Unbroken

Break Free


iEncarei meu reflexo no espelho. Ele sorria de forma estranha, como se não acreditasse no que visse e isso fosse algo bom. O vestido azul era apertado na altura no busto e caia até dois palmos acima do joelho, num degradê azul e branco que pareciam ondas com espumas. A maquiagem era detalhada e chamativa, deixando os olhos cinzas marcados. Eu nem conseguia acreditar que aquela era realmente eu.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Devia agradecer eternamente para Afrodite e Silena que cuidaram para que eu me tornasse a deusa que estava. Afinal, nem vestido de baile eu tinha trago.

Olhei a hora no celular, ansiosa. Percy já deveria ter chegado. Me sentei na cama e calçei os saltos altos negro da Silena (que são da Dior! E ela havia me dado!). Suspirei, olhando novamente o visor do celular. Tinha duas mensagens e eu nem havia reparado. Coloquei a senha no aparelho e abri a primeira mensagem de Piper.

“AAAAAAAAAAAAAH VOCÊ VAI VIM MESMO?! EU NÃO ACREDITO EU NÃO ACREDITO! AMO MINHA MÃE! MINHA NOSSA MINHA NOSSA! PERCY TE CONVIDOU!!! ELE ESTÁ TÃAAAAO NA SUA!”

Revirei os olhos e decidi não responder. Qualquer coisa que eu respondesse ela iria ignorar e fazer o mesmo escândalo quando me ver. Abri a outra mensagem, que era de Percy.

“Chego em 10 minutos, esteja linda.”

Já fazia quinze minutos que ela chegou e nada daquele bastardo ter batido na porta. Nem para levar uma garota no primeiro baile aqui em São Francisco ele server? Continuei a caminhar de um lado pro outro, testando o salto e percebendo que era quase impossível se desequilibrar naquela maravilha. Dior era uma coisa de outro mundo, mesmo.

– Annie! Percy chegou! – disse Afrodite, emocionada na minha porta. Ela veio até a mim, limpando a borda dos olhos que incrivelmente tinha lágrimas. – Você está tão linda, gostaria que minha menina estivesse aqui para poder vê-la antes de sair pro baile, sabe, tirar aquela foto clichê com o par, dizer para ter juízo e voltar antes das duas.

– Eu tiro uma foto dela com o Jason, pode deixar – eu ri. Afrodite era muito legal, e esse tipo de coisa sem graça parecia ser exatamente algo muito importante para ela. Fiquei imaginando Afrodite colocando Piper e Jason numa parede para tirar foto. Realmente ridículo.

Ela sorriu e deu as costas, passando pelo corredor e descendo as escadas. Eu a seguindo, obvio. No topo da escada eu já conseguia ver um deslumbrante Percy vestido de terno preto, uma gravata azul quase da mesma cor que meu vestido. Ele me olhou e deu um sorriso aberto, aprovando o que via. Dei um sorriso tímido, e continuei a descer as escadas segurando no corrimão como se minha vida dependesse disso.

Antes que eu pudesse trocar qualquer palavra com Percy, Afrodite me empurrou contra a parede da sala, onde tinha vários quadros pendurados e depois puxou Percy pela mão, colocando-o ao meu lado.

– Afrodite! – reclamei, indignada. Aquilo era ridículo. E prazeroso. Vergonhosamente prazeroso. Nos meus outros bailes em NY minha mãe nem se importava em dizer que meu vestido estava bonito, e agora, Afrodite me dava toda a atenção do mundo por causa de um baile que nem era da minha faculdade.

– Fiquem quietinho, vocês estão uma gracinha. Digam x para a foto – ela ergueu a câmera do celular e Percy rodeou minha cintura com o braço, fazendo sua mão pousar delicadamente sobre minha cintura. Sua atenção estava na câmera e ele sorria de forma amigável; fiz o mesmo. O flash apareceu denunciando que a foto foi tirada. – Vão pombinhos, voltem antes das duas!

Afrodite enxugou os olhos e encarou a tela do celular, certamente conferindo a foto que acabara de tirar. Eu e Percy andamos rápido para o carro, rindo da loucura de Afrodite.

