Moviam-se como raios sobre a terra, ligeiros e desesperados enquanto o céu crepuscular dava lugar a uma noite estrelada. O farfalhar das árvores parecia rir deles, parecia esnobar de seus esforços, considerá-los inúteis na busca a nada menos que fantasmas. Dez fantasmas além da compreensão.

Não pararam desde que deixaram a Vila da Folha pela manhã, não comeram, apenas iniciaram uma corrida obsessiva que, até aquele momento, realizavam. Samui liderava o grupo, tendo Naruto Uzumaki à direita e Sasuke Uchiha à esquerda; Sakura e Sai no centro; Karui e Omoi na retaguarda, completando a formação. A líder da equipe parecia inflexível, talvez capaz de marchar dois dias inteiros sem comer, beber ou sequer descansar. Contudo, Naruto, que corria bem próximo de Samui ouvia claramente a respiração ofegante dela. Olhou de relance para trás, Karui e Omoi estavam mais distantes do resto do grupo, verdadeiros retardatários.

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— Ei, é melhor pararmos, não? — sugeriu Naruto à capitã.

Samui não respondeu, apenas corria. Era uma mulher forte, ninguém poderia negar, pensara Naruto.

— Olha, você e os outros vieram da Nuvem para a Folha e depois da Folha até aqui. Não pararam em nenhum momento, estão mais cansados — tornou a falar Naruto.

Novamente, Samui nada disse.

— Quer enfrentar os inimigos assim, cansada e fraca? Quer morrer na missão por um acaso? Porque eu não quero que você e o resto do pessoal morram... e nem o tio Bee iria querer isso, definitivamente não iria!

Enfim, Samui virou o rosto para Naruto. Os dois pares de olhos azuis se encaravam, estudando-se. Por fim, a garota sussurrou:

— Obrigada, Naruto Uzumaki. Você é gentil.

Depois, Samui ergueu o punho cerrado para o alto, ordenando ao grupo que parasse imediatamente. Os liderados acataram, porém dois deles, os mais exaustos, reclamaram com vozes arrastadas e arfantes.

— Por... que... paramos... afinal...? — Karui fazia muito esforço para não tombar no chão. — Samui-san... eu... posso... correr... até... amanhã...

— Devemos nos... apressar... para salvar o Bee-sama! — Omoi desabou sem qualquer cerimônia. Passados quase quatro minutos ele continuou: — Vai que ele esteja sendo torturado nesse exato momento, sendo retaliado, cortado em pedaços e...

— Vire essa boca pessimista pra lá, Omoi! — berrou Karui, já um pouco melhor — O Bee-sama é mais forte do que isso. Iremos salvá-lo!

— Eu só disse que...

— Vamos acampar aqui esta noite — Samui tomou a palavra para si. — Vamos comer e descansar bastante. Além disso, é vital que partilhemos um plano de batalha contra o inimigo. Uma vez que somos de vilas diferentes, devemos nos preparar para estarmos o mais entrosado possível quando nos depararmos com os Yuurei, pois, na certa, eles estarão entrosados para nos combater. — E virando-se para Sakura, continuou: — Sakura, você é nossa médica. Por favor, nos avalie. Faça o possível para estarmos em nossas melhores condições amanhã.

— Entendido. — Sakura se levantou e se dirigiu a Omoi, que estava mais próximo dela, começando a examiná-lo.

— Naruto, vá buscar lenha. Esperaremos você para começar a discutir estratégias.

— Certo Samui-taichou — falou Naruto com a voz descontraída, retirando-se.

— Ao demais, descansar — ordenou a capitã por fim.

Naruto se embrenhou na mata, cortando e usando clones para carregar a madeira da lenha. Não era uma tarefa nem um pouco difícil para ele.

— Só mais algumas e... — Ele parou na hora; pressentira algo.

A mão foi ágil ao encontro do estojo. Naruto arremessou kunais contra a retaguarda num piscar de olhos. As armas se cravaram no galho de uma árvore, espantando um falcão que lá estava pousado. Assustada, a ave levantou voo chiando e reclamando.

— Ah, era só um pássaro. — Naruto suspirou.

— Naruto. — O Uzumaki olhou para trás, mas pelo chakra já sabia de quem se tratava.

— Que foi, Sasuke?

— A Samui mandou vir te buscar. Disse que você estava demorando. — Os olhos negros de Sasuke Uchiha perceberam cinco kunais presas em um galho perto de Naruto. — Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou.

— Ah, aquilo? Não foi nada. Apenas pensei que era... ah, deixa pra lá. Vamos!

E voltou junto com o melhor amigo para o acampamento.

