Prisão, Gênova, Itália, 1298.

O fedor era quase insuportável, mas depois de anos preso o idoso já estava acostumado. Construída no começo da idade média para servir como uma fortaleza para um rei, sua prisão tornava sua fuga impossível então o senhor simplesmente ficava esperando, não se sabia exatamente o que ele esperava. O fim de sua pena? A morte? Um milagre? Gênova e Veneza estavam em guerra, ele como comandante militar de Veneza achou que a tropa sob sua liderança dava conta do recado, subestimar o adversário o levou a virar prisioneiro de guerra. Certamente, mais de um ano preso e aguentando o fedor de cadáveres e de urina de rato o fez se adaptar ao mau cheiro daquele imundo recinto.

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Seu companheiro de sela era um jovem vindo da cidade de Pisa, na região da Toscana. Estava em seus trinta anos, provavelmente viveria mais que ele. O companheiro era carismático e logo fizeram amizade, bem na verdade não era escolha de nenhum dos dois, era isso ou apodrecer lentamente na solidão. Seu nome era Rustichello, entre seus pertences estavam grandes quantidades de pergaminhos, potes de tinta e uma única pena, ele se revelou um romancista e aproveitaria a prisão para escrever. O senhor então resolveu contar a historia de suas viagens e grandes feitos quando foi rumo ao oriente.

– Meu Deus! Que coisas maravilhosas você viu, senhor- Falou Rustichello impressionado- Dinheiro em papel, uma grande muralha que cerca todo um reinado, seda por toda parte, armas que soltam fogo, o oriente realmente é incrível! Obrigado por compartilhar suas vivencias comigo!

– Anotou cada palavra que eu disse?- indagou o senhor.

– Sim! Terminei de anotar cada palavra! O titulo do livro será “O Milione” em homenagem ao apelido de sua família ou que tal “As viagens”?

– Faça como quiser... Não esperava realmente aguentar para contar essa historia considerando o que eu passei... Bem ainda temos um tempo antes de o período carcerário acabar certamente... Então vou lhe contar outra história... - Responde o idoso- A melhor de todas as minhas aventuras...

– Outra história senhor? Mas minha tinta e meus pergaminhos acabaram... - retrucou Rustichello desanimado e bastante triste.

– Não se preocupe, não precisará anotar essa... Para falar a verdade nem sei se realmente aconteceu ou foi pura ilusão da minha velha cabeça cansada... – O senhor logo corrige- Desculpe... Acho que o certo seria que não sei se acontecerá...

– Acontecerá? Como assim? É uma historia que se passa no futuro?- Indaga o jovem logo considerando a instabilidade mental do seu companheiro de cela.

– O tempo... O tempo em que eu era ou... Ou vou ser chamado de “Ruler”– Responde o senhor de idade.

FATE/DISILLUSION

Crowley, Luisiana, 2012.

A cidade de Crowley localizada no estado da Luisiana nos Estados Unidos possuía cerca 14.225 habitantes. Não apresentava nada de especial, a maioria das pessoas eram idosas e a religião da cidade era predominantemente cristã. Uma figura incomum andava pelas ruas da cidade e fazia os nativos olharem torto parar o desconhecido. Um rapaz de mais ou menos dezessete anos possuía cabelos castanhos e olhos verdes como grama obviamente de descendência italiana e chamava atenção por estar usando uma roupa estilo medieval cor de vinho e um pequeno chapéu com uma única pena vermelha. Ele estava equipado com uma grande mochila semelhante a que campistas ou escoteiros usavam, com direito a até mesmo de um saco de dormir incluso. Realmente não era um tipo de coisa que se ver todo dia andando por aí.

A guerra pelo cálice sagrado, uma guerra onde os participantes são sete magos que impunham um selo de comando que atribui ao usuário o titulo de mestre para invocar um servo que não é nada mais que uma figura heroica classificada em sete classes diferentes. Porem aquele rapaz estranho não era um servo das sete classes normais, era Ruler, a classe que atua como juiz desta guerra. Por que dela está acontecendo? Por que era naquela cidade pacata? Por que dele ter sido o escolhido para ser o juiz? Ele não fazia ideia, só sabia que todos os seus instintos o estavam levando para a principal e mais antiga igreja de Crowley.

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Quando finalmente chegou Ruler se deparou com uma enorme igreja linda ao estilo barroco francês. Não era de se surpreender afinal a cidade e o próprio estado já pertenceram à França na época da colonização. A única figura presente era uma velha freira de mais ou menos oitenta anos que aguardava calmamente a chegada do servo e assim que chegou ficou meio que decepcionada. Ruler geralmente são servos que serviram a Deus e a igreja plenamente, como um santo como a donzela de Orleans por exemplo. O Ruler que ela viu não passava de um simples explorador ou comerciante antigo.

– Você... Você é o servo Ruler que a torre do relógio disse que viria?- Perguntou a freira.

– Sim, sou um servo classificado pela classe dos juízes, Ruler- respondeu o garoto tranquilamente.

– Por que não foi convocado na cidade ou na torre? Pelo que me disseram você foi convocado em Nova York... – Retrucou a velha freira.

– É que eu queria ver esse “novo mundo” com meus próprios olhos, não consigo simplesmente ficar parado um momento, sou um espírito livre, para conhecer as coisas tenho que vê-las com meus próprios olhos! – Responde Ruler animado- Soube que o descobridor desse novo continente foi influenciado pelas minhas aventuras, até tentou fazer o mesmo que eu fiz só que de forma diferente e um tanto insana... Bem... Quem diria que a terra era redonda não é mesmo? Hehehehe.

– Você algum tipo do santo ou algo assim?- Perguntou a freira ainda decepcionada com o jovem estranho que virou o juiz da guerra.

– Não, eu mesmo não sei o porquê virei Ruler nem era muito de ir à igreja ou coisa assim quando eu era vivo... Pelo menos eu tenho essa maravilhosa oportunidade de conhecer o mundo moderno, ele realmente é fascinante principalmente visto andando a pé!

– Você foi a pé de Nova York até aqui?!- Pergunta a freira surpresa e um tanto assustada- Qual... Qual a sua identidade servo? Posso saber?

– A minha identidade? Fico meio decepcionado por não ter me reconhecido, mas já que vamos trabalhar para manter a ordem dessa batalha eu vou contar... - Ruler então suspirou e depois falou com mais intensidade- Meu nome verdadeiro é Marco Polo de Veneza, voltei à vida pela classe Ruler que venham os sete servos! Eu serei o juiz dessa guerra e julgarei quem é o mais apropriado para o santo graal!