– Por que o pai está bravo Títio? – pergunta Emilly.

- Coisa de adulto, nada pra vocês se preocuparem. – fala Marvel alisando os cabelos de Emilly. – Vão brincar.

Marvel acompanha eles em silêncio para o quarto de brinquedos.

Observo tudo enquanto ainda estou abraçada com o Peeta. Sinto que ele já está bem mais calmo então me afasto para ver seu rosto, não vejo mais resquícios de raiva em sua expressão, só tristeza. A mamãe dele é muito pior que a minha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ficamos parados, nos encarando. Aproximo meu rosto do dele com relutância, e sinto como se fosse a primeira vez que estivesse fazendo aquilo, encostei meus lábios nos dele e percebo que Peeta também senti o mesmo.

Toco no seu coração e o sinto acelerado, mas desça vez não é por raiva, é por algo que desconheço.

- Nunca imaginei que com apenas 19 anos passaria por tudo isso. – fala Peeta.

- Nem eu.

- Mas mesmo assim não me arrependo. – fala Peeta com uma voz doce. – Se tivesse que passar por tudo isso de novo só para ter você assim, tão perto de mim, eu faria sem pensar duas vezes.

Não consigo dizer nada e nem pensar, meu coração aperta tão forte com suas palavras que não consigo agir. Ele me espera falar alguma coisa, só que não sai nada. Até que sorriu.

- Eu te amo, Mellark. – falo sem conseguir achar palavras para descrever o que eu sinto por ele. – Essa é uma das poucas certezas que eu tenho em minha vida.

Ele puxa gentilmente o meu rosto de encontro ao seu, sinto seus lábios tocarem nos seus lentamente. Agarro seus cabelos.

- Temos que pensar com calma. – falo para ele, enquanto aliso seu cabelo.

Ele força um sorriso e assenti.

Voltamos para o sofá e segundos depois, Marvel chega e avalia a expressão de Peeta.

- Você esta melhor? – pergunta Marvel, quando se senta.

- Na medida do possível, sim. – fala Peeta.

Marvel suspira.

- Eu sinto muito. – ele fala olhando nos olhos do irmão. – Se precisar da minha ajuda pode contar comigo.

Peeta levanta os olhos para ele.

- Tudo bem. – responde Peeta.

- Você está de quantos meses? – Marvel pergunta voltando sua atenção para mim.

- Sete meses. – respondo.

- E como não conseguimos perceber direito? – pergunta curioso.

- Como estamos na época de frio, eu coloco bastante roupa e por incrível que pareça eu consigo esconder. – eu explico.

Tiro as blusas deixando a minha barriga bem visível, Marvel vê o tamanho e sorri meio surpreso por eu ter conseguido esconder esse volume todo.

- Esperta. – fala Marvel rindo.

Sorri para ele.

Dois Meses Depois...

Tudo está correndo perfeitamente bem, as crianças estão indo muito bem na escola, tanto na de música quanto na escola normal. Peeta está vendendo seus quadro como água. Estamos nós dando muito bem com o Marvel, toda semana ele vem nos visitar, meu irmão aos poucos está se acostumando com a ideia, eles se falam as vezes o que já é um progresso e tanto. Os meus gêmeos daqui algumas semanas nascem, e isso está deixando o Peeta louco. Agora eu não saiu mais sozinha, por que o meu lourinho disse que não vai me deixar sozinha por nada. Nesses dias Portia não deu nenhum sinal de vida. O que nós deixa com mais medo ainda. Marvel virou o nosso informante, tudo o que é suspeito ele vem direto nós contar.

- Katniss, venha. – Prim me chama.

Acompanha Prim até a porta e paro.

- Vem, o Peeta disse que vai ficar conversando com o irmão. – explica Prim. – Ele disse que não quer te sufocar, e também que não queria te prender dentro de casa e só sair se for ao lado dele.

Sorrio quando Prim explica o que ele falou a ela.

- Onde eles estão? – pergunto para ela.

- No quarto. – responde com um sorriso.

- Ok. – respondo.

