Já fazia algumas semanas desde a volta dos Dez, agora Nove, a Hogwarts. A escola inteira continuava de luto pela morte de Elena.
Porém, mesmo em meio a todo sofrimento causado pela falta que a morena fazia a todos ali, a preocupação com Elsa também ganhara muita importância, uma vez que a loira não saía do quarto desde que a volta a Hogwarts.
Deitada encolhida em sua cama, mais pálida e magra que o normal, Elsa estava com os olhos inchados e o rosto vermelho molhado em lágrimas como nunca antes esteve. As memórias do fatídico dia ainda martelavam sem parar em sua cabeça.
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– ELENA! – Elsa, assim como os outros ali, procurava incessantemente a morena desde que o Diretor dera por sua falta.
Elsa correu até uma parte mais afastada, na direção em que Mirana disse ter visto a Gryffindor ir. Tinha mais árvores do que o campo de batalha, mas não era de todo uma floresta. Estava queimada e vários guardas-cartas carbonizados jaziam no chão, porém o que chamou a atenção de Elsa foi a árvore estilhaçada e sangrenta à sua frente, juntamente com a varinha partida que estava perto dela.
Elsa reconheceria em qualquer lugar a varinha de carvalho de trinta centímetros inflexível que pertencia à Elena.
A loira caiu de joelhos e deixou as lágrimas molharem seu rosto quando a triste realidade lhe atingiu.
– Você me prometeu... – Ela sussurrou entre soluços.
–
– Elsa! – Teve seus devaneios interrompidos por Anna, que já estava tentando tirar a loira de seu transe há alguns minutos.
– Não quero conversar, Anna. – Elsa respondeu num sussurro que a ruiva quase não conseguiu ouvir.
– Você não pode ficar aí pelo resto da sua vida. – Anna argumentou, aproximando-se de Elsa, que se virou de costas para ela.
– Já disse que não quero conversar. – A loira repetiu.
Anna ficou em silêncio por alguns minutos e Elsa até pensou que ela poderia ter desistido, porém a ruiva falou:
– Você vai fazer isso comigo de novo?
Com isso, finalmente Elsa se virou para Anna e a encarou, vendo que o rosto da morena estava como um reflexo do seu próprio.
– Você tem que entender que ela não era importante apenas para você. – Anna disse, mantendo a face rígida para evitar o choro. – Ela também era minha irmã e significava muito para mim e também para eles. Você tem noção de como estão Merida, Mirana, Alice, Rapunzel, Jack e Soluço? Ou o Andersen? Eu não consigo nem olhar para ele.
Elsa não disse nada, apenas abaixou o olhar, não conseguindo mais olhar para Anna. A mais nova suspirou e se sentou ao lado dela.
– Elsa, você precisa superar isso. – A mais nova falou entre as lágrimas que começavam a cair. – Eu sei que você a amava, mas eu também. E eu não posso perder vocês duas. Eu não posso. – Deixou as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto.
A loira ficou calada, fitando o chão e escutando os soluços de Anna. Só depois de alguns minutos, decidiu falar o que estava sentindo:
– É só que... – Começou, fazendo Anna olhá-la, mas logo se interrompeu. Respirou fundo e recomeçou. – Elena sempre foi meu... Porto Seguro. – Pareceu escolher a palavra certa. – Sempre que eu precisava, ela estava lá por mim. Nunca me deixou sozinha, por mais que minhas decisões lhe parecessem estúpidas. E sem ela eu... – Suspirou pesadamente e deixou uma lágrima solitária escorrer por seu rosto. – Eu sinto que estou sozinha.
– Você não está. – Anna respondeu assim que Elsa terminou de falar. – Elsa, eu sei que eu não sou ela, mas eu estou aqui por você. Agora e para sempre.
O que Anna falou só pareceu levar a loira de volta às memórias do tempo que passara com a gêmea mais velha.
–
– Elena. – Elsa chamou.
– Vocês deveriam estar dormindo. – Elena falou sem abrir os olhos.
– Mas queremos brincar. – Anna interviu.
– Vão dormir. – A mais velha pediu.
– Nós não estamos cansadas. – Elsa falou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Mas eu estou. – Elena falou, virando-se de costas para as meninas.
Anna subiu na cama e começou a pular em cima de Elena. Elsa soltou um risinho baixo com a cena e ficou parada observando.
– Por favor, por favor, por favor. – Anna insistiu.
Elena soltou um suspiro e tirou Anna de cima de si, levantando-se em seguida.
