Por Você

Verdades Reveladas


Por um pedido especial da senhora Molly Weasley, Rony e Hermione estavam instalados no quarto do garoto enquanto convalesciam. Hermione já havia acordado, se alimentado, mas ainda recebia sangue e soro, e estava impossibilitada de ir até o leito de seu namorado. Ao menos podia vê-lo, era o que repetia para si mentalmente.

Rony ainda não havia acordado. Vinte e quatro horas depois da transfusão e ele ainda dormia. A Dra. Fals estava diminuindo a quantidade de sedativos aos poucos para evitar contratempos e esperava que ele acordasse a qualquer momento.

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Agora era noite e os dois dormiam. Hermione deitada em seu leito com sua mãe ao seu lado. Evelyn havia saído com Gina e Guilherme para comerem alguma coisa enquanto Arthur organizava as coisas da família e a senhora Weasley acompanhava o filho.

– Boa noite – a Dra Fals entrou no quarto e viu as duas mães sentadas conversando amigavelmente.

– Boa noite – responderam baixo em uníssono.

– Como estão? - a médica perguntou no mesmo tom a ninguém especificamente enquanto se aproximava dos dois.

Hermione estava bem. A anemia quase que controlada por completo. Rony precisava de maiores cuidados. Era vistoriado periodicamente, a cada duas horas, e nestas visitas controlavam todos os sinais vitais e glóbulos, que estavam perfeitos.

– Tudo em ordem – falou se virando para as duas mães – Estou muito satisfeita. Tudo ocorreu melhor do que eu imaginava.

– E a Hermione? - a senhora Granger perguntou.

– Ela está ótima como a senhora mesma viu hoje a tarde. Só tivemos o imprevisto da anemia, nada mais.

– Que bom – a morena falou aliviada – Acho que vou aproveitar que estão dormindo para tomar um café.

– Fique à vontade, senhora – a médica concordou – E amanhã sua filha receberá alta.

– Ótimo – a mulher sorriu – Muito obrigada.

– Não agradeça. Estamos todos felizes com o caso.

A Dra. Fals virou-se para a senhora Weasley tão logo estavam a sós. Contemplou a mulher que observava os dois como se estivesse em transe.

– Não acredito que fui capaz de mantê-los separados.

– Todos nós cometemos erros, senhora Weasley.

– Pode me chamar de Molly – a ruiva falou aparentemente cansada.

– Tudo bem, Molly. Tudo na vida tem um propósito. Desde que recebi o prontuário do Rony, eu me identifiquei com o caso e o quis para mim. Sabia que poderia ajudar de alguma forma. Tratar o seu filho é muito importante.

– E por quê?

– Há quase dez anos perdi meu filho para a leucemia.

– Sinto muito – a mulher se compadeceu no mesmo instante.

– Foi sofrido – a mulher fez uma pausa antes de continuar – O Dilan era meu filho mais novo e descobrimos a deformação quando ele tinha doze anos. Foram longos e sofridos sete meses. Ele fez todos os tratamentos, todas as quimio e tudo o que se poderia direcionar a ele, mas nada foi proveitoso porque nunca conseguimos um doador.

"Ele era a alegria da nossa casa. Era capaz de nos fazer sorrir mesmo quando ele estava mal. Já era hematóloga, mas preferi abrir mão do caso e tratar dele como mãe, não como médica, embora sempre estivesse sabendo tudo o que era feito.

"E o Rony me lembra ele. Quando vi o tipo de câncer, assimilei e era o mesmo. Passei a me interessar neste momento, então aceitei o pedido do Dr. Delton para que ele fosse transferido imediatamente. É aí onde entra a Hermione..."

A senhora Weasley ouvia tudo calada, assimilando cada uma das palavras que a mulher lhe dizia.

– Precisaria de um ajudante para o caso. É normal em uma clínica escola. Fiquei inicialmente em dúvida entre o Potter e a Granger porque ambos têm um potencial maravilhoso para a área, mas optei por ela.

– E qual foi o motivo? - a senhora Weasley perguntou depois de uma pausa da doutora.

– Porque o tipo sanguíneo da Hermione era o mesmo que o dele. Investiguei antes de entrar em contato. O tipo sanguíneo foi decisivo para que a escolhesse.

"Joguei com o destino para que se conhecessem desejando que ela se compadecesse da situação, além de apenas clinicamente, e atentasse que tinham o mesmo tipo sanguíneo e que poderiam ser, com sorte, compatíveis.