Eu e Percy conversamos o caminho inteiro para a UCSF (ou Universidade da Califórnia em São Francisco). O moreno colocou uma música agitada, mas baixa, e ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Filmes, músicas, animais de estimação... esse tipo de coisa normal. Parecíamos quase com amigos normais. Quase.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

O garoto anunciou que estávamos quase chegando, fazendo com que minha ansiedade só aumentasse. Ele olhou de esguelha para mim e eu desviei o olhar, virando minha cabeça para a janela. Era sagaz o suficiente para saber que na universidade eu iria conhecer um Percy diferente, e, talvez, isso possa ser algo bom.

Abri o porta-luvas de Percy sem pedir permissão, revirando o local até achar um maço de cigarro. Infelizmente não era de cereja ou menta, então joguei novamente no compartimento e o fechei.

– Por que está nervosa? – ele perguntou, por fim. Olhei para ele, encarando seus dedos envoltos de maneira firme no volante.

– Não estou nervosa, esse vestido está me dando uns nervos.

– Se quiser podemos tirar ele – ele sorriu de maneira maliciosa e eu dei um tapa na sua perna.

– Idiota – resmunguei – Não, acabei de ficar bem com ele.

Percy entrou pelos portões enfeitados da universidade, dirigindo até o estacionamento lotado. Em todos os lugares havia decoração. Faixas e balões de preto, azul e dourado em todos os lugares, até mesmo no estacionamento. Era impossível não saber que a festa se concentrava ali.

Depois de procurar uma vaga e não encontrar, Percy se estressou e colocou o carro no gramado perto de uma árvore. Não questionei, do jeito que ele estava nervoso tudo que eu não queria era chamar atenção para mim.

Quando o carro foi desligado, ele suspirou e me olhou, deixando um sorriso brincar no canto dos lábios.

– Você está linda – ele disse, chegando perto de mim e segurando minha nuca.

Ele se inclinou mais para mim e tocou seus lábios nos meus, roçando-os lentamente antes de me beijar. Seu beijo tinha gosto de bala de menta e era viciante. Ficamos nos beijando por alguns segundos, meus olhos fechados, minha mão em seu pescoço, eu aproveitando seu toque. Eu realmente não fazia ideia da falta que sentia de ter alguém assim.

Me separei dele, conferindo seus olhos verdes sobre mim, escuros e misteriosos, uma imensidão de personalidade que eu nunca conseguiria distinguir.

Abrimos a porta e saímos do carro. Assim que coloquei os pés no gramado quase me desequilibrei e cai, mas segurei na porta e evitei um possível tornozelo torcido.

– Está tudo bem? – perguntou Percy, chegando perto de mim e segurando minha cintura.

Balancei a cabeça sinalizando que sim e caminhamos até o espaço da festa. Vez ou outra nossas mãos se esbarravam, mas eu não deixei que Percy tentasse segurar ela.

As luzes brilhavam no teto, psicodélicas, embora a música que tocava não era nem um pouco eletrônica. Em todo metro quadrado tinha balões com gás hélio, flutuando, sendo segurado por fitas em mesas, cadeiras e colunas.

Num canto havia sofás e puffs, e no outro, perto do mini bar e numa área mais tranquila havia mesas para oito pessoas. Percy passou o braço pela minha cintura, apertando o local e trazendo-me mais para perto dele. Revirei os olhos, pois havia acabado de passar um garoto que praticamente me comeu com os olhos.

– Nossa, está incrível – falei, perto do ouvido de Percy para ele ouvir.

– Está incrível para novatos, precisa ver as festas dos veteranos – Percy sussurrou em meu ouvido, sua respiração fazendo cócegas.

– Percy! – um garoto alto e moreno cumprimentar Percy, eles deram um toque com a mão como grandes parceiros – Wow, e ai gata?

– Oi – tento dizer da maneira mais animada possível, mas digamos lá que não sou uma pessoa muito extrovertida.

– Chris, essa é Annabeth. Annie esse é Chris – dei um sorriso pro garoto. – Annie é minha vizinha e Chris é meu colega de curso.

– Colega de curso? Isso doeu cara; somos amigos do peito – disse o garoto, batendo no peito onde ficava o coração.

– Tá cara, mas isso é meio gay – Percy respondeu.

– Tanto faz, tenho que ir, tenho um monte de gata me esperando nessa festa! – Chris deu um sorriso galanteador para mim (ou pelo menos tentou) e saiu, se misturando ao meio das pessoas.

Me virei para Percy, rindo e passeis dos dedos na minha franja, jogando-a para trás.

– Vizinha, hun? – perguntei.

