Contágio

Estação 5 - Capítulo 97 - Convite Suspeito


Trinta e dois...— Falou Kei para si mesma após matar um zumbi a distância com sua sniper. A oriental estava no alto da torre de vigia fazendo a segurança daquela área de El Distrito durante a madrugada.

Juan havia encaixado Kei na equipe de segurança da comunidade e eventualmente na equipe de busca e coleta, na qual saiam durante algumas semanas ou um mês para procurar sobreviventes e suprimentos para o armazém. Kei estava contente com que estava fazendo e não lembrava tanto de Akio como era antigamente e ninguém mais havia morrido. Parecia que agora estava tudo bem para a oriental.

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Kei encerrou o turno que havia se estendido por toda a madrugada.

— Ei Kei, eu assumo agora – Percy apareceu na torre segurando sua arma preferida, um rifle de pressão.

— Tudo bem – A oriental pegou sua sniper e o casaco de couro que levava consigo. Percy sorriu para Kei e logo começou a preparar suas coisas para iniciar o seu turno – Até mais.

Kei saiu da torre e logo começou a andar pelas ruas de El Distrito, enquanto o sol nascia por Albuquerque. Algumas pessoas já estavam de pé como Timothy e Rosa, que cuidava da horta da cidade.

— Bom dia, Kei – Rosa acenou para a oriental e logo vestiu suas luvas para mexer na terra.

Kei retribuiu o bom dia sem perceber Halsey andando apressadamente pela rua, e então esbarrou na moça.

— Está tudo bem? – Kei ajudou Halsey a se levantar.

— Sim... eu estou – Halsey recolhia alguns papeis do chão – Ah, eu ia passar na sua casa agora, para entregar esses convites – Entregou três papeis escritos para Kei – Vai ter uma festa essa noite na casa do Timothy. Você, Robert e Vasili estão convidados! Fica a duas quadras da casa de vocês, é a maior casa da rua e...

— Não posso dar certeza – Kei cruzou os braços – Provavelmente vou estar na vigia durante a noite.

— Ah, alguém te cobre durante a noite – Halsey deu um leve tapa no ombro de Kei, que não se incomodou – Te vejo lá – Acenou para a oriental e foi em direção as outras casas para distribuir os convites.

Kei revirou os olhos e continuou seu caminho até sua casa. De hora em outra olhava os convites com curiosidade sobre o porquê da festa, desconfiando sobre os motivos do representante de Herrera querer dar uma festa. A princípio Kei pensava em mil teorias por trás do motivo de querer dar uma festa, ou se era por diversão mesmo. Mas tudo em El Distrito, parecia ter um custo.

Chegou em casa e deixou sua arma num armário construído por ela mesma a algumas semanas e só ela e Robert sabiam a combinação para destravá-lo. O armário estava sendo transformado em um pequeno arsenal de armas, caso acontecesse alguma emergência em El Distrito e não houvesse tempo de alcançar o arsenal de Juan.

Foi até a cozinha recém abastecida por alimentos frescos da horta, água, alguns enlatados e potes com comida. Apesar de El Distrito estar em carência de carne vermelha, a avicultura estava se tornando algo cada vez mais crescente.

— Finalmente você chegou – Robert apareceu na cozinha. Kei levou um pequeno susto ao encontrar o loiro.

— Ainda bem que eu não estava armada – Kei riu. Se sentou e colocou seu prato sobre à mesa.

Robert se encostou no balcão da cozinha, pegando uma maçã da fruteira.

— Como foi essa madrugada? – Olhou os convites deixados por Kei no balcão, enquanto mordiscava a maçã.

— Foi muito chato – Kei se alimentava calmamente – Os zumbis estão diminuindo a cada semana.

— Será que eles estão acabando de vez? – Robert levantou as sobrancelhas, lendo os convites.

— Duvido muito – Riu – Aproposito, o Vasili a essa hora não está acordado?

— Ele ficou a noite fora... – Robert parecia um pouco nervoso. Kei rapidamente notou que Robert vestia uma blusa preta, que claramente não era dele, mas sim de...

— Seu pai não está trabalhando com o César agora? – Boone apareceu na cozinha, encarando Robert e depois Kei – Bom dia, Kei!

Kei olhou para Robert alguns segundos, com a sobrancelha arqueada. Boone ao contrário de Robert vestia apenas seus shorts, mostrando suas tatuagens pelo corpo.

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— Eu não ia passar a noite sozinho aqui – Robert se sentou à mesa junto com Kei, terminando de ler os convites – É perigoso acontecer o mesmo que aconteceu com a Bel. E o meu pai você sabe... ele não está só tentando trabalhar na boate do César. Está tentando pegar o lugar para ele – Robert agora parecia sério e Kei percebeu. Fez silêncio, enquanto Boone pegava seu café.

Esperaram Boone sair da cozinha para retornarem a conversa.

— Não estava demorando muito – Kei havia terminado de comer e olhava fixamente para Robert – Vai começar com aquela boate e vai terminar com Vasili dominando a cidade inteira. Nós temos que fazer algo.

— Matar ele? Só se for – Disse o loiro – Não posso fazer isso com meu próprio pai. Ele pode ser cruel, mas ele é inteligente e não faria nada para nos prejudicar, até por que, tem gente dessa área ajudando ele.

— Porra... – Kei se afastou da mesa, pensando em diversas coisas que Vasili poderia estar fazendo – Temos que começar a proteger o nosso pessoal antes que o Vasili arrume problemas com todo mundo – Leu os convites?

— Sim – Respondeu.

— Acho que esse é o melhor momento de começar a arranjar pessoal para ficar do nosso lado– Falou Kei – Essa festa pode ser uma boa para nós.