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"Nunca falei nada disso para ela, mas a minha ideia inicial saiu mais perfeita do que eu poderia imaginar. Em poucos dias Hermione já estava apaixonada por seu filho, e esta nem era a minha intenção, mas com isso e pelo grande coração que tem, ela se dispôs a fazer os testes de compatibilidade e nos alegramos muito com os resultados.

"Ela já era doadora e se colocou na lista do Rony caso fosse necessário. Apenas queria que o Rony pudesse ter um futuro diferente do meu Dilan e além de uma doadora, ainda encontrei uma namorada para o Rony.

– Por que a senhora não me contou nada disso antes?

– Porque jamais interferiria no seu amor de mãe. Sou mãe assim como você, e sei o que as mães são capazes de fazer para proteger seus filhos de algo que acreditam ser mal. Observei tudo calada até que houve a suspensão da Hermione no incidente do lago.

"Sugeri que contássemos de uma vez, mas ela permaneceu irredutível. Dizia que se a senhora tivesse que gostar dela, era por quem ela é, e não por uma dívida de gratidão.

– Essa moça é um exemplo.

– Sim, senhora... Molly – sorriu – E se posso dizer uma coisa, como mãe, é que seu filho não poderia ter escolhido uma pessoa melhor para se apaixonar, e eu espero, de todo o meu coração, que esse amor dure muitos e muitos anos.

– Eu também – a senhora direcionava um olhar carinhoso para Hermione – Quero que eles sejam imensamente felizes.

– E eles serão, eu tenho certeza.

Ambas tiveram a atenção tomada por um barulho vindo dos leitos. Se aproximaram e perceberam que Rony, finalmente, estava acordando. "Hermi...one" foi a primeira palavra que saiu de seus lábios assim que se mexeu. Em seguida os olhos abriram e rapidamente se fecharam com força em resposta a luz que o acometia.

Gemeu inconsciente e foi abrindo os olhos aos poucos, acostumando as retinas à luz daquela sala. Observou as duas mulheres ao seu lado e abriu os lábios em busca de palavras.

– Estou... com sede.

Molly Weasley sorriu e beijou a testa de seu filho, saindo de seu campo de visão indo buscar um copo com água no freezer do quarto. A Dra. Fals se aproximou um pouco mais, e com um sorriso maternal, começou a perguntar algumas coisas.

– Como se sente?

– Dolorido – a voz não era mais que um sussurro.

– Dolorido como?

– Dor no corpo. Não sei.

– Deve ser pelo tempo que está deitado.

– Quanto tempo passou?

– Doze dias.

– E por quê?

– Você sentiu dores fortes nos ossos e não conseguimos controlar. Achamos melhor te fazer dormir enquanto melhorava.

– Eu me lembro das dores.

– Aqui, meu filho – a senhora Weasley o ajudou a tomar sua água.

– Você recebeu medula, Rony – a doutora falou sorrindo.

– Recebi? - ele perguntou ainda se acostumando com a voz e a luz.

– Sim. Fizemos a transfusão ontem e você está se recuperando muito bem.

– Vou poder sair daqui?

– Sim – ela riu ainda mais – Vou te prender mais três semanas, mas se tudo continuar bem, poderá ir para casa rapidinho.

– Graças a Deus – falou aliviado.

– Mas vai precisar fazer a quimioterapia.

– Tudo bem. Só quero ir embora – bebeu um pouco mais de água – E eu vou poder conhecer o doador?

As duas mulheres sorriram um pouco mais, animadas com a situação. A Sra. Weasley beijou novamente o topo de sua cabeça do filho e pediu que ele virasse o rosto para o outro lado. Ele o fez e não compreendeu muito bem o que estava acontecendo quando a viu dormindo em uma cama ao seu lado.

– Hermione?

– Sim, meu filho – a mãe falou – Sua namorada doou a medula.

– Namorada? - ele a fitou confuso.

– Sim – ela sorria – Não é o que são?

– Mas quando? Como...?

– Teremos muito tempo para conversar, Rony – a mãe falou feliz – Agora relaxe.

– Sim, Rony – a doutora continuou – Você vai ter todo o tempo do mundo para conversar e saber tudo o que aconteceu.

– Eu... - ele continuou e olhou para a mãe – Obrigado, mamãe. Obrigado por entender que a Hermione é a mulher da minha vida.

– Ron...? - a voz embaçada da garota chamou a sua atenção e ele a olhou.

– Oi, meu amor! - ele respondeu com aquele tom de voz estranho, sorrindo.

– Você acordou... - ela sorria esticando o braço para ele que segurou a sua mão em seguida.

– Eu te avisei que ficaria com você.