Desapareci corredor adentro, planejando deixa-los a sós. Quem sabe com um leve empurrãozinho eles não se resolviam de vez? Não que eu não me importasse com o sangramento da May, mas convenhamos... Ela é a Cavalaria! E além do mais tinha lutado com metade de Esparta e havia sobrevivido, e não seria agora dentro do avião e segura que ela ia simplesmente ter uma hemorragia interna ou sei lá o quê e bater as botas.

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Separei o material de primeiros socorros e estava os guardando em uma cestinha num canto em cima da mesa. Se alguém ia trata-la, seria Phil com certeza. Seria a gota para a aproximação perfeita. Momento perfeito, na verdade: acabamos de sair de uma missão cansativa, onde todos achávamos que íamos morrer ou ver um de nós ser morto, mas que no fim deu certo. May está machucada, o que não é bom, mas contribui para que ela esteja mais frágil e ele possa cuidar dela... Enfim, é o plano perfeito.

– Oh, May... Não estrague tudo – pensava alto, voltando os olhos para a cestinha como se ela pudesse me entender. – Não faça nenhuma besteira.

Peguei a cestinha confidente e segui de volta para onde estávamos, andando lentamente e com os olhos pesados de sono. Bem que eu poderia escolher outra hora para bancar o cupido, (alguma outra hora em que eu estivesse mais acordada, de preferência) mas se depender daqueles dois esse negócio não vai pra frente. Não sem a minha ajuda.

Ainda me encaminhava até eles quando olhei de relance para o pequeno compartimento que guardava os materiais de limpeza e tive a impressão de ver a porta se fechando rapidamente. Okay, eu também juro que vi uma figura de capuz, encolhida e agarrando-se a um cabo de vassoura ou algo assim, talvez na tentativa de se esconder (o que, considerando o estado em que estava, devia indicar que eu já estava a meio caminho do meu subconsciente).

Ignorei aquilo, passei em frente aos dois na escada e coloquei a cestinha de primeiros socorros no último degrau da escada. Tecnicamente, como diria a Simmons, não é bem “primeiros socorros” já que aquilo tinha tudo que ele precisava para costurar o braço dela ou fazer uma mini cirurgia (se ele soubesse). Então, tava mais para um mini auxiliar cirúrgico. Mas, devaneios a parte, apenas me despedi dos dois brevemente, com uma cara de cachorro perdido – e sonolento – estampada no rosto, me dirigindo ao laboratório para dar boa noite aos outros. Simmons estava apenas terminando com os últimos ferimentos e apesar da frequência cardíaca estar fraca, ele iria ficar bem.

– Esse idiota não morre tão cedo. – Falei, passando a mão na testa dele.

– Não mesmo – Simmons apenas me olhou, enquanto colava a gaze com o esparadrapo em algum ferimento no joelho dele. – Ele andou se machucando muito antes de nós o encontrarmos. As radiografias mostram várias sequelas de fraturas que não foram tratadas corretamente.

– Sabe-se lá o que era o lugar onde ele estava. – Fitz respondeu, enquanto calibrava o leitor de sinais vitais e de temperatura do corpo dele.

– O que importa é que acabou – respondi, bocejando. – Por favor, Jem, me mantenha informada sobre esse idiota, okay? Preciso fechar os olhos e desabar na minha cama por pelo menos uma hora.

– Nada disso, garota! – ela me olhou autoritária, e eu já sabia o que vinha por aí. – Você vai descansar e muito, pois está esgotada! Olhe só para os seus olhos! Eu devia era te examinar antes de deixar você dormir...

– Não, tá bom, tá bom! Eu durmo, prometo! – cruzei os dedos e os beijei, em sinal de juramento. – Já estou na minha caminha, olha só eu dormindo. – juntei as mãos e imitei um som de ronco.

– Muito engraçadinha a senhorita. – ela deu um falso sorriso, ficando com os olhinhos minúsculos.

– Olha, Fitz – falei, me aproximando de Jemma e virando o rosto dela na direção dele. – Ela não fica absolutamente linda quando faz essa carinha?

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Ele apenas passou a mão no cabelo e sorriu um sorriso bobo, como se já tivesse notado isso há séculos. E é óbvio que ele já havia notado isso há séculos.

– A Simmons é linda de qualquer jeito. – ele respondeu sem jeito, mas sem gaguejar e ela ficou vermelha imediatamente.

– Ah! E fica ainda mais quando fica com vergonha. – completei, sabendo que isso a deixaria completamente constrangida.

– Hey, vocês dois! – ela protestou, virando-se para o seu paciente. – Dá pra vocês comentarem isso quando eu não estiver presente?

– A gente faz isso, já. – Dei um sorriso cínico e a abracei. – Mas é sério... É bom estar de volta com vocês. – ela me abraçou de volta e eu segui para o Fitz em seguida. – Cheguei a pensar que não sairíamos daquela. – o abracei, parecendo uma criança carente e com sono.

– Mas como você mesma disse: Acabou! – Jemma concluiu.

– É, tem razão. – cocei os olhos, bocejando mais uma vez. – Tô indo pro quarto. – me dirigia até à saída quando me lembrei da figura de alguns minutos atrás. – Ei, vocês dois construíram um robô quando eu estava fora?

– Não? – os dois responderam juntos.

– Pra quê criaríamos um robô? – Fitz perguntou.

– Sei lá, deve ter milhares de aplicações, não?

– Mas nós não criamos um. – Jemma respondeu, enquanto ajeitava a bolsa de sangue de Ward no suporte. – Por quê?

– Sei lá... Achava que tinha visto mais alguém no avião...

– Não... Fora a nossa equipe, não tem mais ninguém.

– Okay então – respondi, me arrastando até a porta. – Boa noite pros gênios.

– Boa noite, Skye.

– Durma bem e cuidado com os robôs. – Fitz brincou, mas eu não tinha mais forças pra responder ou pensar.

Cheguei ao quarto sem me machucar (milagrosamente) e troquei de roupa numa velocidade incrível. Desliguei o despertador e coloquei uma das facas da May no criado mudo, caso alguém ousasse tentar me acordar antes das dez da manhã. Mal deixei o corpo cair na cama e senti todo ele dolorido, como se o sono de quinze noites mal dormidas tivessem recaído sobre mim e ouvi a porta abrindo lentamente e uma mesma figura de capuz aproximando-se lentamente.

Mas o sono já havia tomado conta de mim.

* * * Fitz Point of View * * *

– Será que a gente não devia ter contado a ela? – Perguntei, enquanto Simmons sentava-se travessa ao meu lado.

– Não, não. Vai ser melhor quando ela descobrir sozinha.

Ela deu uma risada conspiradora e me deu um beijo em seguida, me arrastando para assaltar o armário no meio da madrugada.