* * *

Já passara da meia-noite. A brisa leve e fresca fazia crepitar na escuridão noturna o tecido preto das vestes dele. Lá estava ele de volta ao lugar que, dois anos antes, junto com sua parceira e superior, Suki, havia liquidado os derrotados Oukami. Taka Kazekiri, membro Junior dos Yuurei, aguardava pacientemente nas ruínas da mansão do ex-prefeito da cidadela de Zuko, Gintake Hanagusari, algo que ele sabia que viria.

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— E então, Taka, ele chegou? — Ele reconheceu a bela voz de sua parceira, Suki, às costas.

— Está quase chegando, Suki-senpai. Eu sinto.

— É claro.

Suki era um pouco mais baixa que seu comandado, alcançava-o até a altura dos ombros largos. Ela retirou o capuz negro, revalando um bonito rosto: cabelos castanho-escuros, preso em coque com duas mechas soltas nos lados da cabeça; olhos castanhos e penetrantes, lábios grossos e levemente avermelhados; o nariz pequeno; o ar frio e sádico. Nas costas, Suki trazia um gigantesco leque. Ela observava o céu, assim como Taka, esperando algo aparecer.

— Espero ouvir uma ótima notícia, Taka. Detestaria enfrentar algum idiota qualquer.

— Ah, não se preocupe, Suki-senpai! Tenho certeza de que enfrentará algum oponente digno da “Suki, a assassina de Kages”. — Taka riu. — Se bem que é difícil encontrar alguém do mesmo calibre que o seu, Suki-senpai. Você é um dos membros mais fortes dos Yuurei.

— Fico lisonjeada com o elogio, meu caro. Eu poderia dizer que você foi meu melhor parceiro, mas... — Suki deu um sorriso debochado — antes de você, Juha Terumi foi meu subordinado antes de se tornar um membro Sênior como eu.

— Tsc. Ele só teve sorte de encontrá-la quando você assassinou o Yondaime Mizukage Yagura na Vila da Névoa. E sequer mostrou interesse em enfrentá-la por isso.

— Ora, Taka, você sabe como o Juha é. Ele adora o poder. Eu representava um poder maior, muito maior que o Mizukage. Então, ele resolveu me seguir, e como você já sabe, tornou-se um excelente Yuurei.

— Poder maior, hunf! Ele ainda tem raiva de não ter sido escolhido para suceder Yagura. Ele odeia a Godaime Mizukage, o Juha-sama.

— Problemas de família, Taka. Relaxe.

— E eu? Eu sou um bom parceiro, Suki-senpai? — perguntou Taka, removendo o capuz do rosto. Taka tinha curtos cabelos castanho-claros, olhos negros e cobiçosos, uma cicatriz em forma de “X” na bochecha esquerda era a única anomalia no rosto dele.

Suki encarou o companheiro por alguns segundos com certa curiosidade. Depois, foi até ele, aproximou-se e pegando-lhe o queixo, sussurrou ironicamente:

— Garotinho ciumento, não deveria estar de olho no céu? Seu passarinho chegou.

Taka arregalou os olhos, desconcertado, antes de se virar para o alto. Exatamente como sua superior dissera: um falcão de plumagem amarronzada descia rasante sobre ele. O Yuurei se afastou de Suki e ergueu o braço direito, onde a ave pousou após uma longa viagem.

— E então, o que aconteceu? — Taka perguntou, literalmente, ao animal, que piou de modo agudo e contínuo imediatamente. — Entendo — disse Taka, finalmente.

— E então, Taka? — Suki perguntou ansiosa.

O Yuurei estendeu o braço para o alto, dispensando o falcão, que ascendeu aos céus para desaparecer de vista.

— Eles estão a caminho. À cinco horas de viagem daqui aproximadamente.

— Quantos e quais são? — perguntou Suki mais uma vez, mais ansiosa do que nunca.

— Sete ao todo; três da Nuvem e quatro da Folha. O Alvo Primário está entre eles.

— Naruto Uzumaki — sussurrou Suki prazerosamente. Taka continuou:

— Sasuke Uchiha, Sakura Haruno e Sai completam o time enviado pela Folha. Aqueles alunos do Jinchuuriki capturado, Samui, Karui e Omoi, vêm pela Nuvem.

— Excelente, Taka. Como sempre você se mostrou um hábil espião — elogiou Suki.

— Obrigado, Suki-senpai. Não há nada capaz de fugir dos meus olhos, afinal, eu sou o rei dos céus, Taka Kazekiri.

— De fato. — Suki recolocou o capuz sobre o rosto, obscurecendo-o.

— Suki-senpai...? — Taka hesitou ao perguntar, temendo a reação da superior.

— O que é, Taka?

