¿Que nos está pasando?

Só me falta você.


Junho/2014

German caminhava tranquilamente ao lado de Violetta no shopping. A garota parava em frente de cada loja de celular e analisava os melhores celulares expostos na vitrine. German observou o semblante de Violetta e suspirou.

– Você quer um? – Perguntou tranquilamente. Violetta olhou-o e encolheu os ombros.

– Quero, mas o vovô diz que eu sou muito nova pra ter um celular. Ele diz que na época dele nem existiam essas coisas e ele sobreviveu muito bem sem tudo isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

German soltou um riso anasalado e passou a mão pela cabeça de Violetta.

– Seu avô não está errado – Ele abaixou-se para ficar do tamanho da garota – A vida é muito mais simples sem toda essa bobagem tecnológica, mas, ainda assim, se o mundo caminha desse jeito, a gente vai no embalo – German sorriu sem mostrar os dentes e levantou-se – Vem. Vamos escolher um celular pra você. Mas você tem que me prometer que não vai ficar o tempo inteiro enfiada nele, tudo bem? – Violetta assentiu e sorriu.

Os dois entraram na loja e após meia hora saíram. Violetta tinha um sorriso vivo no rosto e mexia no celular que acabara de ganhar.

– Obrigada, tio German – Violetta olhou-o – Você é o melhor tio do mundo – E abraçou a cintura de German – Amo você – German acariciou a cabeça de Violetta e sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu também amo você – Murmurou. Violetta afastou-se. Sorria vivamente. German apertou a bochecha dela com carinho – Quer almoçar agora? – Violetta assentiu.

Assim que German se virou, deu de cara com Angeles e Diego. Violetta sorriu e abraçou a cintura de Angeles. German cumprimentou Diego com um aceno de cabeça.

– Angie...

– Oi, minha pequena.

– Olha o que eu ganhei – Violetta afastou-se para mostrar o celular.

– Uau, que bonito!

– Sim. O tio German que me deu – Angeles olhou-o rapidamente – Agora eu vou poder ligar pra vocês na hora que eu quiser e você não vai conseguir se afastar de mim – Ela olhou para German – E nem você, mocinho – Ele sorriu discretamente. Violetta olhou para Diego – Oi, Diego – Falou sorridente.

– Pensei que não ia me dar oi, pirralha – Diego ergueu a mão, com a palma aberta, para Violetta bater – Como você está? – Ela bateu na mão dele.

– Estou bem.

– E o seu avô? – Diego perguntou.

A essa altura do campeonato, Angeles tinha mais contato com Miguel do que o próprio German. Diego conhecera Miguel, em um jantar na casa do senhor, e sabia exatamente o que acontecia. Assim como German, ele não concordava com a forma como estavam escondendo a doença de Miguel da Violetta. Mas eles não podiam fazer nada, era uma decisão de Miguel.

– Eu sei que tem algo de errado, mas meu avô insiste em esconder de mim.

Angeles e Diego olharam para German.

– Ele está bem – Murmurou.

– Ei, querem comer com a gente? – Violetta perguntou distraída com o celular.

– Nós já comemos, Vilu – Angeles respondeu calmamente e Violetta olhou-a – Já estávamos indo embora.

– Ah. Tudo bem, Angie – Angeles deu um beijo na testa da garota.

– Depois nos vemos – Encarou German – Até mais, German – Falou baixa e seriamente. German apenas acenou com a cabeça.

– Até mais, Vilu... German... – Diego disse calmamente e afastou-se junto com Angeles.

German reparou nas mãos dadas do casal e suspirou profundamente. Depois, olhou para Violetta e sorriu sem mostrar os dentes.

– Vamos? – Violetta assentiu.

**

Violetta terminou de comer e olhou atentamente para German. O olhar dele estava vago e o pensamento parecia estar distante.

– Você está bem? – Violetta perguntou e German olhou-a.

– Sim – Ele murmurou. A garota suspirou e colocou a mão sobre a dele, que estava em cima da mesa.

