–Você está me deixando tonto- Bennett comentou observando Stella andar de um lado pra outro no chão do laboratório, ele sacudiu a cabeça- Por que não vamos almoçar? Mac Taylor só chega mais tarde.- Ele sugeriu, Stella parou e o encarou, os olhos brilhando perigosamente.

–Quem disse que eu estou assim por ele?- Ela perguntou, ela sabia tanto quanto ele que isso era uma grande mentira, mais ela ainda tinha seu orgulho.

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–Eu não disse isso, por que não vamos almoçar?- Ele perguntou novamente. Qualquer coisa pra faze-la parar de andar antes que ela fizesse um buraco no chão, ou um buraco em alguém.

–Tudo bem- Ela falou suspirando e pegando sua bolsa em cima da cadeira, ele a acompanhou abrindo a porta pra ela passar.

Bennett sabia que algo estava acontecendo com ela, mas não conseguia entender.

Quanto mais tentava entende-la, menos conseguia, havia algo em Stella Bonasera que o atraia, ela era obviamente linda, e ele sabia que não era o único a notar, cada vez que passavam pela delegacia metade dos policiais a observavam passar descaradamente e a outra metade discretamente.

Mas não havia um homem que não a notasse, havia algo que pessoalmente o atraia mais, a garra e a fibra dela, ela era uma líder nata, isso era visível no seu modo de andar e de falar.

Ele já ouvira falar que o Det. Mac Taylor também era um líder nato, e que servira pra marinha durante anos antes de aceitar o trabalho como chefe do departamento de criminalística de New York, o que fazia Bennett pensar em como seria a relação entre ambos, pois ver Stella trabalhando era extremamente difícil imagina-la obedecendo ordens.

–Você está tão quieto- Ela comentou após alguns segundos sorrindo levemente, Ben sorriu também.

–Sentindo falta da minha voz?- Brincou, ela revirou os olhos e afundou no banco do passageiro em silêncio- Algum dia você vai contar exatamente o que aconteceu em New York?- Bennett perguntou desviando os olhos da pista e a encarando, Stella olhou pra fora.

–Não estou entendendo sua pergunta- Ela falou após alguns segundos de silêncio, ele assentiu e estacionou na frente do restaurante. Ela não iria falar.

Em poucos minutos os dois estavam sentados desfrutando de uma ótima comida italiana, Bennett tentava manter a conversa em um campo longe de qualquer coisa que envolvesse Mac Taylor e New York.

–Mesmo?- Ele perguntou chocado, Stella sorriu se lembrando.

–Sim, um carro de corrida. Foi antes das 400 milhas de New York, tivemos que resolver o assassinato de Davi Santos– Ela falou, se lembrava da emoção de estar pilotando um carro tão veloz.

E da ridícula aposta que ela e Mac haviam feito, quem perdesse pagaria os almoços da semana inteira, embora Stella tivesse certeza que se perdesse e choramingasse Mac pagaria todos eles, ele era tão cavaleiro que isso o fazia facilmente manipulável nesse quesito, um sorriso involuntário surgiu em seus lábios.

Mas pra sua sorte ela ganhara, embora tivesse uma leve desconfiança que Mac a deixara ganhar.

–Você sente falta deles- Bennett falou, Stella ia contrariar quando ela percebeu que não fora uma pergunta. E seria inútil continuar mentindo sobre isso, ela realmente sentia falta.

Falta de Lindsay com suas experiências engraçadas que de alguma forma colocavam Mac em uma saia justa, Danny e todo as suas piadas e brincadeiras irritantes, Don e seu sarcasmo característico.

Adam e suas loucuras, Sheldon e todo o seu conhecimento impressionante, e Sid com sua gentileza, sem mencionar a falta que ela sentia da pequena Messer.

–Eles são minha família- Stella falou tomando um gole do refrigerante.

–E seus pais? Parentes?- Bennett perguntou, Stella sorriu levemente. Eles não sabiam absolutamente nada sobre ela.