– Como queria que te apresentasse? Amiga do peito? – ele disse, com um sorriso brincalhão no rosto. Ele segurou minha cintura e eu pensei que ele ia me beijar, mas apenas colou nossas bochechas, sua respiração em meu ouvido me arrepiando. – Deveria se sentir exclusiva, eu nunca venho acompanhado para as festas da universidade.

– Uhn, por quê?

– Não sei, é meio difícil escolher uma garota sem deixar as outras querendo arrancar o cabelo da escolhida.

– Disputadíssimo você, uhn? Então não tem problema elas arrancarem meu cabelo?

– Você não estuda aqui, você é gostosa, e eu não me importo de que me vejam com você.

– Que bom, me sinto honrada, gostosão – digo com ironia. Abracei o pescoço dele e beijei sua boca.

– Só cuidado com o cabelo – ele disse, sério, me penetrando com aqueles olhos verdes.

– Sério?!

– Não – ele riu e me conduziu até o mini bar.

Pegamos uma garrafinha de Ice e nos sentamos num puff, não sabia bem o porque, pois estávamos numa festa e devíamos está na pista de dança se acabando, mas ali estávamos nós sentados naquelas almofadas gigantes.

– Para quem não queria nem chegar perto de mim acho que você está perto até demais – ele comentou em meu ouvido.

Dei um gole da bebida e olhei para ele com cara de tédio. Ele esqueceu que eu também sei brincar de ser bipolar. Me joguei sentada ao lado de dele no puff e me inclinei pro seu rosto, ficando perto de sua boca, mas não o suficiente para ter contato.

– Não é só homem que sofre por falta de sexo, amorzinho – digo, falando cada palavra de forma bem pronunciada. Dei uma gargalhada e bebi novamente a bebida. Percy segurou a minha coxa e subiu um pouco a mão, parando do começo do vestido.

– Está com falta de sexo? Podemos resolver nisso em um minuto – ele provocou. Que lerdo, não sabe nem distinguir uma brincadeira.

– Não, estou bem aqui. O que realmente quero dizer é que quero aproveitar a vida... moderadamente, mas aproveitar.

– Moderadamente por que você não quer que aconteça o que aconteceu em NY? – ele supôs.

– Exatamente. Aprendi com os erros e não pretendo comete-los novamente, embora estando aqui com você já possa ser o começo de outros...

Percy revirou os olhos e deu um bom gole na bebida.

– Aquele lance de não querer se apaixonar, de eu ser confusão e só te colocar em roubada, ok, vamos deixar essa Annabeth chata para outra noite, que tal me mostrar um pouco da Nova Iorquina que você era?

Dou um sorriso meio malicioso para ele e me levanto, terminando o resto da bebida com um gole só. Lembrei-me da pessoa divertida que eu era, todos gostavam de mim, todos me idolatram (menos após a morte de Luke, mas isso não é problema no momento). Era divertido, eu era jovem e aproveitava isso de um jeito invejável. Agora, posso fazer aquilo novamente, só que com moderação, cautela e sem strip tease.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Puxei Percy e deixei a garrafa de Ice em cima de uma mesa. E fui até o mini bar.

– O que está aprontando? – ele perguntou com um sorriso nos lábios, claramente divertido.

– Se quer a Annie Nova Iorquina saiba que ela nunca dançava sóbria.

– Então vamos lá, competição. Garçom, por favor – ele pediu e logo dez copinhos de vodca estavam enfileirados em minha frente. Cinco para mim e cinco para Percy. Olhei para ele com olhar vencedor e contei de um até três para começarmos a beber.

Peguei de copinho em copinho, jogando o conteúdo na minha boca e mal engolido. Minha garganta ardeu e meus olhos lacrimejaram, mas eu não me importava. Aquilo acendia em mim algo familiar. Terminei poucos segundos após Percy, na verdade, eu achei que ganhei.

– Dá próxima vez vejamos se ganha, amadora – ele disse, cheio de si, limpando um canto na minha boca. Do uma risada de escárnio.

– Deixaremos você iludido achando que ganhou.

Nos jogamos na pista de dança pulando; a música agora já era eletrônica, bastante agitada e dançante, mas ninguém ali parecia com animo para pular. Coloquei-me quase em frente ao palco do DJ, onde a maioria das luzes se concentravam e comecei a pular com a música, enquanto as outras pessoas apenas se balançavam de um lado pro outro iguais a uns retardados.