– Não fica triste, tio German. Eu sei que você gosta da Angie, mas uma vez o vovô me disse que, quando a gente gosta de alguém, a gente fica feliz pelo simples fato dessa pessoa estar feliz e a Angie está feliz agora – German assentiu.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Eu sei. Não se preocupe comigo, Violetta – Ele murmurou calmamente – Eu estou bem.

– Eu não acredito em você.

German aproximou-se mais à mesa, repousando os antebraços nela, e sorriu sem mostrar os dentes.

– Por que não acredita? – Violetta encolheu os ombros.

– Você estava normal até ver a Angie e o Diego – Ela disse tranquilamente e ele ficou sério – Aí você ficou distraído – Ele recostou-se na cadeira.

– Eu fiquei distraído porque fiquei pensando no seu avô – German tentou explicar-se, mas acabou piorando a situação, pois agora teria que dar explicações sobre Miguel.

– Então, o vovô não está bem mesmo? – Violetta perguntou cabisbaixa e German respirou fundo.

– Violetta, não se preocupe, o seu avô está bem.

A garota bufou e desviou o olhar.

– Eu não sou boba, tio German – Olhou-o – Todo mundo está escondendo alguma coisa de mim. Eu pensei que pelo menos você pudesse ser sincero comigo.

– Eu não posso – Ele murmurou – Não é algo sobre a minha vida, Violetta, é sobre a vida do seu avô, eu não posso me intrometer assim. Olha... – Ele aproximou-se da mesa e passou a mão pela cabeça de Violetta – Às vezes, as pessoas não estão preparadas para determinadas coisas e nós temos que respeitar isto.

– O que quer dizer com isto?

– Eu quero dizer que talvez o seu avô não esteja preparado para te contar o que está acontecendo – German disse calmamente. Violetta assentiu e abaixou a cabeça.

– É muito sério? – Murmurou e encarou German. Ele apenas assentiu e ela abaixou a cabeça.

– Vamos mudar de assunto? – Violetta encarou-o – É melhor!

– Antes, posso perguntar uma coisa sobre o vovô? – German suspirou e assentiu – Por que você e ele são brigados?

– É uma longa história, Violetta.

– Eu tenho tempo.

German sorriu pela forma como ela disse.

– Eu prometo que um dia eu conto toda a história pra você. Mas não agora, tudo bem? – Ela encolheu os ombros.

– Tudo bem, né!? – Disse resignada – Mas foi uma coisa tão complicada pra você não poder perdoar o vovô? – German suspirou pesado e olhou ao redor.

– Na época, foi bem difícil – Olhou para Violetta – Com o passar dos anos, eu aprendi a viver sem o carinho do seu avô e agora eu não preciso mais disso, Violetta.

– Todo mundo precisa, tio German – Ela disse calmamente – Eu sentia falta do carinho de mãe, até conhecer a Angie – German arqueou uma sobrancelha.

– Ela não é sua mãe.

– Eu sei, mas eu sinto que é como se fosse – Violetta sorriu discretamente – A Angie me trata tão bem. Ela me dá bronca quando eu preciso e me dá carinho também. Ultimamente, nós estamos mais próximas, sabia?

– Ah é?

– Sim – Violetta começou a “brincar” com o canudo do copo de refrigerante – A Angie me vê toda semana. Ela e o Diego sempre vão jantar lá em casa ou me levam em algum lugar – Ela disse distraída.

German ficou quieto, mas saber aquilo era estranho. Ele sentiu que estava sendo deixado de lado, agora não apenas por Angeles, mas por Violetta também.

– Você gosta dele? – Ele perguntou baixo e a garota olhou-o.

– Do Diego? – German assentiu – Sim. Ele é legal e engraçado. Ele faz bem pra Angie – Violetta disse tranquilamente, desviou o olhar, encolheu os ombros e olhou-o de novo – Seria legal se você tivesse ficado com ela, mas a Angie me disse o porquê de vocês não terem ficado juntos e eu entendi – German franziu o cenho.

– O que ela disse?

