Minha parte é simples.

Acender as fogueiras e me manter segura até a volta de Katniss. O plano segue dentro dos conformes. Não há sinal de qualquer outra pessoa no local onde as armadilhas estão armadas.

Eu caminho em direção à segunda fogueira. Acendo-a com um pouco de dificuldade, mas em alguns minutos as chamas tomam corpo e se espalham pelo amontoado de folhas e galhos.

O silencio da floresta é bom. O canto dos pássaros deixa meus ouvidos atentos e quando ouço uma explosão, tenho a certeza de que ela conseguiu.

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Sigo para a segunda parte do plano. Me esconder, mas eventualmente no caminho para uma árvore alta, noto algo se mexendo por entre as folhas de um arbusto. Me assusto, mas quando a pequena lebre balança as orelhas me sinto aliviada. Vou em sua direção. Pisando lentamente no solo quente e molhado da clareira. De repente estou envolvida numa rede pesada. Era uma armadilha. Alguém nos descobriu. Tento de todas as maneiras me livrar das cordas, mas é impossível, então eu grito o mais alto que posso, e quando ouço o canto do Mockingjay, meuS suplícios aumentam. Minha garganta e meus pulmões chamam pelo nome dela na tentativa de avisa-la. Mas eu falho quando noto sua silhueta por entre as árvores.

– Rue! - Katniss exclama ao me ver envolta na rede - Rue! Acalme-se!

Eu tento me controlar e quando finalmente suas mãos me libertam, ela me abraça aliviada. Enquanto ela mantém os braços ao meu redor, eu o vejo agir rapidamente. Katniss percebe meus movimentos e instantaneamente crava uma flecha no peito do garoto dono da armadilha. O som do canção anuncia. Mais um tributo morto.

Ela vira-se para mim, encarando meus olhos dizendo que está tudo bem, mas é tarde.

Algo queima dentro de mim. Quando olho para minhas mãos eu vejo o motivo.

Há uma lança perfurando meu peito.

O olhar de Katniss é exatamente o meu olhar quando vi a garota sendo morta pela teleguiadas. Um olhar de surpresa, medo e dor. Rapidamente o sangue brota do buraco de onde retiro a lança. Depois de um certo momento não sinto mais dor, apenas a falta de forças, fazendo com que eu caia por terra. Katniss, ainda aterrorizada, gentilmente me arruma em seu colo. Vagarosamente eu pergunto.

– Voce explodiu a comida?

– Cada pedaço. - Responde em lágrimas.

Sinto uma lágrima correr em meus olhos.

– Voce tem que vencer Katniss. - Digo apertando sua mão e olhando em seus olhos cinzentos. Ela não responde. Olha para a direção do outro tributo morto.

Não há mais tempo. Sinto minhas mãos formigarem e o gosto de sangue chegar À minha garganta. Então eu peço:

– Cante. Katniss exita, mas eu insisto e de repente eu ouço sua voz me embalar com uma melodia suave.

Uma canção de ninar, que tras em seus versos, palavras aconchegantes. Tudo o que faço é ouvir. Meus olhos estão abertos. Tudo o que vejo são as copas das árvores, balançando pelo vento. Vejo o céu azul e os pássaros voando.

Então me lembro do sonho que tive na noite anterior ao inicio dos jogos. O campo, as flores, a copa das árvores, as pessoas que amo me olhando.

A voz de Katniss lentamente vai se tornando mais baixa e o verde das árvores pouco a pouco vão se tornando menos perceptíveis.

Sinto uma paz. Algo próximo a felicidade.

– Vai ficar tudo bem, eu prometo - Ouço Katniss dizer com os olhos cheios de lágrimas.

Sim, no momento em que tudo torna-se uma claridade ofuscante eu tenho a certeza de que tudo ficará bem, porque nesse instante eu sou um pássaro, e estou voando para aqueles a quem amo. E a música da campina com prados verdejantes é a melodia que me leva de volta pra casa.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.