— Não deveríamos avisar a Mira-sama o que está acontecendo? Digo, ela ordenou que assim fizéssemos. — Taka não escondia a inquietação. Suki sacudiu os ombros.

— Tsc. É claro que a Mira mandou. É o jeito de ela ser, não?

— Suki-senpai, você não gosta nem um pouco da Mira-sama, não é? Quer dizer, nem mesmo usa um sufixo de respeito quando está longe dela e...

— Não faço questão — disse Suki ríspida. — Não para ela.

— M-mas é a nossa vice-líder — contestou Taka.

Suki sorriu por debaixo do capuz e murmurou para si mesma:

— Não por muito tempo, não por muito tempo. — E elevou a voz, voltando-se para o parceiro, dizendo: — Faça como quiser, Taka. Convoque-a.

Taka sabia que Suki detestava Mira, a vice-líder dos Yuurei. Por ser parceiro de Suki, sabia que esta desejava usurpar o lugar da atual parceira do Líder dos Yuurei, fato esse que o incomodou um pouco. Não por Mira, mas porque gostava de ter Suki como parceira. Dividido entre a ideia de trazer a Yuurei que sua companheira mais odiava e o dever de obedecer às ordens da vice-líder, Taka demorou vários minutos para tomar uma decisão. Suki o observava com certa satisfação.

— Vamos logo, Taka. Convoque-a. Avise-a que localizamos o inimigo. — Suki parecia se divertir com a confusão do parceiro. Por fim, Taka ergueu as duas mãos, prestes a formar o selo do Bode.

— Não se dê o trabalho, Taka Kazekiri. Estou aqui. — Tanto Taka quanto Suki se surpreenderam. Atrás dos dois estava outro vulto de manto negro encapuzado. Tinha, praticamente, a mesma altura de Suki, sendo dois ou três centímetros mais baixo. Caminhou até os dois Yuurei tranquilamente. — Boa noite, Taka Kazekiri e Suki — disse uma voz feminina e madura vinda do capuz.

— B-boa noite, Mira-sama! — cumprimentou Taka, estupefato. Suki, por baixo do próprio capuz, estreitou os olhos.

— Boa noite, Mira... — ela fez uma pausa — sama. Como vai? — falou sarcástica.

Mira não respondeu.

— C-como a senhora... Há quanto tempo está aqui? — perguntou Taka.

— Há dois segundos. Por quê?

— Nada, Mira-sama, não é nada.

— Mira-sama — Suki dizia —, achei que viesse mais tarde, ou, no mínimo, que esperasse até um de nós convocá-la aqui. Aconteceu algo inesperado?

Mira levou as mãos até o capuz, retirando-o do rosto. Os cabelos longos e vermelhos desciam soltos, os olhos azuis como safira eram calorosos, mas, ao mesmo tempo, temíveis. Mira tinha a aparência de uma jovem de, no máximo, vinte anos. Ela observou Suki com indiferença antes de voltar a falar.

— Vim checar pessoalmente o progresso de vocês. Claro, eu sozinha consegui localizar os sete ninjas que vêm contra nós — Taka se espantou; Mira acertara perfeitamente o número de inimigos —, mas prefiro sempre dar aos outros a oportunidade de crescer nesta organização.

— É claro que sim. Esqueci-me de que você é uma ninja sensorial extraordinária, Mira-sama. De fato, localizar os alvos não foi desafio algum para você — falou Suki pomposamente. — E agora nossos inimigos estão chegando, exatamente como o Líder-sama disse que seria. Mira-sama, o que vamos fazer agora com o Jinchuuriki Killer Bee? Matá-lo?

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Mira deu as costas para a dupla. Ela contemplava, naquele instante, as ruínas do que outrora fora a belíssima mansão do prefeito de Zuko, o mesmo lugar que fora palco da batalha entre a Folha e os Oukami de Iruzu Ibe há dois anos.

— Foi aqui, não foi? A mansão do prefeito Gintake. Por isso escolhi vocês dois para vir para cá primeiro; foram vocês que estiveram aqui antes. Foram vocês quem aniquilaram os restos dos Oukami — dizia Mira, ainda vislumbrando as ruínas com certo fascínio.

— Sim, é verdade. Foi aqui que Taka e eu destruímos Iruzu e os outros Oukami derrotados. — Suki estava com a voz mais rouca e cautelosa. O tom sarcástico desaparecera.

— Todos os Oukami? — perguntou Mira sem se virar.

— C-como é? — Suki engoliu em seco. Taka arregalou os olhos.

— Eu perguntei... — Mira se virou para encarar os dois subordinados — se todos os Oukami realmente foram mortos na ocasião.

Taka desviava o olhar de Mira para Suki e vice-versa. Não seria possível que Mira soubesse, não poderia ser.

