Let it be

Nunca mais vou comer antes de dormir!


Era o Bruno! O Bruno, o garoto mais lindo da face da terra, a minha maior paixão desde que eu tenho 10 anos! Ele estava bem aqui, agora, na minha frente, falando comigo.

– Você é muito engraçada, Alice. – disse, sorrindo. Chamem os paramédicos, estou ficando sem fôlego!

– Ah, é? Faço sem querer. – Cara, eu sou muito retardada.

– Quer dar uma volta? Está sozinha?

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– To sim, vamos.

Fomos andando pelo shopping, ele perguntou como estava a escola, eu respondi “ah, tudo normal”, perguntou se estou achando o primeiro ano do ensino médio muito difícil, eu respondi “sim, mal tenho tempo para respirar” e etc. Nós estudávamos na mesma escola. Quando eu estava no oitavo ano ele cursava o pré, que é o terceiro ano do ensino médio. Agora faz faculdade de engenharia civil! Além de lindo é inteligente, meu Deus. Estou tão apaixonada! Tudo bem que eu tenho quinze anos e o Bruno vinte, mas nem é tanta diferença de idade assim! Ouvi alguém gritar meu nome. Existem muitas Alices, então ignorei. Senti alguém puxar meu cabelo. Virei-me esperando ver o Chris Hemsworth, mas só era a Melissa. Eu sabia que tinha esquecido de alguma coisa.

– O que você quer? – sussurrei. Ela me puxou, eu sinalizei para o Bruno esperar um pouco.

– Você me abandonou!

– Eu estou ocupada agora! Vai, fica andando por aí e depois a gente se encontra.

– Tudo bem, mas depois você vai ter que me explicar tudo. Começando por esse garoto aí. E também a maluquice de você ficar falando com duendes!

– Certo, certo, agora tchau.

Andei até onde o Bruno estava: Me esperando sentado em um banquinho. Sorri para ele, que sorriu de volta. Eu já ia avisar que ele não podia mais sorrir para mim, caso contrário eu desmaiaria, mas seu telefone tocou. Ele atendeu e pediu licença. Aí eu que me sentei enquanto ele falava no celular. Quando o Bruno voltou disse que tinha ocorrido um “probleminha” em casa e precisava voltar agora mesmo. Não quis me fazer de intrometida e perguntar o que foi, porém curiosidade eu tive.

– Ta tudo bem. Vai lá.

– Olha, anota meu número no seu telefone. E me diz o seu para eu anotar também. Faz um tempão que a gente não se via, não quero que aconteça de novo. Gosto muito de você, Alice.

– Eu também. – sorri debilmente. Provavelmente eu ia pensar naquelas quatro palavras pelo resto do ano. “Gosto muito de você”. Anotamos o número um do outro, e ele me deu um beijinho na bochecha quando estávamos nos despedindo. Deitei-me no banco do shopping, rindo. Depois que caí do banco, me levantei e joguei os cabelos para trás. Esperava que ninguém tivesse visto a cena.

Sai caminhando como uma modelo na passarela. Tive vontade de dançar, então dancei. Aí eu tive vontade de cantar, então cantei. Quando dei por mim, estava em cima de uma mesa na praça de alimentação cantando “Gasoline” da Britney Spears. Praticamente todo mundo parou o que estava fazendo e olhou para mim. Fiz uma pequena reverência e desci da mesa. Liguei para a Melissa.

– Mel, cadê você? Quero ir para casa.

– A gente chegou faz nem uma hora! Onde você está?

– Na praça de alimentação. Em frente ao bob’s.

– Me espera aí, tô pertinho. O que houve com o boy magia?

– Hahaha. O boy magia é meu, então tira o olho. Você está estritamente proibida de falar com ele, olhar para ele, ou até pensar nele. Mas, de qualquer forma, o Bruno já foi. Vem logoooo.

Fiz uma voz do tipo “menina mimada de 12 anos”, como se estivesse choramingando. Em poucos minutos a Melissa me encontrou e fomos para a casa. Para minha casa. A folgada estava deitada na minha poltrona de massagem, me perturbando. Porque ainda ando com a Mel se eu odeio ela? Preciso de alguém para me dar conselhos, me ajudar a escolher minhas roupas, me bajular.

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Quando chutei minha “amiga” para fora, liguei o rádio no máximo de volume e deitei para dormir. Minha barriga estava roncando quase mais alto que o som, então eu resolvi fazer um lanchinho antes. Fui até a geladeira e peguei presunto, requeijão, geleia, queijo, tomate, alface e catchup. Na despensa peguei um pão de fazer hambúrguer, aqueles com gergelim, e enfiei (não literalmente) todos os ingredientes dentro dele. Não bebi nada, porque estou de dieta. Depois, finalmente, cai no sono.

Tive um sonho terrível. Eu estava vestida de noiva, com meus cabelos compridos enrolados em lindos cachos, e o Bruno estava com um terno azul, divando totalmente. Era nosso casamento! Certo, qual o problema nisso? Bom, eu estava com uma barriga enorme. Grá-vi-da. Casando, grávida. E jovem. Cai da cama, e gritei desesperada. Dizem que comer antes de dormir dá pesadelos. Ótimo, agora está comprovado.