“Agora reina o silêncio em sua cabeça. O coração palpita com regularidade. O homem se recuperou. Por um dia, por dois. O caminho para o inferno está cheio de recuperações.”

Adam filho de cão, de Yoram Kaniuk. Citação da página 95.


Eu nunca havia me sentido assim. Era como se todo o universo estivesse em paz, e eu estivesse perfeitamente alinhada a ele. Como se o mundo tivesse dando a volta que faltava para que tudo encontrasse seu devido lugar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Klaus dormia tão tranquilamente que me fazia pensar ser ele o ponto de paz no centro do universo, como se eu estivesse gravitando ao seu redor. Eu estava deitada ao seu lado, ouvindo atentamente a cadência de sua respiração. Nós também tínhamos encontrado nosso devido lugar. Um ao lado do outro.

O quarto estaria quase que totalmente imerso em escuridão se não fosse pelo pálido brilho da lua iluminando um espaço limitado. Tudo estava quieto e estático, e eu aproveitei os minutos de silêncio para ouvir meus pensamentos.

Será que aquilo era real?

Eu realmente poderia ser tão feliz?

Silenciosamente eu fiz um pedido, esperando que algo ou alguém o escutasse. Eu queria que o tempo parasse para sempre neste momento. Que a paz e o amor que eu estava sentindo fossem eternos.

Entrelacei meus dedos com os de Klaus. Ele apertou minha mão, consciente de minha presença, mesmo dormindo. Imersa em contemplação, eu consegui ignorar aquele barulho ao longe. Um som baixo, quase irritante, que aumentava lentamente.

Por um momento, eu consegui ignorar o som do caos rastejando pelas ruas de New Orleans.