Sobre Humanos e Deuses

Capítulo 16 - O Feitiço Contra o Feitiçeiro


O barulho do alto falante foi o bastante para acordar o casal. Loki levantou-se furioso ao ouvir a voz de Fury se alastrar pelos corredores e, consequentemente, pelos quartos. Roxie ainda se deu ao luxo de espreguiçar-se antes de abrir um olho.

— Atenção! – falou ele calmamente. – Agentes: Monroe, o segundo Maximoff, Loki e Romanoff. Preciso de vocês em minha sala, nesse exato momento. É um assunto extremamente sério. – A ruiva olhou para o relógio. Onze horas da noite.

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— Só pode estar de brincadeira comigo. – ela passou a mão no rosto e sentou-se em seguida. Esperou que o corpo acordasse completamente e levantou-se. Loki, que estava ainda bastante irritado por ter sido acordado daquela forma, passou a observar o ritual que a ruiva fazia. Vestiu as suas peças intimas e uma calça jeans, onde ela teve que dar alguns pulos para passar pelo quadril. Por fim colocou uma camisa preta folgada e amarrou os cabelos em um rabo de cavalo. – Será que é alguma coisa relacionada ao que houve na mansão?

— Eu já falei que cuidei disso. – respondeu sério. A magia o envolveu e segundos depois estava vestindo as suas roupas de Asgard. A tradicional cota de couro preta, com os detalhes dourados e verdes.

— Eu sei. Não estou duvidando. – A ruiva sorriu. Loki, ainda sentado, alcançou-a pela cintura e a puxou para perto. Ela alisou-lhe os cabelos negros e deu um beijo em seus lábios. Alguém bateu em sua porta.

— Anda logo, Roxie. – era a voz de Natasha. A ruiva fez uma cara de alguém que estava fazendo algo errado e foi pega no ato. Loki apertou os olhos e levantou-se. Abriu a porta à contra gosto de Roxie. A viúva franziu o cenho, mas acabou entendendo o que estava acontecendo ali, no momento em que percebeu o rosto da mulher corar. – Atrapalho alguma coisa?

— Não. – falou Roxie.

— Sim. – Loki falou ao mesmo tempo.

— Não me importo com o que estão fazendo ai, só não demorem porque ainda quero ver se consigo dormir. – Ela voltou o caminho, sendo alcançada por Pietro. - Não vão querer me ver com sono.

— TPM. – falou Pietro apenas mexendo os lábios. Natasha levantou o braço para dar-lhe uma tapa na nuca e acertou o nada. Ele já havia corrido.

...

— Missão? A essa hora? – perguntou Roxie.

— Não podemos perder tempo, agente Monroe. – respondeu Nick. – Estamos com dois problemas críticos em nossas mãos.

— Víbora? – perguntou Natasha. Os braços cruzados e a feição séria. Estava chateada por ter que estar acordada aquela hora.

— Não. – respondeu Fury. – Lembre-se que, oficialmente, não temos nada a ver com a Víbora. Estamos proibidos. Por isso não nos deixaram muito tempo na mansão. – Nick deu a volta entorno dos quatro vingadores que estavam em pé diante dele e pegou duas pastas em sua gaveta. – Temos que manter as aparências.

— E apanharmos aquele doutor, foi o que?

— Aquilo foi extraoficial. – respondeu sorrindo.

— E para onde iremos? – perguntou Pietro ficando ao lado de Roxie. Ele era rápido até mesmo na hora de falar.

— Serão divididos em duplas. – Ele se aproximou dos dois e lhes entregou uma das pastas. – Vocês irão para a Coréia do Norte. – deu a volta e entregou a outra pasta a Natasha e Loki. – E vocês para o Paquistão.

— Okay. – falou Roxie. – E qual a razão do turismo? Achei que a S.H.I.E.L.D. limitava-se apenas ao território americano.

— Servimos ao país e aos nossos cidadãos. – respondeu o homem cruzando os braços e encostando-se na mesa. – e nesse momento, os dois precisam de nós.

— O que faremos no Iraque? – perguntou Natasha passando os olhos rapidamente e os arregalando ao ler o que estava ali.

— Dois de nossos jornalistas foram capturados pela Al-qaeda e estão sendo mantidos em cativeiro. A missão de vocês é simples: Tragam-nos de volta.

— Mas eles são uns urubus. Porque trazê-los de volta? – perguntou Loki também de braço cruzado. Estava odiando aquela ideia de viajar. Tinha planos para bolar, coisas para investigar.

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— Porque são americanos. – respondeu Fury. – Acho que o governo está querendo fazer mídia.