— Mas é claro, Mira-sama — respondeu Suki incomodada. — Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei.

Um sorriso tímido de triunfo se formou nos lábios de Mira.

— Perfeito. Seria muito vexatório para vocês dois, Suki e Taka, se um deles sobrevivesse... — Mira se virou novamente para as ruínas — Aquela menina, Beni Makagawa, era talentosa, não acha Suki?

Suki estremeceu, cerrando os punhos sob as mangas longas das vestes pretas.

“Ela sabe... Não pode ser!” A mente da Yuurei estava em apuros. Suki fitou Taka e viu o parceiro igualmente, se não mais, receoso. Mira continuou a falar, caminhava por entre os destroços:

— O fracasso não é tolerado entre os Yuurei, Suki, e você sabe disso. Eu a designei para assassinar os derrotados Oukami porque confio nas suas habilidades. O Líder-sama também confia nelas. Decerto ele ficaria desapontado ao ver uma Yuurei tão estupenda como você falhando de uma forma ridícula... — Mira parou de caminhar, olhando para o chão pedregoso, disse mais: — Dê graças a mim, Suki, pois se não fosse por mim, você e seu parceiro não seriam mais Yuurei e, provavelmente, seriam executados pela falha. Lembre-se: eu sou sua superior, queira você ou não.

Suki trincou os dentes. Ela sentia muita vontade de pegar o leque às costas e atacar Mira, lutar contra ela; sempre quis enfrentá-la, matá-la, roubar-lhe a posição de vice-líder. Com muito desgosto, ela controlou as próprias emoções.

— Entendido, Mira-sama — falou num sussurro quase inaudível. Mira se voltou para Taka, o parceiro de Suki, que, imediatamente, prestou reverência para a vice-líder.

— Fui eu, Mira-sama! Eu deixei a garota do Shinigami no Jutsu escapar na ocasião! A Suki-senpai não teve culpa de nada! Fui eu quem falhou! Só queria que soubesse e... Obrigado, obrigado, Mira-sama! Obrigado por ser tão bondosa!

Suki não sabia dizer o que mais odiava: Mira, o fato de estar dependente das misericórdias da rival, ou o fato de Taka, seu parceiro, praticamente se prostrar diante da outra, implorando e agradecendo. Suki sentia repugnância de tudo. Tudo era tão nojento.

— Estou certa de que a fuga de Beni Makagawa foi um caso isolado — falou Mira, observando Taka e depois Suki. — Vocês dois são Yuurei que eu admiro, por mais impressionante que essa frase possa soar. Tenho certeza de que não falharão de novo.

— Definitivamente não, Mira-sama! — falou Taka. — Vamos destroçar o inimigo.

Suki nada disse. Mira pouco se importou.

— Então, vamos começar. Hoje encerra o prazo de seis dias — falou Mira em tom de término.

— Gostaria que eu convocasse os demais, Mira-sama? — perguntou Taka.

— Não. Eu mesma farei isso.

E Mira juntou as mãos, sequenciando diversos selos. O ar no ambiente pareceu gelar, a pressão atmosférica parecia mais pesada. Seis vultos também de mantos pretos surgiram do nada, quatro à esquerda e dois à direita, intercalando Mira, que estava entre os dois grupos de recém-chegados.

— Ah! Finalmente o grande dia chegou! — A voz conhecida de Kan vinha da esquerda.

— Por que o Líder-sama não está entre nós? — perguntou Suki, contando apenas nove Yuurei.

— Nosso líder está em outro lugar, resolvendo assuntos dele. Isso significa que, na ausência dele, é a mim que responderão — falou Mira imponente.

— É isso aí! Mulheres no poder! — exclamou Hana entusiasmada.

— Cale-se, Hana — falou Kioto, o parceiro dela.

Mira andou entre os subordinados até chegar à pequena Hana Sakegari, responsável por cuidar de Killer Bee.

— Hana, o Jinchuuriki — pediu Mira.

— Ah, é claro, Mira-sama. Só um segundo. — A menina gesticulou com a mão direita. Diante de todos, o ar se distorceu, abrindo um portal de escuridão do qual caiu um homem de idade avançada. Killer Bee estava muito mais magro do que quando fora capturado, estava ferido, sujo. Sem os óculos escuros que lhe eram costumeiros, os olhos castanhos podiam ser vistos arregalados. Ele respirava com dificuldade.

— Que isso, Hana! — exclamou Kan ao ver o Jinchuuriki moribundo. — Você caprichou com esse daí, hein? Ele tá um fiasco.

— Ah, eu sou boa em cuidar de prisioneiros, sabe. — A menina deu uma risadinha travessa.

