Frozen 2 - Faces de um Espelho

Capítulo IV - Intriga


A viagem de navio é calma. Anna está observando a paisagem do mar, um sorriso estampado no rosto. Respira fundo, com um sorriso no rosto... sobe na beirada e abre os braços, fechando os olhos. Sente o sol e o vento em seu corpo, enquanto se maravilha com a delícia que é navegar... quase pode ouvir uma música de fundo tocando, falando sobre como seu coração sempre vai seguir em frente...

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– Anna?

Quando ouve isso, Anna abre os olhos e, se desconcentrando, perde o equilíbrio. Cambaleia por alguns segundos tensos, quase caindo pra fora do navio, quando Elsa surge a seu lado e segura sua mão, fazendo-a voltar em segurança ao convés.

– Você ficou maluca? O que estava fazendo? - pergunta Elsa, preocupada

– Ah... nada. Só... parecia uma boa ideia - Anna diz, meio sem graça

– Você quase caiu. Não faça mais isso, Anna. Ou vou ter que ficar de olho em você a viagem inteira?

Enquanto Elsa discute com Anna, escondidos entre sacos de batata, os bracinhos finos de Olaf cobriam a boca de Kristoff.

– Ei, ei, ei. Quer estragar tudo? - diz ele

– A Anna quase caiu. Não foi por isso que eu vim? Pra salvar ela dos iminentes perigos? - pergunta Kristoff

– Isso até pode ser, mas ela já está segura. - diz Olaf - E se você se deixar revelar, vai ter que explicar por que está aqui... e a Anna vai ficar brava.

– Tsk... estou começando a achar que essa não foi uma boa ideia - resmunga Kristoff

– Ora, foi uma ótima ideia O que pode dar errado?

Logo após Olaf falar isso, o monte de batatas bufa.

– Calma, Sven. Assim que chegarmos em terra, você pode respirar de novo. - diz Kristoff - Você é um teimoso, deveria ter ficado em Arendelle.

– Mas eu não podia deixar você ir sozinho, você pode precisar de minha ajuda! - responde Kristoff, falando como se fosse Sven

– Sei, sei... só não vá...

Quando Kristoff diz isso, todos ouvem um barulho de vômito bem alto. Anna está apoiada na beirada do navio, despejando todo o conteúdo de seu café da manhã no mar.

– ...enjoar. - completa Kristoff

*

Após muitos contratempos, a viagem finalmente termina. O navio de Arendelle chega no território real das Ilhas do Sul, durante a noite. Elsa e Anna são recebidas por uma bela comitiva, que as leva de carruagem até o palácio da família real das Ilhas do Sul. Olaf, Kristoff e Sven os seguem pelo caminho, discretamente, até o momento que chegam no palácio.

Elsa suspira, na porta do palácio.

– Como nós combinamos, Anna. Deixe que eu lide com eles. - diz Elsa

– Está certo, eu entendi. Por que está falando isso, acha que vou abrir a boca e estragar tudo?

Elsa tem vontade de responder “sim”, mas decide não dizer nada. Então, caminha com dignidade pelo palácio, seguida por Anna, que tenta manter a compostura, sem tantos resultados.

Até que chegam à sala do trono. Lá está toda a família real das Ilhas do Sul... e realmente, são MUITOS irmãos. Além de Hans e de Adrian, também havia mais onze irmãos. Porém, Anna notou que todos ali eram velhos ou feios, embora Adrian fosse o mais velho e feio de todos... nenhum deles possuía a beleza e o charme de Hans, que estava de pé ao lado deles, se recusando a encarar as visitantes.

E, no trono, estava um homem magro e inexpressivo, de idade já avançada, mas que parecia ter sido muito atraente em sua juventude, provavelmente a quem Hans puxou sua aparência cativante. Estava vestido em vestes ricas e impecáveis, uma grande coroa brilhando em sua cabeça. O rei Kai, das Ilha do Sul.

E de pé ao seu lado, vestida em mantos negros, sorrindo ao ver as visitantes... Lady Hela.

– Sejam bem-vindas... Rainha das Neves Elsa, e princesa Anna, de Arendelle. - diz o rei, com voz rouca - É uma honra recebê-las nas Ilhas do Sul.

– Viemos para o casamento do príncipe Adrian. E para lidar com um certo problema diplomático. - diz Elsa, com voz educada, mas ainda assim firme

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– Ah, sim. - diz o rei, inexpressivo - Eu certamente tive uma ideia infeliz ao mandar a vergonha de nosso reino para o aniversário de sua Alteza, princesa Anna.

Anna nota que, ao ouvir essas palavras, Hans aperta o punho com força, a ponto de ele estremecer.

– Foi uma ideia infeliz, sua Majestade rei Kai das Ilhas do Sul. - diz Elsa - Por pouco, não considerei tal ato um insulto. Porém, em nome da relação que há entre nossos reinos, decidi comparecer pessoalmente para a resolução desse problema.

Lady Hela sorri maliciosa, provavelmente por saber que Elsa estava mentindo.

