Talvez, só talvez, eu deveria ter ido para a aula de Snape, mas ver a cara feia dele só pioraria meu humor que já estava perto do de um enterro.

Hagrid! Por que ele? Não podia ser ele! Tudo bem que ele tinha uma notória fixação por monstros (alguém lembra do Fofo?), mas daí soltar um para machucar os outros não parecia algo que Hagrid faria.

... A não ser que ele realmente acreditava que seu "bichinho" era inocente. É, podia ser isso.

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Ou não!– Minha parte racional dizia.

Ou sim!– Meu coração rebatia mostrando a língua.

Suspiro afastando meu rosto do travesseiro. Sentado olho pelo dormitório. As camas dispostas bem afastadas umas das outras com lençóis vermelhos e cortinas, o chão de madeira "decorado" com algumas poucas roupas jogadas, malões e baús abertos e bagunçados, livros colocados de uma forma que não atrapalhassem nas mesas de estudo, com toalhas estendidas nas cadeiras para secar. Nesse dormitório era possível que eu fosse o mais organizado, talvez empatando com Neville, assim como Rony podia empatar com Simas que parecia (des)organizar suas coisas como se elas tivesse explodido de onde realmente deveriam estar.

Eu tinha algumas opções do que fazer. A primeira era ir para a sala de Snape e receber os ultimo vinte minutos de aula... Não. Podia também ir para o salão principal e jantar antes, ou ir dar uma volta pelo castelo, talvez conversar com Sirius pelo espelho mágico - ele não se importaria em saber que eu faltei uma aula, principalmente a do Snape - ou ir visitar Hagrid.

Estupidamente, eu estava com medo de ir visitar Hagrid. Não por achar que ele faria algum mal para mim, mas por simplesmente não saber como encara-lo. Era bem possível que enquanto eu tomava chá acabasse por jogar a merda toda no ventilador e acusa-lo de alguma coisa que um diário falante disse. Não, melhor não.

Desconsiderando qualquer uma das opções que provavelmente meu pai escolheria (ajudar os Weasley em alguma pegadinha ou chamar Gina para explorar a Floresta Proibida) decido simplesmente ler.

Como parte do curso para auror eu era obrigado a ler muito para reunir informações que fortaleceriam minha mente, assim como praticar exercícios físicos e de respiração e meditação, mas alguns dos livros que meus professores me indicavam eram realmente interessantes. Eles me passavam uma lista de títulos e sinopses, eu escolhia e eles me traziam, na ultima vez eu escolhi três.

O primeiro era a biografia de Godric Grifinória, o segundo era um livro de ficção escrito por Rowena Corvinal que tinha como personagem principal um jovem inspirado em Godric, e fiz questão de pedir um exemplar para mundo ultimo. "Duelos de Grifinória" era um livro escrito pelo próprio que contava seus principais duelos! Era perfeito! Contava detalhes das lutas, além dos motivos dos desentendimentos e o que ele pensava na hora. Se meu patrono era metade do que narrava esses três livros, eu estava feliz por meu pai - padrinho, meu padrinho... Ah, foda-se - ter me viciado em coisa grifinórescas.

Eu já tinha lido inteiro e relido algumas partes do de Duelos, estava na metade da Biografia. Mas dês do meu "passeio" com Tom eu havia começado a ler o livro de Rowena.

Sirius sempre me impeliu a ler, tínhamos estantes cheias de livros em casa - que ele tinha lido todos - e me dava alguns especiais que comprava especialmente para mim. Normalmente eram livros não muito longos sobre ficção ou quadrinhos (em inglês, para que eu não enferrujasse na língua), lembro de um dos meus primeiros livros falava sobre um monte de bichos nojentos - acho que esse era o nome do livro, Bichos Nojentos - e eu era fã dos livros dos Karas. Mas de todos os livros que já li, sobre ficção, o O Leonino de Bretão era o meu favorito. Eu também pediria um exemplar desse, mas na primeira vez que falei com Sirius depois de começar a lê-lo ele riu e disse que só em casa tinha dois exemplares (um mais novo em inglês e outro na língua original, a que Rowena escrevia). Eu deveria ter imaginado.

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E aqui estou, lendo um capítulo onde Meliodas (o jovem bruxo de ombros largos e cabelos loiros, que fora inspirado em Grifinória) libertara um dragão no decorrer de uma busca por sete relíquias mágicas.

Logo eu teria que sair e jantar, para depois ir para o curso, porém até lá continuaria na companhia de Meliodas.

Depois de alguns momentos com O Leonino eu tive que sair do dormitório. Fui um dos últimos a chegar ao Salão Principal, como não tinha muito tempo, apenas peguei dois pedaços de pão e recheei com um pouco de creme de milho e carne desfiada. Uma delícia, só que fez Hermione discursar como eu precisava comer melhor.

Vou correndo para a sala do curso, era perto então logo chego. Abro a porta e encontro Tonks e John conversando, minha professora colorida estava sentada na mesa. Adoro essa sala. Ela era comprida o bastante para que eu treinasse duelos contra os dois ao mesmo tempo, comigo entre eles. O chão e paredes de pedra eram bons para que eu não tropeçasse ou escorregasse, a única mesa na sala era a que estava perto da janela, no lado oposto da porta, ela era comprida o bastante para que John e Tonks se sentassem lado a lado e eu na frente deles - sim, nós três usávamos a mesma mesa, não era como se escrevêssemos muito. A parede da janela era completamente coberta de armários emoldurando a janela, e nesses armários se encontrava guardadas algumas almofadas usadas para sentarmos para meditar, ou amortecer alguma queda graças a algum feitiço. A sala era iluminada por uma grande luminária de ferro e dois abajures na mesa. Diferente da ultima vez que estive aqui, agora ela contava com um armário fino com duas portas do lado da sala.