— Calem-se todos — ordenou Mira, aproximando-se que Killer Bee. Ela o observou por alguns segundos. Depois, do chão, Mira conjurou correntes de chakra vermelho-sangue. Os aguilhões imobilizaram Bee com tamanha força que ele berrou de dor.

Mira estava face a face com Bee. Os olhos azuis dela examinavam-no.

— Killer Bee — ela disse —, o irmão do Yondaime Raikage Ay, o Jinchuuriki da Fera de Oito Caudas, e... um amigo de Naruto Uzumaki.

— E... E se eu for...? Sua idiota, sua babaca! — ele murmurou em meio à dor. Os olhos de Mira, porém, estavam fitos no ombro direito de Bee. Havia ali uma marca preta.

— Sabe por que está aqui, Jinchuuriki? — perguntou Mira, executando pausadamente selos manuais.

Bee não respondeu.

— Está aqui porque você tem algo que é vital para o nosso plano. E vou tomar esse algo de você aqui e agora. — Mira terminou a sequência de selos e tocou com leveza o ombro de Bee, que, imediatamente, sentiu um calafrio horrendo percorrer-lhe por todo o corpo. — Fuuinjutsu: Tekkou Fuuin, Kai! (Técnica de Selamento: Selo da Armadura de Ferro, Liberar!).

No fim, ele sabia o que estava acontecendo, sabia o que aquela mulher ruiva chamada Mira havia feito ao tocá-lo. Sentiu toda a força se esvair como brisa. Assim que Mira desfez as correntes de chakra que o prendiam, Bee desabou sobre o chão. Tentava ao máximo se concentrar, talvez pudesse escapar da mesma forma que escapara na guerra, mas, diferente de antes, o processo era muito mais rápido, quase impossível de acompanhar.

“Hachi-chan! Hachi-chan! Pode me ouvir? Hachi-chan! Hachi-chan!” perguntava Bee desesperado, telepaticamente. Entretanto, ele já não conseguia sentir seu parceiro Bijuu, parecia desconectado dele, para sempre separado.

E uma vez que Bijuu e Jinchuuriki estejam separados um do outro...

“Então, é isso... Droga!” pensou por fim.

Do ombro do Jinchuuriki saía uma massa de chakra vermelho-escuro. Esta se acumulava, dando forma a uma criatura colossal que Mira já fizera questão de envolver com as correntes de chakra.

— A Akatsuki inteira demorava, no mínimo, três dias para realizar esta técnica por completo; Madara Uchiha, durante a Quarta Guerra, precisou de, no máximo, vinte minutos. Eu, por outro lado...

E então ele saiu. Definitivamente separado de seu Jinchuuriki, que jazia gelado sobre o chão imundo para nunca mais levantar, estava Hachibi. O Bijuu estremeceu imobilizado pelas correntes conjuradas por Mira; eram mais duras que qualquer coisa que ele já vira antes, mesmo sendo feitas puramente de chakra.

— Aquiete-se, Hachibi. Agora você pertence a mim, pertence aos Yuurei.

E Mira agitou o braço, como se cortasse o ar ao meio. Instantaneamente, um portal de escuridão se abriu, devorando completamente o Bijuu aprisionado, que urrava em desgosto.

Assim que Gyuuki, a besta de oito caudas, desapareceu na escuridão, Mira recolocou o capuz sobre o rosto.

— Sete minutos para extrair o Bijuu — falou Mira.

— Mira-sama, a melhor usuária de Fuuinjutsu que eu já vi! Não é por nada que seja nossa vice-líder, Mira-sama! Você é incrível! — exclamou Hana impressionada.

— E agora? O Jinchuuriki está morto. O que vamos fazer? — perguntou um homem alto que carregava uma espada às costas.

— Ryuumaru, você já deveria ter imaginado. — Um homem de média estatura, um pouco gordo, que estava ao lado do espadachim resmungou. — Vamos combater aqueles que vêm contra nós.

— Disso eu sei, Dairama-senpai — falou o espadachim chamado Ryuumaru para o homem gordo ao seu lado. — Mas são apenas sete, não é? Não há necessidade de todos nós lutarmos de uma vez.

— O Ryuumaru tem razão — falou Mira. — Dois de nós bastarão. Juha e Kan, vocês combaterão o inimigo.

— O quê? Mas Mira-sama, eu e o Kioto-sama somos uma dupla muito mais legal e...

— Cale-se, Hana — falou Kioto. — Não quero te repreender mais uma vez.

— Desculpa, Kioto-sama.

Juha Terumi e Kan, a dupla que havia capturado Killer Bee, deram um passo à frente. Kan sorria de satisfação, Juha estava indiferente.