– Ah, ela disse que às vezes o amor não consegue ultrapassar algumas barreiras e que vocês não dariam certo porque são muito diferentes – German assentiu e desviou o olhar. Violetta ficou observando-o – Não vai dizer nada? – Ele encarou-a.

– Ela tem razão – Murmurou.

Violetta revirou os olhos e balançou a cabeça.

– Vocês dois são uns cabeças duras – German arqueou uma sobrancelha – Vocês se amam.

– Um dia você vai entender tudo, Violetta.

– Eu já entendo, tio German – German soltou um risinho anasalado.

– A senhorita acha que entende muita coisa, né!? – Violetta bufou.

– Não é isso... Sei lá... Eu só queria que você fosse feliz.

– Eu sei – German sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão pela cabeça da garota – Mas a gente tem que aceitar que tem coisas que não dão para mudar – Violetta assentiu – Não se preocupe comigo. Eu estou bem – German olhou para o relógio e levantou-se – Vamos? – Violetta levantou-se.

– Vamos.

**

– Olha, vovô... – Violetta sentou-se ao lado do avô, na sala, enquanto German fechava a porta. Miguel pegou o celular – Eu ganhei do tio German.

– Que bonito, Vilu, mas você não vai ficar enfiada nisso o tempo inteiro, né!? – Violetta bufou.

– Não, vovô.

German parou ao lado do sofá e colocou as mãos no bolso. Miguel olhou-o.

– Oi, German – Murmurou. German apenas acenou com a cabeça.

– Eu vou pro meu quarto – Violetta disse rapidamente e depositou um beijo na bochecha de Miguel – Você vem, tio German?

– Vai indo. Eu preciso falar com o seu avô.

Violetta assentiu e foi para o seu quarto. German respirou fundo e sentou-se no sofá.

– O que foi, German? – Miguel perguntou baixo e German olhou-o seriamente.

– Você precisa contar para Violetta – Disse tranquilamente.

– Eu não posso.

– Não é questão de poder, ela tem o direito de saber e se preparar – German balançou a cabeça – Olha como você está... – Respirou fundo – Está fraco. Acha que ela não notou? A Violetta é mais esperta do que nós pensamos – Miguel soltou um risinho anasalado.

– Igual ao pai – Soltou distraidamente e German franziu o cenho.

– Como assim? – Miguel entreabriu a boca.

– Eu quis dizer... Igual ao avô – Ele engoliu em seco – Ela vive há tanto tempo comigo que aprendeu a ser esperta igual a mim – E sorriu.

German balançou a cabeça e desviou o olhar.

– Tem razão – Sorriu sem mostrar os dentes e olhou para Miguel – E, por consideração ao tempo em que ela vive com você, ela tem todo direito de saber.

– Sim, ela tem – O senhor disse baixo e olhou para o chão.

– Pai... – German respirou fundo. Miguel olhou-o e sorriu discretamente – É só contar para ela – German disse calmamente e Miguel ficou sério. Os olhos dele se encheram de água.

– Eu não tenho coragem, German – Ele balbuciou, abaixou a cabeça e iniciou um choro silencioso – Ela vai sofrer.

Pela primeira vez, em muitos anos, German sentira vontade de abraçar o pai, mas ele não sabia como fazê-lo e nem se seria bom fazê-lo. Ele apenas colocou a mão esquerda no ombro de Miguel, que o olhou ternamente.

– Acho que eu preciso da sua ajuda, filho – German engoliu em seco. Ele apertou o ombro do pai e assentiu.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Miguel aproximou-se de German e abraçou-o. German fechou os olhos com força e correspondeu.

– Você é um homem melhor do que eu jamais consegui ser, German. Um dia eu te abandonei e agora você está aqui, do meu lado – Miguel afastou-se e colocou as mãos no rosto de German – Eu te amo, filho – German engoliu em seco, desviou o olhar e levantou-se calmamente.

– Eu te ajudo a contar – Miguel franziu o cenho.

– Agora?

– Nunca vai ter um momento perfeito para isto, pai – Miguel levantou-se – A Violetta vai ficar bem.