— Sério que nós vamos ter que defasar uma bomba atômica? – perguntou Roxie terminando de ler a ultima linha.

— Legal. – Pietro sorriu.

— Deve ter escutado as noticias a respeito da Coreia do Norte estar ameaçando os Estados Unidos. Estamos sobre a mira de bombas que, segundo eles, é apenas um ataque nuclear preventivo.

— Mas eles não devem ter apenas uma bomba.

— Exatamente isso, agente. – falou Fury. – Os seus conhecimentos em tecnologia e a rapidez do Sr. Maximoff, serão extremamente necessárias nessa missão.

— Quantas ogivas? – Roxie entregou o arquivo para Pietro que o leu em dois segundos, literalmente. Isso porque ele não estava com vontade de ler.

— Sete. – respondeu Nick.

— Teremos quarenta minutos para fazer tudo isso, antes que os primeiros funcionários comecem a aparecer para trabalhar. - O velocista encarou a ruiva.

— Eu demoro em média cinco minutos para desarma uma bomba e isso nos soma trinta e cinco minutos perdidos.

— Em dois eu destruo a fábrica e ainda nos sobra três minutos para apreciar as explosões.

— Explosões? Em uma fábrica de armamento atômico?

— Detalhes. – respondeu ele e sorriu.

— Tudo bem. Estou dentro. – Roxie sorriu e bateu na mão de Pietro que estava erguida.

— E eles ficam com a melhor parte. – reclamou Natasha olhando de volta para a pasta em sua mão. Loki lançou-lhe um olhar de soslaio e sorriu. Se ele não poderia ficar na S.H.I.E.L.D. para fazer sua pesquisa, nada mais justo sair com quem, provavelmente, conhece bem a organização. Depois de Nick Fury, só existiam quatro pessoas que viviam para o trabalho e, por sorte ou azar, um deles estava saindo em missão ao seu lado. Seria fácil entrar na mente de Natasha enquanto ela tivesse distraída.

— Quando partimos? – o deus sorriu enquanto olhava para Fury.

— Agora mesmo.

...

Roxie e Pietro observavam a fábrica ao longe, tinham que ter certeza que o local era de fácil acesso e de fácil fuga.

— Daqui não dá para ver muita coisa. – falou o vingador. – Acho que vou dar uma volta de reconhecimento.

— Excelente ideia. – respondeu Roxie voltando sua atenção para o binóculo. Segundos depois, percebeu que Pietro ainda estava ao seu lado. O olhou com as sobrancelhas erguidas. – Não disse que ia?

— Já fui. – respondeu ele sorrindo. – Três vezes.

— Sério? – perguntou a vingadora. O rapaz ergueu duas roupas antirradiação e sorriu.

— Sim, claro – Pietro ajudou a ruiva a se vestir e certificou-se que tudo estava devidamente lacrado. Da mesma forma fez Roxie e os dois checaram os tanques de oxigênio. – Pronta?

— Acho que sim. – respondeu ela. – Sabe onde estão todas as bombas?

— Sei. – Pietro colocou uma mão atrás da cabeça de Roxie e a segurou pelo braço.

— O que está fazendo?

— Te segurando. Sabe como é... - Disse virando o pescoço de lado e fazendo som de algo se partindo

— Está bem. – respondeu a ruiva. – Vou ficar enjoada?

— Um pouco. – respondeu ele e sorriu. Roxie ergueu uma sobrancelha. – Tá legal, vai ficar muito. – Ele olhou para frente e a ruiva respirou fundo. Quando se deu conta, estava diante da primeira bomba atômica, tendo o seu estômago revirado e o coração parecendo que iria sair pela boca. Tudo girava e antes que ela caísse, Pietro a amparou. – Tudo bem, vai passar logo. Acontece com todo mundo. Com o tempo você acostuma. – a ruiva balançou a cabeça. – Roxie...

— O que?

— Tic tac... – A ruiva lançou um olhar fulminante para ele. – O que?

— Sem pressão. – ela respondeu e respirou fundo, abaixando-se em frente a ogiva.

— Sabe ler essa coisa? – ele franziu o cenho olhando as letras coreanas

— Claro que sei. – respondeu ela no idioma e sorriu para ele. Roxie abriu a ogiva e a primeira coisa que viu foi uma bateria, ligada a um temporizador. – Me passa o alicate. – ela pediu e Pietro a entregou em fração de segundos.

— Isso também tem aquele negócio de fio vermelho e fio azul?

— Tem. – respondeu a ruiva. – o temporizador é o mesmo de uma bomba de C4, o que difere é a carga radioativa. – ela colocou o alicate no fio vermelho. – tomara que eu não esteja errada.

