16 p/ final.

Clarissa percebeu o quanto ele estava ansioso, e, pela primeira vez desde que os dois se conheceram, o olhou com compreensão e ternura.

–Está preocupado?

–Com Mariana. É.

–Não se preocupe. Se algo acontecer, vou ficar ao lado dela.

–Eu sei que vai.

–Então... Vamos?

–Vamos.

E entraram.

Agora sim o 17, bjs.

Clary já perdera a conta das horas que haviam se seguido desde que voltara do Gard. Estava agora na mansão Silversmith, em algum dos muitos quartos que ali haviam, sentada na cama com Mariana dormindo em seu colo, ela devia ter ficado muito tempo sem dormir pro cansaço ter vencido a preocupação, Izzy também estava lá. Andando de um lado pro outro como se quisesse desesperadamente abrir um buraco no chão.

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Lembrou-se de como o inquisidor, Robert Lightwood, ficou furioso ao recebê-los e queria matar Sebastian de imediato, foi ela que chamou a consulesa, Jia, e então eles começaram a convocar todos os caçadores de sombras, de todos os institutos no mundo, pro julgamento.

Nem é preciso mencionar o quão furiosos seus amigos ficaram ao saber que ela tinha ajudado o irmão. Foi preciso muita gritaria até ela convencê-los a escuta-la, e depois de contar sobre Mariana, ela e Izzy foram até a mansão ver como a garota estava. Alec, Magnus e Jace, ficaram no Gard, pois eram membros do júri*. Clary esperava que o apelo que ela havia feito tivesse surtido efeito e eles não votassem por mandar Sebastian para o apedrejamento.

Agora ela própria estava sendo atingida pelo sono, ficava constantemente massageando as têmporas, e não conseguia esconder o quão frustrada estava. Por quê, afinal, Jonathan Christopher Morgenstern precisava ter mudado tão de repente, por quê ela se importava com isso? Ele não devia pagar pelos crimes que cometeu? Tantas pessoas mortas, tantas famílias destruídas tantos inocentes atingidos... E ela não conseguia ficar com raiva. Desconfiava que não fosse por causa de Mariana, mas antes que pudesse se repreender mais, alguém tocou a campainha da casa.

– Eu atendo!! – Izzy praticamente berrou

– Vamos juntas – Disse Clary já se levantando

As duas desceram até o térreo, Clary atendeu e o que apareceu na porta foi um Jace vermelho e encharcado, a ruiva nem percebeu que estava chovendo, e Jace provavelmente correra até ali, por isso estava tão vermelho.

– Traga Mariana, Clary. Você e ela vão depor.

– O QUÊ? – Izzy indignou-se. – Horas a fio de julgamento e os depoimentos ainda não acabaram?

– Calma, Izzy. Foi bastante difícil pro seu pai convencer a multidão furiosa a não condenar Sebastian de imediato, as coisas demoraram um pouco pra andar.

– Tudo bem. – Disse Clary. – Já estou indo chamar Mariana e...-

– Não precisa. – Mariana estava na porta da escada com uniforme de caça e cabelo solto. Ela ergueu o olhar. – Isabelle, você cuida da casa pra mim? – Seu tom deixava claro que não era bem uma pergunta.

– Claro. – Izzy falou um pouco entre dentes.

E então os três estavam do lado de fora. Jace deu sua jaqueta a Clary, para que ela não se molhasse.

O caminho inteiro a ruiva ficou pensando em como Mariana dava ordens que simplesmente não podiam ser questionadas. Ela já havia feito Sebastian obedecê-la apenas com um olhar, e agora Izzy.

Alguém que pode controlar tudo a sua volta. O tipo perfeito pra manter meu irmão na linha. Pensou.

Provavelmente Mariana não era assim o tempo todo, Sebastian nunca teria se apaixonado por alguém a quem tivesse que dar o braço a torcer logo de cara.

Quando foi que eu passei a conhecê-lo tão bem?

Mas não teve tempo de pensar sobre a resposta, pois naquele momento eles chegaram ao Gard.

***

Mariana foi a primeira a depor. Quando ela entrou, notou que Jonathan não estava lá. Provavelmente os três iam depor separados pra que o conselho visse se suas versões eram iguais.

Quando ela segurou a espada mortal, foi como se milhares de ganchos invisíveis adentrassem sua alma em busca da verdade, era uma sensação horrível. Falou tudo o que eles precisavam saber e depois teve que responder uma série de perguntas, algumas até mais de duas vezes. Eles achavam que ela era alguma idiota?

