, assustada, sentindo as mãos apertarem seu corpo. Os seios estavam pressionados contra a parede de músculos do peito do marido.
—Taylor!
— Estou esperando por uma resposta, minha querida.
Uma encantadora leveza passou rapidamente por seu rosto, como se ela considerasse a possibilidade de relaxar e apreciar o contato, e a visão terna fez Taylor estreitá-la ainda mais entre os braços. Tê-la tão perto era como colocá-la em seu lugar no mundo, um lugar onde podia se sentir ao mesmo tempo invencível e vulnerável, frágil e ousada. Ele não a perderia para um cavalheiro que não conseguia ser mais do que um fardo egoísta. Stella merecia mais do que isso.
Além do mais, sussurrou uma voz possessiva em sua cabeça, ela era sua, e pretendia fazer tudo que fosse necessário para mantê-la em sua casa, a seu lado. Como sua legítima esposa de fato e de direito.
— Falávamos sobre Frankie— ela lembrou ofegante.
— Prefiro falar sobre nós. Ontem à noite senti brotar em mim a semente da esperança, sabe? Creio que pode se importar um pouco comigo, afinal. Caso contrário, por que teria ficado tão preocupada com minha segurança e tão abalada com meu ferimento?
— É certo que fiquei preocupada e abalada.
—Por que gosta de mim? — Estavam bem perto do sofá. Com um movimento, poderia tirá-la do chão e deitá-la sobre as almofadas. Era um sofá pequeno, mas estava ficando desesperado o bastante para superar qualquer obstáculo. Sim, havia muito a ser dito a respeito da escrivaninha. Podia empurrá-la sobre a quina e...
— Porque é meu marido. — A resposta prática invadiu seus pensamentos.
Ele balançou a cabeça, recusando-se a acreditar que a raiva e o desespero que vira nos olhos dela na noite anterior haviam sido produtos apenas do dever.
— E você gosta de mim — ele insistiu com tom aveludado.
Ao sentir as mãos puxando-a contra o peito musculoso e as pernas envolvendo as dela, Stella fechou os olhos.
— Suponho que sim — murmurou.
O tom hesitante o enchia de uma dolorosa frustração. Ela proclamava seu amor por Frankie com facilidade gloriosa. Por que não podia admitir um simples sentimento de simpatia ou amizade pelo marido sem dar a impressão de estar sentada na cadeira do dentista, arrancando um dente?
— É tão difícil dizer, Stella? Sou uma pessoa tão horrível assim, que julga ser justificado esse sentimento de vergonha ou pesar por simpatizar ao menos um pouco comigo?
De repente ela o encarou como se estivesse ofendida.
— Não quero sentir nada por você.
As palavras eram como uma bofetada. Sempre soubera de sua determinação em manter as barreiras entre eles. Mas nunca ouvira as palavras brotarem de seus lábios.
Agora queria gritar de frustração e revolta.
Ambos haviam sido forçados a desistir de suas esperanças e dos planos para o futuro. Ele havia perdido tanto quanto ela. Certamente, Stella podia compreender que o mais sensato era descobrirem juntos novos planos que incluíssem um e outro. Seria melhor do que viver trocando provocações e agressões.
—Stella...
A voz inesperada rompeu o silêncio da biblioteca, fazendo-a saltar dos braços do marido no mesmo instante em que o Sr. Carter entrou na sala. Taylor não conseguiu sufocar o imediato antagonismo, nem tentou esconder o desprazer causado pela indelicada invasão de sua privacidade.
— Oh... meu lorde!
—Carter...
— Eu... só queria agradecer Stella mais uma vez por ter me deixado ficar em sua casa— ele gaguejou.
Taylor abriu a boca para informar que ele não só não era bem-vindo em sua casa como corria o risco de ser afogado na enseada mais próxima, mas o olhar suplicante da esposa o fez calar.
Maldição.
Se expulsasse o idiota da propriedade, seria considerado um monstro insensível, embora tivesse esse direito. Stella não só o acusaria de não confiar nela, mas também usaria o ocorrido como mais uma desculpa para manter o afastamento entre eles. Sua situação era impossível; não havia como sair dela sem um considerável prejuízo.
— Espero que tenha sido bem acomodado — disse, demonstrando um mínimo de boas maneiras.
O jovem assentiu.
— Sim, estou muito bem acomodado.
— Que bom.
Carter tossiu, recuando para a porta entreaberta.
— Ah... bem... devo mudar de roupa antes de sentar-me à mesa para a próxima refeição. Com sua licença...
Sem esperar por uma resposta, o covarde saiu apressado. Claredon não podia negar certa satisfação diante da demonstração de medo. Talvez o idiota tivesse algum juízo, afinal.
— Vai permitir que ele fique? —Stella indagou surpresa.
Virando-se para fitar a esposa, ele adotou uma expressão indecifrável Não admitiria que temia sua reação, caso não acatasse o pedido. Tal poder era perigoso demais para ser entregue tão facilmente.
— Oh, sim, ele pode ficar — disse. — Assim tenho a oportunidade de vigiá-lo de perto.
Stell não escondeu a irritação provocada pela justificativa.
— Francamente, Taylor , você é impossível!
— Não, minha querida. Sou determinado. Eu nunca jogo para perder, e esse é um lembrete que deve ter sempre em mente.

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