– A S.H.I.E.L.D. está aqui.

Samantha levantou-se da mesa abruptamente, observando um grupo de homens de terno e óculos escuros atravessarem a rua em direção ao restaurante irlandês. Ela já tinha visto aquela cena centenas de vezes e, para falar a verdade, até conhecia alguns agentes de tanto vê-los abordar as pessoas assim tão cordialmente. Nunca entendera muito bem a maneira como a organização gostava de decidir o que as pessoas podiam ou não saber, então, por seus próprios motivos, preferiu estudar Biologia ao invés de entrar para a Operações.

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– Não há para onde fugir. – Simmons observou cuidadosamente, olhando por sobre os ombros. - Não podemos enfrentar a S.H.I.E.L.D, muito menos em um local público e adorável como este. – a britânica passava as mãos no cabelo castanho claro, numa expressão de agonia interna.

– Pessoal, eu meio que estou ficando sem tempo aqui. - Miles chamou atenção, já com as mãos suadas de nervosismo.

– Grant, leva as garotas para o banheiro, agora!

– O que? - Skye, Ward e Simmons perguntaram ao mesmo tempo, todos encarando a autora da frase com caras de espanto.

– Eu falei grego ou o quê? - Samantha fez sinal para que eles corressem para o banheiro que ficava nos fundos do restaurante. - Eu tenho um plano, confiem em mim.

Skye olhou para Ward e Jemma também acompanhou o raciocínio. Nada mais confortante do que deixar o destino de seu amigo e de sua própria permanência na S.H.I.E.L.D. nas mãos de uma estranha que acabara de conhecer. Magnífico. Absolutamente magnífico.

– Agora, você. - Samantha olhou para a porta do restaurante e viu dois dos agentes entrarem, enquanto outros quatro se espalhavam em torno do restaurante. - Não se assuste, garoto apenas me siga.

– Garoto? - Miles protestava com a terminologia utilizada por Samantha. - O que te faz pensar que eu sou um...

Antes que ele pudesse dizer a palavra "garoto", Samantha puxou o corpo de Miles sobre o dela, empurrando seu próprio corpo de encontro à parede e beijando-o como se ele fosse o último homem da face da terra. A Loira puxou o capuz do moletom do rapaz e cobriu seu cabelo, tentando fazê-lo menos reconhecível aos olhos dos agentes. Miles, por sua vez, ainda estava espantado, não apenas com a atitude impulsiva de Samantha, mas com o comprometimento da garota em tornar a cena o mais real possível.

– Eles estão olhando para nós. - Samantha falava entre beijos, alternando entre vigiar os agentes e beijar a boca de Miles.

– Pelo jeito como você está me beijando, não estranharia se tivesse uma coletiva de imprensa bem atrás de nós, registrando tudo.

Samantha sorriu e encostou a cabeça na parede, analisando os homens de terno e o comentário de Miles ao mesmo tempo.

– E você ainda me pergunta porque chamei você de "garoto" alguns minutos atrás...

Samantha tinha acabado de passar da faixa dos trinta anos e sabia - por experiência própria - que homens odiavam ser chamados de garotos. E, particularmente, ela adorava provocar.

– Bom, para a sua sorte - ele levou sua mão até a coxa da loira e a puxou para si, fazendo com que Samantha se assustasse com a força empregada por ele. - Eu não sou exatamente um garoto.

Dessa vez, foi Miles quem tomou a iniciativa. Tomou os lábios macios de Samantha com um beijo e diminuiu a distância entre seus corpos. A loira sentia as costas baterem novamente contra a parede, mas dessa vez fora Miles quem a empurrou sem piedade contra a estrutura de mármore, resfriada pela condensação das gotículas que se formaram pelo ar condicionado. Dessa vez, ele não se assustou com os incríveis 1,82 da loira à sua frente. E dessa vez, somente dessa vez, ele esqueceu-se de que a S.H.I.E.L.D. estava o perseguindo por toda Washington.

Os dois permaneceram aos beijos no final do restaurante, que por sorte, não estava tão lotado a ponto de causar um escândalo - embora os poucos casais presentes os olhassem com repreensão. Os agentes viram o casal e tentaram uma aproximação, reconhecendo que aquela cena toda poderia ser apenas uma encenação. Eles percorreram toda a extensão do restaurante e quando estavam prontos para abordar Samantha e Miles, um grito grave e descompassado fez com que os dois homens de terno sacassem suas pistolas em direção à uma Skye que agonizava e sangrava no chão.