Acompanho ela na direção da praça, enquanto andamos, ficamos conversando coisas banais e rindo. Tinha me esquecido de como era bom sair pra andar com uma amiga, nem parece que temos qualquer tipo de responsabilidade. Isso me faz lembra aquele tempo de escola em que saímos para tomar sorvete, o quão era simples sair para conversar, mas o quanto machuca lembra que essa época acabou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Seus pais te amam. – fala Prim pensativa. – Não se esqueça disso.

- Por mais que eu tenha ficado com raiva deles, eles ainda são meus pais. – comento e solto um suspiro pesados. – Também os amo, mas estou magoada com o que eles fizeram comigo e com os meus filhos.

- Eu sei. – responde Prim.

Eu tenho visto meus pais quase sempre, quando tem uma apresentação que as crianças vão fazer, sempre os vejo observando ou a mim ou aos pequenos. Isso me faz pensar muito, se ele não falam mais comigo, então pra que ir nós ver. Por que ir na apresentação das crianças? Queria muito entender o que se passa na cabeça deles.

- Posso te confessar uma coisa. – pergunta com relutância.

- Claro. – respondo curiosa.

- Eu acho que...

Ela para meio angustiada.

- Você está me deixando preocupada. – falo pegando no seu pulso. – O que está acontecendo?

Ela abaixa a cabeça sem conseguir olhar para mim, vejo sua respiração ficar mais rápida.

- Você está bem? – pergunto começando a ficar cada vez mais preocupada.

Ela continua olhando para o chão.

- Eu amo o Gale. – fala com a voz chorosa.

Isso me surpreende muito, nunca imaginei que fosse esse motivo.

- E não é só isso... Eu o beijei. – fala me deixando mais surpresa ainda. – Você tem ideia de quanto isso é errado. – fala como se ela fosse idiota por ter o beijado. – Ele é casado, tem filhos, é impossível de ter alguma coisa entre eu e ele.

Deve estar passando várias coisas pela sua cabeça. A culpa está à castigando, vejo isso em seus olhos, pelo simples fato de ele ser casado e ter filhos. Não sei os sentimentos de Gale por ela, mas tenho certeza de que ele deve ter ficado em choque. Prim está sofrendo muito, e dá para ver que faz dias que isso está acontecendo. Essa situação é muito complicada, tanto para ela quanto para o Gale.

- Eu realmente não sei o que dizer. – falo depois de algum tempo.

Ela finalmente levanta a cabeça, lagrimas brilham nos seus olhos.

- O que eu faço? Já tentei esquecê-lo. Já o evitei. Já fiz de tudo e não consigo tirá-lo da minha cabeça. – fala Prim, em seguida seca as lágrimas que enchem seus olhos.

Não consigo ver ela sofrer, mas nada me vem a cabeça, não consigo pensar em uma maneira de ajudá-la. Essa situação é bem mais complicada.

- O Gale correspondeu? – pergunto tentando pensar em alguma coisa.

Ela me olha com duvida em seus olhos.

- Foi tudo muito rápido, não sei. – fala confusa. – Ele deve me odiar.

- Ei! Não fale isso! – falo e puxo ela para um abraço. Aperto ela no meu peito, sinto seus braços envolta de mim, procurando conforto e consolo a sua dor. – Gale não é assim, ele não te odiaria por tê-lo beijado. Você não precisa se preocupar com isso.

- Dói tanto. – lamenta ela.

Sinto meu coração doer com suas palavras, não gosto de ver ela sofrer assim. Prim não merece toda essa culpa, esse sentimento de que estar apaixonada por alguém que não deveria estar apaixonada. E desse sentimento eu entendo, e até ai sei o que ela está passando, e é torturante e deixará muitas cicatrizes.

- Tudo o que eu queria saber é se ele senti a mesma coisa. – fala Prim começando parar de chorar. – Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas queria que ele sentisse o mesmo.

- Não, Prim, não é egoísmo seu. Você só quer ser correspondida. – falo e beijo o topo de sua cabeça que está deitada no meu peito. Seu coração está muito acelerado. – Não se torture, você não tem culpa de sentir isso pelo Gale.

- Mas, Katniss, ele é casado e tem uma família. – Prim fala como se fosse para me convencer de que ela está errada sim de amá-lo. – Não quero ser uma destruidora de lares, já cometi um erro uma vez, não vou cometer outro...