– O que eu não faço pelas minhas irmãs? – Ela perguntou, revirando os olhos.
–
– Você é louca. – Elsa sorriu.
– Mas nós ganhamos. – A morena se levantou com o braço sangrando e deu um abraço em Elsa, que logo retribuiu e puxou Anna.
–
– Fazia tempo que eu não ficava tão feliz. – Anna respondeu com um largo sorriso. – Elsa e Elena ficaram o tempo inteiro comigo.
– Ela quase nos matou com os abraços. – Elena comentou.
– Nem me fale. – Elsa massageou o pescoço. – Meu pescoço ainda dói. Parecia que ela estava nos estrangulando.
– Eu já pedi desculpas. – O rosto de Anna ficou da cor dos cabelos.
– E nós já aceitamos. – Elena respondeu. – Mas não significa que não tenha doído.
– Morreu assunto. – Anna cortou.
–
– Elena, você sabe se controlar melhor do que eu. – Elsa argumentou tristonha. – Eu vou destruir tudo. Eu sempre destruo tudo o que eu toco.
– Não comigo aqui. – Elena sorriu e colocou a mão no ombro da loira. – E eu sempre vou estar com você. Nunca vai precisar ficar sozinha. Eu prometo.
Elsa abraçou Elena novamente e a morena sorriu. Passaram alguns minutos daquele jeito até que Elsa a soltasse.
– Nós sempre estaremos juntas, não é? – Elsa perguntou já meio esperançosa.
– Sempre. – Elena assegurou e se levantou.
–
– Não acha que deveria falar com eles, Elsa? – Elena sugeriu quando as duas estavam a caminho da aula de Transfiguração.
– É melhor para eles que não cheguem perto de mim. – Elsa olhou para as próprias luvas e depois para Elena. – E quanto a você?
– Eu te prometi que não iria abandoná-la. – Elena tentou sorrir. – E eu não vou.
–
– Vai ficar tudo bem. – Elena tentou acalmar a gêmea mais nova.
– Como você pode ter tanta certeza? – Elsa perguntou sem olhar para ela.
– Eu acredito nisso. – Elena sorriu e Elsa se afastou o suficiente para olhar para ela. – E, Elsa, no momento que eu deixar de acreditar que as coisas vão melhorar, será quando eu desistir de tentar fazer com que melhorem. E se eu desistir, elas não irão.
– Mas... – Elsa tentou falar, mas a morena a interrompeu.
– Elsa, você não pode passar o restante dos anos nessa escola se isolando de todos. – A mais velha sorriu. – Eu vou te ajudar a enfrentar qualquer coisa, mas você não pode deixar que o medo a domine.
Elsa ficou calada por alguns segundos, olhando para a mais velha. Elena sorriu e falou:
– Me escute. – Pediu. – Eu preciso que você preste atenção e nunca pare de acreditar no que eu vou te dizer agora.
– O que é? – A loira questionou, olhando nos olhos da outra.
– Você não está sozinha. – Elena sorriu e abraçou a gêmea.
–
– Ninguém sabe e ninguém nunca vai saber. – A loira falou. – E eu sei que você não contaria para ele.
– É claro que não. A menos que seja um pedido seu. – Elena assegurou. – A decisão é sua e ninguém pode tomá-la por você. É a sua vida.
–
– Você sempre me coloca na frente de todo mundo, não é? – Elsa sorriu minimamente. – Até mesmo de si mesma.
– Sempre. – A morena sorriu. – De certa forma, eu sou responsável por você. Pela Anna também, é claro, mas você me entendeu.
– Só faz isso por se sentir responsável por mim? – Elsa arqueou uma sobrancelha.
– Faço isso porque você é minha irmã e eu te amo. – Elena sorriu e abraçou a loira. – Nunca duvide disso.
–
– Você tem certeza disso? – Elena arqueou uma sobrancelha quando Elsa terminou de falar. – Acha que isso é o certo?
– É o melhor a se fazer. – A loira respondeu, olhando para o chão. – Você não precisa ficar do meu lado nisso. Eu só queria que você soubesse.
– É claro que eu vou ficar do seu lado. – Elena levantou o rosto da irmã, fazendo-a olhá-la. – Sempre.
– Você é a melhor pessoa do mundo. – Elsa sorriu tristonhamente. – Sabia disso?
– Eu me esforço. – A morena bagunçou os cabelos loiros de Elsa, que até riu um pouco. – Mas é por sua causa.
– Por quê? – A loira questionou. – Por que sempre por mim? Por que você faz tudo isso por mim?