Robert apenas deus os ombros, sem saber o que fazer depois de tanto tempo preso em casa. As pessoas pouco notavam a ausência de Robert, exceto os seus amigos que haviam deixado o loiro na sua zona de conforto até ele tentar voltar à moda antiga de resolver as coisas. Mas por enquanto, Robert só queria paz para si mesmo.

Polly e Bel podiam ouvir tudo de sua casa, uma vez que de manhã cedo a cidade não era tão barulhenta e pelo quintal era ainda melhor de tentar descobrir algo. As duas pareciam estar mais curiosidades do que Vasili estava fazendo, do que Boone entrar pela janela de Robert toda a madrugada.

— Eu acho que nós não temos que nos envolver com o que o Vasili está fazendo – Bel prendia algumas peças de roupas no varal.

— Poxa Bel, você é muito sem graça – Polly brincava com Matthew enquanto Bel fazia o seu serviço – Não temos emprego. Apenas cuidamos dessa casa e do bebê – A loira estava entediada – Timothy não quer marcar minha entrevista para esse lance da área 1.

— Por que você quer tanto essa entrevista? - Bel colocou as mãos na cintura. Polly agora parecia sem resposta.

— Bel, eu quero continuar meu trabalho que fui obrigada a parar – Polly ajeitou Matthew em seu colo – E se o Timothy fizer essa entrevista é lógico que eu vou conseguir – A loira olhou profundamente para Bel – Eu estou a proximamente dois anos sem fazer o que eu gosto.

— Polly, eu não quis... – Bel tentou acalmar a amiga, em vão.

— A única coisa que eu fiz foi matar zumbis, pessoas e fugir o tempo inteiro – Continuou falando – Eu não quero mais viver isso. É doentio.

Bel permaneceu em silêncio, até que Renata apareceu no quintal.

— Bom dia, garotas! – Renata pela primeira vez parecia animada. Ela também segurava três convites iguais aos de Kei – Temos uma festa essa noite – As duas arquearam a sobrancelha, não só pelo de Renata estar contente, mas sim por um evento tão inesperado – Finalmente estamos voltando à vida de antes! – Sorriu e logo entrou com elas para dentro da casa e escolher o visual para a noite.

Não tão longe, Vasili havia passado a noite inteira na boate de César cuidando do estabelecimento, fazendo com que os moradores de El Distrito que mantinham a vida noturna se perguntaram o porquê de o russo ter assumido a administração do bar de modo tão suspeito e duvidoso.

Vasili tinha pessoas do lado dele e não iria deixar as coisas tão à mostra.

— Parece que está tudo certo... – Íris bateu as mãos levemente após fechar o freezer da cozinha da boate. Verificou se Nicolle não estava se aproximando, enquanto Vasili terminava de limpar o chão sujo – Qualquer coisa, as peças estão forradas sobre duas camadas, ninguém vai descobrir.

— Ótimo – O russo se aproximou de Íris e deixou um beijo em seus lábios. Íris rapidamente retribuiu e então o russo colocou-a em cima do balcão, se preparando para tirar a camisa junto com o avental.

Íris se afastou de Vasili, saindo de cima do balcão

— Tenho que me arrumar para festa na casa do Timothy – Íris mostrou a língua para o russo, provocando-o. Ela retirou se avental e o colocou numa pia ao fundo – Você vai?

— Preciso enviar uma documentação para a área 1 e cuidar de umas coisas – Vasili arrumou sua roupa – E também solicitaram algumas pedidas para a casa do Timothy, então eu tenho muito serviço hoje...

— Eu sei – Íris deu um rápido selinho em Vasili e então saiu da boate, deixando o russo para trás.

Íris seguiu calmamente com suas coisas para fora da boate e foi até um quarteirão da cidade que tinha um aglomerado de prédios onde morava em um apartamento com Nicolle. Subiu rapidamente os andares encontrando somente alguns vizinhos e outras pessoas que passavam por ali.

Entrou no apartamento de frente ao seu sem ao menos bater.

O mesmo rapaz que esbarrou em Polly e levou os zumbis para a arena no dia da luta, se encontrava jogado no chão da sala cheia de móveis empoeirados. Cameron parecia estar assustado como sempre, mas não se importava com a presença de Íris por ali. Pelo contrário, esperava a moça desde a madrugada.

— Eu consegui – Íris retirou um pacote cheio de pó branco de seu casaco e o jogou para Cameron.

— Espera, é impossível você pegar isso sem passar pelo César – Cameron analisou o pacote, suspeitando inicialmente.

— Não foi tão difícil – Iris se sentou em uma poltrona – Vasili me ajudou indiretamente – Viu que o apartamento de Cameron estava bagunçado, mas não se importou – Está tudo bem, ninguém vai atrás de nós.

— Ótimo – Cameron segurava o pacote – O que você vai querer em troca?

Íris abriu um sorriso. Seu forte com as pessoas consideradas ‘’fracas’’ na cidade era a troca de favores, e Cameron era a pessoa que sempre estava ali para quando Íris precisasse.

— Timothy vai fazer uma festa para a eleição que vai acontecer daqui algumas semanas – Íris cruzou os braços, se levantando e indo até a janela da sala – E consegui te escalar para distribuir as bebidas na festa dele – Observou o pouco movimento na rua.

— Certo, você só quer que eu faça seu trabalho lá na festa dele? – Cameron se levantou e jogou o pacote em cima da mesa de centro – Tudo bem.

— Não é só isso – Íris riu sarcasticamente – Tem algo maior a se fazer – Cameron começou a se assustar com Íris – Iremos matar o Timothy nesta noite. Ou melhor, você vai.