– Eu desejava mostrar-lhes que o pequeno rufião que lhes fez mal está completamente domado. Como um cão na coleira. Peço sinceras desculpas se o ato lhes ofendeu.

Anna nota que tais humilhações realmente transtornavam Hans, que agora encarava os próprios pés, aparentemente cheio de vontade de dirigir o olhar de ódio para seu pai. E... a maioria dos príncipes parecia dar um meio riso ao ouvir isso.

Anna percebe o que estava começando a sentir, e repete baixinho pra si mesma “Não sinta pena dele, não sinta pena dele...”

– Não discutamos mais isso. - diz Elsa, que embora tenha se sentido realmente ofendida, queria que a audiência acabasse o mais cedo possível - O passado está no passado. Coloquemos nossas vistas no futuro. No casamento de sua Alteza, o príncipe Adrian.

– Ah, sim. Meu herdeiro, que fará do reino das Ilhas do Sul um lugar ainda mais próspero. - ao ouvir isso, o príncipe Adrian estufa o peito (ou a pança), orgulhoso

– E será uma honra assistir tal união. - diz Elsa

– Majestade... - diz Lady Hela - Nossas convidadas devem estar cansadas da longa viagem. Suponho que seja indelicado mantê-las ainda mais.

– Ah... tem razão. - diz o rei, tocando uma sineta, ao que surgem dois servos - Mostrem a nossas convidadas seus reais aposentos.

Elsa e Anna se curvam graciosamente (Anna nem tanto), e seguem os servos até seus quartos. Soberbos e magníficos, não deixam nada a desejar.

– Bom... por quanto tempo mais teremos que aguentar isso? - pergunta Anna, assim que os servos saem

– Conversarei com Lady Hela logo. - diz Elsa - O casamento está marcado para daqui a dois dias: amanhã, irei investigar tudo que puder sobre a origem de minha mágica.

– Investigaremos, você quer dizer. - corrige Anna

– Anna...

– Não comece, Elsa. Se eu vim até aqui, foi pra estar junto de você. Não pode me deixar pra trás sempre. - diz Anna, bufando

– Não... você tem razão, Anna. Porém... com Lady Hela, prefiro lidar sozinha. Ela não é uma pessoa confiável.

– Bom... você que sabe. - Anna se larga em uma das duas camas do grande aposento - Enquanto isso, eu vou... eu vou... - porém, nem termina de falar, e começa a dormir. Realmente, a viagem havia sido muito exaustiva.

Elsa sorri, se inclina para a irmã e lhe dá um beijo na testa, antes de sair do quarto.

– Espero que tenha achado seus aposentos confortáveis. - diz uma voz, logo que Elsa sai do quarto

E lá estava Lady Hela, no corredor, caminhando até Elsa.

– Você estava nos espionando? - pergunta Elsa, a voz tão fria quanto o gelo que conjurava

– É claro que não, sua Majestade. - diz Lady Hela - Apenas... pressenti que gostaria de falar comigo o mais cedo possível.

– E pressentiu certo. - diz Elsa - Estou aqui. Agora, me diga como farei para ouvir as tais histórias de que me falou. Você as conhece, não é?

– Sim, certamente... - diz Lady Hela, com um risinho - Mas sua Majestade não confia em mim, não é?

Elsa quase diz “sim”, mas se aguenta.

– Não se preocupe. Eu não a culpo. E justamente por isso... - ela caminha até uma janela - Naquela montanha que você vê, próxima daqui, mora uma velha xamã. Ela conhece toda as histórias das Ilhas do Sul. Pode ouvir coisas interessantes dela.

– E por que eu devo confiar nisso que você diz? - pergunta Elsa

– Talvez não devesse. Mas se fosse o caso... não teria vindo, não é mesmo? - diz Lady Hela - Acredite, uma vez que você encontre a xamã, não duvidará de suas palavras.

– Saiba que se um fio de meu cabelo sequer for alvo de violência ou insulto, Arendelle cortará definitivamente suas ligações com as Ilhas do Sul, não importando que ligações tenhamos. - diz Elsa

– Ora, que palavras cruéis... deveria acreditar em mim quando lhe digo que não lhe desejo mal, sua Majestade. - diz Lady Hela - Mas... se me permite a observação... sua Majestade se referia apenas a si própria. Não pretende levar a princesa Anna?

Elsa parece hesitar. Porém, no momento seguinte diz: - Minhas intenções não são de seu pecúlio, Lady Hela.

– Certamente, certamente... - Lady Hela ri baixinho para si mesma - Bom... se estamos resolvidas, a deixarei descansar. Amanhã será um longo dia, que trará muitas respostas. - então, Lady Hela faz uma reverência e sai

Elsa coloca a mão sobre a testa, suspirando. Então, retorna a seu quarto.

No fundo do corredor, olhos miram o espaço aonde as duas figuras que conversavam estavam.

O brilho de uma adaga reluz sob a luz dos castiçais nas paredes.