P. O. V Thalia:

Há pouco mais de dois dias eu voltei da Inglaterra, e agora procurava, freneticamente, por um apartamento para mim — afinal, eu não podia morar com meu irmão caçula para sempre — e por um espaço onde eu pudesse montar meu ateliê.

Quer dizer, onde Annabeth pudesse montar meu ateliê: assim que eu manifestei minha vontade de ter meu próprio ateliê, ela já se animou toda, começou a planejar plantas e mais plantas, decoração de interior e toda essa parafernália arquitetônica.

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E era por esse motivo, que agora eu estava com a loira no banco do carona e minha sobrinha no banco de trás: falar com um corretor de imóveis, amigo de Annie, que sabia dos melhores apartamentos e espaços da região.

— O que estamos fazendo aqui? — perguntei confusa, quando ela me pediu para estacionar em frente à academia.

Será que o corretor era algum miolo mole, rato de academia, que só malhava os braços e tinha as pernas finas, como as de uma garça? No melhor estilo Jonny Bravo de ser...

— Preciso falar com Percy. Volto rapidinho! — Annabeth praticamente pula do carro e entra correndo na academia.

E eu fico a sós com Allegra, que jogava freneticamente no celular, ao mesmo tempo em que praguejava feito uma velha coroca.

— Jogo do Capiroto! — ela atira o celular no banco e cruza os braços.

— Tá jogando o quê, criatura?

— Flappy Bird! — resmunga, fazendo biquinho — Eu não consigo passar dos 13 pontos, eu não consigo nem chegar aos 13 pontos.

Vivia vendo gente reclamando desse jogo, mas nunca tive tempo para tentar jogá-lo e provar a todos que estavam errados e que nem era tão difícil assim. Pelo menos não para mim: Thalia Grace podia não ter sorte alguma no amor, mas no jogo... Nisso ela tinha muita sorte.

— Passa o celular para cá! — peço, e ela rapidamente obedece — Não parece ser tão difícil quanto dizem! — murmuro, e começo a jogar.

Sabem aquele ditado que diz que “O peixe morre pela boca”? Pois então, a peixinha aqui morreu inúmeras vezes naquele maldito jogo, sem sequer chegar perto dos 13 pontos feitos pela peixinha-sobrinha. E quanto mais eu perdia, mais desafios eu criava para mim...

— Dessa vez é oficial: Thalia versus ela mesma! Se eu perder, eu te levo para uma semana de compras em Milão e Tóquio.

Nem preciso mencionar que a Nerd-fashionista, mais conhecida como Allegra Grace, minha sobrinha, adorou ver-me perder a auto-aposta.

— Agora eu vou jogar sério! — bufei irritada.

— Tia, podemos chamar a tia Annie antes? Eu realmente gostaria de almoçar agora!— Allie implora.

— Tudo bem, eu posso jogar no elevador! — concordo e saímos do carro.

Andamos lado a lado até a porta da academia. A mesma era dividida em vários andares: o primeiro era o hall de entrada e recepção, mas também acomodava as salas dos Personal Trainers, do dono — Ares alguma coisa que eu desconheço — e a sala da contabilidade. No segundo andar ficava a área destinada às aulas de dança e algumas lutas marciais; e finalmente no terceiro, a área em que marombados e ratos de academias amavam ficar.

E como de costume, uma música animada tocava por ali, e eu já podia escutá-la no elevador: Sexy Back tocava em alto e bom som, e eu desejei que Justin Timberlake estivesse me esperando assim que a porta do elevador se abrisse.

— Perdi de novo! — gritei, assim que saímos do elevador.

Não sei se fiquei decepcionada por ter perdido ou por Justin não estar ali. A vida era muito bandida, e estava me roubando toda a alegria nos últimos tempos.

— Perdeu o que? E o que fazem aqui?

Por que será que Apolo surge nos momentos menos auspiciosos para a minha pessoa? Será o destino tentando me prevenir de fazer besteiras, ou meu irmão implantou um chip rastreador na filha, que agora anda para cima e para baixo comigo?