Prim para quando percebe que falou de mais. Ela levanta a cabeça para olhar para mim, vejo que ela esta lembrando de uma coisa que ela não queria lembrar.

- Que tipo de erro, Prim?

Ela fecha os olhos com força, como se não conseguisse olhar para mim.

- Me conta, por favor.

(Início) Flash Back (Primrose)

- Isso foi um erro! Não deveríamos ter feito isso! – fala Gale irritado. – Coloque as roupas e saía, Prim! Por favor, não fique aqui até o final da festa. Vá para casa!

Engoli em seco e com as mãos trêmulas pego mas minhas roupas jogadas no chão, estou com tanta vergonha de mim mesma que não consigo conter as lágrimas.

- Saía, Prim! – grita Gale, me assustando.

Visto minhas roupas o mais rápido que consigo e saio do quarto sem olhar para trás.

Desço as escadas enxugando as lágrimas, Madge me vê e estreita os olhos. Olho para baixo e acabo esbarrando no Finnick, com a manga da blusa enxugo os olhos antes dele virar para mim, mas não adianta muito coisa. Nunca deveria estar nessa festa e ainda mais na casa dele.

- Você está chorando, Prim? – pergunta Finnick. – O que aconteceu?

- Nada. – respondo de imediato. – Só quero ir para casa.

- Quer que eu te leve? – pergunta gentilmente.

- Não precisa. – respondo e ele vê que não adianta insistir, então Finnick apenas assento com um sorriso triste.

- Se precisa conversar, não hesite em me procurar, ok? – Finnick pergunta olhando em seus olhos.

Assenti com a cabeça.

Dias Depois...

Graças a Deus o horário de almoço chegou, estou faminta. Não sei, por que mas, adoro trabalhar nessa lanchonete, meus pais são ricos então não preciso trabalhar aqui, mas eu gosto.

Vou para os fundos da lanchonete e me sento numa cadeira, como toda a minha comida e vou ao banheiro.

Quando saiu do banheiro me deparei com Gale na porta.

- Eu contei, e ela me perdoou. – fala Gale, parecendo bem aliviado pelo fato. – Depois que você saiu do meu quarto, ela foi me procurar e eu tive que contar. Madge é uma garota incrível, ela até disse que não tinha nenhuma mágoa sua.

- Legal para você, Gale. – falo suspirando. – Você veio aqui só para me dizer isso? Por que eu preciso voltar ao trabalho.

- Me desculpe, por como eu te tratei, estava nervoso, nunca tinha passado por uma situação daquela.

- Está tudo bem, nunca aconteceu nada, ok?

- Ok. – fala ele feliz com a minha resposta.

Observo ele ir embora e sinto ao revirar meu estômago. Corro de volta para o banheiro e vômito toda a minha comida.

Um Meses Depois...

- Esta tudo ok com o seu bebê. – fala o médico. – Se cuide.

Depois da conversa tive com o Gale, descobri que estava gravida e depois de tudo que ouvi, descido ficar longe de todo mundo e foi pensando nisso que decidir ter meu filho na Alemanha, e o que me encorajou ainda mais essa minha decisão, foi saber que a Madge também estava gravida e já tinham até escolhido o nome do garotinho, Damon.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Volto para casa e chegando lá, me jogo na cama. Até pensei em ir para a Inglaterra, pois lá estaria o Peeta e a Katniss, mas eles já tem problema demais resolver. Não quero que eles se preocupem com nada, já deve ser bastante estressante estar fugindo dos pais.

A única pessoa que sabe que eu estou aqui por causa da gravidez e o Finnick. Sempre uma vez por dia recebo um telefonema dele. Fiz ele prometer que se perguntassem para ele onde eu estou, ele responderia que estou passeando pela Alemanha e que demoraria pra voltar.

Oito Meses Depois...

- Sinto muito, senhorita. – o médico fala com um olhar triste. – O bebê estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço, tentamos de tudo, mas ele não sobreviveu.

Lágrimas de tristeza inundam meu rosto.

- Posso ver ele? – pergunto sentindo minha garganta arder.

- Recomendamos que a senhorita, descanse e durma um pouco, não pode passar por um estresse, é perigo para a sua saúde. – explica ele.