Dei a mão para Percy e o incentivei a pular também; logo estávamos pulando e dançando juntos. Eu mexia meu quadril para o lado e pro outro, sentindo meu vestido se mover com meus movimentos. Não me importava que quando eu pulava meu vestido levantava, estava com um short por baixo mesmo.

A música Break Free de Ariana Grande entrou na parte mais lenta, me virei para Percy, colocando as mãos em seu ombro e dançando. Direcionei meus lábios na direção dos seus e começamos a nos beijar, banhados a luzes psicodélicas. As mãos deles apertavam minha cintura com força, seu beijo era feroz e tinha gosto de álcool. Claro que eu amei todas essas combinações.

[...]

– Nossa, acho que não foi uma boa pular tanto com saltos altos novos – murmurei, me sentando final. Retirei os saltos da Dior, choramingando por ter castigado aquela gracinha.

– E por que você não tirou? – questionou Percy, me entregando uma garrafa de água e se sentando ao meu lado.

– Por que eu estou acostumada, ou estava.

Tirei a tampa da garrafa e bebi o líquido, hidratando meu corpo. Entreguei a garrafa para Percy, que também bebeu. Joguei minha cabeça para trás, deixando-a encostar no puff macio. Queria dançar mais, todavia tinha assuntos pendentes para resolver.

– Me encontra daqui à uma hora aqui? Preciso encontrar Piper – eu disse.

– Não marque horário, mande mensagem, ok?

– Ok.

Peguei as tiras do salto com os dedos e me levantei, nem sabendo por onde começar. Passei em meios as pessoas, caçando Piper com meus olhos; custei a achar, mas logo a encontrei numa mesa distante com Jason, Bianca, Leo e um garoto e uma garota estranha que não conhecia. Quando me aproximei, Piper pulou e veio gritando em minha direção.

A garota estava deslumbrante, seu vestido era um rosa bem claro, todo brilhoso e rodado que ia até os joelhos. Todo o glamour da garota estava nele, assim como no penteado. Acho que ela realmente não precisou de Dite. Daquele jeito, ela ficava ainda mais bonita, até mais que Silena, e fiquei me perguntando porque ela sempre andava de maneira desleixada. Ela ficava impecável com maquiagem e roupas bonitas.

– Ai eu não acredito que você realmente veio! Está perfeita! Nossa, essa noite está sendo perfeita! – ela disse, animada, me puxando pelos braços, fazendo-me sentar ao seu lado.

– Oi gente – eu cumprimentei todos da mesa, sorrindo bobinha e recebendo os cumprimentos de volta.

– Cadê o Percy? – perguntou Jason, entrelaçando seus dedos com os de Piper.

– Sei lá, acho que vou ver os amigos – respondi.

– Você veio com o Percy?! – perguntou Leo, incrédulo. Dei de ombros e ele bufou. O garoto falou algo com a garota que estava ao seu lado e eles se levantaram, retirando da mesa.

– Que merda eu fiz? – perguntei indignada, apontando para Leo. Dramático, idiota, babaca. Totalmente desnecessário esse show.

– Sabe que ele é contra Percabeth – respondeu Piper, bebendo de seu coquetel de morango.

– Percabeth? – indaguei, franzindo o cenho.

– Um termo que Piper inventou – explicou Jason, mas que, na verdade, não havia explicado nada.

– Percy mais Annabeth é igual a Percabeth, é tão difícil entender?! – ele perguntou, agora um pouco irritada – Fiquei meia hora bolando esses nomes, e meia hora explicando pra todo mundo. Eu bolei para todo mundo: Jasiper, Thalico, Caleo, Bian. Ficaram todos fofinhos e incríveis!

– Perai, que porras são essas? Thalico, Caleo? Piper, que merdas são isso?! – perguntei, rindo daqueles nomes ridículos. A garota bufou irritada e fiz um biquinho.

– Lá vai eu explicar isso novamente. Bianca, pode fazer as honras? – ela pediu e continuou a beber o coquetel.

Bianca deu uma risadinha e apertou a mão do garoto sobre a mesa. Ele era bonito; muito bonito; super bonito; incrivelmente bonito. Seus cabelos eram morenos, seus olhos azuis elétricos e tinha um sorriso que beirava a sarcasmo. A barba por fazer dava uma aparência mais madura a ele, e, de certa forma, super combinava com Bianca com sua estatura frágil e olhos e cabelos castanhos.