— Oi, papai! Acabei de ganhar uma viagem para Milão e Tóquio! — Allegra comenta alegremente.

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— E aí, gente? — Ártemis nos cumprimenta, chegando pelas escadas, com duas amigas a tira-colo. Foquem no seguinte detalhe: ela continuava bonita, mesmo tendo 30 anos e depois de ter subido sabe lá quantos lances de escadas. — MEU AMORZINHO!! — ela exclama, mais alto que a música, quando reconhece minha sobrinha

— Tia Artie! — e as duas se abraçam, como se fossem mãe e filhas que não se vêem há tempos.

Apolo observa àquela cena, e então se vira para mim.

— Ande, abrace-me para que eu me sinta menos carente! — ele abre os braços e eu reviro os olhos.

— Tudo bem que eu vim atrás de uma loira, mas tenho certeza de que não é você, Apolínea! — o empurro para o lado, e entro na enorme sala cheia de aparelhos.

E fui agraciada por uma visão do Elíseos. Estou oficialmente retirando tudo o que eu disse sobre ratos de academia/marombeiros! Nem todos se esquecem de malhar as pernas, e uma boa porcentagem desses são lindos tanto de corpo como de rosto.

Músculos definidos passam por aqui e ali, e alguns até sorriam na minha direção. Eu me sentia uma adolescente virgem, mas nem ligava: era um pedacinho do paraíso ali.

— Aí, tia Thalia perdeu seu auto-desafio no Flappy Bird, e agora ela tem que me levar para... UAU! Quando foi que eu morri e vim parar no paraíso? — e essa é Allegra, cujos olhinhos brilharam ao se deparar com tal cena — Santo Adônis!

Eu tinha a mesma reação que ela, mas a minha era silenciosa.

— Deixa teu pai te ouvir falando assim! — Artie ri — Mas é, uau, é tipo o paraíso mesmo: olhe só aquele ser que eu chamo de namorado! Acho que no fim das contas, sou uma sortuda mesmo.

Olhamos na direção que Ártemis apontava, e suspiramos com a visão privilegiada do bumbum de Órion.

— Gente, por que vocês me abando... Que merda é essa? — Apolo solta suas frangas, quando se depara conosco.

— Puta merda, por que ninguém me trouxe aqui antes? Tia olha só aquele ali! — Allegra aponta para um moreno, que trabalhava os tríceps e os músculos das costas — Meus deuses, que calor! Esse ar ta ligado? Onde é que tem água? — ok, Allie, não exagera.

— Allegra Grace! — Apolo a arranca de suas fantasias adolescentes e lhe tampa os olhos.

— Nãoooo! Fui arrancada do paraíso por um carrasco tirano e cruel! Cadê? Cadê? — ela choraminga, se debatendo nos braços do pai, que a segurava pela cintura.

— Olhem só o que fizeram com o meu bebê, seu bando de pervertidas! — Apolo Juba de Leão resmunga.

— Ah para de graça: você era muito pior na idade dela! Não podia ver o rabo de uma saia, que já ficava todo assanhadinho! — retruco, e volto a observar o moreno lá.

— Não se iluda achando que ele melhorou, pois ele continua do mesmo jeito! — Ártemis para de comer o namorado com os olhos e se vira para Apolo — Ela só está provando que é sua filha, meu amor!

E com isso, senhoras e senhores do júri, eu declaro que esses dois continuam brigados!

— Pois não vai mais! Vamos para casa, agora! — o leãozinho resolve, arrastando a sua filhotinha.

— Não! Eu não quero ir, eu quero ficar com a tia Thalia!! — e só uma pessoa pode ser culpada por Allegra estar chorando e esperneando como uma patricinha/criança mimada.

— Cara, deixa a menina ser feliz! Eu prometi que a levaria para almoçar comigo e com... ANNABETH! — grito, assim que a loira entra em meu campo de visão.

