Por Você

Seguindo o Curso


Hermione já não se aguentava sobre as pernas. O peso da barriga de quase oito meses estava maior a cada segundo e ela se sentia constantemente cansada, redonda e assustada. Morria de medo da hora do parto, ainda não se decidira sobre a forma, se seria natural ou cesária, mas independente de como fosse, temia e tremia só de pensar de como seria a vida depois da chegada do bebê.

Tudo mudaria e ela se sentia insegura do quanto a vida dela e de Rony seria afetada com isto. E era exatamente sobre isto que ela pensava agora, a expressão conturbada e os olhos distantes.

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Ela estava tão distante que não ouviu quando Rony chegou do trabalho, abriu a porta, a chamou e caminhou até a pequena biblioteca que haviam montado, parando por trás do sofá que ela estava sentada, as pernas suspensas em um pufe gigante no formato de Toad, a primeira aquisição do ruivo depois que começou a trabalhar.

Ele beijou o alto de sua cabeça carinhosamente, lhe trazendo de volta a Terra e afastando os pensamentos momentaneamente. A cabeça olhou para o alto e o encontrou sorrindo para ela de cima de seus 1,87 m. A cabeleira vermelha caia desordenadamente sobre sua testa e ele parecia saudável e satisfeito. E ela estava igualmente satisfeita.

Depois de seis longos meses de tratamento, Dra. Fals finalmente o liberara do tão exaustivo período pós-transplante. Infelizmente, dez dias depois ele teve uma recaída e ante a preocupação de todos, a Dra. afirmou categoricamente que não era necessária maior preocupação por se tratar de algo normal ao fim do tratamento, mas, mesmo assim, Hermione se preocupava, mesmo que agora ele parecesse bem e só tomasse imunossupressores e que a contagem plaquetária e de glóbulos brancos estivesse normal. A sensação de cuidado constante não a abandonava.

– Estava tão concentrada – ele falou tirando o blazer e o largando sobre a poltrona ao lado do sofá e sentando ao lado dela, pegando suas pernas e trocando o pufe por suas próprias pernas – Um beijo por seus pensamentos – continuou, massageando os pequenos e inchados pés da esposa.

– Não pensava em nada demais – ele arqueou a sobrancelha, duvidoso.

Hermione achava surpreendente como ele a conhecia. Parecia ler em seus olhos quando havia problemas, quando não se sentia bem ou quando algo a incomodava. Nunca conseguia esconder nada dele por muito tempo, e respirou longamente, vencida pelo olhar que ele lhe direcionava.

– Estou com medo – foi franca.

– De que? - ele perguntou atento, massageando os pés dela sobre seu colo.

– De não ser uma boa mãe. Do parto. De como vai ser nossa vida depois que o bebê chegar. Tenho medo de seu amor... talvez... acabar – baixou os olhos num misto de temor e vergonha.

– Meu amor – ele falou dócil e ela o encarou – Acha mesmo que depois de tudo o que enfrentamos para ficarmos juntos eu deixaria de te amar?

– Não sei... – baixou novamente os olhos com vergonha de encará-lo.

– Hermione – falou enquanto levantava seu rosto com uma das mãos – Eu te amo, e nada nem ninguém seria capaz de me fazer sentir o contrário – ela suspirou – Tenho certeza que será uma mãe maravilhosa e que nosso bebê será o mais amado do universo, tanto por nós como por nossos familiares, e eu vou te ajudar em tudo o que você precisar, e se eu não estiver...

– Não fale assim – ela o interrompeu.

– E se eu não estiver – continuou sério – ele terá o Harry, que eu acredito ser o melhor padrinho que poderíamos ter escolhido. E se você não estiver, ele sempre terá a Gina, nossos pais, nossos amigos... não tenha medo do futuro, não se preocupe com ele, Hermione. Viva o presente sem se lembrar do que passou porque isto não mudará o nosso futuro. Viva sempre o presente, o hoje, como se fosse o melhor e único dia da sua vida, e você viverá sempre bem. Não se martirize sobre o que virá, o amanhã é um mistério – ele sorria envolvido agora – E os mistérios só devem ser desvendados no momento certo.

– Desculpe – ela falou enquanto ele recolhia uma lágrima grossa que escorria no rosto de Hermione.

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– Não se desculpe.

– Você é a melhor pessoa que existe.

– Não. Não sou não. Sou cheio de defeitos, de angústias, medos e manias, tanto quanto você e qualquer outra pessoa.

– Mas você sabe valorizar as pequenas coisas da vida. Você sabe amar intensamente, muito mais que qualquer outra pessoa.

– Não é assim, meu amor. Apenas aprendi com as dificuldades da minha vida que não vale a pena perder tempo pensando no que poderia ter sido quando eu tenho a oportunidade de fazer ser.

– Eu te amo! Eu te amo, Ronald Weasley. Eu te amo...

Um beijo discreto e cheio de carinho pontuou a declaração e um sorriso mútuo entre os lábios colados selou aquele momento. A mão livre do ruivo acariciou a coxa dela, levemente flexionada sobre o sofá e se encaminhou para dentro de seu vestido solto e florido.

– Ron... - a voz dela continha certa dúvida e um pouco de urgência.

– Se me ama tanto quanto diz, quero que me acompanhe durante o banho e me faça sentir realmente amado – a voz dele saiu como um sussurro rouco e provocador. Hermione gemeu baixo e sentiu a pele arrepiar.

– Quantas vezes você quiser, Ron.