– Tudo bem.

Os dois caminharam lado a lado até o quarto de Violetta. A porta estava aberta. German entrou devagar e se sentou na cadeira de escritório, ao lado da cama. Miguel ficou parado na porta. Violetta encarou German e sentou-se na cama. Foi então que viu o avô.

– O que aconteceu? Vocês brigaram de novo? – Miguel entrou lentamente no quarto.

– O seu avô tem uma coisa para te contar – German murmurou.

Miguel sentou-se na cama, ao lado de Violetta e a garota olhou-o. Ela passou a mão no rosto do avô.

– O que é, vovô? – Miguel colocou a mão esquerda na nuca de Violetta, fechou os olhos e beijou a testa da garota – Diz logo, vovô – Violetta pediu.

Miguel afastou-se e olhou-a.

– O vovô está doente – Violetta desviou o olhar.

– Doente pra sempre? Tipo aquelas doenças que não tem cura? – Violetta perguntou baixo e olhou-o.

– Sim. Só que... O vovô não vai viver por muito mais tempo – Miguel disse com cuidado e Violetta franziu o cenho.

– Como assim? – Miguel bufou e olhou para German. Violetta também o fez. German pensou um pouco para falar.

– Violetta, eu quero que você entenda uma coisa – German disse devagar e cautelosamente – Às vezes, é preferível viver os poucos meses que restam com uma boa qualidade de vida, do que sofrer por tentar lutar contra uma doença poderosa como a que o seu avô tem.

– Isto quer dizer que... – Violetta franziu o cenho e encarou Miguel – Você tem poucos meses para viver? – Miguel assentiu.

Violetta olhou para o chão, sem saber o que dizer ou como reagir. Era de se esperar, afinal seria a primeira vez que ela teria uma perda importante na vida. O fato é que, em qualquer circunstância, é difícil você ter uma noção sobre a dimensão de uma perda, até você passar por isto. Após alguns minutos, Violetta encarou Miguel e enxugou o rosto dele.

– Você está com medo, vovô?

– Não, meu anjo – Miguel murmurou.

– Como é a morte? – Violetta perguntou baixo e Miguel entreabriu a boca.

– Não há como saber, Violetta – German interveio e os dois olharam-no – A única coisa que sabemos é que uma hora as pessoas vão embora.

– Para sempre? – German assentiu – E para onde elas vão?

– Ninguém sabe. Algumas pessoas acreditam que a vida acabou no momento em que a pessoa morreu, outras acreditam que existe vida após a morte.

– E no que você acredita? – German respirou fundo.

– Eu acredito que a vida acaba no momento em que a pessoa morre – Violetta assentiu pensativa e encarou Miguel.

– E você, vovô? – Miguel passou a mão pelo cabelo dela.

– Eu acredito que existe algo além da morte – Violetta sorriu.

– Então, depois que você morrer, você vem me visitar? – Miguel abraçou-a e deixou algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

– Não é bem assim, Vilu – Ele disse baixo e engoliu em seco – Na minha crença, – Afastou-se para olhá-la – as pessoas morrem e vão para um lugar onde possam refletir sobre todas as coisas boas e ruins que fizeram na vida e onde possam ser perdoadas. Desse lugar, eu olharei por você e ficarei ao seu lado sempre, mas você não vai poder me ver.

– E como eu vou saber que você está do meu lado? – Miguel sorriu discretamente.

– Você vai sentir!

**

German franziu o cenho ao abrir a porta da casa de seu pai e se deparar com Angeles.

– Oi – Angeles sorriu. Sem querer, German abriu um sorriso abobado. Os dois ficaram se encarando por um tempo, até Angeles cortar o silêncio – Posso entrar? – German caiu em si e deu espaço para ela entrar.

– O que faz aqui? – Ele perguntou calmamente.

– Seu pai me convidou para jantar – Ela entrou na casa. Ele fechou a porta e virou-se para ela – E me pediu para ficar com a Violetta hoje – German repousou as mãos no bolso e assentiu pensativo.