Ela acena assim que me acha e caminha na direção do grupinho... Mas logo é impedida de prosseguir, assim que cruza com o moreno gostosão. O mesmo para de malhar e pula na frente dela, assustando-a. Porém, ela imediatamente se recupera e o abraça, sendo erguida e girada.

E então, eu vejo o rosto do Senhor Gostosão, e eu reconheceria aquela barba cerrada e o sorrisinho torto em qualquer lugar.

— Di Angelo? — engasgo: eu dissera que ele havia crescido, mas não pensara que seria fisicamente comprovado.

— Chamou? — uma das amigas de Artie pergunta.

— Pera, o que meu professor ta fazendo aqui? — Allegra para de se debater.

— Ora, ora, Grace! Vejo que já melhorou... — Nico se aproxima sorridente, caminhando ao lado de Annabeth.

— Opa, pera: você reconhece meu irmãozinho e não me reconhece? — a amiga de Artie se posiciona ao lado do moreno.

— Irm... Bianca? — só existe uma academia em toda Nova York, e todo mundo resolveu malhar nela?

— Eu mesma! Mudei tanto assim, Thalia? — ela sorri da mesma forma que sorria quando éramos criança e Nico e eu perguntávamos algo idiota.

— O que ta acontecendo? Eu quero ver! — Allie volta a se agitar e a bater no braço do pai, para que ele a solte.

— Allie, o que você ta fazendo, bambina? — Nico se inclina para ela.

E foi a minha vez de ficar confusa! Como assim os dois ainda se falavam normalmente? Como assim ele era professor dela? Por quanto tempo eu estive fora mesmo?

— Eu estava vendo esses senhores bonitos malhando, mas meu pai não gostou muito! Ah, ciao, tio Nico! — minha sobrinha responde, um pouco mais calma

Ciao, ragazza! — ele ri — Vocês se parecem muito! — e comenta, como se não estivéssemos cercados de amigos malucos.

— É, ela é minha sobrinha! — nossa, sério Thalia? Jura que ele não sabia?!

— E sou invejada porque tenho aula com um cara muito lindo! — ela grita descontrolada.

— Allegra, vamos ter uma séria conversa quando chegarmos em casa... — Apolo decide, como se ele realmente fosse castigá-la por ser como ele...

— Desculpa, papaizinho! — e Allegra responde, com a voz mais fofa que ela pode encontrar em seu arsenal de chantagem.

— Sem essa de desculpa papaizinho!

— O que essa menina comeu no café da manhã? — Nico pergunta, e eu sou incapaz de responder.

Por que ele ainda continuava sem camisa? Por que músculos tão perfeitos? E aquelas pernas: como um homem poderia ter pernas tão belas? Por que ele continuava sendo lindo por ali? E por que Annabeth tinha que lhe responder alguma coisa e lhe dar um tapa no tanquinho?

Tanquinho o caramba: aquele abdômen era tão definido, que deveria subir de categoria e ser nomeado máquina de lavar super potente. Eu lavaria roupa ali.

—Thalia?

— Hum... O quê? — desperto de minha lavação de roupa imaginária.

— Temos que ir: precisamos almoçar antes de nos encontrarmos com o corretor! — Annabeth me dá a pior notícia do mundo.

Entretanto, meu querido irmão adorou a deixa. Animadamente, ele se despede de todos ali — exceto a Artie: para essa, ele apenas deu um tchauzinho e ela revirou os olhos — e saiu arrastando a filha para o elevador.

E eu estava prestes a segui-lo, quando um surto de puro narcisismo e vontade de dar a volta por cima, me fez parar e jogar uma carta exageradamente perigosa, mas no meu melhor estilo de sempre.

— Deveríamos sair um dia desses... Para lembrar os velhos tempos! — tinha consciência de meus olhos cerrados, encarando-o em sinal de puro desafio.

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Um silêncio tenso nos cercou, e todos esperaram para ver sua reação — até Apolo, que destampou os olhos de Allegra —, que foi abrir o mais deslumbrante de todos os sorrisos, antes de se aproximar de mim.

— Eu adoraria, Grace! — ele finaliza, depositando um beijo em meu rosto.