Capítulo Único

Sábado à tarde, a garota se preparava para ir ao cinema com as amigas. Era uma situação atípica, visto que raramente saia de casa. Era importante socializar às vezes.

Escolheu a roupa e foi para frente do espelho fazer a maquiagem. Estranhou a ausência do frasco de base, que sempre ficava sobre a penteadeira, junto dos outros cosméticos.

Matsudappoine não era muito vaidosa, mas não deixava de usar base, pelo menos para esconder as espinhas que cobriam a linha do seu maxilar. Olhou em todas as gavetas, dentro das bolsas e debaixo dos móveis. Nada.

-Poiyo!- recorreu ao irmão, a única pessoa que poderia ajuda-la agora- Poiyo, você viu...?

Abriu a porta do quarto sem bater e se deparou com uma cena um tanto quanto engraçada.

-Poine! Bate na porta!- o garoto estava parado na frente do espelho, o tubo de base da irmã nas mãos, manchas arroxeadas pelo pescoço e a gola da camiseta manchada de marrom.

-Poiyo, mas o que você tá fazendo?

-Não é nada, não se intrometa.

-Posso saber por que você pegou minha base?

Ele não respondeu, apenas soltou um grunhido insatisfeito. Ela entendeu o que ele estava tentando fazer, sabia que seu irmão havia passado a noite na casa do namorado e não se espantou ao ver aqueles hematomas espalhados pela sua garganta.

-Você precisa cobrir isso ai agora?

-Sim.

-Venha cá.

Levou o irmão até o quarto, sentando-o sobre sua cama. Procurou pelos produtos específicos entre os vários que tinha.

-Hm, esse aqui...- murmurou, colocando uma mecha azul atrás da orelha.

Ela se aproximou, segurando paleta . Pegou um pouco do pó amarelo com uma esponjinha, batendo-a suavemente sobre a pele de Poiyo.

-Que é isso aí?

-Corretivo amarelo- respondeu, dando leves batidinhas com o dedo para espalhar o produto.

Pegou um frasquinho de corretivo da cor da pele, espalhando sobre a mancha amarelada formada no pescoço dele.

-Já tá pronto?

-Quase- finalizou, cobrindo tudo com um pouco de base e pó-Pronto.

Poiyo se aproximou do espelho, vendo como havia ficado, as marcas estavam completamente cobertas.

-Valeu- murmurou, saindo do quarto.

-De nada.