Entre o Amor e Ódio

Coração despedaçado


Não podia acreditar no que eu acabara de ouvir. Minha cabeça começou a girar e rapidamente senti ás lágrimas vindo.

— Não consigo entender. Ela? Sua namorada? – apontei para a Manuela que ria descaradamente.

Eu estava em choque e só conseguia encarar o Fernando me olhando com nojo e desprezo.

— Eu vou ter que desenhar? – Ele falou – Já sei de tudo, Juliana. Todos os seus planos contra Manuela e eu. Mas você não conseguiu nos separar. Só lamento que seu ódio por mim tenha causado esse acidente.

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— Isso é mentira! – gritei – O que ela inventou pra você dessa vez? Por favor, você tem que se lembrar de nós. Você não pode ter me esquecido.

— Esquecido? Como esquecer a garota que sempre me odiou. Por sua culpa eu perdi meses da minha vida! Já chega! Vai embora!

Eu já estava chorando e o sorrisinho triunfante da Manuela só aumentava a cada cortada que o Fernando me dava.

— Minha culpa? Você não se lembra da floresta? E do Festival de talento? – falei desesperada – Você tem que se lembrar!

— Você é louca! Vai ficar inventando mentiras agora. Acabou Juliana, ninguém vai me separar da Manuela.

— Ela que é a mentirosa – gritei – Eu não sei o que inventou pra você, mas você não pode acreditar nela. Pergunte a sua mãe Fernando! Pergunte a ela e ela vai te contar todas as vezes que eu vim ao hospital por você. Pergunte a ela e ela te dirá cada lágrima que eu derramei sentindo a sua falta. Pergunte a ela cada eu te amo que eu disse ao me despedir de você. Eu amo você, Fernando. Por favor, acredite em mim e não nela.

Nesse momento seus olhos mudaram de intensidade e por uma fração de segundos vi a confusão em seu olhar. Por um momento pareceu que o Fernando que me amava tinha voltado.

— Não acredite nela, meu amor – Manuela falou – Eu sou sua amiga desde a infância e ela sempre te odiou. Eu sempre amei você. Ela quer tentar nos separar de novo.

Bastou a Manuela falar isso e o Fernando me encarar de novo com desprezo no olhar.

— Cala a boca! Não coloque minha mãe nisso. Você pode ter feito essas cenas todas por culpa. Vai embora daqui Juliana! Some da minha vida. Eu nunca iria amar você. – ele gritou

Eu nunca soube direito o que era ter um coração completamente partido por alguém e agora eu conseguia saber. Quando eu pensei que o Fernando estava com a Manuela, logo depois que eu saí do hospital, eu pensei que meu coração havia se partido de verdade e que dor nenhuma poderia ser maior do que aquela. Eu me enganei. Eu podia sentir meu coração se quebrando em milhões de pedacinhos agora.

— Eu... –balbuciei – Você não pode está falando serio.

— Se toca garota! E deixa o meu namorado em paz – Manuela sorriu – Vou te provar que ele não está brincando.

Ela se aproximou da cama do Fernando e o beijou. Vieram mais lágrimas e o pior foi ver que ele também correspondia ao beijo.

— Satisfeita? – ele falou – Vai embora ou você quer que eu chame a enfermeira pra te tirar daqui sua mentirosa.

Alguém abriu a porta.

— Que gritaria é essa? – a enfermeira falou – Isso é um hospital! O horário de visitas acabou! Está na hora de deixarem o paciente descansar! Por favor, se retirem.

— Eu vou indo nessa, amorzinho. – Manuela o beijou novamente – Amanhã na primeira hora estarei aqui.

— Não quero receber mais visitas sua Juliana e espero que respeite isso – Fernando falou e olhou para Manuela – Vou sentir saudades, meu amor.

Obriguei minhas pernas a se moverem em direção a porta e olhei pra trás:

— Você ainda vai perceber que a mentirosa não sou eu – solucei em meio ao choro – Eu sei que o Fernando que me amou está aí em algum lugar. Eu sempre vou amar você.

Abri a porta e sai do quarto. Quando fechei a porta eu caí em prantos. Não conseguia parar de chorar e acreditar no que tinha acabado de acontecer. Seja lá o que a Manuela falou para o Fernando ela tinha feito com que ele acreditasse que ela era a namorada dele e eu uma pessoa horrível. Depois de tudo que eu tinha passado, eu não tinha forças. Ela venceu.

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— Como é doce a vingança! – Manuela cantarolou – Devo te agradecer Juliana, porque se você estivesse aqui mais cedo seria quase impossível convencer o Fernando que eu sou a namorada dele, mas mesmo assim ele não iria te querer do mesmo jeito. Fazer com o que Fernando se tornasse meu namorado só foi a cereja do bolo. Sabe qual foi a reação dele quando eu disse seu nome? De desprezo. Ele te esqueceu Juliana. Só se lembra das muitas brigas que vocês tiveram.

— Sua bruxa! Você não vai vencer. Acha que essa mentira vai durar muito? Todos sabem que você nunca foi a namorada dele.

— Mesmo se ele descobrir, ele nunca irá voltar pra você. Ele não se lembra que é apaixonado por você. – ela sorriu maliciosamente – No final, eu venci de uma maneira ou de outra. E se você acha que a dona Júlia vai interferir está enganada. Ela não sabe nada do que vocês viveram. Só sabe o que você contou a ela, mas quando o filho dela falar que não se lembra de você e de nada daquilo. Acha mesmo que ela vai ficar do seu lado? Eu acho que não.

