Inconscientemente
Eu Voltaria Por Você
Desci as escadas com uma parte dos fios na boca, três radiocomunicadores equilibrados na mão esquerda e um monitor de alta precisão debaixo do outro braço, praticamente escorregando degraus abaixo. May, Triplett e Simmons estavam de olho nos monitores, provavelmente resolvendo alguma questão tática em relação ao posicionamento dos comboios. Quer dizer, todos menos Jemma. Ela não fazia parte disso, estava apenas ocupando o mesmo espaço que eles. Não que ela não estivesse entendendo nada, apenas não era o trabalho da vida dela. (Bem, a menos que ela esteja fazendo o levantamento dos recursos biológicos e o relatório de potencialidade química e ecológica, o que ela não gosta muito de fazer já que ela prefere a parte que mexe com membros e órgãos humanos ou doenças infecciosas com o efeito perturbador de dizimar populações inteiras. Onde já se viu alguém amar essa parte da ciência?).
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Jemma parecia que havia congelado ao lado daquele ser desprezível que usurpara o lugar de Ward no nosso avião. Ela estava com as bochechas rosadas, provavelmente por algum elogio constrangedor daquele cara totalmente desagradável que se gabava por saber de tudo. Deviam tê-lo colocado na alta cúpula logo. Quem garantia que ele não era da HIDRA só encenando todo aquele tempo? Se a HIDRA esteve infiltrada por setenta anos na S.H.I.E.L.D, nada mais me impressionaria, principalmente se a ameaça surgisse da presença indesejável daquele indivíduo asqueroso.
– Agente Fitz, Skye já está na escuta?
– Dez segundos, May. Ela parece estar configurando o seu canal.
– Poderemos falar com ela, então? – Triplett fez uma pergunta idiota pra variar.
– É justamente para isso que estamos configurando o canal dela, Agente Triplett. – Respondi asperamente e Simmons lançou-me um olhar de reprovação.
– O Agente Fitz quis dizer que... – Jemma tentava justificar meu comportamento para Triplett, quando Skye finalmente conseguiu acessar o canal.
– Ga-galera? Alguém na escuta? – A voz de Skye surgia ainda tremida em meio a muita instabilidade na frequência.
– Skye? – Jemma praticamente voou em cima do meu radiocomunicador para falar com Skye. – Você está bem?
– Sim, Jemma, conclui a segunda parte do rastreamento. Não estávamos muito longe do local em que vocês pousaram e essa van está realmente dando conta do recado. May está aí com você?
– Skye? Pode falar – May recebia o radiocomunicador das mãos de Simmons.
– May, Eu estou com o grupo Bravo e eles me deram cobertura para instalar as microcâmeras. Estava escuro, mas eles me deram suporte e enviaram dois técnicos de computação nível 7 para a minha equipe. Devo dizer que é bom ter alguém que fale a mesma língua que eu.
– Ótimo. E a área? Encontraram os pontos vulneráveis do Forte?
– Essa é a parte ruim, porque parece que a Rússia rebobinou a fita e voltou à Segunda Guerra. Aquilo não é uma fortaleza, é o escudo protetor de Asgard.
– Skye, me diga que vocês ainda estão analisando o local, não é possível que não encontrem uma mínima falha!
– Eu sei como parece, mas... Sim, ainda estamos vasculhando, mas a essa hora é complicado devido a baixa visibilidade, embora de dia a mesma visibilidade seja o problema também.
– O que? – Jemma se perdeu um pouco no assunto.
– De noite, a escuridão nos impede de enxergar com clareza, mas também nos ajuda a nos camuflarmos dos guardas. De dia, nós enxergamos melhor, bem como os soldadinhos de chumbo que protegem a joia da coroa, então... Estamos empatados.
– Quantos pelotões foram para a missão?
– Três.
– Formação básica. São oito agentes por grupo?
– Sim senhora – Skye respondia como a um comandante.
– Montem três turnos. Pelas imagens iniciais o terreno é quase triangular, então... Poderiam colocar um comboio em cada ângulo, assim fica mais difícil de vocês serem vistos de dia já que as guaritas angulares são um pouco mais compridas.