– Thalico é Thalia e Nico. Caleo é Calipso e Leo, Bian é eu e Ian. E Jasiper é Jason com uma pessoa ridícula que cria nomes ridículos – todos nós gargalhamos, menos Piper, que apenas esticou a língua para Bianca e se fingiu de brava.

A alguns metros dali eu vi Thalia. Ela vestia um tomara que caia preto colado ao corpo, usava coturnos e uma jaqueta. Seus cabelos estavam na altura do ombro, repicados e rebeldes. Ela estava indo em direção a saída, sua expressão não era nada amigável e só deveria ter brigado com alguém.

Pigarrei e voltei minha atenção para a galera, já me levantando da cadeira.

– Tenho que ir, preciso encontrar o Percy para pegar minhas sapatilhas no carro. Deveria ser minha primeira opção, mas quem resiste a um Dior? – dei uma risadinha e sai correndo dali antes que todos me achassem uma metida ou sacassem que eu estava apenas arrumando uma desculpa.

Caminhei apressadamente para fora do salão de festa, sentindo o ar puro e gelado me atingir em cheio; parecia que eu tinha me teletransportado para outro mundo. Vi Thalia dobrar a esquina da construção e comecei a segui-la. Não sabia oque iria fazer, mas eu estava com muita raiva da garota e precisava me vingar. Querendo ou não, eu sou uma pessoa que não gosta de sair injustiçada. Não sou a pobre coitada que vai esperar o cara defender, não sou a certinha que não vai sujar as mãos de sangue. Eu não sou assim. Sei que posso ser tanto a mocinha quanto a vilã. Faço os papeis de ambos bem o suficiente para enganar qualquer um.

Thalia começou a andar para uma espécie de estufa, e ali vi uma oportunidade perfeita. Por um momento pensei que ela iria se encontrar com alguém, mas senti o cheiro de fumaça de maconha e assimilei que ela só queria um lugar para fumar. Ela entrou no local e deixou a porta aberta, apenas facilitando meu trabalho.

Assim que passei pela porta, vi uma pá normal e a peguei, segurando-a da melhor forma possível. A estufa era cheia de enormes divisões, parecia paredões e paredões de plantas que nunca tinham fim. Esperei o silêncio se estabilizar, escondida e espiei a esquina, vendo o que Thalia fazia. Ela abria uma caixa, tirando saquinhos de ervas de maconha. Então quer dizer que ela planta e esconde maconha dentro da faculdade? Certamente não deve está sozinha nisso.

Escutei um som distante de música, havia pensado que era a festa, mas agora, percebendo que era rock, descobri que vinha do fone de ouvido de Thalia. Sorri e avanço em cima dela, erguendo a pá acima da cabeça e a atingindo nas costas. A garota soltou um grito e caiu no chão desajeitada, se contorcendo de dor. Avancei em cima dela, pisando em seu pé e apertei a ponta da pá para seu peito. Ela estava confusa, claramente desnorteada.

– Sua vadia, o que você achou? Que iria me humilhar daquele jeito e sair impune? Que poderia se atrever a falar meus segredos para todos e não ter vingança? Você é uma vadia de quinta categoria e espero que você morra no inferno – eu cuspi e chutei sua barriga. Gostaria que meus saltos estivessem nos meus pés, e não nas mãos, para que pudesse cravar meus saltos na pele dela.

A garota gritou, mal conseguindo falar alguma frase. Bati a pá no pulso dela, criando um corte superficial e fazendo-a gritar ainda mais. Pisei no seu tornozelo com força e a chutei novamente.

– Você não teve o direito de dizer aquilo, de me acusar, de falar aquelas coisas horríveis. Eu deveria está fazendo coisa pior com você, eu deveria te socar até você perder seus dentes. Mas até que eu sou boazinha, não é? Vadia.

Me agachei ao lado dela e ela tentou segurar meu pulso, mas eu sabia que a dor que ela sentia nas costas era insuportável e que não conseguiria nem me derrubar. Dei um tapa na cara dela e ela ainda tentou falar algumas coisas. Mas eu dei outro tapa, mais forte, mais prazeroso. Dei uma risada de escárnio e me levantei do chão, jogando a pá em algum lugar.

– Aprenda que nunca se pode brincar com Annabeth Chase, querida. Posso parecer boba no início, mas uma hora canso de ser um brinquedo – dou as costas para ela e saiu da estufa, enviando para Percy uma mensagem, dizendo para me encontrar no carro para eu pegar minhas sapatilhas.