Jonathan afundou a cabeça no travesseiro, sem abrir os olhos tateou o criado mudo, procurando seu celular, quando o encontrou entreabriu os olhos para ver as horas.

– Merda - disse pulando da cama, estava atrasado.

Ao descer as escadas ainda vestindo a camisa, encontrou apenas Adriana retirando a mesa do café.

– Todos já saíram? - perguntou enchendo uma caneca com café e colocando um pedaço de pão na boca.

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– Já... Seu Felix levou às crianças a escola, seu Niko foi para o restaurante.

Jonathan assentiu engolindo mais um pedaço de pão com ajudar do café.

– Garoto come devagar vai passar mal...

– Estou atrasado... - respondeu bebendo um último gole de café. Passou os braços pela cintura da Adriana lhe dando um beijo estalado na bochecha.

– Garoto!

– Diga aos meus pais que não tenho hora para voltar! - gritou já na porta, agarrando a mochila e as chaves do carro. Aquele seria um longo dia.

Jonathan olhou em voltar procurando uma vaga para estacionar, antes que ficasse mais atrasado, por sorte localizou uma vaga a dois carros à frente, mas antes que conseguisse estacionar, um carro entrou na sua frente, fazendo que com que freasse bruscamente.

– Era só o que me faltava!... Hey essa vaga é minha - Jonathan disse saindo do carro.

Uma garota saiu do carro, Jonathan não esperava uma garota, muito menos uma tão bonita.

– Desculpe?

– Eu ia estacionar nessa vaga.

– Mas eu estacionei primeiro, melhor sorte na próxima! - ela disse indo embora em direção ao hospital, mas algo a fez muda de ideia e ela retornou.

Jonathan a observou pegar o celular

– Diga xiss - ela disse e tirou uma foto - Para o caso de algo acontece com o meu carro! - Falou mostrando a foto dele que tinha acabado de tirar.

Abriu a boca, mas nenhum som saiu. Ela lhe lançou um sorriso torto, lhe deu as costas e foi embora, Jonathan fechou a boca e balançou a cabeça em negação. Realmente aquele seria um longo dia.

Poucas coisas haviam mudado no San Magno. Era uma sensação estranha esta ali, se perguntava se o reconheceriam se diriam é você mesmo? Jonathan khoury?

Lembrava que antes seu descaso em relação a tudo que envolvia o hospital era gigantesco, mas agora era diferente. Enquanto andava pelos corredores sentia como se pertencesse a algo, de certa forma aquele lugar lhe pertencia. Aquele era o San Magno, o hospital dos khoury.

– Segura o elevado, por favor!

Jonathan impediu as portas de se fecharem e logo a voz ganhou rosto e corpo. E que rosto e que corpo.

– Obrigado - Ela disse lhe presenteando com um sorriso lindo.

Talvez seu dia não fosse tão ruim assim.

– Uau... Você se formou pela UCSF! Por que você não quis fazer residência nos estados unidos?

Essa era uma pergunta que vinha respondendo com certa regularidade.

– Meu plano sempre foi voltar... E todas as pessoas importantes para mim estão aqui.

Ela sorriu para ele, ela realmente tinha um sorriso lindo.

– Fico muito feliz com a sua decisão.

Esse olhar. Jonathan conhecia muito bem esse olhar, mas antes que pudesse responder com um comentário engraçado e charmoso alguém os interrompeu.

– E Ai?!

Jonathan olhou o garoto grandalhão que se aproximou, mas ele não o olhava. Mas sim a garota ao seu lado.

– E ai! - Jonathan falou chamando a atenção do garoto.

– Oi... Eu sou Malu e o mal educado aqui e o Rodrigo - Uma garota disse saindo de trás do grandalhão.

– Ei eu não sou mal educado!

Jonathan não a tinha visto, o grandalhão a tinha escondido, mas não devia ser difícil qualquer coisa esconde-la, ela era tão pequena.

– Jonathan... Ana! - Jonathan disse apontando para si e depois para Ana.

– Vocês também são residentes?

Jonathan balançou a cabeça.

– Mas esta faltando alguém... Você não disse que éramos cinco?! - Rodrigo perguntou sua sobrancelha levantada.

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– Como você saber que foram cinco contratados? - Ana perguntou.