Manuela saiu andando triunfante e eu escorreguei até o chão, pois não conseguia me manter em pé. Tremendo peguei o celular e liguei pra única pessoa que podia me ajudar.

— Will, você pode me buscar? – falei chorando ao telefone – Depois eu explico, só vem me tirar desse hospital. Eu vou te esperar lá fora.

Levantei e tentei me recompor, mas era inútil. Quanto mais eu pensava em achar uma solução para tudo que aconteceu, mais eu me convencia que eu tinha perdido.

— Moça, está tudo bem?

Uma enfermeira me parou no corredor.

— Estou, eu... Só quero ir embora

— Não posso deixá-la assim. Venha comigo, você precisa tomar um calmante. Está visivelmente transtornada.

— Alguém vai vir me buscar. Eu tenho que ir.

— Não, eu falo na recepção para quando a pessoa chegar ela subir, mas sou vou te liberar quando você se acalmar. Venha, vou te levar para um quarto vazio e te medicar lá. Qual o seu nome?

— Juliana Araújo

— Certo, vou informar na recepção.

Segui a enfermeira até o quarto e lá ela me deu um calmante e eu relaxei um pouco. Passou alguns minutos e o Will chegou acompanhado dela.

— Sua amiga vai ficar bem, só teve uma crise nervosa. Assim que quiser já pode ir embora. Agora se me dão licença eu vou atender outros pacientes.

Assim que a enfermeira saiu o Will me olhou com um ar de confusão.

— Você pode me explicar o que aconteceu? Por que me ligou chorando? Seu pai já estava maluco por causa do horário e nada de você dar noticia só consegui acalmá-lo quando falei que você ligou pedindo pra te buscar.

— Você não contou que eu estava chorando, não é?

— Não, Juliana. Vai me contar o que aconteceu?

Contei a ele tudo que aconteceu com o Fernando e ao mesmo tempo eu segurava o choro. Apesar de me sentir mais relaxada as lagrimas ainda insistiam em rolar.

— Não posso acreditar – Will me olhava boquiaberto – Ele se esqueceu de tudo?

— Não de tudo Will, só se lembra da época das nossas brigas.

— A Manuela é maluca, Ju. Se você quiser eu posso tentar falar com ele fazer alguma coisa.

— Não vai adiantar Will. Você não estava lá quando ele disse que me odiava e que nunca me amaria. O jeito que ele falou, não acreditaria em ninguém – comecei a chorar – Você só ia piorar as coisas. Ele não te conhece e depois a Manuela poderia usar você contra mim.

— Não chore – Will me abraçou – Eu sinto muito.

— Tudo bem – falei – Obrigada por vir aqui e eu sei que a gente tem que conversar sobre aquele beijo.

Ele me fitou e seus olhos verdes vieram de encontro aos meus. Will impediu mais uma lagrima descer com o seu polegar tocando o meu rosto e depois o acariciou. Fechei os olhos tentando me acalmar novamente.

— Não se preocupe Juliana – Ele falou carinhosamente – Eu sei que você me beijou porque estava bêbada e por mais que eu ache você uma garota incrível, eu sei que ama outro. Não precisamos tocar nesse assunto se você não quiser.

— Não vai ficar magoado comigo? – perguntei apertando suas mãos – Eu gosto muito de você e não queria que as coisas entre nós mudassem depois daquele beijo.

- Não vou, Ju. – ele sorriu – Não se preocupada mais, ta? Vamos para casa e amanhã você vai se sentir melhor.

Saímos do hospital e Will chamou um táxi. Dormi praticamente o caminho inteiro, o remédio tinha feito mesmo efeito. Quando eu e o Will chegamos em casa, minha mãe e meu pai já estavam nos esperando.

— Filha! Conta tudo, como está o Fernando? – Minha mãe perguntou – Que cara é essa?

Fiquei muda tentando procurar palavras para explicar tudo que tinha acontecido.

— Como está o rapaz? – Meu pai perguntou

— Ele está bem – enfim falei – Mas ele não se lembra de mim.

Respirei fundo para não chorar.

— Como? – Meu pai e minha mãe perguntaram ao mesmo tempo

— Eu não sei. Não deu tempo de perguntar a dona Júlia ou ao Médico – Meus olhos encheram de água – Eu só quero ir pro meu quarto.

Meus pais me olharam boquiabertos.

— Tenho certeza que ele irá se lembrar de você, filha – Meu pai falou – Dê um tempo a ele, acabou de acordar é normal que esteja confuso. Garanto que em poucos dias ele vai recuperar a memória.

— Seu pai está certo – minha mãe concordou – Além disso, amanhã depois do ensaio você pode voltar lá e ajudá-lo.

Não tive coragem de contar toda a verdade para eles. Apenas sorri e concordei e pedi para ir para o meu quarto. Deitei na cama e fiquei relembrando cada detalhe da cena, eu tentava procurar razão para tudo que tinha acontecido. Eu não sabia o que ia fazer daqui pra frente era como se a minha cabeça ainda estivesse em choque. Eu estava feliz porque o Fernando tinha acordado e com o coração despedaçado por ele não se lembrar de nada do que a gente viveu e achar que eu ainda sou aquela garota briguenta. Fechei os olhos na esperança de acordar amanhã sabendo que tudo isso não tinha passado de um sonho ruim.