–Eu não tenho- Ela falou checando o telefone- É melhor nós irmos se quisermos chegar no aeroporto logo.

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Stella sabia que era ridículo, mas se sentia tão nervosa, como uma garota encontrando um ex-namorado, seria quase a mesma coisa se não fosse pois dois pequenos detalhes, não era “namorado” era marido, e não era ex.

Ela já havia imaginado esse momento milhares de vezes desde ontem deitada a noite em sua cama, hoje de manhã no laboratório, no caminho pro aeroporto.

E então vários passageiros estavam andando em sua direção entrando no saguão do aeroporto, e ela prendeu a respiração, seus olhos procurando desesperadamente por ele.

Ela já estava se convencendo de que ele não viera, e sentia uma ligeira felicidade com esse pensamento, quando o viu. Ela não realmente o viu, apenas encontrou os olhos azuis, e então se sentiu arfar.

“-O droga- Ela resmungou enquanto tentava em vão secar o cabelo. Por que diabos tinha que estar chovendo em seu primeiro dia de trabalho?!

E ela era tão sortudo que havia colocado o guarda-chuva na bolsa errada! Se xingando Stella apertou a toalha mais no cabelo, agradeceu mentalmente por trazer sempre com ela uma pequena toalha dentro da bolsa, agora ela sabia exatamente por que.

Ela apenas ouviu o barulho atrás de si, e não pensou, apenas agiu instintivamente, pegou o copo de café vazia em cima da pia do banheiro que ela havia vindo tomando e se virou com ela em punho acertando em cheio algo.

Um leve gemido soou, e ela sentiu sua boca se abrir levemente em susto quando viu quem era, um homem colocava a mão na cabeça, estava fardado como ela. Ele abriu os olhos e a encarou, os olhos eram de um azul que ela nunca havia visto antes, que eram tão claros que pareciam com o cinza.

–Oh desculpe!- Ela falou desesperada, que ótimo em Stella! Agredir um colega! Alguém devia interna-la!- Eu não vi você.

–Nem eu, mas eu senti o quanto sua pontaria é boa- Ela o ouviu falar, e sentiu uma risada escapar de seus lábios, ele sacudiu a cabeça e sorriu levemente, tirando as mãos da cabeça e as olhando, não havia sangue, embora Stella pudesse ver que o local estava levemente vermelho.- Que bom que estava vazio. Mac Taylor.

–Definitivamente faria um estrago maior. Stella Bonasera.”

A lembrança simplesmente viera sem que ela tivesse controle. Stella sorriu ao vê-lo se aproximar, mas seu sorriso morreu quando viu seus olhos azuis, eles não estavam como da primeira vez que o vira, não, eles estavam frios.

–Stella- Ele a cumprimentou, foi impossível pra Stella não observa-lo, ele estava cansado. Era a principalmente coisa que se notava, as olheiras em volta do olhos estava mais fundas do que ela se lembrava, e Stella se perguntou se ele vinha dormindo agora que ela não estava lá pra lembra-lo de que era humano.

–Mac- Ela sussurrou e sacudiu a cabeça levemente. As coisas mudaram Stella, sussurrou mentalmente pra si mesma.- Esse é Bennett meu segundo comando- Ela o apresentou, observou os dois trocarem um aperto de mão.

–É um prazer conhece-lo Det. Taylor.- Bennett falou, Mac não respondeu apenas assentiu, ele não desviou os olhos dela.

–Você já tem um lugar pra ficar?- Stella perguntou, e depois percebeu como a pergunta soava- Posso leva-lo pra um hotel- Ela rapidamente completou.

–Eu posso fazer isso- Ele a cortou, Stella assentiu levemente irritado. Claro, ele ainda era o mesmo Mac Taylor que fazia tudo sozinho, e não gostava de aceitar ajuda!

–Bennett você pode nos deixar sozinhos- Ela pediu se virando pra ele, viu a surpresa em seus olhos. Não havia por que adiar essa conversa, e seria melhor tê-la ali por que pelo menos havia uma pequena chance de ambos conseguirem se controlar.

