As gêmeas aparataram num lugar completamente diferente dos Campos de Hogwarts. Era frio e um tanto quanto sombrio. Algumas gotas de água pingavam pelas paredes, fazendo um barulho irritante e insistente.

Câmara Secreta.

– Então é aqui que tudo acaba? – Jennete perguntou, olhando em volta.

– Parece que sim. – Jacky repetiu o gesto dela, trazendo em si as mesmas emoções que a gêmea sentia.

Depois de fitarem conhecido lugar por algum tempo, as duas começaram a se encarar. Toda a surpresa esquecida e substituída por um ódio profundo ao olharem nos olhos uma da outra.

Em segundos as duas avançaram uma para a outra e começaram a se lançar feitiços incansavelmente. Jennete levava vantagem devido ao fato de que ela possuía a Abóbora de Halloween.

Jenn derruba Jacky no chão e esta última rapidamente se levantou, novamente apontando a irmã. Jennete desviou do ataque de Jackeline, mas esta última conseguiu segurá-la pelo braço e derrubou-a junto consigo.

– O que aconteceu com seu braço? – Ainda no chão, Jacky perguntou ao ver o braço enfaixado da gêmea.

– Digamos que venho andado meio ocupada com uma pessoa bem difícil. – Jennete se levantou e se afastou a passos rápidos e largos.

Jacky também se levantou e olhou para a irmã de maneira ameaçadora e um tanto quanto assustadora.

– Isso deveria me assustar? – Jenn perguntou sarcasticamente. – Você não me assusta!

Em segundos Jacky desaparatou para frente de Jennete, olhando a gêmea nos olhos.

– Você vai se arrepender dessas palavras. – Jacky falou. Seus olhos escureceram levemente. – PORQUE EU SEI O QUE MAIS TE ASSUSTA! – Gritou.

Jennete viu Jacky sumir diante de seus olhos e em segundos todo o cenário ao seu redor mudou. A Câmara pareceu perder a pouca luz que tinha e um vento frio se espalhou pelo lugar.

– Jacky? – Jennete chamou nervosa.

A garota não obteve nenhuma resposta. Apenas um silêncio desconfortável e assustador pairou pelo lugar, contribuindo para o nervosismo e temor da herdeira de Salazar Slytherin.

– Você parece nervosa. – Ela ouviu uma conhecida e nem um pouco agradável voz.

Jennete se vira e encontrou a última pessoa que gostaria de ver em sua vida. A figura que via a sua frente era alta e musculosa. Trajava uma roupa antiga de cavaleiro medieval completamente preta e montava num assustador cavalo também preto. Mas o detalhe mais importante era outro.

Não havia cabeça.

– V-Você. – Jennete gaguejou e recuou alguns passos.

O Cavaleiro se aproximou em seu cavalo lentamente, rodeando a garota completamente aterrorizada.

– Com medo, queridinha? – O Cavaleiro perguntou e o som saía do buraco entre os ombros onde deveria estar o pescoço e depois a cabeça. – Pensei que você não se assustasse com nada.

O cavalo relinchou e levantou-se sobre duas patas, caindo em quatro novamente logo depois. Jennete se assustou com o movimento e caiu no chão, largando a abóbora de Halloween no ato. Desse modo, O Cavaleiro pegou a abóbora e a colocou no lugar onde sua cabeça deveria estar. As feições assustadoras esculpidas na superfície alaranjada pareceram ficar mais nítidas e se mexiam como se realmente fossem vivas.

– Gosta mais de mim agora? – Questionou, descendo do enorme cavalo preto.

O cavaleiro andou a passos largos e lentos até a garota que ainda estava no chão, mas que se arrastava procurando ficar longe dele.

O cavaleiro ficou de joelhos e com a mão livre segurou o pescoço de Jennete, levantando-a em seguida, ficando de pé segurando a garota. Depois de alguns segundos daquele modo, algo estranho aconteceu. A imagem começou a oscilar e mudar entre o cavaleiro com cabeça de abóbora e a herdeira de Salazar Slytherin segurando a mesma.

Quando finalmente parou, Jacky era quem ficou no lugar onde o cavaleiro estivera e agora segurava sua abóbora.

– Você deveria ter medo de mim. – Disse. Os olhos novamente negros assumindo um brilho maníaco.

– Jacky, o que aconteceu com você? – Jennete perguntou sufocada pelo aperto firme de Jacky em seu pescoço.

– VOCÊ ACONTECEU COMIGO! – Jacky gritou, largando a irmã no chão e andando em círculos em torno da mesma.

Jennete permaneceu no chão, encolhida, mas sem tirar os olhos da gêmea.

– Está feliz agora?! – Era visível o quanto Jacky estava alterada. – Você queria um monstro. Conseguiu um! Mas parece que não saiu do jeito que você esperava. – Jacky parou em frente à irmã. – PORQUE VOCÊ NÃO ME CONTROLA MAIS!

Jacky começou novamente a oscilar entre sua própria imagem e a do cavaleiro com cabeça de abóbora, mas desta vez não parou.

– Você me destruiu. – Falou baixinho. Sua voz também alternava sem parar entre a própria e a voz do Cavaleiro. – ESTÁ SATISFEITA?!

Da abóbora que, hora estava na mão de Jacky, hora estava servindo com cabeça para o Cavaleiro, saiu uma luz laranja escura que arremessou Jennete para uma das paredes destruídas da Câmara e a prendeu ali.

