A captura do tordo

O homem em chamas


Katniss ainda estava inconsciente. Claro que desmaiou. Afinal, pelo tanto de sangue que perdera e o esforço que fizera não poderia se esperar outra coisa.

Peeta, baleado no joelho, não poderia levantar e nem queria. Katniss estava ali, na sua frente, provavelmente morta! Ele só queria que a menina que tanto amava acordasse logo.

Snow perguntou com toda sua ironia e maldade se todos tinham gostado da brincadeira que aprontara. Isso o deixava tão feliz! Katniss estava morta ali na sua frente. De brinde, ainda conseguira acertar o amante do Tordo. Um pensamento atravessou sua cabeça: “Se quer alguma coisa bem feita, faça você mesmo”. E ele o fez. O riso ensandecido dele era de amedrontar.

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Ninguém respondeu à pergunta de Snow. Bom, pelo menos não com palavras.

O resto do mundo desapareceu para Finnick quando ele viu sua doce Annie. Ele largou Prim e sua arma para correr ao encontro da amada. Mas havia algo estranho nela. Quando parou à sua frente, Annie não demonstrou reação alguma. Nem tristeza, alegria, raiva, confusão. Como se fosse um robô. Aquilo incomodou o Odair. Por mais que sua Annie estivesse aérea ao mundo, ela sempre lhe esboçava uma reação, por menor que fosse.

Boggs possivelmente era o único com a cabeça no lugar. Além disso, era o comandante e tinha que fazer seu serviço. Ele observara os Tordos de sua revolução feridos e vira como falhara na missão de protegê-los. Aqueles garotos receberam responsabilidades que não eram deles, que nem adultos com anos de experiência conseguem lidar. Boggs falhou uma vez com Katniss e Peeta, não faria isso de novo. Pegou sua arma e apontou para Snow.

Sangue. Era tudo o que Gale via. Não qualquer sangue, mas o sangue de Katniss. Sua amiga, seu amor – por mais que não fosse correspondido. Katniss é o que tinha de mais importante depois de seus irmãos e mãe. Katniss é parte da família dele. O sangue lhe subiu a cabeça. Girou seu tronco em direção a Snow. O velho se divertia em ver Peeta tentando acordar Katniss.

Hawthorne pode ver o contentamento e a frieza nos olhos de cobra. Viu também o revólver. Apontou sua arma para Snow.

— Largue sua arma. Agora.

O grito não fora do comandante e sim do soldado.

Prim não estava com medo. Nem assustada.

Raiva. Ódio. Revolta.

Essas eram boas palavras para descrever o que se passava em sua cabeça. Ele a tinha machucado novamente. Aquela cobra machucou sua irmã novamente. O que seria de Peeta, alguém que se tornou importante para ambas, sem Katniss? O que seria de Gale? O que seria dela mesma sem sua irmã?

Prim devia ir até Peeta e Katniss e tentar estancar o ferimento no braço dela e no joelho dele. Sua parte médica, que sempre vivera nela, mandava-a ir até eles. Com certeza aquele ferimento no braço era obra de Snow. Prim viu a arma de Finnick, e contrariando sua consciência a pegou, apontando sem dó para a cobra.

Três armas apontadas para Snow. Um tiro seria escutado mais tarde.

Snow prometera entregar a senhorita Everdeen morta. Gostava de cumprir suas promessas, principalmente aquelas mortais. Eram suas favoritas. Snow levantou seu braço direito que possuía seu revólver, deixando na altura que acertaria o coração de Katniss. Para ele, ela estava morta. Mas melhor garantir do que remediar, certo?

Ele apertaria o gatilho e acabaria com isso. Bastava apertar o maldito gatilho. Porém, uma voz em sua mente lhe obrigou a parar, não por medo, mas para rir. Snow voltou-se para Gale com um sorriso irônico nos lábios.

— Acho que você não está em posição de fazer nenhuma exigência. – apesar de falar isso para Gale, Snow intercalava os olhares entre o soldado e Boggs. — Se eu ver um dedinho de vocês se mexendo, atiro nela. Eu morro, mas ela também. Pode ter certeza.

Finnick, totalmente alheio ao que acontecia ao seu redor, tentava fazer Annie ter qualquer reação. O que diabos Snow fizera com ela?

Gale e Boggs iam atirar. Se não fosse um Finnick totalmente transtornado indo até Snow e atrapalhando a mira deles.

Snow tinha se esquecido da existência de ambos e fora pego de surpresa com um murro de Finnick.

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— O QUE VOCÊ FEZ COM ELA? – gritou Odair enquanto desferia socos não dando oportunidade a Snow, que se divertida muito com a raiva do rapaz para responder.

Boggs correu para tirar Finnick de cima do velho. Merda! O garoto do Distrito 4 tinha atrapalhado tudo. Gale permanecia com a arma apontada, mas sem mira. O comandante conseguira tirar seu soldado de cima de Snow, entretanto, o jovem se debatia não permitindo que Gale atirasse.

Peeta finalmente se desligara de Katniss ao escutar Finnick gritando. Observou a cena e procurou Annie, que parecia estar na mesma posição desde que chegaram lá. Depois, procurou por Prim e seus olhos quase saltaram fora das órbitas quando viu que ela apontava uma arma para Snow.

Snow limpou o canto da boca que escorria sangue, rindo com escárnio. Para ele, estava sedo uma grande diversão. Podia não ter ganhado a guerra de fogo, mas com certeza havia vencido outra com a Garota Em Chamas, o Tordo estava morto.

Peeta tentou se levantar, e mesmo sentindo a dor do lugar onde fora atingindo, conseguiu colocar-se de pé. Não podia deixar Prim matar alguém, nem mesmo Snow.

— Quer saber o que eu fiz? – perguntou o presidente, levantando-se e tossindo sangue.

Peeta foi mancando, tentando não chamar a atenção. Prim estava concentrada em seu alvo; com certeza se Peeta a chamasse ela apertaria o gatilho. Só mais dois passos.

Boggs finalmente conseguira imobilizar Finnick e se afastar com ele o suficiente.

— Eu a transformei em uma peça dos meus jogos.

Snow daria uma orgulhosa gargalhada carregada de maldade se não fosse um grito dizendo “NÃO” e o barulho de tiro.

Peeta estava a dois passos de Prim, mas ela estava preparada para atirar: dedo no gatilho, mira livre. Os momentos seguintes se passaram em câmera lenta na cabeça de Peeta. Prim estava prestes a apertar quando sentiu mãos sobre as suas e viu o garoto loiro que gritou um “não”.

Ele tentou tirar a mão de Prim do gatilho, entretanto, aconteceu o que não queria: a arma disparou.

E atingiu alguém.

Snow.