No voo, três garotas me acompanharam. Duas eu havia visto na televisão, antes de me selecionarem, a outra tinha um rosto estranho para mim. Ao conhecê-las de perto, pude ver que a beleza delas era real e nada artificial, e eram bastante simpáticas.

Ao meu lado no avião estava Kelsey, ela havia pedido para poder ficar do lado da janela para ver o céu, e eu dei esse privilégio a ela de bom grado, era o meu primeiro voo e eu estava nauseada. Aparentemente era também o primeiro voo dela, mas diferente de mim, ela estava encantada com a vista e olhava para o céu com a mão no queixo e o braço apoiado na poltrona. Achei-a deslumbrante naquele momento, então me apressei para pegar meu kit de desenho e começar a passar o físico de Kelsey para o papel. Este era o meu primeiro desenho fora do palácio.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Laetíce e Celine conversavam calmamente á nossa frente. Achei estranho o fato de Celine conseguir ficar calma, porque a primeira impressão que tive dela foi que era uma garota extremamente agitada e animada. Já Laetíce é o oposto de Celine, calma e contida, sem deixar de ser interessante, comecei a conversar com ela antes de pegarmos o avião e quase não consegui parar, é uma garota cheia de conteúdo e muito boa de papo.

Senti-me sortuda por ter a companhia agradável dessas garotas, elas fizeram eu ter esperanças de que minha estadia no palácio não será tão ruim. Se as outras forem tão fúteis como eu havia imaginado antes, pelo menos essas garotas deixarão tudo mais agradável, até a hora de ir embora.


Antes de desembarcarmos meu desenho já estava pronto, o guardei na minha pasta e segui as garotas, fomos escoltadas por guardas até o exterior do aeroporto e me surpreendi com o que vi.

As ruas que cercavam o local estavam apinhadas de gente para poder nos ver. O povo gritava nossos nomes e brandiam placas com frases de incentivo para cada uma de nós. Nem pude contar quantas placas eram dirigidas á mim ou quantas camisetas tinham como estampa o meu rosto. Daquele grupo, eu era a que tinha mais fãs, e aquilo foi recebido como uma onda de energia no meu corpo. De repente, não me sentia mais cansada, e sim revigorada, ajeitei a postura, ergui meu queixo e sorri admirada. Meu desejo era abraçar cada um daqueles fãs e agradecê-los por todo o apoio.

Um tapete dourado estava estendido para passarmos e fitas de isolamento cercavam-no para que ninguém pudesse invadir nosso espaço, mas ignorei todos aqueles guardas e me aproximei das pessoas para das um oi.

Eles queriam autógrafos e fotos, e eu querida dar isso á eles. Mas antes que pudesse encostar na primeira caneta, fui levemente empurrada para o meio do tapete, de modo discreto, por um guarda. Mas é claro que as pessoas mais próximas viram o que havia acontecido e deram uma deixa para começarem a vaiar.

Eu fiquei frustrada por não poder falar com eles, então apenas continuei sorrindo e acenando enquanto andava em direção ao carro que me levaria ao palácio. As vaias foram ficando para trás, sendo dominadas por mais um coro de vozes gritando o meu nome. Aquilo melhorou um pouco minha auto estima.

Percebi que realmente gostava daquilo, das pessoas gritando o meu nome, da aclamação. Era a segunda vez que faziam aquilo comigo no dia e eu me senti especial por isso. Até lembrar que eles só faziam aquilo pelo fato de eu estar ali, e que fariam o mesmo por qualquer outra que estivesse no meu lugar, e que fazem o mesmo pelas outras 34 garotas que estão no mesmo lugar que eu.

Mais que nunca senti a necessidade de deixar a minha marca ali, de fazer algo. Eu precisava fazer algo além de ser a atração de luxo deles. Mas não dava para fazer alguma coisa enquanto te empurravam para dentro de um carro qualquer.

Acabei me sentando ao lado de Celine.

– Foi legal a sua intenção, Rosalie, mas acho que seria perigoso - ela disse, quando o carro começava a se mover.

– E realmente foi, senhorita Rosalie, além disso, não podemos nos atrasar - um guarda que estava na frente completou.

Apenas assenti com a cabeça e comecei a mexer nas pontas do meu cabelo. Depois daquilo, ninguém mais falou nada e seguimos o caminho até o palácio em silêncio.