– Hã... é... eu...

– Ela deus uns pega em um carinha que é um puta hacker, ele invadiu o computador do RH e viu que cinco pessoas tinham sido contratadas.

Rodrigo disse passando o braço pelos ombros da garota que o olhava como se não pudesse acreditar que ele estava dizendo isso.

– Você ficou louco?!... Ele esta brincando! - Malu disse e empurrou o braço dele com brusquidão.

Jonathan olhou para Ana.

– Sobre ele ser um hacker, ter invadido o computado do hospital ou você ter dado uns pega nele?

Antes que Malu pudesse responder, Rodrigo começou a gargalhar. Todos o olharam.

– Essa foi boa cara.

Malu balançou a cabeça e sorriu para Jonathan. A porta do elevador se abrindo chamou a atenção dos quatro.

– Uau... Que gata!... Espero que ela seja quem estava faltando! - Rodrigo disse alto o suficiente para chama a atenção da garota.

Jonathan bufou, quando ela sorriu para eles. Ela podia ser linda, mas era uma ladra de vagas, abusada...

– Sabe quem é ela? - Malu sussurrou se aproximando para que apenas eles escutassem - é a filha da Presidente desse hospital

Jonathan tentou sentir o chão sobre seus pés, enquanto Paulinha caminhava em direção a eles.

Tentava puxar na memoria uma lembrança dela, uma conversa, um olá. Mas nada. Ela era o bebe que seu pai tinha jogado dentro de uma caçamba de lixo, essa era a única lembrança que tinha dela. Mas agora ela não era mais um bebe. Pelo contrario, era uma mulher.

Ela tinha um sorriso fácil, falava com descontração e bom humor. Levou apenas cinco minutos para que Malu, Rodrigo e Ana estivessem a tratando como uma velha amiga. Jonathan se afastou do grupo com o máximo de discrição possível.

– Ainda com raiva príncipe?

Ela estava sorrindo, seus dentes muito brancos.

– Príncipe?

– Ahã, você me lembra um príncipe.

Jonathan tentou esconder o sorriso, ela lhe lembrava alguém...

– Olá, esperaram muito! – Uma pessoa chamou a atenção de todos, Jonathan agradeceu a interrupção.

Jonathan se lembrava dela, esteve poucas vezes no hospital, mas uma mulher como ela não era fácil de esquecer, qual era nome dela?

– Eu sou a Patricia, eu comando o RH. Vocês...

Jonathan tentava olhar discretamente para Paulinha, ela era tão bonita como sua tia Paloma. Durante todos esses anos, nas poucas vezes que veio ao Brasil, preferiu não saber nada sobre sua tia e a família dela.

– ... Doutor Pérsio vira ao encontro de você...

Mas sabia que agora não havia escolha, a primeira prova foi sua mãe, sua mãe que continuava a mesma, a primeira pergunta que fez durante o jantar foi sobre o seu pai. Óbvio que disse a ela que não tinha contato com ele há anos, não precisava da sua mãe interferindo entre seus pais. Mas agora iria enfrenta sua avó, isso seria mais difícil. Nunca gostou de mentir para ela.

–... Ficou alguma dúvida?

Jonathan suspirou, esse era um caminho sem voltar. Perguntava-se onde esse caminho o levaria. Quando Paulinha encontrou seu olhar e sorriu.

****

– Dra Paloma...

Paloma estava organizando alguns papeis. Virou-se um segundo para sua secretaria, indicando com olhar para que ela continuasse.

– Doutor Eron precisa fala com senhora sobre um processo... Disse que é importante. Sua mãe ligou perguntando sobre o jantar de hoje à noite. Seu pai pediu para passar na sala dele.

Paloma respirou fundo olhando o relógio, estava atrasada. Olhou a pilha de documentos que precisavam se analisados e assinados, provavelmente teria que leva-los para casa.

– Simone tenho que pega meu filho na escola... Já estou atrasada... Volto dentro de umas 3 horas, marque a reunião com Eron para dentro desse horário... Caso a minha mãe ligue diga que o jantar esta em pé... Vou tentar passar na sala do meu pai quando voltar.

Levantou-se da confortável poltrona, pegou a chave do carro, sua bolsa e rezou para que não houvesse muito transito.