— Cheguei — Anúncio.

— Atrasado como sempre. — John me repreende andando até mim e arrumando minha gravata. Nada como um professor metrossexual para me manter sempre arrumado.

— Mas agora ele está aqui! — Tonks diz. Hoje o cabelo dela estava em uns sete tons diferentes de Amarelo — E eu estou com medo no que vai dar hoje.

— Como assim? — Pergunto.

John faz uma careta feia para minha professora. Entendam que John era o superior da Tonks, se ela colocava uma roupa feia ou fazia uma crítica ao ministro, era ele que a repreendia. Então, se a roupa de Tonks estava legal, ela devia ter falado algo errado.

— Você respondeu as questões que passamos ontem? — Ele pergunta sem me responder.

— Sim... — respondo incerto.

— Então, hoje será um exercício prático contra bichos papões. — John explica.

— Ta... Mas eu achei que já tínhamos terminado a matéria do primeiro semestre do terceiro ano. — Digo.

Bicho papões era uma matéria fácil na teoria, não parecia difícil, mas por algum motivo tínhamos pulado o treino prático e seguido com matérias relacionadas.

— Sim, mas na época que ensinamos isso, não conseguimos achar nenhum bicho papão para treinar. — John esclarece — Então, Harry, o que é um bicho papão?

— Um transmorfo que consegue saber qual nosso maior medo e se transformar nele. — Respondo.

— E como vence-lo?

— Usando o feitiço riddikulus e o transformando em algo que nos faça rir. — Respondo.

— Ótimo, você está sabendo bem o conteúdo. Mas hoje a aula é prática.

— Vou mesmo enfrentar um bicho papão? — pergunto começando a me animar.

— Sim, você vai. — John responde com um sorriso.

— Brilhante, mas por que a Tonks está com medo? — Pergunto e meu professor faz uma careta resmungando alguma coisa para depois perguntar:

— Qual seu maior medo Harry?

Ergo as sobrancelhas - o que nunca é uma boa ideia, pois meus óculos quase sempre caiem quando eu faço isso - meio confuso, que tipo de medo eu poderia ter que assustaria Tonks?

Ah, é. Claro. Voldemort.

— V-você quer dizer que o bicho papão pode se transformar em Voldemort? — Pergunto incrédulo. Já não bastava o pesadelo que as vezes me atormentava, não?

— Sem dizer o nome dele, por favor, obrigada. — Tonks pede sem olhar para mim, continuando a encarar o armário "novo" da sala.

— Se esse for seu maior medo, sim ele pode. — John responde.

Fico em silêncio pasmo. Eu poderia encarar algo que dês de que me conheço por gente eu temia?

Minha mão treme indo em direção ao bolso em que guardava a varinha. Suspiro de olhos fechados e depois olho para John.

— Qual a pronuncia exata do feitiço? — Pergunto.

Ele dá um sorrisinho meio maldoso.

— Apenas diga claramente, reprimindo o sotaque brasileiro. — John aconselha me posicionando de frente ao armário novo.

Minha mente fica em branco quando olho diretamente para o armário. Sinto medo. Medo de encarar algo que só vira em sonhos, medo de saber que eu não estava pronto. Medo de ver o rosto verdadeiro de alguém antes só imaginado - não era possível que um bicho papão só usaria imagens inventadas pela cabeça de uma criança.

"Concentre-se" Ouço... Parecendo vir de muito longe.

Puxo o ar enchendo o peito, depois de meses praticando meditação eu teria que conseguir me concentrar.

— Posicione-se — escuto, era John perto do meu ombro.

Ergo a varinha e minha perna se arrasta um pouco para trás. Equilíbrio.

Algo segura meu ombro e eu me contraio até John dizer perto do meu ouvido:

— E não se esqueça que é apenas um bicho papão.

Percebo apenas o som vindo da varinha de Tonks para abrir o armário e então me concentro nas portas se abrindo.

Primeiramente vejo parte de um manto negro até que ele sai completamente; Alto e careca, de olhos fechados ele sorri.

Paraliso ao vê-lo. Como eu poderia encarar um dos maiores bruxos da história quando não conseguia fazer nada? Como se eu e meus amigos não conseguimos nem descobrir o herdeiro de Sonserina? Eu nem ao menos tinha coragem de perguntar algo a Hagrid ou contar algumas coisas ao Sirius!

Até Dobby, um elfo que eu só vi uma única vez, parecia mais capaz no momento, issovestido com uma fronha de travesseiro.

— Olá, Harry. — Voldemort me cumprimenta abrindo os olhos... Se de alguma forma o bicho papão sabia como ele aparentava, descobriu também que ele ter meus olhos me assustaria ainda mais.

Minha mente se enevoa enquanto ele vem em minha direção. Não me mexo, embora minha varinha continue levantada ela tremia, meus ombros estavam contraídos e meus olhos fechados.

Ele tem meus olhos... Os olhos da minha mãe. — Penso.

O som de seus passos era fraco e se aproximava.

Os olhos... Da minha mãe.

Parou de tremer e por um tempo continuo assim, a respiração lenta e compassada contrastava com a tempestade em meu interior.

Hun, um bicho papão idiota com os olhos da minha mãe...

— RIDDIKULUS!

Lançando o feitiço abro os olhos.

O sorrisinho maléfico de Voldemort some enquanto ele encolhe se transformando em um leãozinho de pelúcia.

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Sem pensar em risos aplico um chute que o joga para dentro do armário com força, as portas se fecham e eu continuo a olhá-las.

John Singh bate palmas, Tonks se mantém de olhos arregalados.

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