— Errada? – perguntou Pietro. – Pensei que fosse expert nisso.

— Eu sou humana, estou sujeita a erros. – respondeu ela e apertou o alicate. Olhou para trás e Pietro não estava mais lá. Ela balançou a cabeça e apertou o comunicador do ouvido. – medroso.

— Claro que sou. – ele apareceu novamente ao lado da ruiva. – Minha mãe me ensinou a ficar longe de problemas. Acho que uma bomba nuclear sendo desativada se encaixa nisso.

— Me passa a caixa de chumbo e aquela pinça grande. – pediu a ruiva em meio a um sorriso. Pietro lhe entregou e ela concentrou-se, outra vez, na bomba.

— O que é essa bolinha? – perguntou o homem quando a ruiva puxou uma placa redonda de metal, de dentro de um cilindro, usando a pinça.

— Isso chama-se “gatilho de nêutrons”. É esse pequeno disco que vai desencadear a reação em cadeia da bomba. – Ela abriu a caixa de chumbo e colocou a placa dentro. – Agora ela pode explodir sem muitos danos radioativos. – ela sorriu.

— Então, vamos para a próxima. – Pietro segurou no ombro da ruiva.

— Ainda falta. – A garota deu a volta na bomba e abriu outro compartimento. Lá havia a carga explosiva. Ela destacou e entregou para Pietro. Segundos depois ela havia desaparecido de sua mão. Ele a levou para fora das instalações. Não poderia correr o risco dela se tornar instável e explodir enquanto desativavam as outras bombas. - Me dá mais duas caixas de chumbo. – ela pediu.

— Pensei que tinha dito que agora ela era inofensiva.

— Não. Eu disse: sem muitos danos. Não vai ser uma segunda Hiroshima, mas ainda pode ferir gravemente. – Roxie fez uma força descomunal para pegar dois pequenos pedaços pesados de metal. Colocou um em uma caixa e o outro na segunda. – Essas são placas de Uranio, enriquecidas com U-235. Separadas, posso até pegar sem luvas, se necessário, mas juntas... Não quero vê-las juntas. – A ruiva voltou a colocar a tampa da bomba e olhou para o velocista. – O que está esperando? – ele colocou as caixas de chumbo em uma bolsa e correu com a ruiva, colocando-a na frente da segunda bomba. Ainda faltavam cinco.

...

Roxie desarmava a última bomba e eles ainda tinham tempo de sobra. Ela havia sido extremamente rápida naquilo, mesmo tendo Pietro fazendo perguntas a cada minuto.

— Acabou? – ele olhou para a ruiva. Estava entediado. Já havia dado várias voltas pelas cidades próximas enquanto ela trabalhava.

— Terminei. – Roxie fechou as duas últimas caixas de chumbo e colocou na bolsa. – Vamos dar o fora daqui. – Pietro pegou Roxie e a levou para uma distância segura.

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— Espero que aprecie o espetáculo. – falou ele e sorriu. Saiu da frente da ruiva e, com ele, levou todos os explosivos que ela retirou das bombas. Voltou segundos depois – Tape os ouvidos.

— Você tirou os guardas antes de explodir o local? – perguntou Roxie. Pietro fez uma cara de quem havia esquecido esse detalhe e, nesse momento, o primeiro explosivo detonou.

O rapaz, de cabelo cinza, correu de volta para o lugar e, um a um, retirou os guardas antes que as chamas os alcançassem. Voltou para o lado da ruiva. Estava com um prato de comida na mão.

— O que é isso? – perguntou ela vendo as chamas se alastrarem pelo local e mais explosões sendo ouvidas.

Bulgogi. – Ele sorriu, com a boca cheia, fazendo suas bochechas ficarem inchadas. – Peguei de um dos guardas. Tá bom, isso aqui.

— Você roubou?

— Ia ser destruído pelas explosões. É um pecado desperdiçar comida. – ele pegou os Jeotgarak e colocou outra quantidade da carne com verdura na boca. – E sem contar que eu estou em fase de crescimento.

— Meu Deus... – Roxie balançou a cabeça sorrindo e passou a mão no rosto.

— Eu trouxe Kkultarae para você, mas não sei se tá merecendo.

— Passa isso para cá. – ordenou a ruiva e logo em seguida sorriu. Pietro lhe entregou a bandeja branca com dez daqueles doces coreanos e os dois passaram a observar as chamas que consumiam o local.

...

Era a quinta vez, em dez minutos que o avião dava uma chacoalhada violenta. A bordo estavam Loki, Natasha, o piloto e o copiloto. Já sobrevoavam a cidade de Karachi, na província de Sind, no Paquistão.

