Amor Por Acaso

Capítulo 39


Neville chegou em seu quarto pensando em como iria encarar o amigo sem rir. Todo o lance da aposta feita com os amigos o deixava animado e por mais que parecesse que ele só queria ganhar, sabia que se entender com Hermione era o que o amigo mais desejava no momento.

Ao abrir a porta do quarto, escutou a voz de Rony e logo percebeu que ele estava conversando com alguém pelo telefone. Curioso, resolveu bancar o espião e escutar tudo na surdina.

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— Então quer dizer que todos sumiram? - Perguntou o ruivo sem entender — É, agora que você mencionou, não esbarrei com Neville e minha irmã o dia inteiro.

Opa, ele está conversando com a Hermione, preciso ouvir melhor.”, pensou o moreno se aproximando pelas costas do amigo, sem conseguir controlar um sorrisinho mudo.

— Sim, eu sei que é esquisito, mas o que eles poderiam… - Pausou uns segundos escutando o que Hermione dizia do outro lado da linha — Um complô? - Perguntou espantado — Por que raios fariam isso? - Mais uma pausa — Não, Mione - ele continuou sorrindo — Acho que você está exagerando dessa vez.

Ah!!! Se você soubesse que Hermione tem razão, Palito de fósforo, estaria se corroendo agora.”

— Não, o Neville não ficou no quarto hoje. - Prosseguiu o ruivo — A Luna até já me mandou uma mensagem perguntando por ele. Mas você sabe como ele é, não sabe?

Neville encarou o amigo com as sobrancelhas arqueadas. “Como assim - você sabe como ele é? Que história é essa?”, pensou o moreno levemente revoltado.

— Mas eu não mandei mensagem pra falar sobre teorias de conspiração. - Comentou Rony — Queria confirmar a data da nossa aula essa semana.

“Boa Roniquinho! Me deixe orgulhoso!”, comemorou o espião tentando não fazer barulho.

— Essa terça? - O ruivo parou por uns instantes — Eu posso sim. Que horas está bom pra você? [...] — Às 18:00 horas? [...] Combinado então. [...] Não precisa se preocupar, eu levo o violão. [...] Não, Mione, eu não vou te ensinar a tocar “Parabéns pra você”. - O ruivo sorriu bobamente — Vamos começar com alguns acordes básicos, depois nos preocupamos com a música [...] — Ta bom, no seu quarto ou no meu?

“ Ah! Garoto esperto!”, por mais que tentasse evitar, Neville não conseguiu ser tão silencioso ao comemorar dessa vez, chamando a atenção do amigo.

— Não - o ruivo continuou irritado ao descobrir o espião — O idiota do Neville não nos deixaria tocar em paz. Melhor no seu. [...] — Sim, está tudo bem por aqui. Foi só uma barata que eu acabei de encontrar atrás da porta - Rony continuou a conversa enquanto observava Neville dando beijos em seu próprio braço encenando coisas tão ridículas quanto Rony não se lembrava de ter visto antes — Te vejo depois, então [...] Outro pra você! Boa noite.

— Barata? Como você ousa? - Indagou Neville irritado quando o amigo desligou o celular.

— Você não presta, Longbottom! - Exclamou o ruivo tacando uma almofada no amigo.

— Tá irritadinho, é? - Provocou o moreno.

— Não vou nem perder meu tempo. - Disse Rony decidido.

— A Luna me procurou, é? - Neville perguntou deixando claro para Rony que havia escutado toda a conversa.

— Você já ouviu - Rony respondeu mal criado — Pra que ta perguntando?

— Não seja tão irritadinho - O moreno fez graça — O que ela disse?

— Ela só mandou uma mensagem pra mim te procurando. Você não estava com o celular?

— Ih, pior que estava, mas coloquei no silencioso e nem me dei conta de que estava tocando. - Concluiu Neville finalmente pegando o celular.

— Mas agora que estou me dando conta… - Começou Rony pensativo — Você ainda não me disse quais são suas intenções com a Luna. - Provocou por fim.

Neville encarou Rony sem saber o que respondia. A verdade é que depois de começar a conversar com frequência com Luna, estava se sentindo diferente. Não saberia explicar o que era, mas Rony era a pessoa menos aconselhável para saber disso agora.

