Worse Than Nicotine

Sweet Innocence


P. O. V Thalia:

Foi o inferno na Terra! Meus irmãos — Jason acabara de chegar em casa, provavelmente alertado por Apolo — e meu pai subiram correndo, a tempo de ver Nico ter um acesso de fúria. Ele gritava em italiano, mas era possível entender algumas palavras. Em suma, ele gritava sobre não poder confiar em ninguém e algo sobre a irmã ser estúpida.

— Alguém tá entendendo alguma coisa? — Apolo pergunta, chocado — Ele podia vir com a tecla SAP.

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— Bom, senhor poeta, parece que você e Jason não são os únicos irmãos cuja irmã teve a intimidade exposta na internet! — suspiro, escondendo-me atrás da porta: seria traumatizante vê-los no momento, vestindo apenas lingerie. Além de constrangedor: ninguém quer que o pai te veja de sutiã e calcinha... Não que Zeus já não tenha me visto: ele provavelmente acompanhava minha carreira.

Escorreguei para dentro do closet, agradecendo por ter esquecido algumas roupas ali: vesti um jeans escuro e um suéter — que, se não me engano, um dia foi de Nico — o mais rápido que pude, tentando não cair e continuar a prestar atenção em Nico. Calcei um par de sapatilhas, sem sequer notar se ambas eram do mesmo par e voltei para o quarto.

— Ei, aonde pensa que vai? — pergunto, vendo-o vestir sua jaqueta sobre o suéter creme.

— Falar com minha irmã! — e ele sai, disparado como a bola de um canhão.

Corri atrás dele, descendo os degraus sem realmente vê-los. Pude ouvir alguém falar algo para mim, mas simplesmente ignorei. Meus problemas pareciam tão menores agora, cair da escada também não parecia ser algo que me importasse.

— Você não pode, e nem vai, dirigir nesse estado! — joguei-me entre Nico e o carro, conseguindo arrancar as chaves de sua mão.

O olhar que me lançou mostrava que ele estava prestes a discutir feio comigo, como se me alertasse que podia fazer isso, mas não queria se sentir obrigado a fazer. Sustentei seu olhar, mostrando mais coragem do que de fato tinha: além da lerdeza, força era outra característica da família dele.

Balançando negativamente a cabeça e dando um longo suspiro, ele desiste de qualquer plano e segue para o lado do carona, jogando a chave do carro. Abro as portas, sentando-me atrás do volante, assistindo-o sentar-se no banco do carona e abraçar os joelhos automaticamente. Estalava os dedos como quem se prepara para uma luta.

— Para onde? — pergunto, guiando o carro para longe da enorme casa.

— Departamento de Polícia de Nova York. Divisão de Homicídios.

P. O. V Autora:

A divisão de homicídios estava ligeiramente calma para uma sexta-feira. Calma ao ponto da Tenente Nightshade estar, junto a detetive di Angelo, no gabinete do capitão Heracles Hastings. E a partida de dominó só fora interrompida pela necessidade de dar um telefonema.

— Senhorita Mesiac, não é porque seu namorado é membro honorário do grupo de legista, que a senhorita pode levar provas para casa e dividi-las com ele. Temos nosso próprio laboratório, que...

— Está demorando muito para me dar os resultados. Tanta demora me incomoda, e eu quero outra avaliação: meus instintos me dizem para não confiar inteiramente na equipe do laboratório.

— Ártemis, você não é paga pelos seus instintos. — Zöe retruca.

— Mas foram eles quem nos ajudaram a resolver muitos casos.

— Quer vir até aqui me dar uma explicação plausível?

— Não, eu não quero, Heracles! Não quero, não posso e não irei! É meu dia de folga, minha filha está aqui, e se não confiam em alguém que os ajudou tanto, então procurem outro legista! — e para a surpresa de todos, Ártemis desliga.

Não era do feitio dela fazer esse tipo de coisa: surtar porque duvidavam de seus instintos ou opiniões; pelo contrário: quando — ou melhor, se — acontecia, ela focava-se ainda mais no trabalho e apenas descansava quando provava a todos que estava certa.

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— Por que sinto que há algo errado com sua prima? — Heracles pergunta, virando-se para Zöe.

— A pergunta não é porque, mas sim o que. O que há de errado com essa mulher? — Bianca se pergunta.

— Seja lá quem for essa mulher, eu não sei. Agora, comigo, é certamente a falta que sinto de você! — e a italiana é erguida por braços magros, porém firmes.

Olhos azuis claros a admiravam, antes que seus lábios fossem tomados pelos deles. Estavam juntos há pouco tempo — se conheceram há oito meses, quando ela o salvou de um assalto, e começaram a namorar pouco tempo depois —, mas raramente se viam: ele vivia mais na ponte aérea do que no próprio apartamento. Momentos como aqueles eram, além de raros, preciosos.

— Sentiu minha falta? — ele pergunta, sorrindo.

— Não acredito que tentei te impedir de vir até aqui! Por favor, vá em frente e siga seu destino. — uma voz ácida impede que Bianca responda.

