Os Últimos Passos de Um Homem

Capítulo 14: Incômodos


“Voltei para casa”. Essa foi a sensação que Gaara teve ao voltar ao presídio. Não que ele gostasse daquele lugar, era mais pelo tempo em que estava ali. A vida dele deu uma grande reviravolta: pela primeira vez na vida tinha uma namorada que realmente queria e precisava do seu amor, mas teria pouco mais de um mês para que este se tornasse inesquecível, principalmente para a Ino. Sentia que a responsabilidade era grande, mesmo assim queria fazer aquela loirinha feliz, ainda que por pouco tempo.

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– Visita pra você Gaara. – disse um policial abrindo a cela.

Era a tarde do dia seguinte. Ino entrou na cela, se jogou nos braços dele e ficaram a se beijar. Agora pouco importava o seu trabalho de psicologia, só o que queria era estar com ele.

– Veio cedo hoje. – disse Gaara quando se afastaram.

– Estava com saudades. – respondeu Ino.

– Eu também.

Aquilo era completamente novo na vida dos dois. Ele, namorava aquela que deveria ser a sua conselheira; ela, foi encontrar amor dentro de um presídio e sabia que a qualquer momento tudo acabaria. Depois das saudações ele sentou na cama tendo ela apoiada no seu peito. Resolveu falar logo do que o incomodava desde a noite anterior.

– Escuta Ino.

– O que?

– Quer mesmo levar isso adiante?

– Como assim?

– A nossa história.

– Por quê? Você... se arrependeu do que me disse ontem?

– De jeito nenhum.

– Então por que isso?

– Olha, eu te amo, você é a mulher mais linda que eu já conheci, mas em algumas semanas eu estarei morto.

– Você não sabe.

– Quando eu morrer como você vai ficar? Não quero te ver triste.

– Você não vai morrer Gaara. Acredita em mim.

– Eu queria acreditar Ino. Juro que queria.

– E mesmo que dê tudo errado, quero que esses dias que faltam sejam os melhores da nossa vida.

Era uma felicidade estranha, mas pelo menos era felicidade. Ficaram muito tempo juntos namorando e conversando até surgir uma pergunta inesperada, o que trouxe à tona um assunto totalmente novo.

– Eu sempre tive uma curiosidade. – disse Ino.

– E qual seria?

– O que mais te incomoda hoje?

– Fora o fato de estar no paredão da morte?

– É. Fora isso.

– O que mais me incomoda... hum... – pôs a mão no queixo – Não sei... acho que nada.

– Nada mesmo?

– Essa sua cara é de quem sabe de alguma coisa.

– Eu? Eu não sei de nada.

– Mas você tem razão. Tem uma coisa que me incomoda muito.

Ino virou-se de frente para ele com a intenção de ouvi-lo melhor. Gaara continuou:

– É com relação aos pais da Bárbara.

– Como assim?

– Não sei se você lembra, mas há algum tempo atrás eu disse que a minha família e a dela nos dávamos muito bem e assim ficava mais fácil ir para a casa dela.

– Eu lembro.

– O fato é que depois que a Bárbara morreu os pais dela me tratam diferente.

– Diferente como?

– Eles também acham que fui eu que matei a filha deles.

– Mas não foi você! – exclamou Ino aumentando o tom de voz.

– Eu sei. Mas todo o povo, a imprensa e a polícia disseram que fui eu. Em quem você acha que eles vão acreditar?

– E isso te incomoda.

– Muito. Eu nunca faria nada contra ela, até eles mesmos sabem disso. Mas com essa repercussão...

– Quer que eu fale com eles?

– Não. Eles vão saber a verdade mais cedo ou mais tarde. Aliás, não adiantaria nada.

– Como sabe?

– Vai por mim Ino. Eu sei o que estou dizendo.

Nisso o relógio indicou o horário de ir embora. Depois de um forte abraço (em que a mão do ruivo escorregou “sem querer” até o bumbum volumoso da Ino) e de um beijão, trocaram declarações de amor e ela foi embora. Aquela mão ainda se fazia sentir e a arrepiava cada vez que a cena vinha à sua mente. Decidiu esquecer aquilo (por enquanto) para dedicar-se à sua visita à casa dos pais da Bárbara, mesmo contra a vontade do Gaara. Como não sabia o endereço, ainda passou na casa da Temari para conseguir tal informação.

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– Para que quer o endereço deles? – perguntou Temari depois de ouvir o que Ino lhe dissera.

– Eu preciso falar com eles.

– Por quê?

– O Gaara me disse que eles acham que foi ele que matou a Bárbara.

– É isso mesmo.

– Eu preciso esclarecer a verdade para eles.

– Meu irmão sabe disso?

– Não. Eu vou contar para ele depois.

Temari fez uma cara de reprovação, mas atendeu ao pedido de estudante. Anotou o endereço em um bloquinho de papel e a entregou.

– Aqui está. Antes eles moravam aqui do lado, mas depois da morte dela eles se mudaram.

– É longe?

– Um pouco.

– Olha Temari... obrigada mesmo.

– Não precisa agradecer. É minha obrigação ajudar a namorada do meu irmão.

Ino ficou vermelha como um tomate e saiu. O plano dela era fazer a visita no dia seguinte, mas problemas e compromissos na universidade adiaram a visita e a impediram até de ir ao presídio por pelo menos dez dias, mas tivera a precaução de mandar um recado ao Gaara explicando o motivo de sua ausência. Quando tudo foi resolvido, esperou mais um dia e seguiu para a nova casa dos pais daquela que o amado tanto se martirizava por não ter conseguido salvar.