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— Você não é o pai dela, não tenho que dizer nada. - Disse ele tentando fugir do assunto, mexendo no celular aparentemente muito interessado em algo.

— Huuum, acho que alguém finalmente conseguiu fisgar o Don Juan de quinta! - Rony brincou com o moreno.

— Ora, não encha o meu saco! - Ele respondeu irritado — Vá ver se estou na esquina.

— A vingança é doce… Extremamente doce. - Comentou Rony marotamente.

— Não tem vingança alguma, até porque, eu nunca serei molenga como você. - Neville andou pelo dormitório, tentando fugir da conversa constrangedora.

— Ah é? Então me diga, Longbottom… Você já a convidou pra sair? - Rony continuou, seguindo o moreno.

— N-não… - Gaguejou ele — Mas é só uma questão de tempo pra isso.

— Neville Longbottom gaguejando? - Questionou o outro enquanto arqueava a sobrancelha — Acho que temos o velho Neville de volta! - Comentou rindo.

— Não sei do que está falando. - Disse se fazendo de desentendido.

— Não sabe? Pois eu vou refrescar sua memória. - Rony se apressou e foi em busca de um álbum de fotos e antes de prosseguir, o abriu — Neville Longbottom, calouro do curso de biologia - Começou folheando o álbum — Gordinho, tímido, responsável, sério e levemente gago. Ficava no quarto praticamente todas as noites jogando no computador. Ele dividia o quarto comigo, mas depois de levar um fora da menina que era afim, ele se foi. - Pausou dramaticamente e continuou — Dizem que os alienígenas o abduziram e colocaram um magrelo saradão e irritante no lugar! - Concluiu sem conseguir mais segurar as risadas.

— Sabia que você me achava gostoso - O moreno rebateu irritado. — E posso te dizer com toda certeza, esse Neville chato e 100% responsável morreu mesmo! - Exclamou antes de ouvir o telefone tocar.

— Olha ai - Rony continuou brincalhão — Foi só falar da Luna que ela já ligou.

— Vai suspirar pela Hermione, vai, Palito de fósforo - Neville respondeu enquanto atendia o celular.

Quando Neville falou de Hermione, Rony se lembrou que haviam marcado a sua primeira aula. Mesmo que a amizade dos dois estivesse indo de vento em polpa, ele sempre ficava nervoso ao saber que a encontraria.

Aproveitou que o amigo atendeu o celular para procurar na prateleira da sala alguns livros de acordes que pudesse usar com Hermione, mas parou a procura assim que ouviu o tom estranho que Neville usou ao responder no aparelho.

— Hanna, não estou entendendo nada. [...] Hei, calma. Ta tudo bem? Por que você está chorando? [...] Sim, eu to no campus. [...] Claro, estou saindo daqui agora, fique calma, ok? [...] Hanna, fica calma, por favor. Você está me deixando preocupado. [...] — Onde você está? [...] Você ta sozinha ai? [...] Então não sai daí, eu estou saindo agora mesmo pra te buscar. [...] Nem pense nisso! Não, Hanna, você não está em condições de voltar sozinha [...] — Eu já estou indo, não saia dai.

— Ta tudo bem, cara? - Perguntou Rony preocupado.

— É a Hannah, não sei o que aconteceu, mas acho que é sério. - Comentou rapidamente já pegando as chaves do carro — Vou encontrar com ela naquela praça perto do Hospital.

— Tão longe? - Rony continuou com os olhos arregalados — O que ela está fazendo lá?

— Não sei bem, não entendi direito. Ela não parava de chorar - O moreno continuou encarando o amigo.

— Quer que eu vá com você? - Rony se prontificou.

— Não precisa, valeu. - Agradeceu já abrindo a porta do quarto — Só vou buscar ela. Volto já.

Rony viu a porta se fechando e o barulho o deixou atônito. Ficou pensativo sobre o que Hanna poderia ter. No mesmo instante pensou em mil e um problemas de saúde que via pela internet e, em sua consciência, pediu que não fosse nada de tão grave com ela.

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Neville diminuiu a velocidade do carro assim que se aproximou do Hospital, avistando a praça mais à frente. Ficou atento para encontrar a loira e sentiu um aperto no peito ao reconhecê-la em um banco afastado das pessoas que praticavam caminhadas e brincavam entre si. Ela destoava no ambiente alegre e familiar e ainda chorava, ele percebeu quando ela levou os dedos aos olhos, os enxugando.