– Posso perguntar uma coisa? Não me leve a mal, tudo bem? – Angeles assentiu – Por que você cuida da Violetta como se fosse sua filha? – Ele perguntou calmamente e Angeles arqueou uma sobrancelha.

– Porque eu gosto da Vilu como se fosse minha filha.

– Eu sei – Ele murmurou e sorriu sem mostrar os dentes – Você já mostrou isto várias vezes. É que... Você tomou uma responsabilidade grande para si.

– Eu gosto de desafios – Angeles brincou.

– Isto não é brincadeira, Angeles.

– Se eu ganhasse dinheiro a cada vez que eu te escuto dizendo isto, provavelmente eu estaria rica.

German sorriu discretamente, abaixou a cabeça e passou a mão pelo queixo. Angeles sorriu do modo como ele quis esconder o sorriso. Ele ergueu a cabeça e os dois se encararam. Ficaram sérios aos poucos. Ele suspirou profundamente.

– Mas é sério... A Violetta aceitou bem a notícia... Sobre o meu pai... Mas ela nunca passou por isto antes e quando chegar o momento, ela vai precisar das pessoas as quais é mais apegada.

– Eu e você! – Angeles murmurou e German assentiu. Ela respirou fundo – Acho que, pela Violetta, nós podemos ser amigos – German ficou olhando-a seriamente por um tempo.

– Acho que sim – Ele murmurou sem vida e desviou o olhar – Vem. Eles estão na cozinha.

Os dois caminharam até a última porta de um corredor. Entraram na cozinha e, ao ver Angeles, Violetta abriu um sorriso. A garota levantou-se e correu ao encontro dela, para abraçá-la.

– Nem parece que se viram hoje, Violetta – German disse descontraidamente e caminhou até o fogão, onde terminava de preparar um macarrão.

– O que faz aqui, Angie? – A garota afastou-se e olhou-a.

– Eu vim jantar com vocês – Angeles aproximou-se de Miguel e cumprimentou-o – Como o senhor está?

– Bem, Angie – Ele sorriu.

– Ei, Angie, – Violetta chamou-a, enquanto sentava-se – se prepare para comer a comida que o tio German faz – Ela brincou e German soltou um risinho discreto.

– Culpe o seu avô, ele que me ensinou a cozinhar.

– É... O vovô também não é um mestre – Violetta brincou e todos riram.

– Então, a senhorita que vai cozinhar agora – Miguel brincou e apertou Violetta em um abraço.

– É o que vai acontecer quando você for embora, não é, vovô? – German bufou.

– O macarrão está pronto – Ele virou-se seriamente – Vamos comer?

**

– Angie, por que o Diego não veio? – Violetta perguntou enquanto comiam.

German bufou discretamente e tomou um gole de vinho. Depois olhou para Angeles.

– Ele... Ele me deixou aqui e foi para casa, precisava preparar umas coisas para o trabalho.

– Hm. E como você vai embora? O tio German pode te levar – Violetta sorriu.

– O Diego vem me buscar, Vilu.

– Para que, Angie? – Miguel interveio – O German pode levá-la.

– Não quero incomodá-lo.

– Eu levo você, Angeles – German murmurou e ela olhou-o.

– Não preci...

– Eu levo – Ele respirou fundo e encarou Violetta – Vai junto?

– Quer ir lá pra casa, Vilu? – Angeles perguntou. Violetta olhou para o avô.

– Não precisa perguntar, é claro que você pode ir – Miguel disse e sorriu. A garota sorriu para ele e levantou-se.

– Vou arrumar minhas coisas – E retirou-se.

German se levantou, pegou os pratos e foi para a cozinha. Angeles se levantou e ajudou a retirar a mesa. Encaminhou-se à cozinha e encontrou German com as mãos apoiadas na pia e a cabeça baixa, concentrado em seus pensamentos. Angeles colocou algumas coisas em cima da mesa da cozinha e algumas taças dentro da pia.

– Deixa que eu lavo a louça – Angeles murmurou. German olhou-a e suspirou.