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Claro que acham. Pensou. Spencer está aqui, vai me fazer passar pela garotinha ingênua que ele quer que eu seja.

Depois que Mariana saiu foi a vez de Clary. Ela não pode ficar no tribunal, como o esperado. O depoimento dela durou tanto quanto o seu próprio.

Elas foram obrigadas a voltar pra mansão Silversmith, depois de uma explicação detalhada a Izzy, mais horas de julgamento, unhas roídas e muita chuva do lado de fora, Jace apareceu novamente, dessa vez chamando as três e então fomos ouvir o veredito.

Assim que chegou ao tribunal, Mariana passou os olhos por todos procurando o namorado. Encontrou-o sentado na cadeira do réu, mais a frente da banca do inquisidor. Ele também a viu. Trocaram um longo olhar com ele dando um meio sorriso, como se estivesse dizendo pra ela não se preocupar. Ela tentou retribuir, sem muito sucesso.

Quem falou foi a Consulesa, Jia Penhallow:

–Com base nos depoimentos dados com a espada mortal, o conselho concluiu que Jonathan Christopher Morgenstern, realmente se arrependeu de seus atos, e não planeja cometer novos crimes. No entanto, também foi concluído que os crimes cometidos, tanto por ele quanto pelo pai, foram demasiado graves. Alguns pediram a condenação, mas eu e o inquisidor gostaríamos de observar que a jovem nephilim, Mariana Caroline Silvermith, é uma prova de que ele realmente pode conviver em paz conosco e ser mantido sobre controle. Foi feita a votação, onde decidimos que ainda precisávamos de algo pra ter certeza. Várias soluções foram apresentadas, e nós, da banca, achamos que nenhuma foi melhor do que a número #74, a qual diz que ele deve ficar sempre em NY, onde a própria família do inquisidor terá pleno controle, poderá vir a Idris e cumprir sua função como um caçador de sombras que protege os mundanos e continuar a linhagem Morgenstern, dessa vez sem rebeliões contra a clave.

O conselho está a favor?

Mariana realmente não esperava que aquela quantidade de mão se levantasse, pra depois descobrir que unanimemente, o conselho aprovava a solução sugerida.

Mesmo assim, só depois de agradecer a Alec e Jace (era óbvio que eles tinham sugerido a proposta #74) dispersar da multidão, e fugir dos olhares curiosos e furiosos foi que Mariana conseguiu se acalmar encontrando os braços de Sebastian.

***

Uma semana depois

–SEBASTIAN – Ele ouviu Mariana gritando do carro – O porta malas emperrou.

Ele saiu pra ver o que tinha acontecido enquanto Mariana entrava com o resto das malas.

Era o terceiro dia de mudança deles, indo da Irlanda a New York direto pra levar as coisas dela, isso tudo, é claro, sem que Spencer percebesse.

Analisou o porta malas tentando ver o que estava errado e não demorou a ver. Um brinquedo de cachorro.

– Era um dos brinquedinhos desse seu bicho do mal – Disse entrando novamente e encontrando-a perto da escada, empilhando as malas.

– Pare de chamar ele assim. Só porque ele não gosta de você.

– Ele é uma aberração, é impossível não gostar de mim. Como você mesma sabe.

– Engraçadinho. Ande me ajude com essas malas, vamos levar lá pra cima.

Eles levaram todas, depois arrumaram, e depois ele ainda prendeu a droga do cachorro nos fundos da casa, escondido de Mariana, que não aceitava que cachorros fossem tratados como cachorros.

Voltou pra sala encontrando Mariana ali.

– Então me diga- Começou ela- Como foi que você achou uma casa tão rápido?

Ele sorriu, a abraçando.

– Essa casa é minha. Era do meu pai, na verdade, ele tem casas espalhadas pelo mundo todo. Algumas podem até se movimentar. Ter essa aqui em Nova Iorque foi só uma coincidência.

– Legal, onde foi que você enfiou meu cachorro?

– O quê? Eu? Por que eu faria alguma coisa com seu cachorro?

– Você está a ponto de levar um tapa e- Ele a beijou.

Ficaram se beijando u bom tempo. E foi só quando estavam deitados no sofá recuperando o fôlego que ele disse:

–Eu te amo, Mariana.

–Eu também te amo, Jonathan.

– Por que Jonathan agora?

– Porque é quem você é. E é quem eu amo.

– Então, fico feliz em ser Jonathan.

Fim