Jacky se aproximou, ainda mudando de forma sem parar, e segurou o queixo da irmã gêmea.

– Você está fora de si! – Jennete gritou, apesar do aperto forte que Jacky mantinha em seu rosto. – Você sabe que há coisas em que não pode se transformar!

Jacky soltou uma gargalhada sinistra e ruidosa que ecoou pela Câmara Secreta onde estavam. De repente, a imagem da garota parou de mudar, deixando a imagem do cavaleiro ali.

– Você realmente acha que depois de tudo que você me fez, eu ainda tenho alguma coisa a perder? – Ele perguntou sarcasticamente. – Você acabou com tudo o que eu era. Com a pessoa que eu sempre fui e gostei de ser. – Continuou.

– O que está dizendo? – Jennete perguntou absolutamente aterrorizada.

– Depois da traição da minha própria irmã, - Ele começou. – Não há muito mais coisa que possa ser feita para eu volte ser aquela pessoa ingênua e idiota. – Deu leves batidas com a mão livre na superfície alaranjada da abóbora que lhe servia como cabeça. – Mas acho que essa parte minha sempre esteve aqui. E que foi você quem a mostrou. VOCÊ ME TRANSFORMOU NISSO!

– Não. – Jennete o interrompeu.

– Sim. – Ele contradisse.

– Não.

– SIM! – Ele gritou.

Jennete permaneceu calada fitando as feições de abóbora a sua frente.

– Sabe, - Ele começou. – Você me fez coisas bem ruins. Tudo por causa da inveja que tinha de mim. Mas realmente acha que eu merecia isso? – Apontou para si mesmo. – Você causou isso. Criou duas personalidades na minha cabeça. Isso agora faz parte de mim. A parte maligna e impiedosa que você criou. Sempre você me olhar nos olhos, você verá o ponto escuro que para sempre ficará presente aqui. – Continuou. – Você realmente acha que aquilo foi sofrimento para mim? Ficar a sua mercê e fazendo as coisas que mais odeio? – Perguntou sarcasticamente. – Agora essa dor na minha cabeça não para. Eu sinto duas partes minhas lutando para saber quem comanda.

– Como isso pode acontecer? – Jennete perguntou mesmo ainda estando assustada e um pouco culpada com aquelas palavras.

– Você fez isso. Diga-me você. – Respondeu. – Mas essa marca irá permanecer pelo resto da nossa vida. Você verá o que toda sua inveja e rancor causaram.

Ao dizer isso, a imagem à frente de Jennete voltou a ser a de Jacky. Assim que voltou ao normal, Jennete pôde ver as mudanças na aparência da irmã. Um dos olhos estava laranja-vibrante como sempre estivera e o outro estava preto com estivera nos últimos dias. Os cabelos estavam mais longos e as pontas pareciam ainda mais rebeldes e apontavam para todos os lados.

Jennete se aproximou de Jacky e como se para confirmar que a pessoa com a face amargurada a sua frente era real e sem nenhum impedimento por parte dela, tocou o rosto da outra.

– Agora já não somos tão parecidas. – Jennete disse e virou de costas. – Mesmo que eu te odiasse e sempre desejasse me vingar de você e vê-la sofrer... Não era isso que eu queria.

– Se você diz... – Jacky respondeu também se virando de costas para a outra.

– Pensei que você iria me matar. – Jennete falou.

– Vá embora. – Jacky pediu.

Jennete continuou parada em seu lugar, ainda de costas para a irmã.

– VÁ! – Jacky gritou.

Assim, Jenn desaparatou, deixando a irmã que agora olhava para o nada, completamente inexpressiva.

Depois de muito tempo tentando descobrir a localização da, os oito finalmente decidiram procurar na Câmara Secreta e a acharam.

Ao olhar em volta, o albino rapidamente encontra Jacky de pé encostada a uma parede, de costas para ele. Ele correu o mais rápido possível juntamente com os outros até ela e fica atrás dela.

– Jacky? – Mirana chamou, estranhando as mudanças visíveis na aparência da garota.

Ela finalmente se virou para os amigos e todos se assustaram ao notar que um dos olhos continuava preto.

– Você parece... Diferente. – Jack disse confuso.

– Sou a mesma de sempre. – Jacky deu um sorriso sem entusiasmo e começou a andar em direção à saída da Câmara.

– Jacky, espera. – Anna pediu e começou a andar a seu lado, assim como os outros. – O que aconteceu aqui?

– Nada. – Ela respondeu inexpressiva. – Não aconteceu nada. Jennete foi embora. Só isso.

– Com certeza não foi só isso. – Soluço discordou. – Você está estranha. Não está agindo como você mesma. E o seu olho...

– Estão incomodados? – Ela parou de andar e se virou para os amigos.

– Não! – Alice se apressou em se defender e aos amigos. – Eu só acho que você não está agindo normalmente.

– Se acham que eu não estou normal, acostumem-se com a pessoa que está vendo agora. – Ela respondeu e voltou a andar.

Todos foram andando ao lado dela estranhando o comportamento agressivo da garota. Assim que saíram da Câmara, foram para as respectivas aulas, pois mesmo com tudo o que tinham passado, os Corvinais e Lufa-Lufas ainda tinham aula de Trato de Criaturas Mágicas e os Sonserinos e Grifinórios ainda tinha aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.