— Então... – começou a ruiva a falar. -... você e Roxie?

— O que tem eu e Roxie? – Loki respondeu sem olhar para a mulher que o encarava seriamente.

— Senti uma tensão quando passei no quarto dela mais cedo. – ela franziu o cenho. - Estão juntos ou algo do tipo?

— Ciúmes, Romanoff? – O deus falou calmamente e levou os incríveis olhos verdes na direção da agente e sorriu. Deboche. Antes que a ruiva pudesse responder, o seu celular tocou.

— Natasha. – respondeu ela. Loki aproveitou a deixa da distração da agente para entrar em sua mente. Revirou de um lado a outro e irou-se ao ver a promoção de classe três para classe quatro, que ocorrera algumas semanas antes. Ela não sabia de absolutamente nada que valesse a pena. Depois de alguns segundos ela desligou o telefone e Loki voltou a sua atenção para a cabine do piloto. – David, recebemos ordens para retornar. – falou ela.

— Sim, senhora. – concordou o piloto e deu a volta na aeronave.

— Retornar? – o deus perguntou. – Porque?

— Simples. Mataram os reféns. – ela respondeu tranquilamente. – Fury acabou de avisar que chegou uma gravação para ele, nesse exato momento, da execução dos dois jornalistas. – ela cruzou os braços. – Vou poder voltar a dormir. – Loki balançou a cabeça. Ao menos estaria de volta para resolver logo esse quebra cabeça chamado S.H.I.E.L.D. Quanto antes achasse uma forma de derrubar os vingadores, permanentemente, mais rápido dominaria Midgard e voltaria para Asgard. Aquele era o trono que ele realmente queria.

...

Estava deitado em sua cama, lendo um livro e esperando que a sede começasse a esvaziar, o que geralmente ocorria por volta da zero hora. Aquela noite ele não perderia a chance. Roxie não estava ali e seria perfeito para ele fazer tudo, sem que ela soubesse. Mal havia voltado a atenção para o livro, alguém bateu em sua porta. Ele fez um floreio com a mão e a porta destrancou. Por ela entrou a ruiva sorridente. Ele franziu o cenho.

— Achei que não tivesse retornado ainda. – falou ele concentrando-se no livro outra vez.

— Acabei de chegar. – respondeu ela. – entreguei o relatório a Fury e vim direto para cá. – aproximou-se e puxou o livro das mãos do deus. – o que está lendo? - passou o olho rapidamente nas letras e não entendeu. – que idioma é esse?

— Rúnico. – respondeu ele e a garota sorriu. Pegou o livro e fechou, fazendo um barulho surdo por causa da força. - O que você quer?

— Quero fazer uma proposta. – a ruiva colocou o livro em cima do criado-mudo e aproximou-se, subindo na cama do deus. – que tal você parar de ler e passar algumas horas exercitando-se comigo? – Ela jogou as pernas, uma de cada lado de Loki e sentou-se no colo dele. – O que me diz?

— Você está diferente. – comentou ele quando a ruiva mordeu-lhe o lábio inferior, depois de um beijo. Ela se afastou e o encarou.

— Eu só queria variar um pouco. Não ser a mesma Roxie de sempre... – Ela saiu de cima do deus e levantou-se da cama. -... mas se você não gostou. – Loki puxou-a pelo braço e a deitou novamente na cama, dessa vez ele estava em cima dela.

— Claro que eu gostei. – respondeu ele tomando os lábios da garota outra vez. Alisou-lhe os cabelos enquanto a beijava, não tinham a mesma maciez e o mesmo cheiro que o inebriava. Definitivamente ela estava diferente.

Loki afastou-se por um segundo, examinando-a. A garota estava de olhos fechados e apreciava as caricias, até que ela os abriu e lá estava aquele mar azul que o fascinava. Voltou a beijar-lhe a boca, rosto, pescoço e seios. A proposta havia sido aceita.

...

O avião pousou no hangar algumas horas depois. Mercúrio carregou as caixas de chumbo enquanto que a ruiva ficou preenchendo as papeladas da missão. Não havia conseguido fazer isso durante a viagem.

— Ei, Roxie. – chamou o homem de cabelos cinzas, voltando e parando de frente para a ruiva. Abaixou a cabeça em um sinal de respeito. – Aprendi muito nessa missão. Gomawo yo (고마워요).

Roxie respondeu fazendo o mesmo gesto. Sorrindo. Voltou a sua atenção para o papel que preenchia.