– Porque eu quero que você seja feliz. – A morena sorriu fracamente. – Custe o que custar.
– Será que eu valho todo esse esforço? – Elsa desviou o olhar.
– É claro que sim. – Elena respondeu e a loira a olhou novamente com curiosidade. – Você é família. Para mim, família vale tudo e muito mais.
– Obrigada. – Elsa disse, deitando-se no chão e colocando a cabeça no colo da irmã. – Por tudo.
–
– Vocês duas realmente são muito parecidas. – Anna continuou, olhando para as duas irmãs. – Exceto pelos cabelos. Os da Elena são castanhos e os seus são loiros.
– Somos gêmeas, não somos? – Elena brincou e as três riram.
–
– Se você quiser mesmo ficar. – Foi o que a loira respondeu. - Vai ficar? – Elsa perguntou nervosa.
– Como sempre. – Elena respondeu com um sorriso. – Você ainda vai ter que me aturar por um longo tempo.
–
A loira sorriu e as duas irmãs começaram uma guerra de bolas de neve. Algumas vezes havia trapaças, como Elsa desfazendo as bolas de neve que a morena jogava ou Elena derretendo as mesmas. Porém acabaram se divertindo e já era mais de meio dia quando pararam, exaustas e cobertas de neve.
– Faz tempo que não me divirto assim. – Elsa comentou, sorrindo e abraçando a mais velha. – Obrigada.
– Eu não fiz nada. – Elena respondeu sem graça.
– Você ficou. – Elsa falou. – Nunca deixou de cuidar de mim.
–
– Oi. – Elsa segurou a mão da morena que não estava enfaixada por cima do lençol.
– Oi. – Elena manteve o sorriso fraco no rosto e apertou levemente a mão de Elsa que segurava a sua. – Como você está?
– Você quase morreu algumas horas atrás e está preocupada comigo? – Elsa perguntou embora já soubesse muito bem a resposta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Foi isso que eu quis dizer com: “Como você está?” – Elena riu baixa e fracamente.
– Eu estou bem. – A loira respondeu, já sabendo que a irmã não descansaria até que soubesse.
– Isso é bom. – Elena suspirou aliviada e sua face se contorceu de dor ao fazê-lo.
– O que foi? – Elsa perguntou, alarmada.
– Parece que suspirar está na lista de coisas que eu não posso fazer. – Elena sorriu um pouco.
Elsa riu baixo. Mesmo naquelas condições, Elena ainda fazia de tudo para amenizar a situação e não deixar a loira preocupada.
– Você quase me matou de susto, sabia disso? – Elsa falou, deixando o sorriso sumir de seu rosto.
– Eu não tenho culpa se você é exagerada. – A mais velha brincou, ainda conseguindo arrancar um mínimo sorriso da loira.
– Não faça mais isso comigo. – Elsa pediu com algumas lágrimas nos olhos.
– Fique longe de candelabros e eu prometo não fazer. – Elena sorriu fracamente.
Elsa riu e decidiu deixar a conversa com a irmã para outra hora, visto que a morena precisava descansar bastante.
– Irmã. – Elsa chamou quando Elena já estava quase adormecendo. – Eu te amo. – Sorriu.
– Irmãzinha. – Elena chamou como costumava chamar Elsa quando as duas eram menores. – Eu te amo mais.
–
Depois de tanto correr, as duas se encontraram em uma montanha ao norte da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts que estava coberta de neve. Uma Elsa extremamente infeliz andava a passos lentos pela neve enquanto uma Elena preocupada e cabisbaixa a acompanhava.
Como se aquele momento pedisse algo assim, a mais velha começou a cantar.
– A neve branca brilhando no chão. Sem pegadas para seguir. – Elena cantou.
Elena não esperava que Elsa fosse acompanhá-la na canção, então se surpreendeu quando a loira prosseguiu assim que ela parou:
– Um reino de isolamento. E a rainha está aqui. - Elsa cantou. – A tempestade vem chegando e já não sei. – Ela cantou isso abraçando o próprio corpo, deprimida. – Não consegui conter, bem que eu tentei. – Ela parou de andar, mas logo recomeçou, dando ordens em canção a si mesma com sempre fez. – Não podem vir. Não podem ver. Sempre a boa menina deve ser. Encobrir. Não sentir. Nunca saberão. – Ela disse isso olhando para a luva restante.
Elena rapidamente se pôs a frente de Elsa e retirou sua luva.