–Eu...

–Apenas quero falar uma coisa com Mac, não há nada demais- Ela falou tentando fazer com que aquilo parecesse menos estranho pra Bennett, ele assentiu e deu de costas os deixando sozinhos.

–Ele é o que? Seu cão de guarda?- Mac perguntou debochado a encarando, Stella sentiu suas mãos se fecharem em punho.

–Eu preciso pedir uma coisa a você.

–Outra?- Ele perguntou, seu tom novamente debochado, Stella sentiu sua unha se fincar na palma de sua mão, se ele continuasse agindo dessa forma a conversa não iria muito longe.

–Sim, eu gostaria que você não falasse nada.

–Sobre o que?

–Nós- Ela sussurrou, viu a surpresa nos olhos dele.

–Espere? Você não contou nada a ele?!- Ele perguntou a encarando irritado, ela sacudiu a cabeça. O que ele estava esperando?!

–Ninguém sabe!- Ela falou irritada, por que ele estava agindo assim?

–Por que eu faria isso? Está com medo dele deixa-la? Ao saber da verdade?- Mac perguntou, Stella sentiu a raiva fluir através de si e só se deu conta do que estava fazendo quando ele segurou seu pulso no ar a centímetros do rosto. Stella estava a ponto de dar um tapa nele.

–O que aconteceu com você?! Desde quando você é tão... insensível?! E isso não tem nada haver com ele!- Ela bradou irritada, ele a encarou debochado.

–Não? Então esqueceram de avisar a ele!

–Eu sinceramente não entendo você- Ela falou puxando sua mão com força, ele a soltou.- O que aconteceu?

–Antes ou depois de você ter ido embora?! E eu sou o insensível?!

–Eu amei você!- Ela gritou irritada, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.- E odiei você, pelo que fez comigo! Pelo que fez com nós!

–Amou?!- Ele perguntou gritando também, algumas pessoas pararam pra nos observar, e então seus olhos a fulminaram, Stella se afastou alguns centímetros, era como se o olhar dele conseguisse perfurar sua pele.- Onde está o amor que você diz que sentiu? Quando você foi embora e me deixou sem nem me dizer o por que, ou me dizer qualquer coisa?- Ele indagou, ela sentia que estava a ponto de chorar.

Ele nunca entenderia! Por que a única que ele conseguia ver era a droga do laboratório! Ela estava cansada de ser a segunda opção na vida, por que havia sido Claire durante várias anos!

E depois fora Peyton, mas nunca ela! E então quando finalmente as coisas haviam acontecido, ele estava tão ocupado com sua vida, com o laboratório. E ela estava tão exausta disso, que apenas queria ir embora.

–Onde está esse amor Stella? Quando eu fiquei parado igual a um idiota na nossa casa tentando entender que minha mulher havia ido embora.- Ele falou a encarando.

–Esqueça- Ela falou se virando e andando, sentia as lágrimas escorrerem por seu rosto enquanto corria em direção a saída.

–Fuja parece que você é ótima nisso!- Ouviu Mac gritar, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Ela demorou algum tempo pra encontrar o carro de Bennett.

–Você está bem?!- Bennett perguntou, ela não deu ouvidos, puxou a bolsa e saiu o deixando sozinho, aumentando o passo antes que ele pudesse fazer qualquer coisa.

Enrolando os braços em volta de si mesma ela continuou a correr, como havia feito todas as vezes. Ela soltou um soluço quando se sentou no banco a poucos metros depois.

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Talvez ele tivesse razão, fugir era o que ela fazia. Ela havia fugido do orfanato antes de completar 18 anos, havia fugido de Frankie depois que descobrira quem ele era, e havia fugido dele.

Ela se virou observando o aeroporto de longe. Limpou o rosto, poderia voltar lá e explicar a ele por que havia ido embora, ela sacudiu a cabeça.

Por que decepciona-lo em seu julgamento?!