Estacionou o carro em frete a escola. Estava atrasada, queria fala com a professora do Bernardo, mas infelizmente hoje não seria possível. Saiu do carro e acelerou o passo. Um garoto correndo esbarrou em sua bolsa a jogando no chão, e não se deu o trabalho de se desculpar. Mentalmente soltou um palavrão, se abaixou para pegar a bolsa, quando o viu. Seu estômago revirou e seus pulmões esqueceram como trabalhar.

Ele estava entrando em um carro. Parecia com ele, mas era ele? O barulho de um grupo de crianças saindo a trouxe de volta a realidade. Balançou a cabeça dizendo a si mesma que não era ele, foi uma ilusão. Não era ele! Lembrando-se que estava atrasada entrou na escola correndo.

Sentiu os braços dele em volta da sua cintura, a boca dele indo do seu pescoço ao seu ombro. Aquilo era o melhor remédio para relaxar.

– Você esta tensa.

– Tente comandar um hospital do tamanho do San Magno.

Sentiu ele sorrindo sobre sua pele. Se virou e o beijou, como queria ter mais tempo, pensou por um segundo em ligar para Simone para que ela remarcasse todos os seus compromissos da tarde. Mas não poderia fazer isso. As mãos do Bruno já estavam abrindo o zíper do seu vestido.

– Como eu queria ficar com você... Mas não posso - disse ofegante se afastando um pouco dele.

– Certo... Quem mandou me casar com uma presidente de hospital - ele disse compreensivo.

Paloma se virou para que ele fechasse o zíper do seu vestido. Seu reflexo no espelho a encarou. Haviam se passado tantos anos, qual a chance daquele estranho ser seu irmão! Era apenas alguém parecido, o tinha visto por apenas alguns segundos. Não sabia nada sobre ele há anos. Onde estava, como estava ou se ainda estava vivo. Estranhamente desejou chorar.

– Paloma... Meu amor o que foi?

Bruno secou as lágrimas que não tinha percebido que havia derramado. Pensou por um momento em conta a ele sobre o que tinha acontecido na escola, mas afastou a ideia como uma mosca irritante.

– Nada... Só queria fica aqui com você, com nosso filho... Mas tenho que voltar para o hospital.

***

– Pode entrar!

– Hey, que tal almoçarmos juntos?

Eron suspirou, estava atulhado de trabalho, não poderia sair para almoça. Levantou a cabeça da pilha de papeis que precisaria que Paloma assinasse.

André estava sorrindo e tinha nas mãos uma grande sacola de papel.

– Você... - Eron disse abrindo um sorriso

– Imaginei que você não teria tempo de sair!...

André sempre fazia esses pequenos gestos, isso sempre o deixava com um misto de contentamento e confusão. Ele esperava mais do que Eron poderia oferecer.

André começou a retira os pequenos potes da sacola.

– Abriu um novo restaurante japonês no shopping, a comida e deliciosa...

Eron já não gostava de comida japonesa como antes. O fazia se lembrar de Niko, e se lembrar de Niko o enchia de sentimentos que iam desde culpa a saudade. Niko que desapareceu sem deixar rastro, sem lhe dar a chance de pedi perdão e quem saber reverter os erros que tinha cometido.

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Tentou encontra-lo. Falou com a mãe dele, chegou a implorar para que dissessem para onde ele tinha ido, mas obteve apenas negativas como resposta.

– Eron!... No que esta pensando?

– Em como estou com fome! - disse sorrindo se sentando ao lado de André.

– Para um advogado você é um péssimo mentiroso!

– Ah... Como voc...

As palavras morreram em sua boca, quando viu o símbolo e o nome impressos na embalagem.

– Onde você comprou isso! - disse puxando a embalagem para olha-la de perto

–Hã... Abriu um novo restaurante no shopping... Por quê?

Eron não podia acreditar, respirou fundo, tentando por seus pensamentos em ordem. Niko. Niko estava de voltar?!

***

Paloma hesitou antes de entrar na sala, mas enfrentar seu pai era algo do qual não podia fugir.

– Pai - disse chamando a atenção do pai que estava concentrado sobre um livro.

– Deixei um recado com sua secretaria que queria falar com você com urgência.

– Eu recebi... Mas tinha que busca o Bernardo na escola... Então o que o senhor queria?