– Não se preocupe. Eu lavo.

– Então eu enxugo a louça – Angeles pegou o pano.

German bufou e ela sorriu. Ele começou a lavar a louça. Os dois ficaram quietos o tempo inteiro, mas hora ou outra trocavam um olhar carinhoso. Ao terminar, Angeles olhou-o e sorriu sem mostrar os dentes.

– Cozinha... Lava a louça... Acho que já dá pra casar... – German olhou-a seriamente.

– Só me falta uma coisa – Ele murmurou e Angeles ficou séria.

– O quê? – Ela perguntou baixo.

"Você", German pensou, mas ele jamais diria. Ele desviou o olhar e balançou a cabeça.

– Nada – Murmurou. Angeles respirou fundo e abaixou a cabeça.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo. Angeles ergueu a cabeça e olhou-o.

– Você está bem? – German olhou-a – Ficou quieto durante o jantar inteiro.

– Estou. Só fiquei pensando se foi uma boa ideia contar para Violetta sobre meu pai – Ele suspirou – Ela vai ficar com isto na cabeça, vai ficar falando sobre isso o tempo inteiro... – Ele balançou a cabeça e olhou para baixo.

– Quer que eu converse com ela? – German olhou-a – Eu explico que ficar tocando no assunto sempre machuca o seu pai e... Machuca você também! – German engoliu em seco e desviou o olhar.

– Você faria isto? – Angeles se surpreendeu por ele não ter negado.

– Mas é claro que sim, German – Ele assentiu e olhou-a.

– Obrigado – Um sorriso triste surgiu no seu rosto.

– Ei, vocês – Violetta entrou na cozinha. Os dois olharam-na – Vamos?

– Vamos! – Responderam juntos.

Os três caminharam até a sala. Formariam uma família linda e, acima de tudo, feliz, apenas por estarem juntos.

– Vovô, amanhã eu tô de volta – Violetta abraçou Miguel.

– Tudo bem, meu anjo – Violetta desfez o abraço e caminhou até a porta. Angeles abraçou o senhor.

– Tchau, senhor Miguel – Deu um beijo na bochecha dele – Amanhã eu a trago – Miguel sorriu.

– Não tenha pressa.

Angeles caminhou até a porta e German aproximou-se de Miguel. Abraçou-o acanhadamente.

– Descanse – Disse baixo – E qualquer coisa, me ligue.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Pode deixar.

Os três partiram em silêncio. Violetta não abrira a boca durante o caminho. Ao chegarem no prédio de Angeles, German desceu do carro e deu a volta, enquanto Angeles e Violetta desciam. Ele parou em frente à garota e abaixou-se.

– O que foi? – German perguntou calmamente.

– Eu estava pensando só – A garota olhou para o chão.

– Em quê?

– No vovô.

German levou a mão ao rosto da garota, ao que ela olhou-o.

– O seu avô está bem, Violetta.

– É que eu não queria deixá-lo sozinho.

– Não se preocupe. Tem momentos que a gente precisa ficar sozinho para pensar e hoje ele precisava disto.

– Você acha?

– Tenho certeza. Confia em mim? – Violetta assentiu – Vai ficar tudo bem – Violetta sorriu discretamente – Agora vai. Boa noite.

German deu um beijo na testa dela e levantou-se. Violetta entrou no prédio.

– Boa noite, Angeles – Murmurou.

Angeles deu um passo para frente e depositou um beijo demorado na bochecha de German, fazendo-o fechar os olhos. Como era bom sentir a boca dela em contato com alguma parte de seu corpo. Como era bom sentir o calor de Angeles quando o seu coração estava frio. Ele não rejeitava mais as sensações que só ela era capaz de proporcioná-lo, agora ele as aceitava de bom grado, porque o faziam bem. De certa forma, amar Angeles o fazia muito bem, mesmo que ele a tivesse perdido.

Angeles afastou-se e olhou-o. German abriu os olhos devagar e ancarou-a seriamente. Ela abaixou a cabeça.

– Boa noite, German – Sussurrou e partiu.