Procurou um local para estacionar e desceu. Caminhou na direção dela e não entendeu o porquê de ela ter entrado em prantos novamente, assim que o viu. Seus ombros balançavam e todo o seu corpo tremia.

— Hanna - Ele sentou ao seu lado colocando a mão sobre o seu ombro — O que aconteceu?

Hanna não disse nada, mas abraçou Neville muito forte. O moreno pôde sentir que o coração dela batia apressado e que respirava com dificuldade por conta do choro. Ela dizia frases desconexas, o que aumentou ainda mais a preocupação do rapaz que se esforçava para compreender o que ela queria falar.

— Aconteceu alguma coisa com os seus pais? - Foi a primeira coisa que veio à mente de Neville e depois da resposta negativa de Hanna, se sentiu um pouco mais aliviado. — Por que está aqui sozinha?

Hanna até tentou explicar, mas estava muito nervosa e novamente começou a chorar. Neville a interrompeu.

— Hanna, eu preciso que você tente se acalmar. - Pediu — Eu não vou poder te ajudar se não conseguir te entender. Quer que eu te leve de volta pra faculdade, pra sua casa?

— Não - Ela respondeu enfática, com os olhos arregalados — Pra casa não.

— Quer que eu pegue água pra você? - Ele continuou. Não sabia o que fazer.

— Não. - Repetiu após respirar fundo.

— Então o que eu posso fazer pra te ajudar? - Ele olhava seriamente para a garota.

— Você só precisa me ouvir, tudo bem? - Perguntou ela conseguindo finalmente se controlar.

— Tudo bem - Neville concordou ansioso.

— Eu… - Respirou, enxugando as lágrimas que ainda caíam — Eu estava resolvendo umas coisas, comprando uns livros… Essas coisas.

Ela parou de falar e Neville a olhou. Não disse nada, embora estivesse curioso, e ao perceber que ela não continuava, acariciou o seu braço mostrando compreensão.

— Tudo bem… - Ele falou empático — Não precisa falar se não quiser.

— Não… - Ela o olhou ansiosa — Eu preciso falar. Só me dá um tempinho.

— Certo. Quando você se sentir bem.

— Estava em uma livraria - Ela continuou um tempo depois — E estava muito quente. Eu passei mal. Isso já vinha acontecendo há algum tempo, mas não tinha perdido os sentidos…

— Você desmaiou? - Ele pareceu preocupado.

— Sim - Ela respirou novamente — Um dos funcionários da livraria tinha carro e me trouxe até o Hospital. Perguntou se eu queria chamar alguém, mas eu achava que era apenas um mal estar por causa do calor.

— E…? - Ele incentivou quando ela parou novamente.

— E um médico me atendeu - Ela voltou a chorar — Desculpe, Neville - Disse com a voz abafada pelo peito do rapaz — Eu não queria nada disso acontecendo com a gente, me desculpe…

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— Desculpar o que, Hanna? - Ele perguntou acariciando a cabeça da garota — Você não me fez nada.

— Eu sei que o que temos não é nada sério e eu não quero que você pense que eu fiz isso de propósito.

— Hannah, você está me deixando realmente preocupado… Você não fez nada comigo, por que está falando essas coisas? Não estou te entendendo.

— Neville - Ela falou se afastando do abraço, o olhando nos olhos. Seus olhos estavam vermelhos — Eu não fiz nada com você, nós que fizemos durante as férias.

— Do que você está falando? - Neville perguntou preocupado, a consciência do que ela tentava dizer finalmente chegando.

— Eu… - Ela chorava — O médico fez uns exames.

— Hanna… - Ele estava realmente tenso.

— O que eu vou fazer? Meus pais vão me deserdar. Eu nem me formei ainda… - As mãos cobriam os olhos que choravam ainda mais.

— Tudo bem - Neville a abraçou novamente, protetoramente — Nós vamos resolver tudo, não se preocupe. Eu vou ficar do seu lado.

— O que vamos fazer com uma criança, Neville? - Ela perguntou, a voz novamente abafada pelo abraço.

— Eu não sei, mas vamos dar um jeito. - Ele disse sem prestar atenção nas próprias palavras. A realidade escancarando a porta, e o desespero batendo no peito.