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– O que aconteceu? – um dos agentes abaixou a pistola, vendo a garota com um corte aparentemente fundo no braço esquerdo. – Alguém a atacou, agente Skye?

– Sim, agente... – Skye olhou rapidamente pelo uniforme dele, procurando algo que identificasse seu nome, mas não encontrou. – Qual é mesmo a sua divisão?

– Operações, nível 5. – ele respondeu desconfiado e ajudou Skye a levantar-se do chão. – É melhor a levarmos para uma unidade médica da S.H.I.E.L.D em Washington, você está sangrando muito, agente.

– Muito obrigada, agente...?

– Frost. Daniel Frost.

– Agente Frost. – Skye repetiu sem graça, apertando seu ferimento com uma das mãos. – Foi apenas uma briga com um assaltante, no corredor.

– E ele ainda conseguiu esfaqueá-la? – Daniel perguntou, levando Skye pelo braço, enquanto eram escoltados pelo outro agente careca.

– Com uma tesoura. – Skye confirmou, entrando na BMW com o enorme símbolo da SH.I.E.L.D. nela. – Mas sabe o que dizem: “Deveria ter visto o outro cara”. – Ela sorriu e fez uma careta de dor.

– Não queria estar na pele dele – Frost sorriu e assumiu o volante, enquanto Skye enrolava uma toalha em volta do braço e seguia com os dois agentes em direção à unidade médica.

– Mas então, o que vocês estavam fazendo no restaurante irlandês a essa hora? Não me digam que também são fãs daquela culinária bizarra e, estupidamente gostosa...

– Sim. – Daniel sorriu e olhou pelo retrovisor, piscando os faróis traseiros sinalizando para que outros veículos da S.H.I.E.L.D. recuassem. – Somos fãs daquele bolo de maçã irlandês...

(...)

– Mas o que diabos foi aquilo?

Miles passava as mãos pelo cabelo, enquanto Jemma ainda se encontrava de olhos fechados, com os cotovelos cravados na mesa.

– Tinha uma tesoura no banheiro. – Ward repetiu pela milésima vez.

– E vocês deixaram a garota se mutilar pra salvar a nossa pele? – Samantha era a única do grupo a permanecer de pé, com as mãos estacionadas na cintura, incrédula.

– Ela olhou pela abertura na janela e viu que os agentes ainda estavam lá dentro e encontrou a maldita tesoura no armário do banheiro. Quando percebemos, ela já havia se cortado para encenar um ataque!

– Que belo namorado você é, Grant!

– A Skye é incontrolável! – Miles, Jemma e Ward disseram ao mesmo tempo, fazendo com que Sammy arregalasse os olhos, assustada.

– E ela vence por unanimidade, senhoras e senhores. – a loira narrou com uma voz cômica, voltando a se sentar.

– Acho que não é hora para as suas palhaçadas, Samantha.

– Eu tenho praticamente certeza de que eu ajo assim em 100% do tempo, então...

– Gente, agora não é hora. – Miles interrompeu a pequena discussão fraternal. – Como vamos recuperar a Skye?

– Não é como se ela tivesse sido levada pelo Jack, o estripador, galera! – Samantha suspirou e colocou todo o seu cabelo loiro preso em um rabo de cavalo bem firme. – Esses caras não são da S.H.I.E.L.D?

– É, mas ela foi pega tentando salvar a minha pele e pode entrar em problemas por causa disso.

– Mas ela não vai ser assassinada pela S.H.I.E.L.D, caramba! – Samantha respirou fundo e levantou-se repentinamente da cadeira em que estava sentada. – Podemos simplesmente ir até a ala médica para onde disseram que a estavam levando.

– Eu e Jemma faremos isso. – Ward olhou para a irmã e Simmons estranhou o fato de ele tê-la chamado de “Jemma”. – Você vai ser babá desse garoto.

– Por que todo mundo insiste em...

– Ele não é exatamente um garoto, Grant.- Samantha o olhou sugestiva, e Miles sorriu discretamente, mais para ele mesmo do que para o resto do mundo.