— Os demais, retirada! Agora! — ordenou a vice-líder. À volta dela os vultos dos demais Yuurei tremeluziram, assumindo um aspecto fantasmagórico. Segundos depois, apenas três pessoas estavam ali: Juha, Kan e Mira.

— Olha só como é silencioso sem a Hana por perto, Juha-senpai! — falou Kan.

Mira deu as costas para os subordinados e, antes de desaparecer nas trevas, falou:

— Com exceção do Alvo Primário, matem todos. E lembrem-se da nossa regra: sem deixar corpos, assim agem os Yuurei. — Mira desapareceu logo em seguida.

* * *

Naruto se lembrava perfeitamente do caminho. Ele sabia: estavam quase chegando. Faltava pouco, muito pouco. A mansão era mais afastada do centro da cidade, provavelmente porque o prefeito Gintake não gostava de ser incomodado por qualquer coisa.

— Quanto tempo, Naruto? — De trás da formação, Karui perguntou ansiosa.

— Estamos quase lá! — respondeu.

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“Tio Bee, aguente firme! Aguente firme!” pedia Naruto em pensamentos, esperando que Killer Bee ainda estivesse vivo.

Atravessaram uma pequena muralha — estavam agora no terreno do inimigo; chegaram à mansão.

— Mas o que aconteceu aqui? — perguntou Sakura.

Nenhuma coluna sequer havia ficado de pé. Toda a mansão, outrora linda e imponente, agora, jazia às ruínas, meras ruínas. Pedregulhos de todos os tamanhos enfeitavam o chão cuja grama, antes verdejante, estava amarelada e semimorta. Em dois anos o lugar se apodrecera de forma quase inacreditável.

Naruto, assim como os demais, vasculhavam o local com os olhos. Procuravam, mas não havia sinal de ninguém por perto.

— Afinal, onde estão eles? — perguntou Omoi. — Onde estão os Yuurei?

— Não podemos ter errado o lugar... Não, o Bee-sama vai... — lamentava Karui.

Houve um barulho de pigarreio; todos se viraram na hora. Karui, por um breve instante, sentiu-se esperançosa, mas, quase imediatamente, caiu em terror. De fato aquele era o local a ser descoberto dentro de seis dias. De fato ali estavam duas pessoas vestidas de mantos pretos — exatamente Juha Terumi e Kan. O problema era o corpo flácido que Kan carregava atravessado na foice.

— BEE-SAMA! — Karui gritou ao ver o corpo do antigo professor morto, com três das pontas da foice de Kan perfurando-lhe o peito. Kan estava sem capuz e sorria como um maníaco

— E isso não é tudo, crianças. Vejam o final épico do Bee-sama — desdenhou Kan, agitando a foice, soltando, consequentemente, no ar o corpo de Bee.

Antes que o cadáver tocasse o solo, um raio irrompeu dos céus e o fulminou. Tudo o que foi visto na hora foi um clarão branco. Segundos depois, o corpo de Killer Bee havia desaparecido. O chão gramíneo estava com um ponto escuro, exatamente onde o raio caíra e destruíra tudo o que sobrara de Bee.

Juha Terumi, que conjurara o raio recitou o lema dos Yuurei com a voz tranquila:

— Sem deixar corpos, assim agem os Yuurei.

O choque ao ver aquilo foi demais para todos, que pareciam desnorteados na hora. Não sabiam o que fazer, não conseguiram salvar Bee, e agora nem poderiam sequer enterrá-lo.

— Não pode ser... — Samui falou sussurrando. — O Bee-sama não...

— Desgraçados! — urrou Naruto. — Eu vou matar vocês dois! Eu vou matar todos vocês!

E Naruto precipitou-se contra Kan. Os olhos, antes azuis, agora eram vermelho-sangue — Naruto e Kurama iriam começar lutando juntos.

Ele atingiria o Yuurei sem qualquer dificuldade — nem se perguntara por que Kan não esboçara qualquer movimento de defesa —, mas, de algum modo, o outro Yuurei, Juha Terumi, se interpôs, bloqueando o ataque de Naruto com uma das mãos. Todos se surpreenderam.

— Você... como conseguiu me...?

— Você é rápido, mas eu também sou, Naruto Uzumaki. Pensei que você não subestimava os oponentes. Partir para cima de forma tão descuidada? Como conseguiu ser o melhor ninja do mundo assim?

Juha pressentiu movimento em sua retaguarda. Olhou para trás e viu que Sasuke Uchiha já surgira ali, prestes a atacá-lo com a Katana. Por cima, Sakura avançava contra ele também. O punho dela estava cerrado, prestes a socar.

“Tsc. Os três de uma vez, é? Isso será interessante.”