– Poderiam montar um acampamento interno. – Estava demorando para ele dar os seus pitacos na conversa.
– Interno?
– Bem abaixo das guaritas angulares, Agente Skye. Mas isso tem que ser durante a noite. Quando amanhecer o dia, tudo já tem que estar montado.
– Então isso vai ficar para amanhã à noite. Já percorremos muitos quilômetros aqui para instalar as câmeras e não terminamos nem a terça parte. O máximo que vocês terão por enquanto são as imagens de satélite especiais, mas só tem algumas especificações e leituras de calor. Basicamente sensoriamento remoto. Amanhã teremos imagens mais precisas e aumentadas, consequentemente mais detalhes e blábláblá... Vamos salvar o Ward.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Tudo bem, manteremos os olhos abertos por aqui. – Agente May deu uma pausa, apertando o comunicador contra a boca – Não hesite em usar o...
– Já sei, já sei... Entendido. Ele não sai da minha jaqueta por nada. – Onde está o Coulson?
– Ele ainda está no telefone com a segurança Russa. Parece que tivemos alguns probleminhas de comunicação com o Fury.
– É, isso é bem a cara dele.
– Eu aviso ao Coulson que conseguimos falar com vocês.
– Sim, por favor. Amanhã à noite eu trago os relatórios e vocês nos vigiam daí, okay? O capitão da minha tropa quer evitar qualquer instrumento de comunicação durante o dia – Quando as placas solares estão operando a todo vapor – para diminuir as chances de a nossa frequência cair em algum radar do governo, já que Fury mentiu quanto ao real propósito da S.H.I.E.L.D. em solo russo.
– Já fomos informados disso, por isso só passamos meia hora no aeroporto. Se as autoridades souberem que a S.H.I.E.L.D. mentiu para o governo, é capaz de eles saírem caçando a tropa de vocês. Por isso não pudemos parar por algumas semanas na Rússia e esperar vocês concluírem a missão. Fury nos mandou ficar no ar o máximo possível para evitar interrogatórios.
– Tudo bem. Estou desligando. Aguardando as novas instruções para amanhã a noite. Fiquem bem. – Ela direcionou um tom de voz mais meigo para dirigir-se à amiga – Tchau, Jemma. Juízo. Não faça besteira enquanto eu não estiver aí.
– Tudo bem, Skye – Jemma sorriu – Tome cuidado.
– Pode deixar, até logo.
Jemma encerrou a chamada e Triplett e May seguiram até a sala de Coulson para apresentar um relatório parcial. Ele havia conseguido despistar as atenções do governo russo, pelo menos por enquanto e estava combinando as possíveis rotas e estratégias que seriam aplicadas dali em diante. Jemma, por sua vez, parecia cada vez mais distante e eu não podia evitar o desconforto que aquilo me causava por dentro.
Sentei nos degraus da escada e assistia Jemma desenhar alguma coisa imaginária sobre a mesa, que não era a holomesa então o desenho era realmente imaginário. Ela era tão doce e tão teimosa e estava sempre querendo mandar em mim, ou sei lá. Eu não conseguia entender o meu problema em dividir a atenção dela com o Triplett, mas era algo que fugia do meu controle. Ela era dois anos mais velha do que eu e parecia se orgulhar disso, pois ficava todo instante me dizendo o que eu devia fazer, alegando que sabia o que era melhor para mim. Mas naquele momento, eu era o melhor para ela. Eu e não o Triplett.
– Você está bem? – Aproximei-me dela, cuidadoso.
– Estou... – Ela fez aquela expressão de que não estava cem por cento. – Mais ou menos, na verdade. Não queria que Skye estivesse longe, correndo perigo.
– Nenhum de nós queria, Jemma, mas você conhece Skye. Ela não vai parar até encontra-lo. Eu no lugar dela faria o mesmo.
– Eu sei que ele é parte dessa equipe, mas... Nós quase morríamos por causa dele, não sei se eu teria coragem de voltar para salvá-lo. Você realmente faria isso pelo Agente... – Ela quase mordia a língua corrigindo a sua fala – Pelo Ward?
– Eu não sei, Jemma.
– Mas você acabou de dizer que...
– Eu voltaria por você.
Fale com o autor