Cesar lhe lançou um olhar de indiferença, como se não tivesse importância onde ela estava.

– Jonathan!

Paloma ergueu sua sobrancelha, se perguntando como o pai sabia que Jonathan estava de voltar ao Brasil. Ela mesma soube da noticia no dia anterior quando sua mãe ligou avisando que iria fazer um jantar para ele.

– Vocês acreditaram que eu não saberia que meu filho esta de volta ao Brasil.

– Pai... Não queríamos esconde, ele chegou há poucos dias... Eu soube que o Jonathan tinha voltado ontem.

Seu pai a fuzilou com os olhos.

– você quer que eu acredite nisso?

– É a verdade pai... Mamãe me avisou ontem...

Paloma se sentia absurdamente cansada, lida com seu pai era sempre extenuante.

– Pai...

– Ele é meu filho! Pilar deveria ter me avisado assim que ela soube! - ele disse fechando o livro com força.

– Tenho certeza, que mamãe não se importara se você...

– Não seja ridícula Paloma

Paloma encarou o pai com intensidade, não deixaria ele a trata como um saco de pancadas.

– Era apenas sobre esse assunto que gostaria de conversar, pois tenho uma reunião com Dr. Eron agora! - disse com firmeza.

– Vá então para sua reunião! - Cesar disse rispidamente.

Paloma se virou e saiu da sala. Chegou a acredita que com o tempo, e a voltar do pai ao hospital, toda aquela raiva e amargura sumiriam, mas o doutor Cesar apenas acalentava esses sentimentos como uma mãe acalentar seu bebe. E Paloma era o alvo principal, nada do que fazia parecia agrada-lo, ao contrario todas as suas tentativas enfurecia-o mais. Isso sempre a deixava frustrada, exausta e triste. Foi assim que Felix se sentiu a sua vida inteira? O pensamento a pegou como um soco no estômago. Não, não queria pensar nele e não iria. Felix já não fazia mais parte da sua vida e nunca mais faria.

***

Eron observou o restaurante, era fácil identifica o toque do Niko na decoração. Hesitou um bom tempo do lado de fora, sem saber se deveria entrar ou não. O que faria se encontrasse Niko, o que diria? Ele poderia ter encontrado outra pessoa durante todo esse tempo. Só havia um jeito de saber. Ao entrar não o viu, sentou-se em uma mesa próxima, esperando...

– Boa noite, o senhor deseja pedir agora?

Eron voltou sua atenção ao garçom.

– Desculpe, poderia me dizer o nome do dono desse restaurante... - ao ver o rosto desconfiado do garçom Eron acrescentou - Acho que o dono é um velho amigo... Niko. Nicolas Corona.

– Seu Niko é o dono do restaurante, sim!

– Ele esta?...

– Não senhor, hoje seu Niko foi para casa mais cedo.

Eron tentou esconder a decepção. Mas pensando bem era melhor, agora sabia onde podia encontra-lo, e poderia se preparar para esse encontro. Seu coração se encheu de esperança. E se ele tiver alguém? Não importa! eles tinham uma historia, que foi interrompida bruscamente. Agora tinham a chance de recomeça, e faria de tudo para que Niko também enxergasse isso. E se caso houvesse outro, Eron lamentava por ele. Por que faria de tudo para ter Niko de volta.

***

Jonathan entrou em seu velho quarto, foi muita legal da sua avó manter seu quarto igual, tudo ainda estava como tinha deixado há quase 10 anos, mas era estranho está aqui, nesse quarto, nessa casa.

Aquela tinha sido sua casa por quase toda a sua vida, mas agora era um lugar estranho, frio, distante. Talvez por que nunca foi realmente feliz nesse lugar. Agora estava de voltar. Sabia que era idiotice, mas sentia-se culpado. Era como se estivesse traindo seu pai por esta ali.

Sua vó ficou feliz ao vê-lo, mas não podia negar que uma parte de si ficou ressentido com ela, por em nenhum momento ela ter perguntado por seu pai. E agora teria que encarar todas essas pessoas que talvez o odiassem, que fingiam que ele não existia. Ótimo, talvez fosse o melhor que poderia acontece, enquanto eles... Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.

– Entra!

– Oi Jonathan

Jonathan ajeitou sua postura, Paloma estava ali parada na soleira da porta. Ela continuava linda. Ela lhe deu um sorriso fraco.

