Epílogo

E nós amaremos novamente, nós riremos novamente,

Nós tentaremos de novo e nós dançaremos novamente

E é melhor assim,

Tão melhor assim

Não consigo limpar o sangue dos lençóis da minha cama

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E nunca mais, nunca mais

Eles nos deram dois tiros na nuca

E estamos todos mortos agora

MELAINE

Eu só afundei mais. Só fui afundando. Quando Sam foi embora e não voltou. Quero dizer. Eu já era uma mulher adulta, eu não devia agir como uma adolescente inconsequente.

Foi exatamente isso que eu fiz. Quero dizer, me envolver com um cara bonito que eu conheci num bar, com um passado extremamente misterioso e possível vicio em drogas. O que eu estava pensando?

Eu não estava pensando.

Então por que eu não conseguia parar de chorar? Por que eu não conseguia parar de sentir a falta de Sam como se eu tivesse conhecido ele minha vida toda e não alguns meses?

Todo o dia eu jurava e levantava que eu iria dar um jeito na minha vida. Eu tentava consertar todos os pedaços em mim que estavam quebrados, mas eu já estava em mil pedaços que eu não conseguia mais colocar coerência ou ordem. Não dava.

Quando cheguei a St. Andrew, eu já tinha dado quase tudo de mim para outras coisas e não para mim mesmo. O que me restava, eu dei a Sam. Ele levou comigo parte de mim e não porque eu o amava, ou mesmo estava apaixonada.

Porque eu não aguentava mais me decepcionar. De todas as pessoas que me decepcionaram, a que mais eu decepcionei foi eu mesma. E não foi Sam que me decepcionou – afinal, ele era um estranho com um passado misterioso. Fui eu quem fiz a escolha errada. De novo.

Eu devia ser mais inteligente. Eu devia ter sido uma das melhores. Mas não. Eu fui... Eu, a eterna decepção.

Por isso eu sentia medo do que estava acontecendo comigo. Porque claro, seria só mais um coração partido e uma lista de erros. Mais umas noites chorando sozinha. Mais uma decepção. Mais uma história para contar se um dia eu conseguisse juntar esses pedaços, casar, e ter uma família. Sabe, para contar para suas filhas (depois que elas forem adultas) das besteiras que eu fiz na vida.

Mas talvez eu tivesse feito a maior de todas as besteiras. Como eu já disse acima, eu deveria saber que tinha algo de errado comigo. Eu estava sentindo, mas eu simplesmente não queria ver.

Então eu me ocupei em lidar com minhas próprias emoções de vazio. Me dediquei ao trabalho (há quantos anos eu faço isso e nunca dá certo? Eu não consigo esquecer a realidade porque eu estou trabalhando). Fui até as cidades próximas procurar emprego também e encaixei nos meus horários mais trabalho. Tudo para evitar ficar sozinha a noite.

Tudo para evitar pensar no que tinha acontecido e nas possíveis consequências disso.

Eu não queria saber. Eu me perguntava todo o dia onde Sam estava – minha mente já tinha criado inúmeras histórias. Em algumas, ele era um cafajeste que passava de cidade em cidade partido corações, em outras, um imprestável drogado que roubava suas vitimas. Eu não tinha sido roubada, mas não importava.

Ele levou parte de mim. Perder isso é pior que perder dinheiro. Em outras, as minhas favoritas, Sam tinha sido obrigado a fugir por causa do seu passado e agora estava num lugar distante e escondido, pensando em mim. Eu gostava de pensar que ele tinha fugido para me proteger.

Mas era claro que eu só dizia a mim mesma para me consolar. Para não me sentir tão sozinha e tão abandonada. Estava ficando tão ruim que eu cheguei a pensar a voltar para casa.

Mudei de ideia ao lembrar-se do que isso significava. Minha casa, minha família, não era um lar. Meu pai era um importantíssimo cirurgião plástico que só atendia celebridades por muito dinheiro e minha mãe era um ex-modelo, cliente do meu pai e muito mais nova que ele. Eu tive uma vida muito rica e muito vazia, e nada daquilo que eu tinha em família se comparava ao que eu pensava sobre a profissão médica.

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Eles não aprovaram eu largar o emprego que eu larguei para eu vir trabalhar onde eu trabalho agora.

Quase dois meses se passaram e eu já sabia que era arriscado continuar ignorando o que eu estava ignorando. Eu já estava tomando alguns cuidados quase inconscientemente. Eu já sabia. Eu sentia. Eu só não queria que fosse verdade, por que... O que eu iria fazer? Onde eu iria encontrar Sam? O número que eu tinha dele não atendia mais, porque eu tinha ligado muitas e muitas vezes.

Fui eu quem colhi meu próprio sangue e eu que usei o pequeno laboratório da clinica para fazer o teste. Esse teste não mentia. Não haveria erros.

Eu estava grávida.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.