No instante que Sasuke atacou, Juha se desviou para o lado. Entrementes, Sakura já estava a poucos metros de colidir com ele, que agitou o braço, fazendo surgir um portal de escuridão. Juha desapareceu por intermédio dele, levando Naruto, Sasuke e Sakura junto.

Durante breves segundos, Naruto se viu envolto numa escuridão gelada. Abriu os olhos, e, para a própria surpresa, deparou-se em um lugar completamente diferente de antes. Sakura e Sasuke estavam ao seu lado, e pareciam igualmente surpresos.

— Onde estamos? — perguntou Naruto. — Cadê todo mundo?

Foi então que Naruto viu os olhos de Sasuke. Estavam fixos em algo às costas do Uzumaki. Naruto, por precaução, se virou também e viu, por fim, Juha Terumi a encarar o trio.

— Gostaram da viagem? Nós, Yuurei, usamos o Meiton (Elemento Escuridão) para nos locomover de um lugar a outro instantaneamente. Uma viagem no escuro, diga-se de passagem. Não conheço nenhum meio de teletransporte melhor, nem mesmo o Hiraishin no Jutsu (Técnica do Deus do Relâmpago).

— Maldito! Leve a gente de...

— Onde estamos? — perguntou Sasuke com calma.

Juha sorriu satisfeito antes de retirar o capuz. Os olhos verde-mar iam de Naruto para Sakura e depois, finalmente, para Sasuke.

— Estão a cerca de um quilômetro dos outros. Eu aproveitei a oportunidade que vocês três me atacaram juntos para selecionar meus oponentes. Queria enfrentá-los separadamente, sem a interferência dos outros que, agora, têm meu parceiro como inimigo.

Naruto deu dois passos para frente. Tinha Sasuke à esquerda e Sakura à direita. A feição do Uzumaki estava séria, com fome de combate.

— Você escolheu os oponentes errados, cara.

Juha sorriu.

— Pelo contrário, escolhi os melhores. Naruto Uzumaki, Sasuke Uchiha e Sakura Haruno, os Novos Sannins... eu não poderia ter rivais melhores. Vamos, mostrem a mim do que são capazes, porque eu certamente o farei. — Juha ergueu o braço direito, criando um selo na mão.

Naruto levou as mãos às amarras do protetor ninja na testa, apertando-o; Sakura calçou as luvas nas mãos e, em seguida, estalou os dedos enquanto encarava Juha; Sasuke ativou o Sharingan.

— Vamos lá, Sakura-chan, Sasuke.

— O que seu amigo fez com eles, seu maldito? O que ele fez? — berrava Karui ofegante.

— Tsc. Que garota mais escandalosa! — Kan coçou a cabeça, entediado. — Relaxe aí! Eles não morreram... ainda não.

— Karui. — Ela ouviu a voz da capitã Samui lhe chamar. — Acalme-se. Ele diz a verdade. Posso sentir o chakra do Naruto daqui.

— Viu? — A voz sarcástica de Kan esnobava de Karui. — A molecada ainda tá bem!

O Yuurei balançou a foice de seis pontas assustadoramente com a mão direita. A esquerda foi até o pescoço, de onde Kan puxou um estranho medalhão para fora das vestes negras. Era prateado, triangular com um círculo inscrito. Kan fechou os olhos; parecia rezar.

Assim que abriu os olhos, o Yuurei provocou:

— O tal “Bee-sama” era um medíocre, não é? Foi tão fácil derrotá-lo...

Karui sacou a espada com ódio, premindo-a com força na empunhadura. Kan percebeu e provocou mais ainda:

— Seis dias sem comer, sem beber, sendo torturado dia e noite... foi divertido, mas ele morreu tão rápido quando tiramos o Bijuu dele... nem teve graça chutar o cadáver.

— Seu... — Karui trincou os dentes. Omoi estava ao lado dela, balançando negativamente a cabeça, temendo que ela avançasse.

Kan bocejou, coçou os olhos e, por fim, disse:

— Era uma mocinha, aquele Jinchuuriki, sabe. Quando ele gritou, implorando para viver...

— AGORA CHEGA! — berrou Karui, avançando sozinha contra Kan.

— Não, sua idiota! — Omoi gritou, mas era tarde demais. Karui já estava muito perto do inimigo, que sorria para a garota.

Karui brandiu a espada, mas Kan não teve nenhuma dificuldade para travar a arma da garota entre as pontas da própria foice. Bloqueado o ataque de Karui, Kan esnobou:

— Pessoas de pavio-curto sempre morrem mais rápido.

O Yuurei girou a própria foice entre as mãos, de forma que a espada travada de Karui voou para longe das mãos dela. Desarmada, Karui estava completamente indefesa diante de Kan, que baixou a foice sobre a garota num golpe letal.

