Ela, Espetacular ao Pé da Letra.

Imagens de um Tempo Atrás


Craig acordou cedo, sem despertador. Não se podia dizer se era o pijama ou seu cabelo que estava mais amassado. Ainda imóvel, apenas abriu os olhos enquanto uma luz fraca entrava pela fresta da cortina.

Respirando fundo, ele se sentou silencioso. Ouvia-se apenas o som almofadado de seu cobertor azul e seu pijama com mini símbolos do Batman estampados. O garoto coçou o olho como uma criança de cinco anos de idade e bocejou devagar.

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Na parede descansava um mural de fotos e lembretes sufocado com post-its e horários pra remédios e coisas do tipo. Ele encarou o mural. Bem ali, debaixo de uma receita velha de vitamina B tinha uma foto muito especial, presa com um alfinete laranja fluorescente nada discreto.

Passou a mão pelo cabelo bagunçado e se levantou, indo em direção ao mural com um sorrisinho vergonhoso. Esticou o braço num movimento hesitante e tirou a receita de vitaminas pro lado (o papel acabou caindo, mas ele possivelmente nem notou). Craig se apoiou ao mural com o braço esticado, olhando para os pés. Ah! Quantas lembranças aquela fotografia trazia a ele. Eles correndo, ou sorrindo, eles tomando sorvete, eles se falando no celular... Eles. Tudo ali, impresso num papel, um papel com um alfinete atravessado. O papel era o coração de Craig, o alfinete era seu amor por Noelle.

Ele ergueu a cabeça e fungou com um sorriso.

***

Noelle estava esparramada no sofá da sala de sua casa. Despertou assustada com um barulho insuportável vindo lá de perto: sua mãe com o aspirador de pó.

— Vamos, querida você já sabe que horas são? – disse sua mãe direcionando o aspirador ao cabelo de Noelle, que saltou do sofá enrolada no edredom.

— Sua doida! Há-há – A moça sorriu para sua mãe enquanto seguia rumo às escadas – Vou me trocar.

Seu quarto estava impecável, assim que entrou viu os lençóis que George usara há pouco tempo, quando havia dormido em sua casa. Ela ficou encarando o amontoado de panos com um sorriso de canto.

Então, ela caminhou até a cômoda para conferir seu estado de moça com ressaca do sofá. O espelho era decorado, uma mateira clara com entalhes bonitos e tortuosos. Ela bem que poderia comparar aqueles entalhes à sua vida amorosa.

Quando puxou a pequena gaveta para pegar um pente, lembrou-se que lá mesmo, lá, bem no fundo da gaveta, talvez se a revirasse um pouquinho, possuía uma foto de um momento especial em sua vida. Era só ela procurar um pouco... Mas ela não o fez. Tirou o pente e deslizou ele pelas mechas loiras que escorriam de sua cabeça.

Ela se olhava no espelho, mas via através dele... Ela, crianças, um parque.

***

O barulho do celular estava acordando toda a vizinhança, mas não acordava George, jogado na cama como um qualquer, dormindo com um sorriso no rosto, morrendo de frio enquanto seus cobertores estavam espalhados pelo chão. Ele tinha um sono meio agitado, as coisas caíam todas.

“Pelo amor de Deus! George!”

Sua mãe vinha da cozinha tentando gritar mais alto que o celular. Bateu sete vezes com força na porta fazendo George despertar.

“Você não vai pra escola?”

Ele estava muito atrasado.

No seu celular, várias chamadas de seus colegas de classe. Ele não checou todas, pois estava correndo em círculos no quarto se arrumando. Saltou da cama e agarrou uma calça que estava por ali, sua a parte de cima do pijama, uma regata que deixava seus finos braços expostos, foi coberta com uma camisa de flanela com quadriculados azuis e brancos. Ele juntou a mão no s cabelos alvoroçados e os deitou para um lado, algo aceitável.

Calçou o sapato, escovou os dentes e voltou ao quarto para pegar sua mochila. Ela estava aberta, ele acabou derrubando uma porção de desenhos por todo o chão do quarto. Não havia tempo de pegá-los. Quando estava para sair, um desenho repousou bem na sua frente, ele havia feito na noite passada. Uma bela garota loira com lábios róseos e um olhar profundo. George parou, se abaixou e pegou o desenho. Só então saiu, se despediu dos pais e foi para o colégio.

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