– Tia Paloma - disse com o máximo de naturalidade possível, indo até ela para abraça-la.

– Pode me chamar de Paloma - ela disse sua respiração batendo na orelha dele - olhar para você, você esta lindo!

Jonathan se afastou mais.

– Você que esta linda, quer dizer sempre foi linda.

Ela riu, e um pouco do desconforto foi dissipado.

– Sua vó pediu para vim buscar você, a jantar já vai ser servido.

– Então é melhor irmos antes que levemos uma bronca

Jonathan estendeu seu braço, Paloma voltou a sorri e entrelaçou seu braço no dele.

– Foi uma surpresa descobrir que você fez medicina

– Foi uma surpresa para mim também, medicina nunca esteve nos meus planos... - Jonathan respondeu a Paloma.

O jantar vinha correndo relativamente bem, mas havia uma tensão no ar. Jonathan lembrou-se como um estranho dejá vu de antigos jantares da família Khoury que sempre terminavam com revelações nada agradáveis. Mas era o olhar de sua vó cheio de significado, que fazia seu estômago dar voltas.

– Paulinha também ser formou em medicina - Bruno falou sua voz evidenciando o orgulho que sentia

– Você deve esbarrar com ela pelo San Magno... Isso se já não esbarrou... A ultima vez que você a viu, ela era uma criança...

– Mas agora é uma mulher linda - Dona Bernarda completou a frase da neta

Jonathan sorriu e bebeu um gole de vinho para não precisar responder.

– Você esta morando com quem Jonathan? Com sua mãe? - Lutero perguntou

Jonathan esperou essa pergunta à noite inteira.

–Não, estou morando com uns amigos. Dividindo as despesas.

– Jonathan você deveria trazer suas coisas para cá, você ficaria mais confortável aqui - Pilar disse.

– Agradeço vó, mas prefiro continuar onde estou é melhor - Pilar ficou decepcionada e Jonathan se perguntou se ela queria que ele morasse com ela para assim ter algum tipo de informação do seu pai.

– Querido se você quiser posso lhe comprar um apartamento...

– Não vó... Não precisa... Estou bem, não precisa se preocupar.

– E seu Pai Jonathan? - a pergunta foi feita sem rodeios e inesperadamente.

O clima na mesa mudou. Sua avó fez um som de alguém se afogando, Jonathan viu Bruno segurar a mão de Paloma, mas não teve coragem de olha-la. Maciel parecia muito interessado em seu prato, Dr. Lutero tomou um gole do seu vinho como se tivessem feito uma pergunta, onde a resposta era completamente tediosa.

Quando seu pai lhe contou que estava indo embora, disse que a única coisa que queria levar do antigo Felix, era ele. Que queria esquece e recomeça como uma nova pessoa, e essa nova pessoa não tinha ninguém além de um filho. E que isso era o melhor para todos.

Quando resolveu partir com o pai, Jonathan disse a avó que estava indo fazer um intercambio. Quando o tempo de voltar chegou, não foi difícil converse-la que continuaria seus estudos no exterior. Durante os anos, as fotos enviadas eram sempre acompanhadas pelos amigos da faculdade, nas ligações o nome do pai jamais foi citado. A avó nunca demonstrou desconfia de nada. Já a bisavó...

Sua bisavó o encarou, ela estava sentada a sua frente, se obrigou a sustenta aquele olhar cheio de sabedoria.

– Não tenho noticias do Felix a anos! - Jonathan disse tentando sufocar qualquer emoção, dizer essas palavras doeu mais do que esperava.

Ela o olhou com mais determinação como se tentasse ler sua mente, um brilho estranho passou por seus olhos e dona Bernarda desviou o olhar com um sorriso.

Uma cadeira sendo arrastada fez Jonathan se virar para ver sua avó levantando-se. Marciel fez um gesto para segui-la, mas ela indicou com a mão que ele ficasse. Ela saiu o mais rápido que pode, mas todos já tinham visto as lágrimas em seus olhos. Quando todos olhavam para a direção onde ela tinha seguido, uma pessoa encontrou seus olhos, e foi com surpresa que viu nos olhos da Paloma o mesmo que tinha visto nos olhos de sua avó.