– Afinal, - Grant cruzou os braços e franziu o cenho, olhando para Samantha e Miles. – O que você fez para distrair os agentes da S.H.I.E.L.D. que eles não notaram a presença do carinha da informática?

– Você é o agente. – ela sorriu provocadora, colocando o indicador sobre o peito do irmão e empurrando-o. – Investigue.

Miles apenas sorriu e os quatro saíram do restaurante, dividindo-se em duplas e marcando de se encontrarem no mesmo lugar três horas depois.

(...)

– Por que estamos indo por este caminho? – Skye perguntou para o agente que estava no volante. – Não parece existir nada aqui num raio de 8Km...

– Nem mais uma palavra, garota.

O agente que estava no banco de trás colocou uma pistola na cabeça de Skye e segurou o queixo dela com a outra mão. Skye tentou abrir a porta do carro, mas estava firmemente travado e seu braço ainda sangrava e doía um pouco. Nessa hora, pensou que deveria ter se cortado com menos veracidade, ou usado sangue falso, pelo menos.

– Quem são vocês? – ela bradou com os dentes cerrados, percebendo que havia algo de muito errado ali. – Como eu suspeitava, na verdade. Vocês não tem identificação padrão da S.H.I.E.L.D... Como a Central deixou isso passar?

– Simples. Nós também tínhamos infiltrados na Central.

– Não... Não pode ser...

– Corte uma cabeça... – Frost começou a sentença.

– E duas crescerão no lugar!

O agente careca completou, e em seguida bateu com a pistola na cabeça de Skye, fazendo com que ela perdesse os sentidos e desmaiasse por cima de Frost, que apenas sorriu com a fragilidade da garota.

– Ligue para ela, Mack. – Frost ordenou para o seu parceiro. – Diga que estamos com a garota e que o filho dela ainda não foi localizado.

– Estou fazendo isso, Dan. - o moreno pressionou o alto falante e deixou o aparelho em um suporte no banco dianteiro. – Conseguimos capturar a garota, senhora. Ela está inconsciente aqui do nosso lado.

Ótimo. Precisamos dela viva, Mack. Não ouse machuca-la além do necessário.

– Entendido, senhora.

E... Miles? – ela pronunciou temerosa.

– Achávamos que tínhamos encontrado ele, mas... Ao que tudo indica era um alarme falso. Ele pode ter fugido pelos fundos de um restaurante irlandês.

Encontrem-no! – ela exasperou ao telefone, com as mãos trêmulas. – Ele precisa ser eliminado, antes que a S.H.I.E.L.D. decida rastreá-lo até mim. Passei muito tempo infiltrada em Londres para ser desmascarada por esse garoto... Eu não posso... Ele não pode mais existir. Eu fui clara, Mackenzie?

– Sim, senhora.

Daniel? Você me entendeu?

– Alto e claro, senhora.

Ótimo. É importante que compreendam o fluxo hierárquico, aqui. Eu sou a cabeça da H.I.D.R.A, agora. A morte dos Strucker me delegou esta missão, e temo que eu seja a única capaz de executá-la, no momento. Portanto, sigam minhas ordens com a mais estrita cautela e diligência. Ninguém, nem mesmo o meu próprio filho poderá me impedir de reerguer a H.I.D.R.A.

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– Salve a H.I.D.R.A! – os dois agentes gritaram em uníssono.

Guardem a garota até o meu retorno, eu preciso verificar uma coisa. Miles estará à minha espera em algumas horas, na Academia. Tratem de dar um fim nele.

– Se me permite a pergunta... Para onde está indo, senhora?

– Como é que é?

– Sinto muito, senhora... Não pretendi ser rude, apenas queria ter uma noção de onde poderíamos encontra-la caso surgissem complicações e...

Tudo bem, tá tudo bem! – ela suspirou e passou o batom vermelho mais uma vez nos lábios carnudos e pálidos ao natural. – Estou indo para Hunan confirmar uma informação que pode nos tirar das sombras de uma vez por todas. E para isso, vamos precisar da bela adormecida que vocês estão trazendo para mim.

– Copiado, senhora Lydon.

– Nossa querida Skye precisará de muita sorte a partir de agora... – a mulher deu uma gargalhada quase estridente do outro lado da linha. – Daisy Johnson... A filha perdida de Attilan.

CONTINUA...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.