O ruído de metal surpreendeu Karui. Ela estava aturdida. Como não fora morta? Erguendo os olhos para cima, a garota viu seu melhor amigo, Omoi, bloquear a foice de Kan com a espada. Karui estava a salvo.

— Corajoso — elogiou ironicamente Kan —, mas estúpido também.

A arma de Kan era muito mais pesada que a de Omoi. Quando o Yuurei a puxou, três das seis pontas atravessaram o ombro do ninja da Nuvem, rasgando-o. Omoi berrou de dor e caiu no chão, levando a mão até a ferida.

— Morra no lugar da sua amiguinha!

— Ninpou: Choujuu Giga! (Arte Ninja: Técnica da Imitação da Super Besta). — Kan ouviu Sai exclamar e, quando se deu conta, foi atingido e lançado para trás por cinco tigres de tinta, que o cercaram de imediato.

— E ainda tem mais, Yuurei. — Sai largou o pincel para sequenciar selos nas mãos. — Ninpou: Sumi Baku no Jutsu (Arte Ninja: Técnica da Tinta Explosiva).

Todos os cinco animais desenhados por Sai que atacaram Kan converteram-se em verdadeiras bombas de curto alcance. O Yuurei foi completamente envolvido pelas chamas.

Samui deu suporte a Sai. Com uma rápida sequência de selos, a garota inspirou e mirou na explosão.

— Fuuton: Yufu no Jutsu (Elemento Vento: Técnica da Brisa da Tarde). — Ela soprou um jato de vento que, ao se juntar às chamas da explosão, fê-la crescer a largas proporções; um ataque combinado de fogo e vento.

Entrementes, Karui se ajoelhou ao lado de Omoi, que premia a própria ferida com a mão direita.

— Omoi, você está bem? Me desculpe! Me desculpe! Eu fui idiota e...

— Ah, qual é...?! — Omoi gemeu de dor. — Vai bancar a sentimental agora? Eu tô bem.

Karui se calou, mas estava feliz por ver o companheiro bem. Ela, em seguida, desviou os olhos para a explosão.

— Será que ele foi derrotado? — perguntou.

— Derrotado? — desdenhou Omoi, fazendo uma careta dolorida. — Esses caras venceram o Bee-sama sem esforço algum. Duvido que tenhamos tanta sorte de derrotá-los tão rápido.

E Omoi tinha razão. Uma gargalhada aguda se fez ouvir detrás das labaredas incandescentes. Sai e Samui ficaram em alerta; Karui ainda estava junto de Omoi.

Quando o fogo baixou, eles o viram. Kan tinha partes das vestes destruídas pela explosão, mas o que mais chamou a atenção do grupo não foi o fato do Yuurei ter sobrevivido à explosão, ou o fato do fogo parecer não afetá-lo, mas sim...

— A pele dele... — Karui estranhou — ela escureceu!

A aparência de Kan realmente havia sofrido uma mudança drástica. A pele, outrora branca, estava com um negror cor de breu. Detalhes brancos na pele dele pareciam representar os ossos do Yuurei.

Sai estremeceu. Ele sabia como Asuma Sarutobi, professor de Ino, havia morrido. Agora Sai conhecia a habilidade do Yuurei Kan.

— Que merda, caras! Eu gostava dessa roupa! Eu realmente gostava dessa roupa! — O Yuurei, com a mão esquerda, sacou da cintura uma estaca de metal escuro. Dotado desta segunda arma, Kan golpeou o próprio pulso com ferocidade, fazendo o sangue escorrer para o solo.

— O q-que é esse cara...? — Karui observava aturdida, Omoi apreensivo. — O que ele está fazendo?

— Samui-san! Vamos atacá-lo agora! Ele precisa ser detido! — exclamou Sai desesperado. Samui desconhecia o perigo que Sai queria transmitir naquelas palavras, mas acatou, percebendo a urgência na voz do garoto.

— Sai, você conhece aquela técnica? — dizia ela enquanto formava selos de mãos.

— Aquele homem segue o Caminho de Jashin! Ele extrai o sangue das vítimas e, depois de ingeri-lo, forma uma ligação com a vítima. É assim que ele as mata. — As mãos de Sai, frenéticas, desenhavam no gigante pergaminho. — Neste exato momento, o Omoi-kun corre grande perigo.

Kan havia terminado. Desenhara no chão um triângulo circunscrito a um círculo — o símbolo do deus da morte Jashin. O Yuurei gargalhada de êxtase.

— Alguém já foi amaldiçoado hoje! Olhe para mim, Jashin-sama, pois mais uma vez sacrificarei em seu nome. Mostrarei a esses infiéis a dor incomensurável!