Meu pequeno Erick, morreu e eu nem pude ver seu rostinho, seus bracinhos, suas perninhas, seus dedinhos, nunca imaginei que doesse tanto perder meu filho, se fosse a nove meses atrás eu teria comemorado, mas agora dói não ter ele nos meus braços.

Dias depois que saí do hospital, liguei para o Finnick e a primeira coisa que ele me pergunta é sobre o meu filho, choro muito no telefone.

- O que aconteceu? - pergunta Finnick ficando com a voz grave. – O Erick está bem?

- Ele está morto. – falo.

Minhas próprias palavras me causaram um dor terrível, falar que ele está morto é muito pior que eu pensei.

- Quero voltar para casa, Finnick. – falo me sentando no sofá.

- Você não vai voltar sozinha nesse estado. – conclui ele. – Eu vou te buscar.

- Não precisa, Finn. – falo secando minhas lágrimas. – Eu estou be... Eu vou ficar...

- Nem mentir pra mim dizendo que está bem você consegue, vou pegar o próximo avião para Frankfurt e me manda seu endereço para o meu email. Tchau, até amanhã.

Ele desliga. Aproveito para lhe passar o endereço. Pego os sapatinhos que comprei para o meu menininho e aperto ele em minha mão, são azuis e brancos no seu cadarço, lindos e simples.

No outro dia á noite, eu escuto a campainha, corro para a porta e a abro.

Finnick me envolve em seus braços. Era tudo o que eu precisava. Um abraço amigo. Algumas lágrimas escorrem de meus olhos cansados de chorar.

- E como está a Annie? – pergunto quando me afasto.

- Está bem. – responde brevemente.

- E seu filho?

- Já tem duas semana que o David nasceu.

Ele entra em minha casa e pega emprestado o meu computador para fazer a reserva das passagens de volta para o Estados Unidos.

- Pode ser para daqui a cinco horas? – Finnick pergunta.

Confirmo com a cabeça.

Momentos depois que entramos dentro do avião, sinto a mão de Finnick segurar a minha.

- O cordão umbilical estava envolta do pescoço dele, tentaram tudo. – explico e começo a sentir a garganta doer.

- Sinto muito, Prim. – lamenta Finnick realmente triste com que aconteceu.

Depois de algum tempo resolvo perguntar o que eu queria perguntar des que Finnick chegou.

- E ele? – pergunto fazendo Finn olhar para mim.

- Casou com a Madge. – fala sem quer me contar detalhes.

- Quando eu saí de lá, a Madge estava grávida, o bebê nasceu eu suponho. – falo olhando em seus olhos.

- Tem uns dias, por que pelo o que sei, ela ainda está no hospital. – explica e volta a olhar para a janela do avião.

- Quantos anos o Ethan tem? – pergunto mudando de assunto.

- Dois.

- Estou ansiosa para vê-los.

(Fim) Flash Back (Primrose)

Ela termina de falar e tira do bolso um sapatinho de bebê azul. O sapatinho do Erick. Prim olha para aquele pedacinho de pano azul e o beija, em seguida o aperta em sua mão.

– Nunca você teria nos incomodado se tivesse ido para Inglaterra. – falo a puxando para outro longo abraço. – Pelo menos, você não teria que passar por tudo isso sozinha.

Ela levanta a cabeça para olhar para mim.

- Eu amo você, Prim! – falo limpando as lágrimas que começam a escorre pelas bochechas úmidas. – Você é minha melhor amiga. Nunca mais hesite de me pedir ajuda.

Nesse tempo todo eu perdi tanta coisa, acho que não fui uma boa amiga, nem para a Prim e nem para o Gale, e estou começando a me sentir mal com esse fato. Eles foram tão bons comigo. E o que eu faço? Os abandono desse jeito.

Prim teve um filho e o perdeu, não consigo nem imaginar o tamanho de sua dor e quão foi insuportável ter que aceitar que seu bebê morreu, e não tinha ninguém do seu lado para consolo na hora da trágica notícia.

- Entendeu por que eu não posso cometer o mesmo erro de novo. – fala tocando em minha barriga. – Não estou afim de passar por tudo aquilo denovo.