– Mas agora vão! – Elena continuou e nesse momento jogou a luva de Elsa no ar.
A loira sorriu e se virou, sem ter se importado. Quando Elsa não viu, Elena jogou uma bola de fogo na luva azul e esta se desintegrou em cinzas antes de cair no chão, porém as duas seguiram com a canção assim que Elena parou.
– Livre Estou. Livre Estou. – Cantaram juntas. – Não posso mais segurar. – Elsa criou um boneco de neve exatamente igual ao que fizera com as irmãs quando criança. - Livre Estou. Livre Estou. Eu saí para não voltar. – A essa altura tanto Elena quanto Elsa usavam seus poderes livremente. Elsa fazendo alguns raios de gelo e neve enquanto Elena fazia pequenas centelhas e espalhava-as pelo ar. – Não me importa o que vão falar. Tempestade vem. O frio não vai mesmo me incomodar. – Ao pronunciarem a última frase, Elsa tirou a capa e esta voou e Elena desarrumou os cabelos castanhos, fazendo com que eles voltassem à aparência usual, ainda se mantendo perto da irmã.
As duas andaram um pouco até a parte mais alta da montanha e Elena segurou a irmã e a virou, fazendo-a olhar para trás e assim ela o fez enquanto a morena continuava a canção.
– De longe tudo muda. – Elena cantou sozinha. - Parece ficar bem menor. E os medos que nos controlavam, não vejo ao meu redor.
Elsa deu alguns pulinhos de empolgação com as palavras da morena e correu até onde a montanha se dividia em duas.
– É hora de experimentar. – A loira cantou, construindo uma escada de gelo. – Os meus limites vou testar. – Assim que ela disse isso, as duas passaram a cantar juntas:
– A liberdade veio enfim. Para mim.
Elsa correu pela escada, tornando-a mais consistente e bela enquanto Elena a seguia de perto. Ambas continuando a canção.
– Livre Estou. Livre Estou. Como o céu e o vento vou andar. Livre Estou. Livre Estou. – Elsa já estava do outro lado da montanha e Elena parou onde estava, encostando-se ao corrimão da escada. A última frase, Elsa disse sozinha: - Não vão me ver chorar!
Elsa correu mais um pouco até o centro da parte da montanha onde estava.
– Aqui estou eu. – A loira cantou, batendo o pé no chão e transformando-o em gelo.
Elena se aproximou e colocou a mão sobre o ombro da loira.
– E aqui vou ficar. – Cantou.
– Tempestade vem. – Cantaram juntas enquanto Elsa começou a construir seu castelo de gelo.
– O meu poder congela o ar e vai ao chão. – Elsa cantou sozinha enquanto construía seu castelo. – Da minha alma fluem fractais gelados em profusão. Meu pensamento se transforma em cristais.
Com o castelo já pronto, Elena se aproximou de Elsa e empurra a coroa que a loira usava para as mãos da mesma. Elsa a fitou por um segundo antes que ela e a irmã voltassem a cantar.
– Não vou me arrepender do que ficou para trás! – Cantaram, enquanto Elsa jogava fora a coroa do reino de Arendelle.
- Livre Estou. Livre Estou.- Ambas começaram a mudar os respectivos vestidos. O de Elsa ficando azul de gelo com mangas longas, cumprido e com uma abertura em uma das pernas, parecido com o que havia usado em seu primeiro baile em Hogwarts. A loira também fez uma capa de gelo. O de Elena tornou-se vermelho como lava, embora não fosse realmente quente. As mangas se encurtaram até os ombros e o vestido continuou com o mesmo tamanho, mas nos limites, ficou preto como cinzas. - Como o sol vou me levantar. – Continuaram. – Livre Estou. Livre Estou. É tempo de mudar. Aqui estou eu, - Elsa seguiu até a varanda enquanto Elena ficou para em seu lugar fitando a irmã que parecia mais sorridente do que nunca. – Vendo a luz brilhar. Tempestade vem!
– O frio não vai mesmo me incomodar.
–
– Elsa. – Anna chamou, mas a loira continuou naquele transe. – Elsa!
A Gryffindor finalmente pareceu ouvi-la e sorriu levemente, tentando esconder toda a tristeza que havia em seu coração.
– Acho que você tem razão. – Elsa suspirou. – E ela não iria querer que eu ficasse assim. – Deixou uma lágrima solitária escorrer. – Vamos. – Levantou-se, recebendo um sorriso de Anna, que também se levantou.
Com isso, as duas saíram do quarto.
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