Quando tudo estava pronto, entregou a missão a Fury e saiu da sala dele, encontrando Natasha no corredor. Se ela estava ali, Loki também já estava. Sentiu falta dele. Seguiu rápido para os dormitórios e encontrou a porta do quarto apenas encostada. Quando abriu, arrependeu-se de ter entrado.

Wanda estava em cima de Loki, nua, e beijava-lhe a boca.

Quando notou a presença de Roxie, a ruiva jogou-se para o lado e enrolou-se em uma coberta. O deus precisou piscar algumas vezes para ter certeza do que via. Wanda encostada na parede, enrolada no cobertor e Roxie com os olhos azuis repletos de lágrimas. Levantou-se da cama e uma roupa surgiu em seu corpo.

— Roxie, eu... – o deus não completou porque recebeu uma tapa no rosto. A ruiva virou-se e seguiu pelo corredor. Ele lançou um olhar assassino na direção de Wanda que permanecia em pé. Loki não tinha tempo de matá-la ali, pois precisava conversar com Roxie antes, mas era certeza que a feiticeira pagaria por ele ter recebido aquela tapa. Saiu correndo do quarto e por isso não viu o sorriso no rosto dela.

Alcançou Roxie enquanto passava pela sala de treino, que estava vazia.

— Não me toca. – ela gritou e ele fechou a porta. A garota tremia e chorava bastante. O rosto já estava ensopado e os olhos vermelhos. – Nunca mais encoste em mim.

— Roxie, me escuta. – Ele tentou se aproximar. Precisava dizer para ela que havia sido um mal entendido, mas a ruiva estava fora de si.

— Fica longe. – ela gritou dando dois passos atrás. – Como pôde fazer isso comigo?

— Eu não fiz. – Ele manteve as sobrancelhas arqueadas. Estava triste.

— Você prometeu nunca me machucar e olhe só para mim. – A ruiva falava abafadamente, o choro a impedia. – Você conseguiu me deixar em cacos. Você não cumpriu a sua promessa. Você me feriu, da forma mais cruel possível. Você é um maldito mentiroso.

— Eu fui enganado. – Assumir aquilo para a ruiva era um trabalho árduo. Ele enganava, não o contrário. Dizer que alguém o manipulou era a mesma coisa de dizer que existia alguém melhor do que ele. – Wanda se passou por você. Eu estava com ela achando que era você.

— O que? Wanda tomou a minha forma? – ela perguntou e ele assentiu. – Essa é a sua desculpa? Acha mesmo que eu acredito nisso?

— Essa é a verdade.

— Você consegue ver através do véu de Wanda. Você mesmo disse isso quando estávamos os três naquela saleta. Você a identificou como feiticeira justamente porque conseguiu ver a verdadeira forma dela. Essa não é um desculpa.

— Roxie...

— Eu te odeio. – ela falou quase em um sussurro. – você realmente é um monstro. Você é tudo aquilo que disseram. – ela encarou o deus, mas ele mantinha as vistas baixas. – Eu tenho nojo de você. Eu nunca deveria ter deixado você tocar em mim. – A respiração dela tornou-se ofegante. As lágrimas estavam ferozes. – Você é a pior coisa que aconteceu em minha vida. – as palavras saíram sem que ela pensasse. Era certo que Roxie queria feri-lo, da mesma forma que ele a feriu, mas acabou falando demais. Arrependeu-se no momento em que ele a encarou e ela percebeu a raiva ali. Não era aquilo que ela esperava, apenas queria deixa-lo culpado, mas ele a odiou naquele momento.

— Eu lhe dou nojo? Eu fui a pior coisa que aconteceu em sua vida? – Ele gritou. A garota deu um passo atrás. Ele sorriu com a reação dela e os olhos encheram-se de lágrimas. Lágrimas de raiva. – Como sou um deus benevolente, vou conceder-lhe o que deseja... humana.

— Loki, eu não quis... – Roxie tentou explicar-se, mas foi interrompida.

— Eu juro que não vou te tocar nunca mais. Assim, evitarei que sinta nojo de mim. – O deus começou a aproximar-se da ruiva que ia caminhando para trás. Até que chocou-se contra uma parede. Ele ergueu a mão e aproximou do rosto da garota, quando estava prestes a alisar-lhe a bochecha, retraiu a mão. – E não se preocupe. Mesmo que você diga que quer, mesmo que você implore ajoelhada, eu não te tocarei mais.

Loki afastou-se de Roxie e a olhou por um minuto. Ela chorava bastante, no mesmo instante em que o ar lhe faltava. Deu as costas para a mulher e a deixou, sozinha, na arena. Tinha que encontrar Wanda e ninguém a livraria dele. Ninguém.