The Forest City

Capítulo 51 - Agradecida


O que deveria ser Iria deu um passo para trás afim de pegar impulso e pular sobre mim, mas eu já estava preparado para isso.

Totalmente previsível, assim que lobisomens eram. Iria geralmente fugia do padrão, mas naquele estado desprovido de consciência e noção “humana” (como chamaria Selene) ela não era muito diferente.

Segurei-a pela boca, abrindo até o máximo, quase arrancando sua mandíbula.

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Matá-la era a melhor opção, mas matar um lobisomem sangue-puro (por mais que eu soubesse de seus próximos movimentos) seria algo difícil para mim naquela forma humanóide. Além do mais, os entes queridos de Iria me caçariam com AINDA MAIS vigor, Yukina e Selene me acusariam de não ter tentado salvá-la da insanidade que sua lua cheia trouxe...

Eu precisava despertar para resolver aquilo.

Iria rosnou e se libertou de mim, avançando novamente e dessa vez, conseguiu me tirar da barreira de proteção da árvore e me puxar para a floresta.

Foi um grande erro meu. A floresta escura, conhecida como Floresta dos Lupinos era conhecida por todos os mundos como domínio de lobisomens raça-ruim.

Era incompreensível o motivo de Iria ter se deslocado para aquele lugar, sendo ela uma nobre. Isso seria mais um problema em matá-la.

Iria rosnou e me tirou dos pensamentos.

O que eu estava fazendo? Pensando demais em meio a uma luta.

A loba rosnou mais alto, com o rosto a poucos centímetros do meu.

Por que ela não me matava? Era a pergunta que martelava em minha mente. Naquele estado, razão nenhuma possuía. Era apenas um animal com inteligência assassina e instintos de predador.

Franzi o cenho e a segurei pelo pescoço. Obviamente, Iria se contorceu e sua pata gigantesca se chocou fortemente contra o meu peito, que foi arranhado de forma profunda pelas garras.

Involuntariamente, um silvo de dor saiu da minha boca. Senti meu sangue ferver de raiva e eu já estava cogitando se o preço a ser pago por matá-la não valeria a pena.

Mas Selene estava ali… E se eu despertasse, provavelmente não conseguiria me selar novamente. Ficaria sem ela...

Distraído com a indecisão de me mostrar totalmente e com os possíveis efeitos colaterais que isso traria - com medo do que poderia acontecer com Selene - não percebi quando ela materializou um arco de sombras e tentava mirar em Iria.

– Selene, não faça isso - eu disse em voz alta e autoritária.

Quase me esqueci de sua mania incessante de desobedecer.

– [...] et invenerunt hominem post bestiam - ouvi parte do que Selene murmurou com os olhos bicolores vidrados.

Franzi o cenho. Ninguém tinha ensinado latim à ela.

Sua pele estava prateada e os cabelos louros voavam devido ao vento que envolveu a flecha que segurava. Seus dentes estavam pontiagudos e suas unhas finas e afiadas lhe davam a aparência de uma tigresa prateada.

Tudo o que eu consegui pensar no momento era em como ela estava linda. E que esse pensamento era humano demais para um dragão milenar.

E ela atirou.

Não pude ver a flecha, mas soube pelo vento que passou por mim e pelo uivado de dor de Iria, que Selene acertou.

Encarei a loba à minha frente com uma poça de sangue se formando aos seus pés enquanto ela colocava o rabo entre as pernas e tentava se localizar para correr.

A fonte do sangue era o olho esquerdo, onde uma flecha negra estava fincada, para logo depois se desmaterializar.

Iria foi envolta por uma escuridão e seu uivo de agonia ecoou e estremeceu o chão, apagou a fogueira e com as ondas sonoras quase visíveis de tão potentes, Selene foi empurrada contra a árvore-mãe da floresta.

Ouvi um gemido humano vir de Iria e logo, ela estava estremecendo no chão. Ouvi o som de ossos sendo quebrados, realocados e carne sendo dilacerada.

Pensei que a loba fosse morrer, mas para a minha surpresa, Iria estava de volta à forma humana, com a mão no olho esquerdo, chorando e tremendo envolta em sangue.

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– Obrigada, Selene - ela choramingou antes de estremecer violentamente, revirar os olhos e apagar.