Algumas semanas mais tarde, Luna, Vanessa e Leonel resolveram visitar a amiga. Hermione levantou com dificuldade da poltrona onde lia um livro gigantesco sobre hematologia. Sua mãe havia chegado há alguns dias e estava na cozinha preparando alguma coisa para ela que se queixava de indisposição desde o dia anterior e seu sorriso se alargou ao reconhecer os amigos.

Beijos, abraços, afagos e mimos fizeram parte do dia da garota que não mais temia o futuro por sabia que, independente de qualquer coisa, teria sempre os seus por ela e com ela.

– Cheguei!

Ron saudou tão logo colocou a cabeça para dentro de casa e se dirigiu sabiamente até a cozinha, de onde vinha um agradável aroma de comida caseira e, reconhecendo a sogra em frente ao fogão, aproximando-se da mulher de estatura baixa, beijando o topo de sua cabeça com carinho.

– Oi Rony.

– Olá sogrinha. Onde está a Hermione?

– No banheiro. Disse que não aguentava mais o calor e foi tomar banho.

– Tudo bem. Como a senhora está?

– Estou bem.

– Nossa... Está cheiroso.

– Risotto – a senhora respondeu simplesmente com um largo sorriso no rosto.

– Delícia – ele alegrou-se esfregando as mãos – Não que a Hermione não tenha um bom tempero, mas nada se compara ao tempero da mamãe e ao da senhora.

– Não adianta bajular, Rony. Só vai comer na hora do jantar.

– A senhora é tão má quanto a sua filha – falou falsamente entristecido, mas logo se encostou ao balcão e continuou – Alguma novidade?

– Os garotos vieram aqui e passaram a tarde com a Mione. Ela também tem se queixado de indisposição. A Vanessa achou tão estranho quanto eu, mas a Mione é cabeça-dura e não fala ao certo o que é, então, por favor, vá conversar com ela e descubra, ok?

– Sim senhora – ele se aprumou fazendo continência – Agora mesmo.

A mulher sorriu e ele beijou sua cabeça novamente, tirando o casaco e o levando nas mãos enquanto caminhava pelo corredor e se dirigia ao quarto. Hermione usava um vestido curtinho florido com alças enquanto penteava os cabelos e o viu entrar no quarto pelo reflexo no espelho.

– Oi, meu amor – ela saudou sorrindo pelo reflexo e o viu se aproximar.

– Oi, meu amor – beijou seus lábios ainda de pé – Como está?

– Bem.

– Não foi o que sua mãe falou. Está indisposta?

– Mamãe – ela girou os olhos – Não é nada demais, só muitas idas ao banheiro e falta de posição para caminhar, sentar, fazer xixi, deitar, dormir... Mas estou bem – sorriu.

– Vou acreditar momentaneamente porque preciso te contar uma coisa muito importante – sentou sobre a cama e ela tensionou levantar da cadeira, desistindo em seguida tamanha a dificuldade.

– Fala, Ron. Estou curiosa – ela falou diante do silêncio e do sorriso dele.

– Não vou te contar...

– Ronald! - ela o olhou irritada.

– Vou te mostrar.

Ronald fez um movimento e abriu a maleta que usava desde que começou a trabalhar com o pai e o irmão. Vasculhou um pouco e retirou um envelope amarelo, direcionando para ela. O sorriso que ele tinha nos lábios e o brilho nos olhos a deixavam confusa e totalmente curiosa.

Hermione pegou o envelope com calma, observando todos os movimentos que o ruivo fazia diante dos movimentos dela. Pegou o envelope com as duas mãos e o repousou sobre a barriga dilatada enquanto o abria. Os olhos logo reconheceram do que se tratava o papel dentro do envelope e se derramaram em lágrimas entusiasmadas quando ela o olhou novamente.

Ele também sorria. O sorriso que Hermione considerava ser o mais maravilhoso do universo. Seus olhos brilhavam junto aos dela e as palavras ficaram difíceis de serem ditas, mas ela se esforçou.

– Meu amor... Parabéns! Parabéns! Parabéns!

– Não teria conseguido sem você, meu amor.

– Não senhor. É seu mérito, resultado de seu esforço.

– Tudo bem – ele riu – Não vou discutir.

– E quando começa?

– Vou à faculdade segunda-feira fazer a matrícula.

– Engenharia... – ela sorriu ainda mais – Estou muito feliz, Ron.

– Eu sei que sim.

Ele se levantou e ela também levantou num impulso após repousar o papel sobre a penteadeira, sendo recebida pelos braços dele que a circundaram com alegria e carinho. Ela sorria contra seu peito, as lágrimas se enxugando em sua camisa enquanto ele afagava seus cabelos com o queixo apoiado sobre a sua cabeça.

Ele afrouxou o abraço para olhá-la em seus olhos. Ela o encarou e recebeu um beijo singelo e carinhoso, as mãos dele acariciando as costas e o rosto dela.

– Obrigada por estar comigo, Hermione.

– Não agradeça. Apenas seja feliz.

– Sempre serei se estiver ao seu lado - se abraçaram novamente, até que Hermione interrompeu o contato novamente.

– Ron... - ela chamou baixo.

– Oi? - ele beijou o topo da sua cabeça.

– Acho que deveríamos ligar para o Gui e pedir pra trazer o carro pra cá.

– Por que? - ele a olhou confuso.

– Porque acho que o bebê quer conhecer o mais novo estudante de Engenharia do país.