Ainda estava acordado quando a chuva começou a cair. Nunca foi o mais fã de chuva, pelo contrario, sempre fora ligado ao fogo, chegando ate mesmo a ter alguns incidentes em que acabou incendiando algo. Sua mãe entrava em desespero sempre que isso acontecia. E para a tristeza dela, a regularidade nunca diminuiu com os anos.

As suspeitas eram diversas. Alguns diziam que Natsu Dragneel se encontrava apenas constantemente atrás de atenção desde os três anos de idade, os psicólogos davam um nome para isso e indicavam diversos tratamentos a seres feitos, perda de tempo. A mãe culpava o pai, Igneel, dizia que se o homem não tivesse abandonado a família, Natsu não seria tão problemático. Então suspirava abraçando o filho e dizendo que não tinha problema; mesmo com sua mania de amar o fogo, seu jeito estourado, estupido, elétrico e diversas vezes até cruel demais, nunca faria como o pai. Nunca o abandonaria.

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Mas Natsu sabia, a culpa não era de Igneel! Seu pai foi apenas uma vitima das circunstancias, se ele não tivesse sido obrigado a se mudar de cidade, não teria caído nas garras de outra mulher. Pego de surpresa quando estava sozinho, e o feito uma lavagem cerebral para esquecer o restante da família, mandada por uma família em especial. Já fazia sete anos desde que tudo ocorrera, mas o rosado continuava a ser o menininho que esperava o pai passar pela porta com presentes vermelhos como fogo e historias do que havia ocorrido durante o tempo que esteve fora, em sua nova moradia. Mas Igneel parou de voltar para casa e ligar, também resolveu parar de atender aos telefonemas dos filhos.

Sentia raiva do pai. Claro que sentia. Toda vez que ouviu sua irmã mais nova, Áries, chorando perguntando pelo pai, ou da mãe em prantos por ser abandonada, sobreviverem com uma pensão que não garantia o estilo de vida que a empresa do pai um dia garantiu. Mas não teve nem a oportunidade de exigir uma explicação. Tentava proteger a irmã de todo o mal. Ela nunca aceitou ser abandonada pelo pai. E a mãe jamais deixou que o assunto fosse discutido na casa.

Então talvez a mãe estivesse certa. Talvez Natsu descontasse a sua raiva no fogo. Vendo tudo queimar.

Passou a mão no rosto com força. Não poderia se lembrar da família agora, se o fizesse era bem capaz de sair correndo e pegar o caminhão para ir ate a sua cidade. Deixar todos para trás. Não. Não poderia fazer isso. Amava todos ali. Mesmo que ela, estivesse entre eles.

Se sentou na cama respirando pesado. Porque entre todas as pessoas do mundo, justamente Lucy Heartfilia tinha que ser uma das que sobreviveram no grupo dele? Odiava ter que conviver com ela, odiava ter que se lembrar que ela existia ou estar no mesmo ambiente. E o pior, odiava cada vez que achava que ela precisava de proteção e se sentia disposto a fazer tal ato. Lucy Heartfilia havia destruído sua vida e sua família. Não existia outra coisa que Natsu pudesse sentir que não fosse ódio. Ainda assim não era o suficiente para matá-la, acabar com tudo de uma vez ou praticar qualquer ato violento. Ainda se lembrava de quando a viu chorar e gritar de dor pela pele queimada e derretida a qual ele uniu, nunca ficou tão desesperado para terminar/parar algo em sua vida. Muito menos algo ligado a fogo.

Fogo.

Em um movimento rápido pegou o seu isqueiro e um livro na cabeceira da cama. Não leu o titulo, apenas o abriu no meio deixando algumas paginas soltas. Então acendeu o fogo. Observou calmamente a chama aumentar e se espalhar. Tão... Esplendida.

As diversas cores dançando uma música única ao mesmo tempo em que pouco a pouco as paginas viravam cinzas. Um sorriso surgiu em seus lábios junto com a excitação. Algumas pessoas diziam sobre uma diversidade gigantesca do que poderia ser realmente forte e destrutivo. Mas nunca falavam do fogo. Estúpidos! Natsu sabia que nada superava uma chama. Depois de queimado, nada voltava ao que era antes. Não existiam fênix, nada voltava das cinzas. Era um ponto final, maravilhoso e único.

– Natsu! – a voz de Erza foi ouvida antes do livro ser arrancado de sua mão e jogado no chão. Assustou-se ao ver a ruiva apagando o fogo com um pouco de dificuldade. Cinzas voavam pelas laterais do exemplar. – Esta querendo colocar fogo na casa? – alarmada, ela o encarou.

– Só estava relaxando. – moveu os ombros tentando parecer indiferente.

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– Não, você estava começando um incêndio. Outro! – Erza gritou, um grito mudo para não acordar Lucy. Então ele olhou na direção da loira por alguns instantes, ela parecia dormir tranquilamente, como um anjo. Um anjo. Lucy sempre pareceu um anjo aos seus olhos. – Olhe para mim Natsu. – Erza pediu se sentando na cama, próxima a ele. – O que esta acontecendo com você? – suspirou, agora com a voz mais suave.

– Nada. Estou ótimo. – foi quase sincero. Se sentia relaxado, ao menos o suficiente para dormir.

– Então porque seu rosto está molhado? – questionou tocando um pouco abaixo de sua bochecha. Natsu arregalou os olhos. Estava chorando? Quando?

– Olha Erza. – começou sincero e segurou a mão da amiga ainda próxima a sua face por um pequeno tempo. – Não tem porque se preocupar comigo. Eu só fiquei entediado porque estava sem sono. Agora estou bem. – garantiu, sabendo que não seria tão útil. A ruiva continuaria preocupada.

– Se você diz. – murmurou desconfiada. – Volte a dormir que eu só vou ao banheiro. – avisou saindo do quarto.

Sorriu por alguns instantes, já a via acordando Sting e pedindo para que o loiro ficasse de olho nele. Conhecia a amiga o suficiente, não havia acreditado e nada mais poderia ser feito. Deitou-se na cama da forma mais confortável possível e sentiu o corpo relaxado. Dormiu tranquilo, como há dias não dormia.