Dies Incertus

Revelações


Desde minha infância eu fui educado por pais rigorosamente religiosos e que frequentavam sempre as igrejas. Lá eles diziam que no céu existia uma pessoa bondosa com todos, que realizava os mais inacreditáveis milagres, e livrava você de qualquer sofrimento. E que também, Ele era rodeado de inúmeros seres que viviam para O adorar, que entoavam cânticos ao Seu nome e sempre se prostravam diante Dele. Estes seres eram descritos como criaturas humanoides e aladas, usavam uma espécie de tanga branca que escondia as áreas genitais e que suas asas eram enormes e feitas de penas.

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Quando eu ouvia isto, eu simplesmente adorava! Achava estes seres fantásticos e bastante bondosos, sempre desejava ver um. Mas com o tempo eu fui crescendo, virei adolescente e com a adolescência veio os questionamentos. Isto realmente existe ou é apenas um meio de se aproveitar das pessoas, criando um falso mundo com falsas pessoas? Então passei a desacreditar neste “conto de fadas” e o inocente desejo de conhecer aqueles seres alados que nos tempos de outrora eu achava-os fantásticos foi-se embora com o tempo. Mas, sempre falaram que o que vai, um dia pode voltar, e de repente, toda aquela crença nos seres de asas volta num segundo. Estando eu numa cama de hospital, depois de ter sofrido um grave acidente por razões desconhecidas, vejo aquele ser bem ao meu lado. Esta olhando para mim na esperança de que eu fale algo, estou tentando falar, mas o que eu vejo é tão fantástico e impossível que as palavras fogem da minha boca.

Antes de falar com ele, o visualizo por completo. Bem vestido, usa um terno alvo como a neve, que com a luz do sol batendo em sua roupa, o deixa com uma aparência radiante. É fisicamente magro, cabelos loiros e curtos, rosto fino, olhos bastante azuis e nariz afilado. Quem olha para ele, logo pensaria em um jovem bem apresentado e de boa vida. Mas o que o difere de qualquer humano é um par de asas emplumadas, de um dourado resplandecente que enche os olhos de tão luminoso. Estava realmente absorto em mim mesmo, isto é real? Um sonho? Ou estou morto? Toco meu braço e vejo que eu estou aqui mesmo, é real, e estou mais vivo do que nunca. Tomo a iniciativa e começo um diálogo:

–- Olá? Pergunto meio temeroso

–- Olá Ivan? Como tu estás? – Ele sabe o meu nome, mas como?

–- Bem, a propósito, como se chama?

–- Me chamo Uziel, mensageiro do Arcanjo. Quando terminou de falar, seu semblante é solene, como se estivesse orgulhoso da posição que ocupa.

–- E o que o traz aqui? Pergunto, já com o receio do que ele vai me responder.

–- Você foi convocado pelo Arcanjo a se juntar a ele para fazer parte de uma expedição. Uma expedição gloriosa que irá até a presença dos líderes angelicais para convencer-lhes de que a humanidade ainda tem chances de se tornar bondosa e justa novamente.

“Expedição? Líderes angelicais? Ser advogado de toda a humanidade? Realmente isto está muito confuso, o que está se passando?” São bastante as perguntas que estão atormentando minha mente, me levanto com dificuldade da cama, e não resisto e começo a ficar tonto. Quase caio, mas sou amparado pelo estranho ser e posto novamente na cama:

–- Antes você tem que se cuidar, precisamos de você por inteiro. E pousa a mão na minha testa, sinto um calor confortante sair da mão dele e invadir meu corpo. A sensação é a melhor possível, parece que tudo de ruim em mim foi expurgado por aquela “mão milagrosa”. – Se sente melhor?

–- Sim, Obrigado. Respondo com uma estranha alegria, não sei bem, mas parece que a presença dele me traz conforto.

–- Me desculpe Ivan, não te apresentei os motivos disto. Quero que tenha atenção no que eu vou lhe mostrar, isto é muito importante, mas do que bem imaginas. E mais uma vez, pousa a mão em minha testa. Repentinamente me cai um sono. Adormeço, e a última frase que eu consigo escutar é um “Bons Sonhos!” enquanto o anjo abria as asas douradas para depois as agitarem e desaparecer do nada.

Continua...

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