E, é claro, o loiro reconhece a voz e se separa da detetive, incrédulo. O que Thalia fazia em Nova York?!

— O que estão fazendo aqui? — Bianca pergunta, entrando na frente do namorado, dirigindo-se ao irmão.

— Cometer um assassinato e, aproveitando que estou na divisão de homicídios, me entregar de uma vez! — Nico responde, provocando um arrepio de medo na irmã, e em todos ali. O rapaz soava friamente sério.

— De novo essa história? — a garota suspira — Nico, eu gosto de Luke, ok? Supere isso! — ela revira os olhos, cansada daquela situação recorrente.

— Já superei muita estupidez sua, sorella! O que não supero é esse bastardo e todas as nojeiras que ele fez! — o italiano aponta para o loiro, cuja expressão era idêntica a de quem caminha para a forca

— Por falar nisso, me lembre de tomar banho com creolina: acho que ainda dá tempo de desinfetar. — Thalia comenta, sentada ali perto, com os pés pendurados em uma das mesas — Se bem que ele era to ruim, que talvez eu já tenha feito isso e não lembre...

— Ruim? Eu? Ruim? — Luke explode, inclinando-se na direção da voz de Thalia, dando uma risada de desdém — E todos aqueles gritos? Todos os ge...

— Nunca ouviu falar de que minha família é talentosa? Um dos meus muitos talentos é fingir orgasmos, e eu atuei muito bem com você! — a modelo diz, fingindo uma atenção absurda às unhas da mão.

— Mas você disse que estava...

— Apaixonada? Bom, talvez... Paixão é algo efêmero, e seu cérebro é algo interessante, mas seu corpo... Jamais será: conheço um muito melhor! — e, então, a modelo lança um olhar lascivo para o amigo.

— Sua vadia de... — mas antes que Luke pudesse terminar seu xingamento, leva um tapa no rosto, tão forte que ecoa por toda a jurisdição.

— Sempre soube que todas aquelas viagens não eram à toa...

— Ah não me vá dizer que está acreditando neles? — o loiro bufa, tentando manter a compostura — Bianca, quantas vezes terei que te dizer que eu viajo a trabalho?

— Realmente, ele viajava a trabalho de vagabundo... Ah, e de cameraman de sextapes.

O choque tomou conta de todos os que estavam naquela sala, ao ouvirem o que Thalia disse. Até mesmo Nico se sentiu um pouco confuso: ela não deveria estar... Triste? Ou a humilhação se transformara em ódio puro? E como Luke ainda queria se defender, após a discussão?

— Aliás, Bianca, sua atuação estava louvável! — e Thalia põe a cereja sobre o bolo.

Julgando pela expressão assassina que Bianca tinha, talvez Nico acabasse viúvo antes mesmo de namorar oficialmente ou casa, mas a italiana surpreendeu a todos: deu dois passos, como se estivesse preparada para atacar Thalia, mas no último momento ela lança seu cotovelo contra o abdômen de Luke, e se vira para chutá-lo entre as pernas, derrubando-o no chão.

E o caos tomou conta da divisão de homicídios quando a jovem detetive saca sua arma e a aponta para o sujeito no chão, engatilhando-a rapidamente. Nico corre para impedir que a irmã faça alguma estupidez, mas é Zöe quem realmente salva o dia ao se jogar contra a amiga, derrubando-a no chão e arrancando a arma de suas mãos.

— Você está louca? Se matá-lo vai perder tudo: distintivo, arma, liberdade e identidade. — a Tentente grita, ao mesmo tempo em que o próprio Capitão algema o loiro e o tira dali — Confie na instituição a que serve: nós traremos justiça para vocês!

As palavras da amiga, aos poucos, fazem sentido para a garota. O catalisador de tanta raiva já fora levado para a jurisdição de crimes cibernéticos, aliviando a tensão naquela sala. As amigas se levantam; Bianca mal olha para o irmão, este que parecia pronto para falar algo, apenas sai e desce a escada que a levaria à academia no subsolo da delegacia.

— Ela, provavelmente, vai destruir aquele saco de areia. — Zöe murmura, como se pedisse desculpas pelo comportamento da garota. — Se nenhuma tragédia ocorrer hoje, eu a levo para casa assim que ela se acalmar. — e então segue na mesma direção que Bianca, deixando o futuro cineasta e a renomada modelo a sós.

Negro e azul se cruzaram, como se perguntassem o que fariam a seguir. Como lidariam com tudo?

— Vamos para casa! — a garota diz, dando a mão ao amigo.

O italiano se pergunta a qual coisa ela se referia: a sua ou a dela? E também questionava sobre quem precisava de mais cuidados.

Mas todas as perguntas permaneceram no fundo de sua garganta, quando passaram pela outra jurisdição e ouviram um questionamento duvidoso:

— Se eu queria manter minhas relações, por que me arriscaria com algo que me exporia? Sou tão vitima quanto elas. — Luke se defendia da melhor forma que podia.

Todo cidadão é inocente até que se prove o contrário, mas o quão inocente ele poderia ser?