Draco ainda estava atordoado com o que Granger dissera. Hermione e Ronald haviam terminado? O loiro não poderia estar mais feliz com isso.

Ficou um bom tempo imaginando a cara de Weasley quando perdeu Granger, até se lembrar do por quê voltara para casa.

Levantou-se e caminhou até seu quarto, parando em frente a uma das paredes do mesmo, que tinha o emblema Sonserino. Acenou com a varinha e uma porta de cristal apareceu, ele a abriu e entrou.

Chegou em uma sala que ele não visitava fazia muitos, muitos anos. As paredes de ouro tinham retratos de toda a família Malfoy, todos emoldurados com diamantes negros. O loiro avançou para o retrato de seu avô, Abraxas Malfoy, e falou com uma voz glacial:

–A culpa disso tudo é sua. Você começou com essa maldição.

–E você esperava que eu fizesse o que? Admitisse estar apaixonado por uma nascida trouxa? Jamais!

–E por isso você resolveu arruinar com a minha vida?

–Foi uma precaução, querido neto. Em breve você estará livre daquela sangue-ruim, já que ela não está mais com o marido.

–O que quer dizer com isso?

O loiro ouviu o vento assobiando atrás de si, e se virou para ver o que estava acontecendo. O fantasma de Astória pairava a dois metros do chão, os olhos brilhando como esmeraldas.

“Das trevas surgirá

E o nosso sangue, puro ele manterá.

A garota desejada, com o amigo casará

ou a morte escolherá.

Das trevas surgirá

E um castigo aplicará

Um sacrifício exigirá

E só então a paz retornará.”

Então o fantasma se dissolveu em névoa, e Draco ficou parado, completamente em choque, no meio da sala dourada.

***

Vanessa estava sentada na escada do sétimo andar. Estava tão imóvel que parecia uma estátua. Já era uma da madrugada, e a garota não sentia sono nenhum. Ouviu passos atrás de si, mas não se atreveu a olhar. Alvo sentou-se alguns degraus acima do que a garota estava, acendeu um cigarro e ficou olhando para seus olhos dourados. O garoto usava apenas uma calça de moletom cinza, deixando a mostra seu peitoral bem definido. Mas isso não afetava nem um pouco Vanessa.

–Por que está fora do ninho, serpente de olhos dourados?

–Isso não é da sua conta.

–Oh, claro que não.

A garota se levantou, subiu até o degrau em que o moreno estava e se sentou. Arrancou o cigarro da mão dele e deu uma tragada, devolvendo-o logo em seguida. Ficaram em silêncio.

–Quem te fez ficar assim?-----Vanessa perguntou.

–Isso não é da sua conta.-----Alvo retrucou.

Ela esperava que o garoto perguntasse “assim como?”, ou algo do gênero. Mas não. Ele a entendera perfeitamente. A pergunta não tinha nada a ver com algo físico, mas sentimental. Vanessa sabia que alguém havia magoado Alvo, porque isso acontecera com ela. Por isso era tão fria e calculista.

Eles ficaram se encarando, e Vanessa começou a notar que o garoto era realmente bonito. Os olhos eram incrivelmente azuis, e contrastavam com o cabelo preto. Sua pele era muito branca, e ele possuía pequenas sardas.

–Você até que não é de se jogar fora.

O garoto sorriu de lado.

–Sou muito melhor do que isso, gata.

–Prove.

O sorriso dele aumentou.

–Está brincando com fogo.

–Então deixe ele me queimar.

Quando deram por si, já estavam se beijando e andando em direção a sala precisa. Seria apenas uma noite, ninguém precisaria saber o que aconteceu.

***

Rose andava sozinha por algum corredor deserto do quinto andar. Os pesadelos não a deixavam dormir, ou melhor, o pesadelo. Desde que Scorpius levara a facada, ela sonhava com um fantasma sem rosto. O fantasma não fazia absolutamente nada, só ficava parado, mas isso era o bastante para deixar Rose apavorada.

A garota chegou em um corredor sem saída. Pensou em dar meia-volta e voltar ao seu dormitório, mas sentiu algo se movendo atrás de si e virou-se por reflexo. Havia um fantasma pairando a algum centímetros do chão. Era o fantasma de seu sonho, mas agora sua face estava tomando forma. Primeiro apareceram longos cabelos negros, em seguida olhos castanhos escuros, nariz arrebitado, lábios finos e pele bronzeada. Rose nunca vira aquela garota, mas sabia que não era uma Malfoy, pois todos eles tinham cabelos loiros e olhos de prata.

O fantasma abriu a boca, e sem mover os lábios disse uma frase que fez os pelos da nuca de Rose se arrepiarem.

“Das trevas surgirá”

A garota se virou para sair correndo, mas acabou dando de cara com outra fantasma, de cabelos castanhos e olhos verdes.

E o nosso sangue, puro ele manterá”

Várias fantasmas surgiram ao redor de Rose, cada uma murmurando uma frase. Rose caiu de joelhos e tapou os ouvidos com força, tentando fugir daquela tortura.

“A garota desejada, com o amigo casará

ou a morte escolherá”

A essa altura, Rose soluçava compulsivamente, implorando para que elas parassem.

Das trevas surgirá

E um castigo aplicará

Um sacrifício exigirá

E só então a paz retornará.”

As fantasmas se aproximaram um pouco mais de Rose, e falaram em uníssono:

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Faça a escolha certa Rose Weasley. Não cometa o mesmo erro que nós. Faça a escolha certa.

Rose não queria mais ouvir, só queria sair dali.

–Afastem-se dela!-----A garota ouviu a voz tão familiar que a fez sentir melhor na mesma hora.

–Você não pode nos impedir, ela tem que saber!–----As fantasmas sibilaram.

–Afastem-se dela agora!

A garota sentiu as fantasmas obedecerem a ordem, e então abriu os olhos.

Pedro a abraçou com força, e ela começou a chorar. Estava em choque, completamente apavorada. O garoto murmurava em seu ouvido que tudo ficaria bem, e Rose fazia de tudo para acreditar. Ele a pegou no colo e começou a caminhar para o dormitório dos monitores.

Quando chegaram, ele a deitou na cama e a cobriu. Deu um beijo em sua testa e caminhou até a porta, mas, antes que pudesse sair, ouviu a voz da garota.

–Fica aqui comigo hoje? Não quero ter mais pesadelos.-----Ela parecia uma criancinha de 5 anos com medo dos monstros embaixo da cama.

Pedro sorriu e se deitou ao lado dela. A garota se aninhou em seu peito e dormiu. Aquela foi uma noite tranquila, sem pesadelos.